O destino e Laura, deram um empurrão para que Natália alcançasse o ponto número dois da sua lista . Sim , Laura, pois foi ela que empurrou Natália e fez com que caísse por cima de Fred no exacto momento que seu irmão entrava na casa.
Depois daquele beijo, Natália e Stélio não largaram-se mais. A relação dos dois era cobiçada por muitos e odiada por alguns. Mas como a vida não é só alegrias, com o passar do tempo vieram também tristezas e obstáculos. E o primeiro bateu a porta quando Natália passou mal durante uma aula e teve que ser examinada por um dos seus docentes.
Depois de exames eis que a encaminham para outra médica.
"Olá Natália, como te sentes?" A médica falou esboçando um sorriso.
"Bem melhor" Ela respondeu com a voz trémula.
"Tens namorado? "A médica perguntou e Natália estranhou a pergunta.
"Sim, tenho." Ela respondeu hesitante.
"E vocês tem se protegido?"
Natália teve que pensar antes de responder. Ela tem tomado pílula, mas algumas vezes se esquece devido ao horário sobrecarregado de aulas que tem.
"Foi o que imaginei. " A médica concluiu vendo o sil6encio prolongada de Natália.
" Estás grávida de 4 semanas. Tem alguém a quem possas ligar para vir buscar-te? "
Ela parou de ouvir a partir do momento que a palavra "grávida"saiu da boca da médica. Ela sabia as implicações que a gravidez teria em seus estudos, em sua vida. Ela e Stélio estavam juntos há um ano e mesmo ela tendo planos de ficar com ele para sempre, sabia que era cedo para terem um filho.
" Oh meu Deus" Natália falou levando suas mãos trémulas a face.
"Calma, não é o fim do mundo. Ainda há tempo para muita coisa. Vá para casa e pense nas várias opções e conversamos quando tiveres uma decisão." A médica falou tentando tranquiliza-la.
Natália saiu do consultório da médica sozinha e caminhou até sua casa. Logo que chegou foi directo ao quarto e fechou-se la o resto do dia.
Até a hora que Stélio chegou a sua casa, ela havia tido tempo de sobra para avaliar suas opções e tomar uma decisão.
"Naty, esta tudo bem contigo? Clara disse-me que passaste mal a meio da aula. "Stélio falou aproximando-se da cama.
" Estou bem. Foi apenas um mal-estar ligeiro." Ela respondeu , decidindo ainda se contava ou não sobre a gravidez.
Ela já se tinha decidido a fazer um aborto, mas seria justo tomar essa decisão sem contar a Stélio sobre a gravidez?
"Não me pareces nada bem. O que se passa? O que disse o médico?"Stélio falou aflito.
"Estou grávida!"Natália disse sem o preparar e Stelio congelou por alguns segundos, assimilando o que acabava de ouvir.
"Desculpa, não queria ter te contado dessa forma."
Stélio levantou-se e começou a andar de um lado para o outro perdido em sua mente.
"Mas ja decidi que farei um aborto."
Logo que ela falou ele voltou sua atenção para Natália.
"Aborto??!!" Ele repetiu aquela palavra sem crer que havia ouvido.
"Sim." Ela confirmou.
Ele voltou a sentar-se na cama e segurou a mão da sua amada.
"Aborto não , Natália. Eu quero esse filho."Stélio falou olhando no fundo dos olhos de Natália e ela viu a sinceridade nas suas palavras.
Seu coração encheu-se de emoção que transbordava em forma de lágrimas. Ele levou a mão e limpou as lágrimas com carinho.
"Mas...não era nosso plano. Eu quero ter filhos contigo, mas é cedo e..." Ela falou atrapalhada.
"Hey, calma. Eu sei que não estava nos planos , não para tão cedo mas veio e eu vou assumir. Falo sério quando digo que quero esse filho. Iremos juntos contar a tua mãe e eu farei questão de tranquiliza-la quanto ao nosso futuro."Stélio falou determinado.
Ele segurou sua mão e juntos foram até a sala onde a mãe de Natália estava sentada no sofá , sua atenção voltada para a TV.
A conversa não foi fácil, mas Stélio não hesitou nem por um momento. A maior preocupação da mãe e da própria Natália eram seus estudos que iriam sofrer com a gestação. Mas no final os três estavam felizes com a ideia de ter mais um membro na família.
Stélio despediu-se da mãe de Natália prometendo que não iria fugir as suas responsabilidades. Natália o levou a porta, feliz por saber que teria seu amado do lado em todos os momentos.
