Aquele encontro que havíamos marcado havia me tirado o sono, por mais que Fabiana não seja flor que se cheire eu me sentia mal por desobedecer minha mãe que tanto já sofreu nessa vida. No dia seguinte fui trabalhar com uma baita ressaca de sono, mas tentei manter o foco para que ninguém desconfiasse dos dias terríveis que eu estava tendo. ...
Fabiana sabia daquele encontro e não poderia jamais permitir que a fizessem de boba mais uma vez, ainda que fosse sangue do seu sangue Consuelo iria pagar caro por mais aquela afronta. Já sabia o horário e local do encontro dos dois...
Maitê – Vai ter mesmo coragem de fazer o que disse? Isso é loucura e sabe que com certeza vai ter problemas com a polícia.
Fabiana – Não me importo com mais nada, já paguei pelo trabalho e agora só me resta esperar que isso tire ela do meu caminho de uma vez. Acredita que antes de ir para o trabalho ele disse que não dormiria em casa hoje por que ia viajar para encomendar mercadorias da loja? Não se importa mais com nada do que eu pense sobre isso e sequer faz um esforço para que eu acredite. Está jogando uma relação sólida no lixo por uma aventura.
Maitê – E se ele realmente estiver apaixonado pela sua sobrinha?
Fabiana – Se ele estiver, vai ter que esquecer! Pelo bem dela.
...
André estava impaciente para reencontrar e ter um momento de intimidade com Consuelo, era nítido que dentro dele havia um sentimento muito mais forte do que uma mera atração.
Ainda que ele quisesse negar a si mesmo por medo de ser usado por uma garota jovem e aventureira, seus gestos e ações denunciavam o amor que já havia nascido, encomendou rosas vermelhas para buscar pouco antes do encontro.
A ideia de poder dormir a noite inteira com ela parecia um sonho, por que sempre que estiveram juntos a angústia de serem flagrados os acompanhava.
André
Se Consuelo realmente sente o mesmo que eu tenho sentido, me divorcio de uma vez de Fabiana!
Todo o futuro daquela relação estava dependendo daquele encontro e o que diríamos um ao outro.
Consuelo
Coloquei meu vestido preto mais sensual, soltei os cabelos e fiz uma maquiagem leve. Não queria parecer montada e que ele percebesse o quanto eu estava me esforçando para agradar. Sentia mil borboletas no estômago para rever André, nem parecia que já tínhamos feito amor algum dia nessa vida.
Elaine – Filha vai sair assim tão linda em plena terça–feira?
Consuelo – Sim mamãe....é...com um colega do trabalho, aquele que eu comentei com a senhora. Ele trabalha aos finais de semana...então vamos nos ver hoje.
Elaine – Então traga ele para que eu possa conhecer melhor, espero em Deus que ele seja um bom rapaz e que coloque juízo nessa sua cabeça.
Consuelo – É claro que vou trazer ele para a senhora conhecer, mas é que ainda estamos bem no início, eu já vou então!
Elaine – Ele não vem aqui te buscar?
Consuelo – Ficamos de nos encontrar e já estou atrasada, tchau mãe.
A consciência doía muito, me sentia como uma criminosa em fuga, mas a saudade e a vontade de conversar e sentir ele de novo era muito mais forte que tudo.
Fui andando para a rua de baixo exatamente como havíamos combinado e já vi um carro preto parado por ali, mas estava com os vidros fechados e eram escuros, não havia ninguém mais naquele lugar.
Consuelo – André?
O motorista abaixou o vidro e um homem de capuz me apontou uma arma, senti como se meus pés não estivessem mais no chão e meus batimentos dispararam.
Gustavo – Entra no carro vadia ou vou ter que atirar em você!
Consuelo – Por favor não, eu vou obedecer.
Gustavo – Fala baixo e entra no carro de uma vez!
No banco de trás alguém abriu a porta para mim eu não tinha forças para nada, mas temi pela minha vida e entrei naquele carro.
Haviam mais duas pessoas...dois outros homens além do que dirigia, eles me olhavam insinuantes o motorista ainda seguia armado e o homem do banco detrás estava com algo nas mãos que parecia ser uma faca.
Comecei a suar frio e sentir minha garganta ficar seca.
Victor – Fica tranquila gatinha, só vamos dar um passeio contigo pela cidade.
Comecei a chorar apavorada, eles mandaram que eu ficasse olhando para baixo e eu não conseguia ver para onde estávamos indo até alguns minutos depois paramos.
Gustavo – Está com a tesoura?
Victor – Sim!
Aquele homem me mostrou o que tinha nas mãos, uma tesoura enorme e afiada, me deu um puxão no braço para perto dele e pegou meu cabelo com força.
