— Por que fez isso? — Eu e Diana questionamos em uníssono.
— Foi uma prevenção — respondeu Betânia. — Acho melhor a gente sair daqui. A qualquer momento uma das duas pode sair.
— Você está certa, vamos — Diana falou e todas nós saímos dali.
Enquanto íamos passeando pelo pátio, vimos uma sombra de árvore e decidimos sentar ali. Precisávamos nos distrair um pouco e aproveitar nosso tempo livre:
— Vejo que gosta muito de azul — comentou Diana de repente, se referindo a mim.
— Gosto bastante, mas não é minha cor favorita — digo.
— E qual é?
— Amarelo. Amo muito, mas acho q
— Pode tentar esconder o quanto quiser. — Diana abriu um sorriso maléfico. — A Betânia já me contou tudo. — Betânia, sua vaca! Não era pra contar — rosnei. — Alessandra, o quanto você é tonta? — Diana riu. — Ela não me disse nada. Mas você me deu a confirmação. — Se você contar pra alguém eu...! — Ele tá vindo. — Ela apontou para algum lugar, mas não me dei o trabalho de virar para ver. — Quem? — Quem você acha? O seu namorado, é claro. — Ela riu. — Pare de implicar comi... Foi só então que vi. Ele rea
— Está bravo comigo? — perguntei com voz de coitadinha. — Um pouco. Não foi certo o que você fez — agradeci por a voz dele já ter voltado a ser normal. Eu não queria tê-lo deixado bravo antes. — Mas foi um desafio. Eu nunca digo não a um desafio ou aposta. — Errado. Vai acabar estragando sua vida. — Mais? Ele riu. E por um bom tempo o silêncio pairou pelo pequeno quarto. — Está mesmo apenas de toalha? — ele corou um pouco ao perguntar. — Estou. Era parte do desafio. — Se a diretora descobrir... Imagino que já saiba aonde isso vai dar. — Por favor.
Olá, filha. Como tem sido seus dias no colégio? Mesmo com nossas brigas, tenho sentido sua falta. Sei que podemos ter nossas diferenças, mas mesmo assim te amo muito. Sinto falta da sua voz. Imagino que esteja sentindo muita falta da antiga cidade e de suas amigas. Lembre-se que voltaremos no final deste ano. Tudo que você precisa é esperar. Estou super ansiosa para que as férias cheguem logo. Quero te ver. E ainda dentro desse envelope há uma carta escrita pelas suas amigas. Pedi para elas escreverem pra você. Em menos de dez segundos, joguei a carta da minha mãe em qualquer lugar da cama e peguei a carta escrita pelas minhas amigas: Oi, Sandrinha! Sabemos
A menina tinha cabelos loiro-dourado e ondulados. Eles batiam na metade de suas costas e havia uma franja em sua testa. Seus olhos eram de um verde vivo. Não vou mentir: eles eram mais bonitos que o do Abridor de Malas. — Oi. — Ela olhou diretamente pra minha tatuagem. — Que coisa clichê. Uma estrela? Já vai tatuagens mais originais. Não fiquei surpresa com a crítica dela. Muitas pessoas já disseram o mesmo. — Hm. Não era pra ser original. Nessa estrela carrego todos os meus erros. Todas as minhas tristezas. Histórias. Ah — suspiro —, há tanta coisa por trás desta estrela que você nem consegue imaginar. Sua expressão pareceu mudar depois da minha breve explicação. — Pode se
— Agradeço por ser você que o faz — ele respondeu sorrindo. Mais uma vez aqueles olhos verdes me hipnotizaram. Me passou pela cabeça, naquele momento, que ele estivesse pensando em algo pra me dizer. Ficamos ali, parados, olhando um pro outro, sem dizer nada. Eu poderia ficar ali as férias inteiras, apenas tentando desvendar os segredos que estão por trás daqueles olhos perfeitos. — Os dois vão ficar se entreolhando o dia todo? — Betânia nos acordou de nossos pensamentos. Ele riu. — Não precisa ficar com ciúmes, Betânia. Não vou roubar sua amiga. Vou deixar as duas. Nos vemos depois, Hello Kitty. — Ele saiu e foi ficar com os amigos. Betânia sentou-se ao meu lado. — Por quê? &
Continuei a comer e, depois de alguns breves minutos, vi todos da mesa do Abridor de Malas vir na direção da minha mesa. Percebi que as mãos de Judi estavam tremendo um pouco. Acho que ela está acostumada mesmo a ficar sozinha. — Olá, Hello Kitty. Todos nós decidimos comer com vocês — anunciou o Abridor de Malas enquanto se aproximava segurando sua bandeja. O Abridor de Malas se sentou três cadeiras longe de mim e logo todo o resto das cadeiras vazias de nossa mesa redonda foram todas ocupadas. Pouco tempo depois começou-se um assunto: — Ok, não quero ficar calada aqui, então vamos falar dos nossos primeiros beijos? — uma garota sugeriu. Nossa, mal chegaram eles direito e já vamos pular pra assuntos assim? Todos concordaram, inclusive e
Ela não entendeu a minha indelicada resposta, então decidi explica-la: — Judi, ninguém iria rir de você ou falar qualquer outra coisa. Pelo contrário. Eles iriam te ajudar a superar esse seu pequeno medo. E até te dar dicas e tal. ★Dica 151 = Explique sua frieza.★ — Alessandra, você não entende. Eu tenho dezessete anos. Dezessete! Nunca beijei um garoto ou nem sequer uma garota! Isso não é normal. Eu ri. — Pare de achar que ninguém te entende. Eu entendo. Pra falar a verdade, você tem até sorte... — Sorte? — perguntou me interrompendo, incrédula. — Deixe-m
Sem dizer uma palavra, voltei correndo o mais rápido que pude. Era o mínimo que eu poderia fazer por ela. Eu devo ser a pior amiga do mundo. Pelo menos eu deveria ter tentado explicar o por quê de eu não ter feito nada. Acho que ela entenderia. Encontrei a monitora já com meu fôlego fraco, mas sem desistir de tentar avisá-la sobre o ocorrido. Pelo menos pra isso eu teria que ser forte. — Monitora! — Meus pulmões ardiam. Nem sei como consegui chamá-la. Ela virou-se pra mim. — Diga, senhorita. — Uma amiga... — Respirei ofegante por um momento. — Ela está na praia se afogando. A monitora saiu correndo para algum lugar com o celular, dizendo: “preciso de uma ambulânci