Suicídio

" Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

                    Cindy Collins

Acordo com o despertador tocando, marcando 6 horas da manhã. Solto um suspiro de frustração, só de pensar que devo ir para a escola naquela preguiça de sempre.

Me levanto indo em direção ao banheiro para tomar um banho bem quente e tentar me acalmar, faço minhas higienes de rotina, troco de roupa vestindo uma calça jeans, sapato, blusa e casaco pois estava frio.

Pego a mochila que estava dentro do guarda roupa e meu celular em cima da mesinha.

— Ah, já ia me esquecendo – volto para perto da cama e me ajoelho, começando a orar.

"Pai me desculpe, mas minha cabeça está um pouco aérea, eu ia esquecendo de orar, me perdoe. Me ajude no dia de hoje naquele colégio, esteja sempre comigo me dando forças para superar os obstáculos da vida. Muito obrigado por mais um dia de vida que o senhor me concedeu. Amém!"

Saio do quarto e vou direto para a cozinha comer alguma coisa.

— Bom dia Cin – Safira diz, assim que entro.

— Bom dia Safi – respondo com um sorriso no rosto.

— Vai querer bolo?

— Com certeza.

Ela pegou o suco na geladeira e colocou o bolo na mesa. Segurei o prato e comecei a me servir.

— Bom dia fofinha – meu pai entra na cozinha todo bem vestido, de terno e gravata.

— Bom dia pai, posso saber para onde o senhor vai assim todo chique?

— Bom, seu pai tem uma empresa para governar junto com seu tio – responde ele se sentando na mesa.

— Eu sei pai, estava brincado – digo rindo.

— Pelo menos vejo que se importa comigo – e pisca pra mim.

Meu celular toca. Era uma mensagem da Bella:

"Não vou poder te buscar na sua casa, mas vou estar te esperando no portão da escola."

— Quem era?

— A Bel, dizendo que vai me esperar no portão da escola.

— Vai querer uma carona?

— Se não for atrapalhar o senhor. Quero sim!

— Nada que faço para você me atrapalha fofinha – diz com um sorriso de lado.

Terminamos de tomar café e ele me deixa na porta do colégio.

— Qualquer coisa e só ligar.

— Claro pai – dou um beijo em sua bochecha.

— Te amo filha!

— Te amo pai – digo e saio do carro.

"Nossa!", penso ao dar de cara com a enorme escola, que já estava lotada de pessoas entrando e saindo.

Olho para vários lados sem ter nenhum sinal de Bella ou Lucas.

" Legal, me abandonaram", digo para mim mesma. " Vou perguntar para a primeira pessoa que eu encontrar", penso e saio andando em direção a alguns jovens que estavam conversando.

— Licença. Vocês poderiam me dar uma informação?

Um dos rapazes que estava de costas se virou pra mim.

— Sim, claro.

— Você por aqui? – era o mesmo que havia derrubado minha pipoca.

Nossa, agora que reparei nos detalhes do rapaz. Ele tem a pele bronzeada, cabelos escuros, olhos marrom claro, lábios bem desenhados, porte atlético. Mesmo com uma blusa de manga grande, pude perceber seus músculos que não eram muito exagerados. E nas suas mãos vi algumas tatuagens.

— Oi, pra você também.

— Está perdida, gata? – fala outro rapaz que estava ao seu lado.

— Você me chamou de que? – pergunto desapercebida.

— Esquece, ele tem um parafuso a menos – diz o rapaz da pipoca.

— Ok – digo para o rapaz, que me olhava de cima a baixo. — Eu to meio perdida e não achei minha prima, daria para me dizer onde é a diretoria?

— Claro – responde com um sorriso de lado.

Ele se despede dos amigos e entra comigo.

Do lado de fora estava até calmo, mas quando entrei na escola parecia que era o fim do mundo. Tinha muita gente andando apressado de um lado para o outro, nunca tinha visto nada assim.

— É melhor andar se não a galera te arrasta junto – ouço o rapaz dizer.

Afirmei com a cabeça e o segui até um corredor menos movimentado.

— Todo dia é assim? – pergunto olhando para trás.

— As vezes é pior – responde.

— Pior que isso?

— Sim, quando tem briga ou algo do tipo fica muito pior.

— Acho que vou continuar com as aulas em casa. – Ele riu.

— Faz tempo que você tem aula em casa? – pergunta.

— Três anos.

— Você tem professores particulares?