Victor – Se você se mexer posso tremer e cortar sua orelhinha!
Fiquei imóvel enquanto ele cortava meu cabelo e depois de satisfeito com o estrago, me puxou com força pelo pescoço e eu pude ver que tinha um sinal bem perto do olho esquerdo.
Victor – Essa foi apenas uma amostra, você bem de quem é esse recado! Se não quiser nos ver de novo não se meta com o que não é seu, entendeu?
Agora eu havia me dado conta de que não era um assalto, estupro ou qualquer tipo de roubo.
Consuelo – Sim!
Ele me largou, esticou a mão quase me abraçando e abriu a porta do carro enquanto os outros pareciam ter adorado o espetáculo.
Gustavo –Pode ir gata, nos vemos por aí!
Saí daquele carro horrorizada e chorando, Fabiana havia passado de todos os limites possíveis. Eu havia andado muito com eles naquele carro e estava em lugar ermo e que parecia longe da cidade...tirei a sandália e fui caminhando pela estrada agradecendo a Deus por estar inteira, até que um senhor teve a bondade me oferecer uma carona.
...André
O que Consuelo pensa que eu sou? Estou aqui feito idiota a mais de meia hora e nada dela aparecer, joguei aquele buquê estúpido pela janela e fui para um bar.
Não havia nenhuma mensagem dela e eu também não ligaria depois de mais amostra do desinteresse que ela tem por mim, deve estar com outro e me fez de estúpido mais uma vez!
Consuelo
Eu não podia ir para casa assim com essa cara de pavor e com o cabelo naquela situação, liguei para Sofia de um telefone público por que o meu havia ficado no carro dos bandidos e contei parte da história assim que cheguei na casa dela.
Sofia – Mas você têm que registrar um B.O, isso é lesão corporal e sequestro! Te colocaram em um carro contra a vontade e anexaram com uma arma.
Consuelo – Eu já disse que não faço ideia do motivo de terem feito isso comigo, já passou e felizmente eu posso dar um jeito no cabelo e tentar esquecer disso.
Sofia – Deus amiga, então tente se acalmar e descansar. Amanhã com a cabeça mais fria decide o que fazer.
Liguei para o André do telefone da casa de Sofia, mas ele não me atendeu e tive receio de deixar recado na caixa postal. ...
Fabiana – Tem certeza que ela ficou apavorada de verdade? Então aquela cadela não é tão valente como parecia ser certo, a outra metade do pagamento eu vou passar agora para vocês e muito obrigada!
Fabiana sorria só de imaginar o pavor que havia causado na sobrinha com aquele sequestro relâmpago. Para ela não haviam limites quando se está lutando por um casamento.
Fabiana – Te avisei para não brincar comigo!
...
Às 4:00 da manhã André chegou completamente bêbado em casa.
Fabiana – Não disse que ia viajar a trabalho?
André – Me deixa em paz...vá se deitar, mulher!
Fabiana – Você nunca foi de beber assim, se tornou a sombra do homem que era.
André – Se sabe disso por que não larga então?
Fabiana irritada o ajudou a deitar na cama, ainda que fosse assim bêbado ele era dela. Sem Consuelo tudo voltaria a ser como antes entre eles.
Fabiana – Tem que se esquecer de Consuelo, por mim e pelo nosso filho!
Ela alisava a própria barriga enquanto retirava os sapatos dele.
André – Consuelo...onde você está? Por que não veio me ver?
Fabiana – Xiiii! Apenas durma!
Doía ouvir ele chamar por ela, mas aquela precisava ser a última vez que estaria em seus pensamentos.
Consuelo
Acordei antes das 5:00 da manhã, passei em um salão de cabeleireiro e acertaram o corte daquele estrago da noite anterior.
Fiquei com os cabelos na altura dos ombros e até gostei do novo visual, o que não sai de dentro mim era a vontade de contar tudo o que aquela louca tinha aprontado para o André, mas eu não iria ligar assim...era melhor esperar que a poeira baixar.
Fui para casa e minha mãe felizmente ainda dormia, preparei um café bem rápido para que ela soubesse que eu havia chegado em casa e deixei pronto e em cima da mesa.
Me vesti e saí para o trabalho...
No horário do almoço eu fui a uma loja e comprei um celular novo, não tinha fome e tudo me fazia lembrar daqueles momentos de pavor.
Mensagem de w******p:
André, me perdoe por não ter ido ao nosso encontro é que aconteceu algo grave e precisamos mais do que nunca nos falarmos o mais rápido possível.
...
