Me ajuda



                   Cindy Collins


Não vi mais o Chon nem a My, no restante do dia, mas em compensação Naty me apresentou seus amigos.

Will, o hacker e artista do grupo, um dos mais inteligentes do colégio, com apenas 16 anos supera até alguns professores. Ele tem pele clara, olhos verdes e cabelos castanhos escuros, que usa num penteado boêmio.

Vitorya, a tímida e a mais calma do grupo, tem a mesma idade que a Naty, 15 aninhos, é loira de olhos azuis cinzentos, não é muito alta mas também não é tão baixa.

E por fim, Dylan, o garanhão da turma e o mais velho também, ele tem dezessete anos, mas vive agindo como uma criança de cinco, seu cabelo é loiro e usa um topete que vive bagunçado, tem olhos azuis e usa um piercing na boca.

Todos são legais, me receberam na turma com muitos abraços e alegres.

Assim que o horário das aulas acabam, peguei um táxi e fui para casa.

Assim que cheguei fui direto até a cozinha para ver se Safi estava, mas não a encontrei, apenas um bilhete na geladeira.

" Cin, tive que sair para resolver um negócio. Tem comida feita, é só esquentar. Não sei se vou chegar a tempo de fazer o jantar, pois vou sair com seu pai.

Beijos."

— Legal – berro ao saber que a casa seria só minha. Não que eu seja de aprontar...é porque a Safi nunca deixa eu fazer alguma coisa ou ajuda-lá na cozinha.

Subo as escadas feliz, depois de pegar um pedaço de pudim na geladeira.

— Olá quarto, hoje eu vou limpar você e te deixar bem limpinho.

Depois de arrumar minha própria bagunça e ter devorado o pudim todo, vou direto tomar um banho. Quando termino coloco um vestido simples, preto de renda, uma jaqueta jeans por cima, um cinto rosa e minha sapatilha preta favorita.

Enquanto penteava os cabelos meu celular toca, era um número desconhecido mas atendi rapidamente.


Alô?

Cin? É a My.

— Oi! Como você está?

— Eu peguei seu número com sua prima, espero que não se importe.

— Não tem problema. Eu ia pedir seu número, mas não tive tempo.

Então, daria para você vim aqui em casa? Quero fala com você, se não estiver ocupada é claro.

Não, não estou, vou sim, me fala o endereço.

Te mando por mensagem ok?

Ok, te vejo daqui a pouco.

— Tá bom, Tchau – diz e desliga.


Espero a mensagem e logo saio de casa. Pego um táxi e lhe passo o endereço.

Coloquei os fones no ouvido e comecei a escutar um hino da "Alyssa Willen" uma grande cantora no meio gospel, que leva muitas vidas a se render a Jesus junto com seu esposo Isaac Harper um grande pregador da palavra de Deus. O testemunho deles é muito incrível. ( Quem quiser saber quem são é só ler a história If Only da Crisley_Mayra12)

O táxi para em frente a casa. Pago o motorista, me aproximo da porta e aperto a campainha.

Não demora muito e uma bela mulher me atender.

— Pois não, querida? – fala com a voz meiga.

— Eu sou amiga da My, vim visitar ela.

— Ah claro ela disse que alguém viria, pode entrar. Ela está lá em cima, é a quarta porta.

— Obrigado – digo subindo as escadas.

Já vejo de cara qual é a porta e empurro.

— My?

— Entra aí – diz My.

Entro no quarto que era bem elegante.

— Pode sentar, se quiser – fala e aponta para o pufe.

My se senta na cama e solta um suspiro alto, demonstrando que não estava nada bem.

— Seja o que for pode desabafar, isso sempre nos ajuda – digo.

— Eu... Eu não sei o que fazer agora – fala olhando para mim.

— São nas horas difíceis que Deus sempre nos dá uma saída.

— Mas para a enrascada que entrei não tem saída – diz abaixando o rosto.

— O que houve?

— Eu... Descobri que estou grávida – fala desviando o olhar.

