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SorayaEu estava feliz. Ser a doadora de minha Selene, era como se Deus houvesse me presenteado com uma segunda chance para recomeço. Sei que a minha história jamais será apagada, mas posso reescrevê-la e o início será em cima dessa cama de hospital, com a anestesia sendo aplicada para que eu possa doar a medula necessária para salvar a vida de minha filha.— Com tudo correndo bem, a senhora poderá ir para casa hoje mesmo. - concordo.— O que eu mais quero é saber que o corpo da minha filha aceitou as minhas medulas, e poder levar Selene novamente para casa.— Você irá.//Depois de um tempo, eu estava reunindo os meus pertences para ir para casa, tomar um banho, trocar de roupa e voltar para o hospital. A minha rotina tem sido essa quase diariamente. Diogo me obrigou a aceitar o trabalho novamente, com a segurança de que eu poderia voltar somente quando Selene se recuperasse, e eu não pude recusar. Senti levemente uma tontura. Sebástian correu em minha direção e segurou o meu corpo.
Sebástian— Não poderia ao menos ter falado com clareza que vocês estavam transando? Que aconteciam encontros as escondidas eu já desconfiava. Há quanto tempo esse relacionamento paralelo está acontecendo?— Diana eu… - ela ergueu a mão direita, impedindo-me de continuar.— Eu esperava mais de você Sebástian.Soraya colocou o seu corpo à frente do meu. Juntei a sobrancelhas intrigado, para o que ela iria dizer. Elas estavam próximas demais. Eu tentei retomar minha posição, para defendê-la, mas Soraya impediu.— Ele não tem culpa. Quem instigava para que algo acontecesse, era eu. A todo momento o seu marido se esquivava das minhas insinuações.Com um tapa certeiro, Diana acerta o rosto de Soraya. Ela coloca a mão na face quente, e sem demora, volta o tapa um tanto mais forte e audível. Seguro a cintura dela. Meus olhos estão arregalados, conforme a minha mente custa a entender como ela pôde dar um tapa em uma mulher grávida. Como se ouvisse os meus pensamentos, ela respondeu.— Somente
Eu não acreditava no que estava vendo. Minha ex-mulher estava em minha frente, cuidando dos meus ferimentos. Tentei me levantar, porém, ela me impediu. Como um menino obediente, retornei à minha posição inicial e fiquei a admirar a sua habilidade.— Você está muito ferido. Seu supercílio abriu profundamente. Acredito que não irá precisar de pontos, depende de como irá cicatrizar. - sorri de lado. — Sua mão também está machucada. Ela não te perdoou, não é mesmo?Elevei a mão direita, e visualizei o corte. Não lembrava do momento exato em que isso aconteceu, mas provavelmente foi quando ela arremessou alguns dos objetos e eu tentei me defender.— Eu não quero falar sobre Diana. Isso é passado. - Soraya juntou as sobrancelhas. — O que me interessa é a recuperação de minha filha. Preciso vê-la.Novamente, eu tentei levantar, ela me impediu, colocando o seu corpo por cima do meu. Engoli a seco. Meu coração começou a palpitar de uma maneira descompassada. Sua blusa branca possuía um decote
SorayaEstremeço, minha barriga se comprime ao escutar as suas falas. Eu deveria dizer que eu não sou propriedade de ninguém, mas algo dentro de mim gostou da sua forma rude e dominante.— Sebástian.— Eu não deveria te perdoar, muito menos lhe dar uma segunda chance. O difícil é que eu não consigo ignorar que eu ainda te amo. Não foi fácil vê-la partir no momento em que eu mais precisei.Inclino o rosto.— Ao virar as costas, eu vi o meu mundo acabar. A minha esposa havia partido. Meu coração quebrou em centenas de pedaços. Não foi fácil restituí-lo. Com a graça de Deus, eu consegui me reerguer e conquistar o que eu tenho hoje.— Conquistou uma mulher incrível chamada Diana. - ele me olhou sem expressão. — Que te ama, está a esperar um filho seu!— Mas não é ela que eu amo. Eu acreditei que era um sentimento verdadeiro, depois, eu percebi que meu relacionamento com Diana era uma forma dos meus filhos terem uma mãe. Uma forma que eu pudesse ter uma esposa, em um casamento seguro. Fui e
