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SorayaMinha boca está seca. Parece que eu não bebo água há dias. Tentei movimentar os dedos, com muita dificuldade eu consegui subir alguns. Flashes do acidente percorreram a minha mente. Apertei os olhos com uma leve dor de cabeça. O barulho dos disparos enrijeceu a minha carne. Eu não acredito que sobrevivi.Tentei abrir os olhos, mas eles não obedeceram ao meu comando. Parecia que as pálpebras estavam coladas. Tudo que eu mais queria era levantar dessa cama e perguntar sobre Ingrid. Aquela explosão não saía da minha memória. Tenho fé que ela havia saído do carro antes disso. Eu só quero levantar e abraçá-la.Ouço vozes familiares. Meu grande amigo Diogo Valadares e o meu amor, Sebástian. Sorrio por dentro. Jamais imaginei que eles poderiam dividir o mesmo ambiente, os dois se odeiam.— Como irá contar a ela?Ouço um suspiro sair pesadamente.— Eu não sei. Talvez eu guarde essa informação comigo até o momento oportuno. Não acho correto dizer de imediato. Acredito que seja melhor esp
SebastiánHoje é o meu divórcio com Diana. Falta somente um papel para darmos um fim no casamento que durou pouco tempo. Eu não alego essa ação repentina a mulher que regressou em minha vida, Soraya. Ela não é culpada. Os meus sentimentos por Diana não eram tão fortes como eu imaginava.Consigo vê-la com sua barriga protuberante de nove meses. Ergo o corpo com vontade de me aproximar, com a esperança de encostar na barriga, quando percebe, ela se esquiva. Umedeço os lábios, com uma ardência no peito. Eu não admito que Diana esteja indiferente, eu também sou responsável por essa criança.— Boa tarde, senhores. Antes de assinarem o divórcio e acertarmos a partilha de bens, eu quero perguntar para vocês se esse rompimento é definitivo.Olho para Diana, com a intenção de encontrar em meu coração resquícios de amor que senti um dia por ela, não encontro. A nossa relação chegou a um desgaste extremo. Eu jamais voltaria a viver aqueles dias terríveis em seu ápice de loucura.— Sim. Respondo.
— Vocês estão bem?Eu caminhei até ela. Mesmo que não falasse com palavras, eu sabia o quanto estava frustrada em ter presenciado aquele beijo roubado. Eu gostaria de falar que não era nada disso que ela estava pensando. Isso é frase de filmes clichês que na maioria das vezes o protagonista é culpado.— Meu amor. Nós estamos bem sim. Assinamos o divórcio, e agora eu estou livre. Diana ficará com tudo que lhe pertence. Não faltará nada para ela e nem para o meu filho.Ela simplesmente ignorou minha fala. Caminhou até Diana e lhe estendeu a mão.— Como você está, querida? Pela marca de batom acredito que esteja muito bem.— Isso foi somente um até breve. Eu vou recuperar tudo que é meu. Esse divórcio não significa nada. O meu casamento com Sebástian é infinito, nenhum laço foi quebrado.— Por isso você roubou um beijo dele? Porque não aceita o final do casamento. Você acha mesmo que com isso ele retornará?Ela ergue uma sobrancelha.— Eu não sei. Minha única certeza é que eu tenho algo
— Você necessita fazer algo!— O que o senhor quer que eu faça? Eu dei o meu melhor por aquela família, e eles me ignoraram, como se eu fosse um lixo descartado.— Precisa tentar novamente. Esse jogo não está perdido. Sebástian ainda tem sentimentos por você. Possui um laço forte que os une e jamais será quebrado, um filho.Ela coloca as mãos na barriga, em forma de proteção.— Essa criança será o meu triunfo final. Será herdeira de todas as terras de Agar, retornando assim o império ao legítimo dono. Com passos lentos ele caminhou. — Você irá usá-la como moeda de troca.— Como assim?— É isso que você ouviu, minha querida. Seja esperta ao menos uma vez na sua vida e faça o que estou lhe ordenando. O seu filho será a porta de entrada para retornar a fazenda. Chantageie Sebástian, manipule dizendo que jamais verá o filho.Depois de pensar por breve segundos, ela concordou.— Eu perdi muita coisa na minha vida, deixei a mulher que eu amava escapar entre meus dedos, abandonei os meus sonh
