Airon para o carro em frente ao prédio que mais se parece com um cassino, há um longo tape vermelho estendido na entrada, vários fotógrafos e repórteres se aglomeram uns aos lados dos outros na competição de quem consegue as melhores fotos ou os melhores comentários.
Me preparo para descer, mas Airon apoia sua mão sobre a minha por um momento. Volto minha atenção para ele que me observa pensativo e receoso.
— Aconteceu algo? — pergunto preocupada.
— Não quero que aconteça o que aconteceu na boate novamente então achei que seria bom você usar uma aliança — ele diz enquanto retira a pequena caixinha preta de veludo do bolso do terno. — Eu também usarei uma — afirma pensativo.
Mordo os lábios o observando sem saber ao certo o que se passa na cabeça desse homem. Uma hora ele me apedreja por pouco e outra quer garantir que eu não seja abusada.
Airon é um verdadeiro mar de contradições.
Ele abre a pequena caixinha revelando suas alianç
— Sr. Markcross, como vai? — Ele estende sua mão para Airon que retribui o aperto gentilmente. — E essa linda mulher ao seu lado? Ainda não a conheço. — Me observa sorridente. Antes mesmo de esperar Airon responder sua pergunta, ele segura minha mão e deposita um beijo molhado e exagerado. Franzo as sobrancelhas incomodada com a sua demora em beijar minha mão, puxando-a de volta rapidamente. — Essa é minha esposa Megan, senhor Trevor, como já deve saber pelos noticiários nos últimos dias — diz entredentes, com uma carranca evidente. — Claro que fiquei sabendo, mas não sabia que ela era tão linda. Airon lhe lança um olhar frio e ameaçador intimidando o homem à nossa frente que logo se despede. — Desse jeito vai afastar todos à sua volta — comento, ignorando seu estado de humor sensível. — Droga — Airon bufa contrariado. Às vezes ele é tão carinhoso que não consigo entender suas mudanças bruscas de humor. Ele acar
Não discuto, apenas observo a cidade passar pela janela do carro enquanto tento formular uma boa resposta para as suas perguntas. Não queria envolver Airon no meu passado, mas depois de hoje é impossível, sem contar que agora Philipe tem total acesso a mim pelas revistas e fofocas que circulam, não vai demorar nada para meu tio me achar em Londres. O desespero desses pensamentos faz todo meu corpo estremecer. Preciso encontrar Katy o quanto antes, precisamos voltar para Londres e falar com mamãe e papai. Precisamos fugir novamente. Sim, fugir. Fugir mais uma vez para que ele não nos ache, fugir para outro país, deixar tudo e todos como da última vez. Me perco em pensamentos com a dor angustiante em meu peito, ter que deixar todos, inclusive Airon, é difícil, sei que ele não aceitará algo assim, mas esse casamento foi um erro maior do que eu poderia imaginar. Sou tirada de meus pensamentos quando o carro estaciona em frente ao hospital.
Acordo assustada após ter um pesadelo terrível com meu tio Philipe. No sonho, ele me persegue e me pega atingindo seu objetivo. O pânico toma conta de meu corpo e custo a acalmar os tremores que o pânico me causa. Sabia que sonharia com ele. Suspiro ainda assustada e perdida, me sento na cama olhando o quarto em volta, me lembro de tudo o que aconteceu e suspiro. Foco no relógio em cima da escrivaninha e vejo que ainda é madrugada, mordo os lábios me sentando sobre a cama enquanto passo as mãos pelos cabelos pensando no que farei daqui para frente. A melhor decisão é ir embora de uma vez por todas, não posso ficar em Las Vegas muito menos em Londres, serei um alvo fácil agora que Philipe me viu com Airon. Airon não se importaria se eu fosse embora, muito menos sentiria minha falta, afinal esse casamento jamais deveria ter acontecido. Por mais que eu queira acreditar nesses pensamentos, o forte aperto no peito indica que não estou completamente satisfe