Fabiana leu a mensagem pelo w******p web enquanto André ainda permaneceria em sono profundo pela bebedeira do dia anterior. E resolveu responder a rival.
André digitando...
André – Não sei por que as desculpas, eu não fui a esse encontro. Sinto muito, mas o que havia entre nós já não pode haver!
Consuelo – Como você queria que eu fizesse, vai ter que dizer isso olhando nos meus olhos.
André – Onde e quando você quiser.
Consuelo – Hoje às 19:00 no restaurante Cardoso...há um local mais reservado e podemos ficar a vontade.
André – Certo, então nos vemos.
Consuelo
Claro que tudo isso é estranho, mas se ele não me queria mais ao menos que fosse franco. Íamos colocar os pingos nos is, e eu iria revelar a ele o tipo de mulher com quem era casado a tantos anos.
André estava esperando por Consuelo ansioso naquele restaurante, queria saber qual desculpa ela daria para não ter aparecido naquele encontro. Alguns minutos depois ele congelou ao ver Fabiana...Fabiana – Amor, resolveu vir aqui para espairecer?Ela sorriu, sabia que logo sua rival chegaria e os veria juntos, já foi logo puxando uma cadeira e se sentando.André – Fa..Fabiana...o que faz aqui?Fabiana – Gosto desse lugar, sempre venho quando você me deixa sozinha em casa.Ela não iria perguntar nada...já sabia o motivo dele estar ali.ConsueloCheguei naquele restaurante, ia dizer a ele tudo sobre aquela vira–lata, que se diz minha tia, contar que ela destruiu minha família sem a menor piedade. Quando olhei para aquela mesa no final do corredor, meu coração se rompeu em milhares de pedacinhos.Consuelo – Eu sou mesmo uma estúpida!André me viu e ficou nervoso, corri para fora daquele lugar aos prantos. Tinha ensaiado tantas formas de pedir perdão a ele por tê–lo usado naquela trama te
Fabiana suspirou e sentia tanta raiva que era capaz de atirar um vaso na cabeça dele e por um segundo aquilo lhe passou pela cabeça.Fabiana – André todos estão aqui para festejar o nosso filho e você se enche de bebida? Se não tem consideração alguma por mim, pelo menos pelo nosso filho, se tranque naquele quarto e não saia e lá até passar o efeito do álcool e todos tenham ido embora, eu darei uma desculpa qualquer.André – Não vou a lugar nenhum, você é a culpada de todo o meu sofrimento, se tivesse me deixado em paz.Fabiana – Fale baixo e anda logo, vamos para o quarto antes que algum convidado te veja nesse estado.Ela fez com que ele se apoiasse nela e ambos subiram as escadas, Fabiana o guiou até a cama e ele se deitou.André – Ela não pode ser feliz mim, não depois de tudo o que vivemos...os beijos o gosto dela!Fabiana – Trate de apagar essa mulher da sua mente, não te ama e nem nunca amou. Deixe de ser tão ingênuo!Ela saiu e trancou a porta por fora se debruçou nela de cost
Eu estava terminando de fechar minha mala com as coisas para irmos a esse hotel fazenda, logo Felipe buzinou na porta de casa.Consuelo – Já vamos mamãe.Elaine – Juízo e se divirtam!Partimos então para lá, era perto da cidade e aquele encontro com André na loja havia mexido comigo demais e eu não pude disfarçar o semblante preocupado.Felipe – O que foi minha linda, parece distante?Consuelo – Me desculpe, só estou ainda triste por ter saído do emprego...apesar de tudo eu gostava do meu trabalho e dos meus colegas.Felipe – Logo você consegue outro e bem melhor!Entramos em uma estrada de terra.Felipe – Veja, parece que enfim chegamos.Era um hotel muito bonito, já tinham algumas pessoas que estavam chegando assim como nós.Felipe estacionou e foi logo a recepção mostrar os nossos convites para a recepcionista.Elen –Sejam bem vindos, seu quarto é o 21...aqui está a chave e podem me chamar pelotelefone caso precisem de alguma coisa. Há e antes que me esqueça, pediram para que os c
Eu corri de volta para o quarto antes que Felipe se desse conta da minha ausência em nossa cama, levava dentro de mim uma enorme dúvida...e um sentimento que não podia mais existir. Quanta audácia fazermos amor aqui, mas sempre fomos assim tão errados.Entrei no quarto e devagar me deitei cobrindo meu corpo com o lençol, Felipe não merecia nada disso e de todas as pessoas inocentes naquela história ele era a que mais me doía enganar. No dia seguinte teríamos atividades programadas como gincanas em equipe e essas coisas, fiz tudo o que pude para convencer Felipe a me deixar no quarto, mas ele não quis.Consuelo – Nem sequer somo funcionários da empresa, não faz sentido entrar nesse jogo.Felipe – Já que estamos aqui temos que interagir.Consuelo – Vá você, prometo que não fico chateada.Felipe – Está bem então, teimosa.Fomos para a área externa, André já estava lá me olhando com tanto ódio que eu podia me basear nisso para mensurar a sensação que ele deveria ter por ter sido usado na