Escondi os papéis em meu corpo, e caminhei ao interior da casa. Porque a assinatura de Leandro está nesse papel? Meus pensamentos são estacionados quando meus filhos correm em minha direção. Sorrio para eles. Suel está crescendo cada dia mais. Selene também está radiante, e o melhor, ela está saudável!Mesmo que estivessem molhadas, do recém-banho de piscina, eu abri os braços para eles e os aqueci segurando forte. É tão bom ver os meus filhos bem. Isso é mais importante do que qualquer fortuna, qualquer condição que eu tiver. Com eles eu tenho a paz jamais obtida. É como se fossem o meu refúgio onde eu posso descansar e voltar sempre quando necessário. Os meus filhos são minha vida, eu jamais conseguiria viver longe deles novamente.— Mamãe. Suel está namorando!—Eu não estou, sua fofoqueira! Bela é somente a minha amiga! Por que você não se mete na sua vida?Antes que briguem coloco o meu corpo para afastar.—Eu espero que isso seja mentira. Vocês são muito novos para pensarem em nam
Os dias na fazenda estavam calmos, tão calmos que causavam estranheza. Não sei se eu sentia isso pelo meu desligamento da empresa de Diogo Valadares, ou era somente paranoia da minha cabeça. Lembro do meu ex-chefe. Nós ainda mantemos contato, mas ele preferiu me demitir da empresa. Eu acredito que seja pelo fato do falecimento de Ingrid. Diogo está mais triste do que nunca e isso me entristece.Resolvo ligar para ele, pela terceira vez no dia. Todas às vezes ele negou. Respirando fundo eu disquei o seu número e posicionei o celular para ouvir a chamada. Estava ansiosa para ouvir sua voz, e ao quarto toque ele atendeu.— Soraya. Sua voz estava rouca, como se houvesse acabado de acordar. — Oi! Espero não ter te atrapalhado.— Você nunca me atrapalha.— Eu quero saber se está tudo bem com você. Não retorna as minhas ligações, e sempre nega quando eu tento marcar um encontro.Sua respiração se torna pesada. Espero ele responder. A linha permanece muda.— Eu estou preocupada com você. Apes
Atenção! Poderá haver cenas fortes de violência. Caso não consiga ler, pule de capítulo!Estava amedrontada. O choro, antes calmo, descia pela minha face como uma represa recém-rompida. Eu não conseguia limpar o rosto, pois as minhas mãos estavam amarradas em uma corda com um laço extremamente forte e apertado. Em todo o momento se passava em minha cabeça a curiosidade de saber quem eram aqueles dois homens encapuzados e o porquê de terem me sequestrado.Há alguns dias, Sebástian havia insistindo para que eu fosse até a delegacia e desse continuidade ao processo para saber quem foi o autor do disparo. Como ainda estava me recuperando, e com traumas relacionados à morte de Ingrid, eu decidi esperar um pouco. Bom, talvez eu tenha esperado demais.— Esse foi o trabalho mais fácil que fiz. Um dos homens estava conversando com o outro. — Recebi adiantado, e ainda consegui capturar a presa na primeira tentativa.— Sim. Confesso que ainda estou com raiva dele. Nós tínhamos combinado um valor
SebástianTudo estava muito confuso. Eu havia levado as crianças para um passeio de cavalo, passeio esse em que Soraya não queria vir. Mesmo estranhando, preferi não importunar. Assim que retornei senti a sua ausência. A casa estava vazia, nem mesmo minha mãe estava nela.Liguei e mandei diversas mensagens, nenhuma delas foi respondida. As horas se passavam, e a preocupação se fez presente. Cheguei a ligar até mesmo para Diogo Valadares que negou veementemente estar com ela. Eu não acreditei. As únicas pessoas com quem Soraya tinha convívio era com a sua família, formada por mim e as crianças, e seu amigo Diogo Valadares.Para solucionar essa história, achei melhor levar os meus filhos para a casa de uma amiga da escola. Ashley, era uma mulher de 30 anos que não se importou em ficar com os meus filhos por algumas horas. Após isso, eu me despedi deles e fui em direção à casa do advogado Valadares. Muitos pensamentos rodeavam a minha cabeça, e um deles, era o temor de encontrar Soraya n