Ela morreu?
SebastiánAssim que cheguei em casa, não entendi o porquê o grito da palavra "pai" não foi escutado. Sabia que Suel havia saído a passeio com minha mãe, e Selene deveria estar na sala de estar terminando os seus afazeres escolares. Desde que descobrimos a doença sua rotina de estudos modificou, contudo, a prioridade ainda era o ensinamento, é o que permanece para sempre.— Diana! - com as botas encharcadas e sujas de lama, piso ao pano. Minha roupa está molhada, colando ao peito. A chuva está terrível. Acredito que meu filho e minha mãe estão no shopping. Graças a Deus, meus filhos estão seguros. Tenho pena de quem esteja ao lado de fora. — Essa é a pior chuva em cinco anos. Não sei o porquê da mudança no tempo, isso é um fenômeno raro.— Talvez seja culpa de Soraya. Tudo que é de ruim que está acontecendo em nossas vidas é culpa dela.Respirei fundo para que não começasse uma discussão sem fundamento. Eu realmente só quero deitar em minha cama e esperar o amanhã. Hoje foi muito cansa
Era estranho estar no tribunal, dividindo o mesmo local com Soraya depois de tudo que aconteceu. Por um momento havia imaginado que estava morta em meus braços, isso me causou sensações intensas. O medo de perdê-la, me fez enxergar que eu ainda sinto algo por essa mulher e isso é o meu martírio.Acompanho o seu andar. A blusa em decote coração, cor bege, desenha lindamente os seus seios. A saia lápis de tom escuro, e os saltos compõem a mulher forte que se tornou. Admiro o quanto mudou, se transformou de uma menina ambiciosa, inexperiente, para uma mulher forte, protetora como uma leoa, capaz de pular na água para salvar a vida de um filho, sem contar com a sua independência financeira.Conseguiu comprar uma casa modesta e um carro, somente com salário de secretária de Diogo Valadares. Tenciono a mandíbula ao vê-los tão próximos. Dessa vez, ele irá defendê-la, não será Ingrid. Confesso que preferia quando sua amiga sentava ao seu lado. Ainda acredito que Diogo tem segundas intenções c
— Espere! Soraya gritou, impedindo o juiz de continuar. Todos pararam para prestar atenção no que ela havia de falar. — Acredito que Sebastián concorde comigo que separar irmãos gêmeos que sempre estiveram juntos é crueldade.Confirmo com a cabeça.— Ao meu ponto de vista, nós podemos entrar em um acordo que seja amigável para todos os lados. - Diogo a olhou desconfiado. — Eu sugiro que possamos continuar com a mesma guarda compartilhada que estamos tendo. Alguns dias na minha casa, outros dias na dele, assim será benéfico para os pais e para as crianças.Um breve sorriso se colocou em meus lábios. Isso era tudo o que eu estava pensando. O juiz ergueu os braços, com uma expressão aliviada no rosto. Parecia estar mais contente do que nós mesmos, pela decisão de Soraya.— Posso dizer que é a melhor solução. As crianças não sofrerão, pois terão a presença dos pais e do irmão. - ele repousou os olhos na carta. — Somente para acabar com a dúvida de vocês e a minha também, Suel optou por fi
Não necessito dizer o quanto meu coração ficou dilacerado assim que o médico alertou-me do que poderia acontecer. Minha filha não pode morrer! Ela tem muitas metas a serem alcançadas, muita vida para ser vivida, muitos sonhos e projetos eu desejo a ela.A indignação convive em meu peito. Por que acontecer com alguém tão jovem? Preferia que houvesse caído em mim, que essa doença sobrecarregasse o meu corpo. Tudo, menos sobre a minha filha. A fraqueza é evidente. Deixo o meu corpo escorregar a parede branca, até se chocar seu chão.Uma semana se passou, e ainda permaneço dia após dia, 24 horas no hospital, amedrontado do que possa acontecer caso eu saia um minuto. Como o médico disse, encontrar alguém compatível com as células de outra pessoa, não é uma tarefa fácil. Vislumbrar o rosto esperançoso de minha filha, e no segundo momento desanimado, sabendo que ainda não encontramos um doador, é um martírio em minha vida.— Você precisa se levantar. Comer e beber algo. - Diana me oferece uma
SorayaEu estava feliz. Ser a doadora de minha Selene, era como se Deus houvesse me presenteado com uma segunda chance para recomeço. Sei que a minha história jamais será apagada, mas posso reescrevê-la e o início será em cima dessa cama de hospital, com a anestesia sendo aplicada para que eu possa doar a medula necessária para salvar a vida de minha filha.— Com tudo correndo bem, a senhora poderá ir para casa hoje mesmo. - concordo.— O que eu mais quero é saber que o corpo da minha filha aceitou as minhas medulas, e poder levar Selene novamente para casa.— Você irá.//Depois de um tempo, eu estava reunindo os meus pertences para ir para casa, tomar um banho, trocar de roupa e voltar para o hospital. A minha rotina tem sido essa quase diariamente. Diogo me obrigou a aceitar o trabalho novamente, com a segurança de que eu poderia voltar somente quando Selene se recuperasse, e eu não pude recusar. Senti levemente uma tontura. Sebástian correu em minha direção e segurou o meu corpo.