Dia de voltar para casa, Consuelo organizava as coisas para partirem. Felipe não conseguia disfarçar a insatisfação de ter passado um fim de semana inteiro com sua namorada em um lindo lugar e não terem tido absolutamente nada de sexo.Consuelo – Vamos?Felipe – Sim!No quarto de André e Fabiana eles faziam as malas para voltar, para André aquele fim de semana havia sido o melhor e o pior de sua vida. Havia matado a saudade de tocar a mulher que tanto ama, mas havia escutado coisas dela e que jamais esqueceria. André colocou tudo dentro do carro, ele e Fabiana partiram para casa.Fabiana – Está tão calado, parece que o fim de semana não te deu a paz que tanto queria.Ele freou bruscamente.Fabiana – Ficou maluco, estúpido? Tenho um filho seu aqui dentro!André – Será que tem mesmo?Fabiana – Claro que sim, por que acha que me sujeitaria a ainda estar tentando salvar essa droga de casamento se não fosse por um motivo maior?André – Não quero ouvir sua voz, me sufoca me irrita!Ele colo
Um mês depois, Felipe ainda tentava digerir o término dele com Consuelo, sempre telefonava, mas nunca era atendido. Consuelo esperava com ansiedade por aquela criança, talvez mais até do que Fabiana...ela queria por tudo, se acertar com André.André por sua vez, vivia das lembranças com ela, estava a cada dia mais aprendendo a desafogar suas mágoas na bebida.ConsueloEu estava em casa, olhando umas fotos da infância e me veio aquela sensação nostálgica de estar em família. Comecei a pensar se eu não estava sendo o mesmo que Fabiana foi para mim, uma pessoa que destruiu meu lar e tirou meu pai de nós. Sempre que pensava nessas coisas eu ficava emotiva e me desmanchava em lágrimas...minha mãe se afastou ainda mais de Fabiana, é claro que ela estava furiosa por tudo o que ela havia aprontado comigo.Elaine – Chorando outra vez filha, não fique assim não quero que entre em depressão. Logo Fabiana vai dar á luz e assim vai poder conversar com ele e dizer toda a verdade.Consuelo – Não sei
Consuelo foi para casa, Elaine ficou no hospital um pouco mais para acompanhar André e saber como ficariam as coisas, depois da suspeita do sobrinho ter aquela doença congênita.Elaine ele, aguardavam na sala de espera, ele andava de um lado para o outro enquanto ela rezava.André – Parece que o mundo inteiro quer desabar em cima de mim nos últimos meses.Elaine – Não lamente pelo seu filho, sempre é uma bênção. Isso são coisas da vida e temos que ser fortes o bastante para enfrentar o que vem com ela.André – Não estou assim só por ele e por essa possibilidade de doença, mas por que apesar de tudo o que sua filha me fez, não consigo tirar ela de dentro de mim. Me culpo por não estar com mente totalmente voltada a paternidade.Elaine – Não se culpe por amar tanto, não posso me meter na sua vida e na de Consuelo, mas te aconselho a falar com ela...não fique criando hipóteses para entender o que só ela pode te explicar.André – Para ouvir ainda mais humilhações? Sua filha te ama muito,
Felipe chegou ao hospital, queria ver a Fabiana e dar um pouco apoio moral a André. Chegou na recepção e se informou sobre o quarto em que ela estava, entrou e cumprimentou Fabiana e André.Felipe – Como está se sentindo? E o bebê como vai?Fabiana – Ainda não sabemos como tudo vai ficar, mas tenho fé que nosso pequeno André vai sobreviver.Felipe percebeu que a última cara que André queria ver era a dele, estava mais do que claro que ele queria Consuelo e sequer se sentiu lisonjeado ao ter o nome no filho.André – E você primo? Está feliz por aumentar a família?André – Claro que sim, filhos são sempre um presente de Deus.Felipe – Em pensar que Consuelo e irá me dar um presente como esses daqui a alguns meses.Fabiana – Quer dizer que Consuelo vai ter um filho seu?Fabiana não conteve a alegria e o deboche ao saber disso, fez questão de olhar bem para André com aquela expressão de: falta de aviso não foi!Fabiana – Fico feliz pelos dois! Pretendem se casar?Felipe – Farei o pedido,