— Sério? Que maravilha – abri um sorriso.

— Mas não pra mim.

— Por quê? Filho é presente de Deus.

— O que meus tios vão dizer? O que o Chon vai dizer? Irão me odiar, vão me pôr pra fora de casa e não terei para onde ir – diz começando a chorar.

— Ei calma – vou até ela e sento ao seu lado — O Chon nunca irá te odiar, ele ama você. Seus tios irão entender, não é o fim do mundo.

— O Chon é o irmão que eu nunca tive – fala bem baixo enxugando as lágrimas que haviam descido. — Mas eu não posso ter essa criança, irá atrapalhar minha vida em tudo! Meus estudos, a faculdade, meu mundo irá virar de ponta cabeça.

— Ei uma criança não é um incômodo em nossas vidas e sim uma alegria – digo erguendo o rosto dela. — Várias mulheres gostariam de ser abençoadas como você foi.

— Como pode ser uma bênção?

— A vida muitas das vezes se torna amarga, mas os culpados somos nós mesmos, que trilhamos caminhos errados mesmo sabendo que é o errado. Mas tudo tem conserto, mesmo que pra você seja o fim, para ele é o começo de uma linda e longa jornada. – inclino meu braço em seu ombro — Olha, os tempos que passei na África me fizeram ver que o que passamos não é nada perto do que eles passam.

— Você foi pra África?

— Sim, numa obra missionária com meus pais.

— Deve ter sido horrível.

— De início sim, mas depois eu me acostumei.

Ela enxuga as lágrimas.

— O Aiden quer que eu aborte.

— Seu namorado? – ela afirma com a cabeça — Por isso você tentou o suicídio hoje, não foi?

— Ele disse que se eu não abortasse ele iria me matar.

— Olha, não liga para o que ele diz. Na palavra de Deus diz "Nenhuma arma preparada contra mim prevalecerá", então ele pode dizer o que quiser, até te ameaçar, mas o Deus que eu conheço não vai deixar.

— Você fala confiante nesse Deus.

— Por que sei que posso confiar nele.

— Meus pais eram assim, até morrerem em um acidente de carro.

— Sinto muito.

— Eu sempre perco quem amo.

— Não sabemos nosso destino, quem sabe eles concluíram a missão deles na Terra.

— Mas eles eram pessoas boas – diz voltando a chorar.

— São as boas pessoas que Deus quer, pode ter certeza que eles estão no céu.

— Minha mãe sempre contava histórias da Bíblia antes de eu dormir – fala e abre um sorriso de lado. — Ela sempre dizia para mim ter cuidado porque a vida sempre nos prega uma peça. — ela coloca a mão no ventre. – Eu não sei o que fazer.

— Deixa Deus cuidar de você novamente, guiar teus caminhos, te ajudar – pego na mão dela — Não deixe o mal prevalecer sobre sua vida.

Ela olha pra mim e me abraça. Sinto no coração de cantar um hino.

— Posso cantar uma música?

— Claro – responde.

— Posso usar seu violão? – pergunto e aponto para ele que estava no canto da parede.

— Fica a vontade, mas acho que ele está desafinado. Faz tempo que não uso.

— Eu dou um jeito – digo me levantando.

Dedilho algumas notas e o afino rapidamente. Começo a tocar a melodia da música.

— Essa música é pra você – digo e fecho os olhos.


"Mesmo que a vida seja complicada

E se tudo pra você der errado e seja na hora errada

A vida vai mais além do que desistir

Tudo são coisas boas disfarçada de coisas ruins

Se todos desistissem não havia coisa alguma pra contar, oh... não

Não haveria motivos pra continuar

Tudo não passa de situação pra provar sua força é provar sua fé

Desistir jamais, não é a opção

Sorria! e mostre o quando és feliz

E que seus inimigos não vão conseguir te destruir

Sorria!"


                 Chon Smith


Hoje foi um dia surpreendente. Quando chegaram no treino dizendo o que a My ia fazer o desespero tomou conta de mim.