Em um suspiro fundo, o cheiro de pinho invadiu as minhas narinas. Aconcheguei a minha cabeça no peito áspero de Sebástian, a fim de sentir um pouco mais. Era real. Estou novamente na cama do meu ex-marido, agarrada ao seu corpo, envolta ao lençol branco que há muito tempo eu não sentia. Sentindo a luz invadir, pisco com algumas vezes, somente para ter a certeza que o homem mais lindo estava abraçado ao meu corpo. Sua mão esquerda repousando por baixo da cabeça, enquanto a direita circulava minha cintura como se pressentisse que eu iria fugir. Eu não iria para lugar algum.Sorri ainda descrente de como a vida estava sendo bondosa comigo. Nem em meus melhores sonhos imaginei que Sebástian pudesse me perdoar. Terrivelmente, já estava satisfeita com a minha condição atual. Meus planos eram continuar no México e partir para outra cidade em busca de adquirir uma vida tranquila sem pretensões com romances eternos. Até ontem eu não me achava digna de construir a minha vida ao lado de um bom
SebastiánAlgo estava me incomodando. Eu andava de um lado para o outro esperando pela chegada de Soraya. Não sabia se esse incômodo era ansiedade para a sua chegada, ou eram somente os pensamentos curiosos de como seria a nossa segunda chance. Imagino na reação das crianças na manhã seguinte, quando chegassem em casa e com surpresa vissem os pais em harmonia. Mesmo que seja informação demais, uma troca abrupta na organização da família, eu sinto que esse é um passo que irá mudar as nossas vidas para melhor.Soraya é a mulher que escolhi amar. Ainda quando adolescente, eu me apaixonei perdidamente por ela. Ansiava que completasse a maior idade para que pudéssemos engrenar em nossa relação. Eu jamais a vislumbrei como um passatempo, ou uma amante, nunca! Ela era mulher dos meus sonhos e com ela seguiria até o final de nossas vidas.Com um pouco de café em minha xícara, elevei até os meus lábios, mas antes mesmo que chegasse, a porcelana desliza entre os meus dedos e cai ao chão. Olho pa
SorayaMinha boca está seca. Parece que eu não bebo água há dias. Tentei movimentar os dedos, com muita dificuldade eu consegui subir alguns. Flashes do acidente percorreram a minha mente. Apertei os olhos com uma leve dor de cabeça. O barulho dos disparos enrijeceu a minha carne. Eu não acredito que sobrevivi.Tentei abrir os olhos, mas eles não obedeceram ao meu comando. Parecia que as pálpebras estavam coladas. Tudo que eu mais queria era levantar dessa cama e perguntar sobre Ingrid. Aquela explosão não saía da minha memória. Tenho fé que ela havia saído do carro antes disso. Eu só quero levantar e abraçá-la.Ouço vozes familiares. Meu grande amigo Diogo Valadares e o meu amor, Sebástian. Sorrio por dentro. Jamais imaginei que eles poderiam dividir o mesmo ambiente, os dois se odeiam.— Como irá contar a ela?Ouço um suspiro sair pesadamente.— Eu não sei. Talvez eu guarde essa informação comigo até o momento oportuno. Não acho correto dizer de imediato. Acredito que seja melhor esp
SebastiánHoje é o meu divórcio com Diana. Falta somente um papel para darmos um fim no casamento que durou pouco tempo. Eu não alego essa ação repentina a mulher que regressou em minha vida, Soraya. Ela não é culpada. Os meus sentimentos por Diana não eram tão fortes como eu imaginava.Consigo vê-la com sua barriga protuberante de nove meses. Ergo o corpo com vontade de me aproximar, com a esperança de encostar na barriga, quando percebe, ela se esquiva. Umedeço os lábios, com uma ardência no peito. Eu não admito que Diana esteja indiferente, eu também sou responsável por essa criança.— Boa tarde, senhores. Antes de assinarem o divórcio e acertarmos a partilha de bens, eu quero perguntar para vocês se esse rompimento é definitivo.Olho para Diana, com a intenção de encontrar em meu coração resquícios de amor que senti um dia por ela, não encontro. A nossa relação chegou a um desgaste extremo. Eu jamais voltaria a viver aqueles dias terríveis em seu ápice de loucura.— Sim. Respondo.