Não sei o que pensaria Sir Joseph se me visse em seu “castelo”. Sua casa era grande e antiga, parecia dos anos 30, mas a arquitetura tinha influência inglesa.O muro de pedra com mais ou menos 1,5 m de altura tinha grades grossas de ferro esverdeado e um portão pequeno em forma de arco, no lado esquerdo da entrada. No direito, um portão grande, também em forma de arco. Em todos eles, lanças pontiagudas tentavam desanimar o alheio...Na entrada dos carros havia um pavimento de pedra que servia de caminho para os veículos e ia dar na garagem ao fundo. Ela parecia grande e achei caberem uns dois carros lá.A frente harmônica daquela casa “inglesa” tinha uma pequena escada de pedra branca com pequenos corrimãos em granito. Um arco romano dava as boas-vindas na pequena área e as imensas paredes era cor caqui, mas já pediam um retoque.A janela da sala era de ferro e avançava para fora, coberta por vidros multifacetados. Ela, de certa forma, ampliava mais a área da sala. Mais acima, as janel
Após alguns minutos, nos refizemos e, alegremente, tomamos aquele café, que ainda estava quente. Beth pegou algumas bolachas no armário e comemos. Ela parecia cansada e, na verdade, estava duplamente esgotada, visto que a mãe estava no hospital ainda e acabara de me revelar seu segredo.Elizabeth decidiu ir dormir e eu liguei na empresa, dizendo que iria faltar. Dei uma desculpa de que havia passado a noite no hospital como acompanhante e, se fosse o caso, que poderiam descontar o dia.Havia falado com a secretária, mas eu sabia que meu chefe compreenderia. Gregório era um cara novo, tinha apenas 30 anos e já era gerente. Muitas vezes ele me disse para não ser tão preso com as mulheres...Ficava em outra sala e, por isso, no dia em que cheguei “chique” ele não viu de cara. Disse até que me daria uma folga se fosse o caso... Solteiro, Gregório gosta de curtir a vida, sem compromissos. É a vida que ele escolheu, uma totalmente diferente da minha.Subimos a escada de madeira em forma de c
Enquanto comíamos um risoto de frango preparado pela “chef” Elizabeth, contei como nos encontramos... Da forma como narrei, Kelly ficou impressionada e isso, de certa forma, me deu pontos positivos em sua classificação pessoal.Com espanto, a amiga de Elizabeth ouvia atentamente aos detalhes que eu mencionava e que tornavam aquele encontro virtualmente impossível de acontecer.Não sou matemático e estou longe disso, mas a probabilidade de adivinhar que Elizabeth entraria naquele chat de internet era realmente muito, mas muito pequena. Havia 29 salas, cada uma com 30 pessoas em média e, daí, basta imaginar as possibilidades.Isso sem contar que foi no mesmo dia que eu a vi pela primeira vez, pois tinha certeza de nunca ter visto Elizabeth antes...Em certo ponto, Kelly começou a olhar para a amiga com olhos diferentes. Aquela impressão de inconformismo inicial parecia ter se dissipado, ainda mais que a ruiva crescera com Beth e sabia exatamente como ela era.Talvez em sua mente imaginas
Retornei à “Benê”, porém, no caminho, o celular tocou. Beth perguntara se eu já estava voltando e adicionou:— Então vem logo, pois tenho novidades...Ela parecia contente com algo e uma das novidades me chamaria atenção. Chegando à Sociedade Portuguesa de Beneficência – esse é o “nome completo” do hospital – Beth apareceu na recepção.Abraçamo-nos e pude sentir novamente aquele cheiro inesquecível. Ao beijar-me, seus olhos brilharam e veio a primeira boa notícia:— Minha mãe deve sair amanhã – disse ela, que continuou:— Conversei com os médicos. Eles disseram que ela está bem estável e vão apenas verificar os exames extras que fizeram, pois, os primeiros foram satisfatórios.Sorri de felicidade e agradeci a Deus.— Que ótimo meu amor.Com um largo sorriso, Beth me abraçou novamente e falou que avisara seu pai da novidade e que sua mãe estava conversando com Kelly. Nisso, perguntei rapidamente assustado:— Ela não vai falar de mim?Com ar tranquilo, Beth disse que instruíra Kelly a nã
