Eu passo grande parte do dia conversando com o gerente do banco e assinando papéis para fazer o enorme saque.
Agora, toda a minha economia praticamente foi embora, mas é por um ótimo motivo. O motorista do táxi tenta conversar comigo, mas prefiro não falar muito.
Estou ocupada em pensamentos quando meus olhos passam no retrovisor e eu vejo a roupa que estou vestindo. Levo um susto. Merda, merda, merda.
“EU DEVIA ESTAR EM SÃO PAULO!!!”
Tenho uma vontade enorme de abrir a bolsa e sair procurando o meu celular, mas com tanto dinheiro nela fica impossível confiar que o motorista não vai ver. Estamos quase chegando e isso me alivia um pouco. Apesar do meu atraso, estranho não ter ouvido em nenhum
Abro espaço para que entre no quarto. Marcelo está vestido casualmente; o cabelo solto na altura dos ombros. Eu não devia me sentir intimidada, no entanto essa casualidade toda me deixa sem jeito. Eu nunca fui boa em lidar intimamente com pessoas, por isso escolhi administração e depois secretariado executivo. Tornar as coisas pessoais ou afetuosas me dá medo. Eu não sei, não consigo confiar em ninguém totalmente. Prefiro a distância. Mas agora Marcelo parece disposto a quebrar a parede que com tanto sacrifício ergui.— Você já tomou o café? — pergunta. Nego com a cabeça.Marcelo pega o telefone e disca o ramal da recepção. Faz os pedidos e pede para que entreguem no meu quarto, fico com vergonha do que a atendente pode pensar.<
O resto do dia de ontem foi torturante. Ver Marcelo sem poder beijá-lo, sem poder falar nada sobre nós dois, apenas trabalhando loucamente exauriu todas as minhas forças. Quis me estapear ao me flagrar desejando enviar uma mensagem de “boa noite” para ele. Sério?!Estou terminando de fazer minhas malas quando Adriana me liga.— Ei, eu estava preocupada — falo ao atender ao primeiro toque.— Não fique. Já foi feita a operação. O pai teve duas paradas cardiorrespiratórias, a mãe não sabe. Preferi não assustá-la. Ele está reagindo bem. Eu não sei como te agradecer, Nalu. Se não fosse o seu dinheiro, não sei o que iria acontecer. Ao adentramos o hotel, não encontramos ninguém conhecido no saguão principal.— O pessoal não deveria estar pronto? — pergunto procurando por todos.— O meu pai sugeriu comemorarmos os resultados positivos da reunião. De acordo com ele, mantém a equipe motivada. Teremos um jantar e, logo após, visitaremos uma boate.— Boate? — Simplesmente não consigo imaginar seu pai sugerindo algo do tipo.— Isso é por nossa conta — responde com um sorriso. — Eu mudei todas as passagens para amanhã de manhã. Mas, caso não queira se juntar a nós, posso conseguir um voo ainda hoje para você.— Capítulo 18
Eu me sinto insensível pra caramba estando aqui, quando no Rio as coisas não estão muito boas. Decido permanecer sentada aproveitando a bebida que preenche a mesa. Marcelo se mantém afastado em companhia da modelo.Eu preciso beber, ficar muito bêbada e esquecer tudo por algumas horas.Mal termino minha cerveja e já migro para o uísque.— O mundo não vai acabar hoje, Ana Luísa, pode ficar sussa, amiga. — Devido a quantidade de bebida, a voz de Juliana soa distante, apesar de ela estar sentada ao meu lado.— Amiga, eu prec
Eu acordo sentido a boca seca e viscosa. Parece que arrastei minha língua na areia. O sol forte entra pela janela do quarto queimando meus olhos sensíveis. Eu gemo e me arrasto para fora da cama. Algo está muito errado. Olho ao redor, estou sozinha no quarto do hotel. Eu sinto meu estômago se revirar e corro para o banheiro para vomitar. Três vezes. Escovo os dentes e vou atrás de água no frigobar.— O que eu fiz comigo? — pergunto para o nada, tentando me lembrar da noite passada. Eu me lembro de dançar bem sensualmente com Daniel e Marcelo, lembro-me de flertar com Daniel. “Omg!” Daniel é um parceiro e um dos melhores amigos de Marcelo até onde sei.Passo as mãos pelo meu rost
— Marcelo, sente-se. Fique à vontade, a casa é sua. Você tem preferência por algum canal? — pergunta Adriana e sem esperar por uma resposta, já entrega o controle remoto para ele.— Se precisar de nós, estaremos na cozinha preparando algo para comermos.Adriana sai me puxando para a cozinha. Começo a pegar os ingredientes para um bolo enquanto ela me encara com os braços cruzados.— O que foi? — pergunto.— Vocês dois. Porque não o convidou para entrar? Ele estava com uma cara de cão sem dono.— Pensei que você não gostasse dos geminianos — alfineto. — Boa noite, gata. — A voz encantadora de Henrique soa alta. Obstante de sua animação, respondo apaticamente.— Boa noite, Henrique. Como você está?— Estou ótimo, obrigado. Liguei pra te convidar para um passeio surpresa amanhã, eu sei que está em cima da hora, mas...— Sim, muito em cima para qualquer passeio. Não sei se dará para mim e acho que precisaremos conversar.— Aconteceu alguma coisa? — pergunta preocupado. Pela manhã, ao acordar, percebo que não foi um sonho. Foi real, muito real. Abro um sorriso por sentir que estou em cima dele. Os braços de Marcelo estão me envolvendo, segurando-me com apenas um lençol nos cobrindo.Decido não me mexer e aproveitar esse momento quando, da cozinha, escuto Adriana ligar o liquidificador e eu amaldiçoo o suco natural matinal dela. Marcelo se remexe em baixo de mim e nossos olhos se encontram. Eu sorrio para ele, que retribui falando com a voz sonolenta:— Bom dia, Nalu.Impulsivamente capturo o seu rosto e deposito um selinho. Logo fico tímida, não devia ter sido tão impulsiva sem saber o que esperar depois da noite passada. Encolho-me e meu rosto quase fica coberto pelo lençol.Capítulo 22
Capítulo 23