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SebastiánÉ estranho quando se está no mesmo espaço compartilhando experiências com uma pessoa que você conheceu e, ao mesmo tempo, não a reconhece. Assim que estou me sentindo com Soraya. Hoje, as crianças decidiram realizar um passeio em família, quer dizer, com os pais biológicos. Endireito os botões da blusa listrada, enquanto encaro o homem refletido ao espelho. Você está sendo sincero consigo mesmo? Eu não sei responder.Uma mistura de sentimentos se faz presente em minha mente. Diana grávida, Soraya aparentando ser uma nova versão, mais dócil e gentil. Os meus sentimentos em conflito, não sabendo ao certo o meu desejo. Isso está me causando insônia. Depois que relembrei como é passar uma noite com Soraya, os meus pensamentos nunca mais foram os mesmos.— Onde está indo? Está cheiroso. Há algum evento especial que eu não saiba?— Ainda bem que você chegou. Eu iria lhe chamar daqui a pouco. As crianças querem ir ao parque e pediram para que eu chamasse Soraya. Você quer ir junto?
— Eu não fico satisfeito com o seu comportamento. Acredito que isso pode ser por conta da gravidez, seus hormônios estão bagunçados. Só pode haver essa explicação para justificar a sua ausência. Sabe que as crianças amam você Diana, queria que tivesse se esforçado um pouco.— Me esforçado? - ela sorri de escárnio. — Estou grávida Sebástian. Não tenho que me esforçar para nada. Aliás, você não precisava da minha companhia, Soraya estava prontamente a sua disposição para exercer o papel de mãe arrependida.— Sobre Soraya, eu acho que ela realmente se arrependeu. O seu brilho no olhar quando presenciava as crianças a brincar, a maneira que interagia com elas, os sorrisos fáceis quando uma delas fazia uma careta. Talvez estejamos enganados sobre o seu caráter.Retiro as botas. Assim que acabo, um objeto pesado é arremessado em minha direção. No susto, abaixo-me rapidamente. Olho para o lado e vejo Diana furiosa, com o quadro de nosso casamento em mãos.— Está louca?— Eu estou farta da su
Alguns meses depoisCom o passar do tempo, a vida parecia estar realocando tudo em seu lugar novamente. Soraya estava satisfeita com o trabalho, e sua amizade permanecia firme e forte com Ingrid. Mesmo que Diogo Valadares ainda estivesse obstinado a obter a atenção de sua nova secretária, o seu convívio com Ingrid também estava agradável. Ela se tornou a secretária de outro departamento da mesma empresa, isso acalmou o coração de Soraya.Apesar de suas inúmeras cantadas, Diogo não conseguiu maiores experiências com a mãe dos gêmeos. Estando no mesmo apartamento, ele se limitava a dar abraços apertados e alguns beijos roubados. Parecia que a atenção da amada era voltada somente a recuperação da saúde de sua filha Selene. Aos poucos a criança estava conseguindo vencer a doença. Soraya se empenhava ao máximo buscando tratamentos alternativos, os quais ajudaram bastante.Suas interações constantes, buscando e entregando a filha ao hospital, causavam uma certa aproximação com o pai das cria
SebastiánAssim que cheguei em casa, não entendi o porquê o grito da palavra "pai" não foi escutado. Sabia que Suel havia saído a passeio com minha mãe, e Selene deveria estar na sala de estar terminando os seus afazeres escolares. Desde que descobrimos a doença sua rotina de estudos modificou, contudo, a prioridade ainda era o ensinamento, é o que permanece para sempre.— Diana! - com as botas encharcadas e sujas de lama, piso ao pano. Minha roupa está molhada, colando ao peito. A chuva está terrível. Acredito que meu filho e minha mãe estão no shopping. Graças a Deus, meus filhos estão seguros. Tenho pena de quem esteja ao lado de fora. — Essa é a pior chuva em cinco anos. Não sei o porquê da mudança no tempo, isso é um fenômeno raro.— Talvez seja culpa de Soraya. Tudo que é de ruim que está acontecendo em nossas vidas é culpa dela.Respirei fundo para que não começasse uma discussão sem fundamento. Eu realmente só quero deitar em minha cama e esperar o amanhã. Hoje foi muito cansa