— Não, os três anos que passei na África minha professora foi minha própria madrasta.

— Garota você é muito complicada – diz ele balançando a cabeça negativamente. Não digo nada, apenas continuo seguindo.

— Bom essa é a sala da diretora, boa sorte.

— Obrigado.

— De nada... Ah, meu nome é Chon, Chon Smith. – fala dando alguns passos para o lado.

— Sou Cindy Collins.

— Prazer. Então, eu vou indo até mais.

— Até, obrigado!

Entrei na sala e vi uma mulher de idade sentada na mesa.

— Olá.

— Senhorita Collins. Sente-se por favor – indicou uma cadeira de frente a sua mesa.

Me sento e espero alguns segundos, enquanto ouço o som das teclas digitadas no computador.

Ela fala:

— Bom, aqui estão os horários das aulas. Boa sorte e seja bem vinda ao Colégio Webert Cullen – e me entrega o papel.

— Obrigada – falo me levantando.

— A senhorita irá precisar de alguém para lhe ajudar, não é? – pergunta dirigindo-se a porta.

— Sim.

— Como chegou até a diretoria?

— Um rapaz chamado Chon me trouxe.

— Chon Smith? – balanço a cabeça dizendo "sim". — Minha querida não ande com esse garoto. Ele é má influência para você.

— Sim senhora – digo, andando em direção ao corredor.

— Bom está vindo uma aluna ai, vou pedir para ela mostrar seu armário e sua sala.

— Ok obrigada – digo.

— Naty querida, daria para ajudar essa aluna nova?

— Claro, seria um prazer – diz com um sorriso no rosto.

— Obrigada!

                      Chon Smith

Levei a garota até a diretoria e sai o mais rápido possível, porque a diretora não vai muito com a minha "cara".

Como sou o capitão do time. Preciso estar nas aulas de treinamento hoje, para o campeonato que está próximo. Não posso vacilar.

Fui para o vestiário me trocar e entrar no campo. Temos que dar duro nos treinos, pois nosso colégio está invicto por seis anos, e não vou deixar o time perder neste ano.

O treinamento começou com cinco voltas no campo.

                    Cindy Collins

Depois de ter pego as matérias, Nataly me levou na mesma sala que frequenta.

De cara podemos ver que ela é uma menina legal. Tem cabelos castanhos, pele branca, olhos castanhos bem claros (da cor do mel), lábios rosados, não muito magra e tamanho médio. Parecendo uma modelo.

— O pessoal aqui até que é bacana. – diz entrando na sala. Entro logo atrás dela, dando de cara com todos já na sala.

— Está atrasada senhorita Snow – fala a professora para Naty.

— Me desculpe senhora, a diretora me pediu para ajudar a aluna nova – diz Naty e olha pra mim.

— Se foi isso não tem problema pode ir se sentar, a aula já começou.

— Sim senhora – fala Naty indo se sentar no fundo da classe.

— E a senhorita é? – pergunta a professora.

— Sou Cindy Collins.

— Bom seja bem vinda a aula de ciências Cin. Sinta-se à vontade – diz a mulher com um sorriso de lado.

— Obrigada – digo indo me sentar perto de Naty.

As aulas seguintes passaram rápido que nem percebi, o bom era que os horários de Naty eram quase iguais aos meus. Na aula de química vi Bella, que me pediu mil desculpas por ter esquecido de me esperar.

Encontrei Lucas na aula de matemática, mas ele não falou muito comigo, apenas deu um sorriso.

Então a tão sonhada hora do intervalo chegou, não estava mais aguentando esperar. Eu tinha certeza que meu estômago estava querendo comer algum órgão se eu não fosse comer logo.

— Estou faminta – digo entrando na fila para ir comprar um lanche.

— Isso não é novidade prima – ouço a voz de Lucas atrás de mim.

— Nem vem – digo me virando pra ele.

— Então será que da pra minha prima amada me dar uma vaga na fila? Porque... – diz e aponta para o restante da fila que estava enorme.

— Claro priminho – digo rindo, pois sei que ele não gosta de ser chamado assim, mas ele não diz nada e entra na minha frente.

— Você compraria pra mim um x-tudo, batata frita e um refri?

— Claro, mas acho que isso vai acabar engordando você – brinca.

— Deixa de ser chato. – digo pegando o dinheiro do bolso. — Aqui, eu preciso ir no banheiro, já volto.