"Sei que imaginaste algo diferente, mas isto não muda o que sinto por ti. Alias só irá acelerar os planos que tinha traçado. Eu quero me casar contigo o quanto antes, Natália. Quero ver meu filho crescer , e quero estar presente em todos os momentos da sua vida."
" Não quero que te sintas pressionado a casar por causa da gravidez."
"De maneira nenhuma. Eu amo-te, e sabes melhor que ninguém que meu plano sempre foi esse. Queria esperar que terminasses a faculdade, mas agora é igualmente perfeito para mim. "
Ele inclinou e a beijou, como forma de convence-la que tudo que sentia era verdade e que sua vida nunca foi tão perfeita como naquele momento.
E assim foi. Em um mês eles se casaram e foram morar em um pequeno apartamento de apenas dois quartos , mas nunca estiveram tão felizes. O ponto número três foi riscado da lista de Natália. Sua vida não podia ser tão perfeita.
Natália continuou a frequentar as aulas, mas cada vez que o tempo passava ficava mais difícil cumprir com a exigência do curso. Teve que parar no sétimo mês de gestação por ordens médicas.
"Não te preocupes, meu amor. Quando o bebé nascer poderás voltar as aulas. Eu te ajudarei a cuidar do bebé para teres tempo para estudar." Stélio a tranquilizou.
Ela sentia-se uma mulher de sorte, por ter Stélio do seu lado, amando-a e apoiando seus sonhos e planos.
O bebé nasceu forte e saudável. Um belo rapaz , lindo e cheio de vida. Yuran era seu nome e era o motivo de alegria de seus pais e de toda a família.
Muitos anos depois...Os anos passaram, algumas coisas haviam mudado e outras permaneciam iguais. O amor amadureceu e deu lugar a cumplicidade e companheirismo.Eles eram um casal invejável. A forma como Stélio tratava Natália e tomava conta de sua família era um exemplo para todos os seus amigos e familiares.Depois da gravidez não planeada, a vida de Natália mudou drasticamente . Interrompeu os estudos durante a gestação. Depois que o Yuran nasceu ficou mais difícil regressar as aulas. O emprego de Stélio exigia demais dele e quando este chegava a casa mal se aguentava, quanto mais cuidar do bebé para que ela pudesse estudar. As coisas foram se complicando quando as contas começaram a apertar e Natália teve que arranjar um emprego para ajudar com as despesas. Conseguiu um trabalho em uma clínica privada como recepcionista, gra&c
Os dias passaram tão rápido que Natália não teve tempo de preparar seu coração para a ausência de Stelio num dos dias mais importantes de suas vidas.Ela tentou não dar tanta importância mas seu coração teimava em não ouvir a voz da razão." Eu sei que não estás feliz com isto, mas juro compensar-te quando voltar. "Stélio falou notando o desconforto dela enquanto arrumava sua mala."Tenho certeza que o farás. "Natália falou desanimada.Stélio aproximou-se dela e a abraçou por trás beijando levemente seu pescoço."E não vou para tão longe, são apenas algumas horas de viagem . Estarei de volta num piscar de olhos. " Ele falou tentando tranquiliza-la.Ela permaneceu em silencio sem saber o que dizer. Ele a virou lentamente para que pudesse olhar em seus olhos."Natália, o que se passa? Nunca agiste assim antes.""Nunca antes tiveste que viajar no nosso aniversário. E eu tinha grandes planos desta vez. Tu trabalhas tanto e quase nunca temo
Natália chegou a casa , e fez sua rotina normal. Tomou seu banho, jantou com seus filhos e ficou com eles em frente a TV até eles desaparecerem cada um para o seu respectivo quarto. Laura havia ligado inúmeras vezes mas Natália não atendeu pois sabia qual era o assunto. Ela não se sentia preparada para encarar a verdade.Foi a cama , cansada e sem ânimo para mais nada. Ouviu seu celular vibrar quando entrava debaixo dos lençóis e quando olhou para o ecrã viu uma mensagem do Stélio.Stélio: Oi Naty. Desculpa só dar-te noticias minhas tão tarde. Tive problemas com o carro e ele decidu parar no meio do nada. Não tinha sinal para poder avisar-te .Ela olhou para o celular , pensando se respondia ou não. Pois, agora, tudo soava a falso, a mentira.Natália: Que bom que chegaste bem. Bom descanso.Ela respondeu e colocou o celular na mesinha de cabeceira. Virou para o lado e fechou seus olhos. Ap