Sebástian— Não poderia ao menos ter falado com clareza que vocês estavam transando? Que aconteciam encontros as escondidas eu já desconfiava. Há quanto tempo esse relacionamento paralelo está acontecendo?— Diana eu… - ela ergueu a mão direita, impedindo-me de continuar.— Eu esperava mais de você Sebástian.Soraya colocou o seu corpo à frente do meu. Juntei a sobrancelhas intrigado, para o que ela iria dizer. Elas estavam próximas demais. Eu tentei retomar minha posição, para defendê-la, mas Soraya impediu.— Ele não tem culpa. Quem instigava para que algo acontecesse, era eu. A todo momento o seu marido se esquivava das minhas insinuações.Com um tapa certeiro, Diana acerta o rosto de Soraya. Ela coloca a mão na face quente, e sem demora, volta o tapa um tanto mais forte e audível. Seguro a cintura dela. Meus olhos estão arregalados, conforme a minha mente custa a entender como ela pôde dar um tapa em uma mulher grávida. Como se ouvisse os meus pensamentos, ela respondeu.— Somente
Eu não acreditava no que estava vendo. Minha ex-mulher estava em minha frente, cuidando dos meus ferimentos. Tentei me levantar, porém, ela me impediu. Como um menino obediente, retornei à minha posição inicial e fiquei a admirar a sua habilidade.— Você está muito ferido. Seu supercílio abriu profundamente. Acredito que não irá precisar de pontos, depende de como irá cicatrizar. - sorri de lado. — Sua mão também está machucada. Ela não te perdoou, não é mesmo?Elevei a mão direita, e visualizei o corte. Não lembrava do momento exato em que isso aconteceu, mas provavelmente foi quando ela arremessou alguns dos objetos e eu tentei me defender.— Eu não quero falar sobre Diana. Isso é passado. - Soraya juntou as sobrancelhas. — O que me interessa é a recuperação de minha filha. Preciso vê-la.Novamente, eu tentei levantar, ela me impediu, colocando o seu corpo por cima do meu. Engoli a seco. Meu coração começou a palpitar de uma maneira descompassada. Sua blusa branca possuía um decote
SorayaEstremeço, minha barriga se comprime ao escutar as suas falas. Eu deveria dizer que eu não sou propriedade de ninguém, mas algo dentro de mim gostou da sua forma rude e dominante.— Sebástian.— Eu não deveria te perdoar, muito menos lhe dar uma segunda chance. O difícil é que eu não consigo ignorar que eu ainda te amo. Não foi fácil vê-la partir no momento em que eu mais precisei.Inclino o rosto.— Ao virar as costas, eu vi o meu mundo acabar. A minha esposa havia partido. Meu coração quebrou em centenas de pedaços. Não foi fácil restituí-lo. Com a graça de Deus, eu consegui me reerguer e conquistar o que eu tenho hoje.— Conquistou uma mulher incrível chamada Diana. - ele me olhou sem expressão. — Que te ama, está a esperar um filho seu!— Mas não é ela que eu amo. Eu acreditei que era um sentimento verdadeiro, depois, eu percebi que meu relacionamento com Diana era uma forma dos meus filhos terem uma mãe. Uma forma que eu pudesse ter uma esposa, em um casamento seguro. Fui e