O banheiro perto do refeitório estava lotado, então me indicaram o outro banheiro que era do outro lado da escola. Para ganhar tempo, fui por fora passando pelos jardins da frente.

Enquanto admirava as árvores, olhei para cima do prédio e vi alguém se sentar no parapeito.

" O que ela pensa que está fazendo?"

Olho para os lados e passava algumas pessoas.

— Ei. – falo para uma jovem que passava. — Como chego lá em cima?

— Meu Deus! – diz colocando a mão na boca. — Ela vai se jogar – completa espantada.

— Como chego lá em cima rápido? – pergunto.

— Tem uma escada aqui do lado – diz e aponta na direção.

Corro até o beco que havia ao lado do prédio e logo aviso a escada de ferro enferrujado.

Não sou muito fã de escadas.

" Senhor me ajude", sussurro soltando um suspiro alto.

Começo a subir a escada sem olhar para baixo, era como se ela não tivesse fim.

Chego no terraço e de longe avisto a garota sentada chorando.

— Oi! – digo atraindo sua atenção.

— Não se aproxima! – grita ela soluçando. — Se ele mandou você fez papel de tolo.

— Ele quem? – pergunto me aproximando devagar.

— Meu namorado, não foi ele que te mandou?

— Não, eu sou novata no colégio e não conheço quase ninguém.

— Como me viu aqui?

— Estava observando as árvores e vi você aqui – falo já a poucos passos dela.

— O que veio fazer aqui? Sabe que não vai me impedir de pular não é?

" Senhor dai-me forças"

Digo fechando os olhos.

— Não eu não posso impedir, mas me escuta. – falo olhando-a nos olhos. — Você tem muitos motivos para cometer esse erro. Sim temos motivo para tirar nossas vidas, mas não podemos fazer isso, não podemos. – digo a última palavra baixo. — Deus te ama tanto que se quiser pode m****r um anjo agora, nesse exato momento para te salvar. Mas como não somos dignos de vê-los. Ele muitas vezes vem em forma de pessoas, para ajudar quem precisa.

— Mentira – diz se levantando, e deixando a sandália cair lá em baixo.

Meu coração começa a acelerar, e minha respiração fica ofegante.

— Ele se importa sim! Ele deu seu único filho por nós, quem faria isso? Quem teria coragem de dar algo precioso, algo que amamos, para outra pessoa que não merece? – me aproximo dela, ficando um pouco baixa já que ela estava em cima do murinho. — Por favor desce daí. – digo estendendo a mão. — Deus se importa com você, ele te ama.

Ela olhava pra mim, com os olhos lacrimejando novamente.

— Já ouvi isso muitas vezes – fala se afastando um pouco pra trás.

— O suicídio não é a única porta que você tem nas horas difíceis, Jesus é o caminho à verdade e à vida, ele é uma porta que vive sempre aberta para você entrar, basta querer e dizer " Sim" para ele e você verá sua vida mudar. Converse com ele no seu coração, você irá ouvi-lo responder suas perguntas, você irá sentir sua presença lhe trazendo paz, alegria, conforto. Ele nos acalenta nas horas difíceis. Abra a porta do seu coração e o deixe entrar. Ele quer apenas sua permissão, porque não é por força e nem por violência, diga "sim" e deixe ele agir em você.

Senti um aperto no coração e uma lágrima desceu pelo meu rosto.

Ela nega com a cabeça.

— Por favor desce daí – digo dando um passo para frente, ainda com a mão estendida para ela.

Eu podia ver em seus olhos a incerteza.

Ela coloca a mecha do cabelo atrás da orelha, e dá um passo em minha direção.

Ela pega na minha mão e eu a seguro firme, ajudando-a descer. Lhe dou um abraço e digo:

— Muitas das vezes achamos que o suicídio é a porta certa, mas não se esqueça que existe outra porta melhor que essa.

— Obrigada – diz retribuindo o abraço.

— De nada.

" Senhor muito obrigado"

Ouço uma porta se abrindo bruscamente.

— My! – grita alguém.

Ela desfaz o abraço e encara a pessoa que havia chegado, era Chon.

— My – diz ele indo a abraçar.

— Eu to bem – fala ela.

— Não faz mais isso comigo – fala ele a olhando nos olhos, ela apenas abre um sorriso de lado.

"Obrigado senhor, por sempre estar comigo e atender os meus pedidos."

" Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na hora da angústia."

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