Quando cheguei lá e vi que ela estava bem, meu coração se acalmou. Eu não iria responder por mim se ela estivesse se jogado dali.

Voltei pra casa com ela, que ficou em silêncio o caminho todo. Também não toquei no assunto, mas ainda vou ter outra conversa com o namorado dela.

A única coisa que ela me pediu foi pra não falar pros meus pais. Concordei, pois ela sempre encobre meus erros.

Me tranquei no quarto e passei a metade do dia estudando sobre os oponentes que vamos enfrentar no campeonato.

Estava tão concentrado nos vídeos que nem vi as horas passarem. Peguei o celular e já eram cinco da tarde.

— Droga, daqui a pouco ele chega – resmungo me levantando. Tenho que comer algo antes que meu pai chegue com seus sermões.

Ouço uma voz suave invadindo meu quarto.

— A My não canta – digo abrindo a porta do quarto e saindo.

Me aproximo da porta dela e a abro devagar.

My estava sentada na cama e a garota da pipoca sentada na cadeira tocando o violão e cantando. Sua voz era suave e bela, fiquei paralisado olhando.

" Sorria!"

Termina de cantar e abre os olhos.

— Nossa, que incrível – diz My.

— Tenho que concordar também – digo atraindo a atenção das duas.

— Não sabe bater na porta? – pergunta My, me olhando com raiva.

— Sou seu irmão, não preciso bater na porta – digo me aproximando e me sentando do lado de My.

— Irmão mal educado isso sim – resmunga.

— Nossa, você canta demais – Cindy abre um sorriso envergonhado.

— Obrigado.

— Estava nos espionando desde que hora? – pergunta My.

— Pouco tempo, ouvi alguém cantando e sei que você não canta, então vim ver quem era.

— Chon você já deveria ter vestido outra blusa – fala My olhando para a regata que eu estava usando.

— Ele ainda não chegou – digo.

— Ele quem? – pergunta Cin.

— Tio David. Ele não sabe que o filho é cheio de tatuagens.

— Ele só é um pouco chato.

— Um pouco? Não tenho certeza – retruca My.

— Eu tenho que ir embora, já está anoitecendo – diz Cindy se levantando.

— Claro, quer que eu te leve em casa? – pergunta My.

— Não precisa, eu vou de táxi.

— Ok, te vejo amanhã no colégio.

— Ta bom, tchau. – diz, se retirando do quarto.

— O que ela veio fazer aqui?

— Falar sobre o que houve hoje cedo, chamei ela para não dizer a tio David.

— Mas como? Se eles nem se conhecem?

— Chon, seu pai trabalha na empresa do tio dela – diz saindo do quarto também.

Nem tinha lembrado disso.

Desço as escadas correndo para vê se ainda a vejo.

— Cin! – grito vendo-a atravessar a rua.

— O que houve?

— Nada, só vim perguntar por que a My te chamou pra conversar.

— Assuntos de garotas.


                Cindy Collins

— Que tipo de assunto, posso saber? – pergunta ele.

— Acho que não – respondo dando sinal para o táxi parar. — Por que a curiosidade?

— A letra da música que você cantou é gospel né?

— Sim, por quê?

— Olha, não me leve a mal, mas não quero pessoas colocando coisas falsas, na cabeça da My. Ela já sofreu muito.

— Eu não estou colocando nada falso na cabeça dela. Apenas estou lhe dando opiniões sobre o caminho certo a seguir.

— Esse caminho não é tão certo como você pensa.

— Como não é? Jesus é o caminho da verdade e da vida.

— Ele não é sempre bonzinho como dizem.

— O que você tem contra Deus?

Ele passa a mão na cabeça.

— Olha, só não fica enchendo a cabeça dela com bobagens.

" Bobagens!", penso.

— Acho melhor você ir vestir outra blusa – digo entrando do carro.

Como ele pode ser tão chato e incrédulo?


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