Depois que conseguiu controlar a tosse , Stélio pegou o copo de água e deu um grande gole, tentando ganhar tempo.Natália o olhava atentamente, sem dizer nada. Ele sabia que não tinha como escapar da conversa, mas não sabia se continuava a mentir ou se assumia a culpa. Decidiu testar a temperatura primeiro e decidir depois como fazer.“ Que raio de brinde é esse Naty? “Ele falou sem olhar para ela.Natália sorriu mas sua vontade era gritar com ele por estar a fingir não ter entendido a indirecta.“Tens certeza que não sabes? É assim que queres que esta conversa comece?”Ela falou muito segura de si.Ele bebeu mais alguns goles de água sentindo-se intimidado pela sua mulher pela primeira vez na vida. Natália sempre foi amável, meiga e as vezes parecia uma mulher frágil. A mulher sentada a sua frente não era a Natália que ele estava habituado a manipular.“ Não queria que descobrisses desta forma. “Ele falou depois de uma pausa de vários minutos.<
Depois de quatro dias em silêncio, Stélio ligou para Natália. Ela olhou para o ecrã por alguns instantes decidindo se atendia ou não. Depois de quatro dias ela não sentia vontade nenhuma de falar com ele. Mas precisava resolver logo esta situação pois os filhos começavam a perguntar porque o pai não regressava."Alô!" Natália atendeu a chamada casualmente."Oi Naty. Como estás? "Stélio perguntou hesitante."Diz logo o que queres? "Ela falou dispensando as boas maneiras.Houve um breve silencio e Stélio respirou fundo."Será que podemos conversar, depois do trabalho?""Tudo bem. Onde te encontro?""Pensei que podia ser em nossa casa.""Não. Os miúdos não sabem que já voltaste. Prefiro que seja em outro lugar."Natália queria conversar com seus filhos com mais calma. E para isso precisava recompor-se do choque, e da raiva. E claro , depois de ter uma conversa definitiva com Stélio." Pode ser no restaurante onde comemoramos n
Os dias que seguiram foram os mais difíceis. Natália esperou que Stélio procurasse os filhos para explicar o que aconteceu , mas ele não o fez. E ela teve que lidar com as perguntas que não paravam. No trabalho era Fred que a questionava pois Stélio continuava a não atender suas chamadas. Natália sentia-se sufocada e não conseguiu mais segurar e quando deu por ela chorava inconsolável nos braços de Fred.Ele a levou para seu gabinete e a colocou sentada em uma cadeira, tentando acalma-la. Ele não disse nada por todo tempo que ela chorou e esperou pacientemente até que ela conseguiu controlar o choro."Me desculpe" Natália falou envergonhada.Fred entregou-lhe um copo com água e ela bebeu toda sem parar para respirar."Agora, queres me explicar o que se passa?"Fred falou tirando o copo das mãos de Natália." Estamos separados, nosso casamento acabou."Ela falou com a voz ligeiramente trémula."Porquê? O que acont
Natália detestava seus dias de folga. Sem a distracção do trabalho ela precisava inventar sempre algo para se ocupar. E as vezes não havia nada para fazer. Seus filhos já haviam passado da idade de achar que passar a tarde com a mãe era o melhor dos programas. Cada um estava sempre no seu quarto ou na rua com seus amigos.Ela acabava por arrumar até o que já estava arrumado só para ter uma ocupação. E foi numa dessas arrumações que ela encontrou os recibos de pagamentos à agência de viagens. A agência recusou-se a reembolsar o dinheiro mas deram opção de ela poder escolher outra viagem no valor pago. Depois da conversa com Laura há algumas semanas ela começou a pensar seriamente em seguir seu conselho. E encontrar aqueles recibos era um sinal de que devia mesmo ir em frente com essa ideia.Ligou para agência para entender melhor que opções que tinha. Quando desligou a chamada ela estava animada. Largou as arrumações e saiu de casa, indo directo a cl
Duas semanas passaram num piscar de olhos, mas Natália estava feliz quando regressou a casa. Tinha saudades dos seus filhos e do seu cantinho.Soltou um longo suspiro quando deixou as malas no meio do quarto e atirou-se para a cama e permaneceu deitada olhando para o tecto por alguns minutos.Uns dias longe de tudo era realmente o que ela precisava. Sentia-se feliz e revigorada para enfrentar a vida. E sabia que Stélio a esperava furioso, depois que teve notícias do advogado dela. A única chamada que recebeu dele durante a viagem foi aos gritos e Natália conseguiu manter-se calma o tempo todo, o que só o enfureceu mais.Mas de resto a viagem correu a mil maravilhas, visitou tantos lugares bonitos , conheceu pessoas diferentes e fez novas amizades. Mas precisava voltar para seus filhos e para a sua vida.Pegou no celular e ligou para Laura.“Olá Naty”Laura falou bem humorada.“Olá meu amor, estou de volta.”Natália respondeu animada.“Oba,