Rumei para o mesmo supermercado na Zona Noroeste e, no caminho, fiquei pensando como seria aquela noite. Certamente voltaria ao hospital para ficar só um pouquinho com ela, no intervalo, visto que Ana Maria, sedada, já ouvia mais que muita gente. Ri.Lembrei também de Amanda e teria que ir até sua casa para ver como estava. Claro, não era uma prioridade, afinal, ela nunca gostara de mim mesmo... Entretanto, eu gostava da mãe dela e era recíproco, então, devia dar satisfação.Após as compras, fui com as sacolas até o Fusca. Para quem não conhece o popular Volkswagen, porta-malas nunca fora seu forte. Então, coloquei minhas compras no assoalho do lado do passageiro.Meu Deus, por que Ferdinand Porsche não projetara o Fusca com um porta-malas decente? Sem perceber os detalhes, botei-as sobre aquele espaço para as pernas. Então, o que mais poderia dar errado? Bom, lembra-se do lamento dito mais acima? Foi verdadeiro em gênero, número e grau.Parando em casa, desci do carro e peguei minhas
Antes de sairmos, ela começou:— Você conversou com a Kelly, não é mesmo?Já acelerando, respondi que sim.— Ela te interrogou?Balancei a cabeça negativamente e respondi:— Tivemos uma boa conversa. Kelly é realmente muito legal e mostrou ser uma pessoa em quem posso confiar.Beth abriu um largo sorriso, demonstrando alívio porque o mal-estar da hora do almoço passara.— Que bom que vocês se entenderam...Então continuei:— Ela sabe...Ela me olhou curiosa e perguntou do que se travava. Respondi que, assim como Ana Maria havia contado sobre mim, também fez o mesmo com Kelly. Elizabeth ficou perplexa.— Eu não disse nada para ela!Resignada, continuou dizendo:— Mas, também não disse para minha mãe comentar qualquer coisa sobre aquela noite, ela estava livre para falar...Contente, falei:— Sei sobre o anjo...Ela denunciou que já sabia apenas em seu olhar preocupado. Afinal, era um elogio da mãe para mim, mesmo que obtido estranhamente, que ela ignorou naquela recepção de hospital. Vi
Retornamos para o castelo inglês e, ao parar à frente do portão, Elizabeth saiu e abriu-o para que eu pudesse entrar. Eu ia parar o Fusca bem no começo, próximo da entrada, mas fiquei imaginando os vizinhos vendo aquele estranho carro alemão na terra dos Chevrolet´s.Então fui com ele até perto da garagem ao fundo. Elizabeth ficou curiosa e, em vez de ir abrir a porta, veio atrás de mim. Ao sair, eu disse a ela que não achava legal deixá-lo bem na frente, devido aos vizinhos...— Não se preocupe. Aqui ninguém fala com ninguém.Concordei sorrindo, já que imaginara isso mesmo. Então, aproveitei o gancho:— Não sabia que você dirigia.Beth sorriu e respondeu:— Desde os 18 anos, logo que voltei da Inglaterra e entrei na maioridade – essa palavra me fez lembrar-se de Dom Pedro II... – mas nunca quis ter um carro meu.Questionei:— Por quê? Aqui o que mais tem é espaço para carros.Um pouco mais séria, ela me fez uma revelação, outra das que eu tomaria conhecimento naquela noite...— Eu já
Ao chegarmos ao quarto, mandou que eu sentasse na poltroninha.— Quer ver TV?Respondi que não, apenas ficaria esperando por ela, que sorriu e beijou-me enquanto ainda estava sentado.— Volto já! — disse ela, se encaminhando para o banheiro.Eu não sabia, mas aquela noite minha fé seria testada em níveis que um homem comum não resistiria à tentação. Ouvi o barulho de água na banheira e enchi o pulmão, observando o teto branco com um belo lustre de três lâmpadas.Começara então o filme “A Última Tentação de Regi”. Analogia idiota, eu sei, mas na minha situação, estava duplamente ruim.Não podia avançar o sinal e, se pudesse, poderia não ser como ela desejara. Fazia um bom tempo que eu não tinha relação sexual. Na verdade, até ali, aos 25 anos, somente em uma ocasião acontecera e fora com aquela “ficante”.Passei a mão pelo meu rosto liso, já que na época não estava de cavanhaque, algo que geralmente eu usava, porém, já fazia um ano que resolvera mudar de visual, ficar mais leve.Então,