Era estranho estar no tribunal, dividindo o mesmo local com Soraya depois de tudo que aconteceu. Por um momento havia imaginado que estava morta em meus braços, isso me causou sensações intensas. O medo de perdê-la, me fez enxergar que eu ainda sinto algo por essa mulher e isso é o meu martírio.Acompanho o seu andar. A blusa em decote coração, cor bege, desenha lindamente os seus seios. A saia lápis de tom escuro, e os saltos compõem a mulher forte que se tornou. Admiro o quanto mudou, se transformou de uma menina ambiciosa, inexperiente, para uma mulher forte, protetora como uma leoa, capaz de pular na água para salvar a vida de um filho, sem contar com a sua independência financeira.Conseguiu comprar uma casa modesta e um carro, somente com salário de secretária de Diogo Valadares. Tenciono a mandíbula ao vê-los tão próximos. Dessa vez, ele irá defendê-la, não será Ingrid. Confesso que preferia quando sua amiga sentava ao seu lado. Ainda acredito que Diogo tem segundas intenções c
— Espere! Soraya gritou, impedindo o juiz de continuar. Todos pararam para prestar atenção no que ela havia de falar. — Acredito que Sebastián concorde comigo que separar irmãos gêmeos que sempre estiveram juntos é crueldade.Confirmo com a cabeça.— Ao meu ponto de vista, nós podemos entrar em um acordo que seja amigável para todos os lados. - Diogo a olhou desconfiado. — Eu sugiro que possamos continuar com a mesma guarda compartilhada que estamos tendo. Alguns dias na minha casa, outros dias na dele, assim será benéfico para os pais e para as crianças.Um breve sorriso se colocou em meus lábios. Isso era tudo o que eu estava pensando. O juiz ergueu os braços, com uma expressão aliviada no rosto. Parecia estar mais contente do que nós mesmos, pela decisão de Soraya.— Posso dizer que é a melhor solução. As crianças não sofrerão, pois terão a presença dos pais e do irmão. - ele repousou os olhos na carta. — Somente para acabar com a dúvida de vocês e a minha também, Suel optou por fi
Não necessito dizer o quanto meu coração ficou dilacerado assim que o médico alertou-me do que poderia acontecer. Minha filha não pode morrer! Ela tem muitas metas a serem alcançadas, muita vida para ser vivida, muitos sonhos e projetos eu desejo a ela.A indignação convive em meu peito. Por que acontecer com alguém tão jovem? Preferia que houvesse caído em mim, que essa doença sobrecarregasse o meu corpo. Tudo, menos sobre a minha filha. A fraqueza é evidente. Deixo o meu corpo escorregar a parede branca, até se chocar seu chão.Uma semana se passou, e ainda permaneço dia após dia, 24 horas no hospital, amedrontado do que possa acontecer caso eu saia um minuto. Como o médico disse, encontrar alguém compatível com as células de outra pessoa, não é uma tarefa fácil. Vislumbrar o rosto esperançoso de minha filha, e no segundo momento desanimado, sabendo que ainda não encontramos um doador, é um martírio em minha vida.— Você precisa se levantar. Comer e beber algo. - Diana me oferece uma
SorayaEu estava feliz. Ser a doadora de minha Selene, era como se Deus houvesse me presenteado com uma segunda chance para recomeço. Sei que a minha história jamais será apagada, mas posso reescrevê-la e o início será em cima dessa cama de hospital, com a anestesia sendo aplicada para que eu possa doar a medula necessária para salvar a vida de minha filha.— Com tudo correndo bem, a senhora poderá ir para casa hoje mesmo. - concordo.— O que eu mais quero é saber que o corpo da minha filha aceitou as minhas medulas, e poder levar Selene novamente para casa.— Você irá.//Depois de um tempo, eu estava reunindo os meus pertences para ir para casa, tomar um banho, trocar de roupa e voltar para o hospital. A minha rotina tem sido essa quase diariamente. Diogo me obrigou a aceitar o trabalho novamente, com a segurança de que eu poderia voltar somente quando Selene se recuperasse, e eu não pude recusar. Senti levemente uma tontura. Sebástian correu em minha direção e segurou o meu corpo.