Enxugo meu corpo rapidamente, vestindo meu pijama e quando saio, encontro Katy com nossas malas feitas. — O voo sai às seis da manhã, temos um curto período para descansar, se tivermos sorte não terá atrasos. — Katy me olha na esperança de que eu desista de tudo, mas estou decidida. — Okay — digo entre suspiros. — Megan, você é teimosa. Por que não conversa com ele? Você sabe que ele pode te ajudar. Você vai fugir do seu tio pelo resto da sua vida? — diz irritada. — Sim, Katy, vou fugir pelo resto da minha vida, você sabe que Philipe não mede esforços para acabar com alguém, não será um problema para ele adicionar Airon na sua "listinha psicopata" — faço aspas com os dedos. — Será mais uma pessoa para ele fazer suas jogadas sujas, e outra, por que motivos Airon pode querer me proteger? Acha mesmo que ele está apaixonado por mim? — Rio ironicamente enquanto a olho. — Mal nos conhecemos. — Sei lá, ele é possessivo, não g
Airon Deixo Megan em meu quarto e a observo por alguns segundos. Olhar dentro daqueles olhos verdes esmeralda e ver a angústia refletida neles me fez sentir um forte aperto no peito, preciso descobrir quem fez tanto mal a ela. — Eu sei que vou ter pesadelos, então não me deixa aqui sozinha — a angústia em sua voz suplicante é visível. Quero abraçá-la e cuidá-la, mas antes preciso encontrar respostas para tudo isso. Não sei como agir, estou perdido. Não sei o que fazer, muito menos o que falar. Quero apenas me concentrar em encontrar o desgraçado que a maltratou tanto. Em um ato impensado, saio do quarto confuso e preocupado, com o único objetivo de aliviar a dor que ela está sentindo. Megan é frágil e pequena, vê-la assustada e em pânico daquela maneira acabou comigo. Achei que iria perdê-la, que ela fugiria e desapareceria como Samantha, não consigo entender a mim mesmo por não querer que ela fuja. Q
A caminho do elevador ligo para Willian. Por que Megan sempre age por impulso? Suspiro irritado. — Senh... — Droga Willian corra até o hotel onde Megan está hospeda e confirme sua estadia — digo exasperado. — As suas ordens, senhor. Entro no carro sem esperar que James abra a porta e dou ordens para que ele siga para o aeroporto, pois se conheço bem aquela cabeça dura ela está voltando para Londres. Tiro a carta de Megan do bolso e suspiro ao observá-la. Já perdi Samantha, não vou deixar Megan partir também. Incerto se devo os não abrir aquela carta continuo a encarar o pequeno papel entre meus dedos. O medo e o receio de descobrir o que está escrito me domina, é como das duas últimas vezes, apenas uma carta rabiscada. Um vazio domina meu peito comprimindo meu coração enquanto o nó em minha garganta sufoca a passagem do ar para os meus pulmões. Suspiro e passo o dedo sobre a letra bem feita na incerteza de
Megan Ao chegarmos em Londres depois da cansativa viagem de volta, optamos por pegar um táxi e ir para nosso apartamento arrumar o resto das malas já que iriamos para casa do papai. Não consegui convencer Katy para irmos amanhã, ela insiste que quanto mais rápido nos organizarmos menos tempo Philipe terá para nos encontrar. Não pude discutir sobre esse assunto, afinal ela tem razão. Sinto minha cabeça pesada e dolorida, a viagem foi desgastante, não consegui desligar minha mente sequer um minuto, mesmo com dona Carmelita me contando toda história da sua vida. Só consegui me distrair nas primeiras horas de voo, uma vez que ela entrou em uma conversa acalorada de como seu marido era o melhor homem do mundo, que apesar de ter sido forçada a se casar, acabou se apaixonando perdidamente por ele, dessa forma não consegui mais tirar a figura daqueles intensos olhos azuis da minha mente. Katy continua brava e não conversava comigo.
Dou mais uma boa olhada nos detalhes do meu apartamento e saio trancando a porta enquanto arrasto minhas malas para baixo com dificuldade, meu pé insiste em doer e fisgar. Me despeço do senhor Osvald com um forte abraço explicando que estou me mudando de última hora, enquanto espero o táxi chegar com Katy converso com o porteiro. Osvald é um homem de meia idade por quem tenho muita consideração por ter vivido longos anos nesse prédio e apartamento. Ele sempre me tratou com carinho se preocupando comigo por morar sozinha. Como sempre Katy demora mais do que o previsto, assim que ela chega, coloco minhas malas no porta-malas do táxi com a ajuda do motorista. Ao entrar no carro tento puxar assunto, mas ela nem mesmo olha para mim e continua emburrada olhando para a janela de braços cruzados, suspiro e faço a mesma coisa olhando o lado de fora. Estou com saudades de mamãe e papai, mas confesso que é estranho voltar a morar na casa deles, porém é necessário