Não discuto, apenas observo a cidade passar pela janela do carro enquanto tento formular uma boa resposta para as suas perguntas. Não queria envolver Airon no meu passado, mas depois de hoje é impossível, sem contar que agora Philipe tem total acesso a mim pelas revistas e fofocas que circulam, não vai demorar nada para meu tio me achar em Londres.
O desespero desses pensamentos faz todo meu corpo estremecer.
Preciso encontrar Katy o quanto antes, precisamos voltar para Londres e falar com mamãe e papai. Precisamos fugir novamente.
Sim, fugir.
Fugir mais uma vez para que ele não nos ache, fugir para outro país, deixar tudo e todos como da última vez.
Me perco em pensamentos com a dor angustiante em meu peito, ter que deixar todos, inclusive Airon, é difícil, sei que ele não aceitará algo assim, mas esse casamento foi um erro maior do que eu poderia imaginar.
Sou tirada de meus pensamentos quando o carro estaciona em frente ao hospital.
Acordo assustada após ter um pesadelo terrível com meu tio Philipe. No sonho, ele me persegue e me pega atingindo seu objetivo. O pânico toma conta de meu corpo e custo a acalmar os tremores que o pânico me causa. Sabia que sonharia com ele. Suspiro ainda assustada e perdida, me sento na cama olhando o quarto em volta, me lembro de tudo o que aconteceu e suspiro. Foco no relógio em cima da escrivaninha e vejo que ainda é madrugada, mordo os lábios me sentando sobre a cama enquanto passo as mãos pelos cabelos pensando no que farei daqui para frente. A melhor decisão é ir embora de uma vez por todas, não posso ficar em Las Vegas muito menos em Londres, serei um alvo fácil agora que Philipe me viu com Airon. Airon não se importaria se eu fosse embora, muito menos sentiria minha falta, afinal esse casamento jamais deveria ter acontecido. Por mais que eu queira acreditar nesses pensamentos, o forte aperto no peito indica que não estou completamente satisfe
Enxugo meu corpo rapidamente, vestindo meu pijama e quando saio, encontro Katy com nossas malas feitas. — O voo sai às seis da manhã, temos um curto período para descansar, se tivermos sorte não terá atrasos. — Katy me olha na esperança de que eu desista de tudo, mas estou decidida. — Okay — digo entre suspiros. — Megan, você é teimosa. Por que não conversa com ele? Você sabe que ele pode te ajudar. Você vai fugir do seu tio pelo resto da sua vida? — diz irritada. — Sim, Katy, vou fugir pelo resto da minha vida, você sabe que Philipe não mede esforços para acabar com alguém, não será um problema para ele adicionar Airon na sua "listinha psicopata" — faço aspas com os dedos. — Será mais uma pessoa para ele fazer suas jogadas sujas, e outra, por que motivos Airon pode querer me proteger? Acha mesmo que ele está apaixonado por mim? — Rio ironicamente enquanto a olho. — Mal nos conhecemos. — Sei lá, ele é possessivo, não g
Airon Deixo Megan em meu quarto e a observo por alguns segundos. Olhar dentro daqueles olhos verdes esmeralda e ver a angústia refletida neles me fez sentir um forte aperto no peito, preciso descobrir quem fez tanto mal a ela. — Eu sei que vou ter pesadelos, então não me deixa aqui sozinha — a angústia em sua voz suplicante é visível. Quero abraçá-la e cuidá-la, mas antes preciso encontrar respostas para tudo isso. Não sei como agir, estou perdido. Não sei o que fazer, muito menos o que falar. Quero apenas me concentrar em encontrar o desgraçado que a maltratou tanto. Em um ato impensado, saio do quarto confuso e preocupado, com o único objetivo de aliviar a dor que ela está sentindo. Megan é frágil e pequena, vê-la assustada e em pânico daquela maneira acabou comigo. Achei que iria perdê-la, que ela fugiria e desapareceria como Samantha, não consigo entender a mim mesmo por não querer que ela fuja. Q
A caminho do elevador ligo para Willian. Por que Megan sempre age por impulso? Suspiro irritado. — Senh... — Droga Willian corra até o hotel onde Megan está hospeda e confirme sua estadia — digo exasperado. — As suas ordens, senhor. Entro no carro sem esperar que James abra a porta e dou ordens para que ele siga para o aeroporto, pois se conheço bem aquela cabeça dura ela está voltando para Londres. Tiro a carta de Megan do bolso e suspiro ao observá-la. Já perdi Samantha, não vou deixar Megan partir também. Incerto se devo os não abrir aquela carta continuo a encarar o pequeno papel entre meus dedos. O medo e o receio de descobrir o que está escrito me domina, é como das duas últimas vezes, apenas uma carta rabiscada. Um vazio domina meu peito comprimindo meu coração enquanto o nó em minha garganta sufoca a passagem do ar para os meus pulmões. Suspiro e passo o dedo sobre a letra bem feita na incerteza de
Megan Ao chegarmos em Londres depois da cansativa viagem de volta, optamos por pegar um táxi e ir para nosso apartamento arrumar o resto das malas já que iriamos para casa do papai. Não consegui convencer Katy para irmos amanhã, ela insiste que quanto mais rápido nos organizarmos menos tempo Philipe terá para nos encontrar. Não pude discutir sobre esse assunto, afinal ela tem razão. Sinto minha cabeça pesada e dolorida, a viagem foi desgastante, não consegui desligar minha mente sequer um minuto, mesmo com dona Carmelita me contando toda história da sua vida. Só consegui me distrair nas primeiras horas de voo, uma vez que ela entrou em uma conversa acalorada de como seu marido era o melhor homem do mundo, que apesar de ter sido forçada a se casar, acabou se apaixonando perdidamente por ele, dessa forma não consegui mais tirar a figura daqueles intensos olhos azuis da minha mente. Katy continua brava e não conversava comigo.
Dou mais uma boa olhada nos detalhes do meu apartamento e saio trancando a porta enquanto arrasto minhas malas para baixo com dificuldade, meu pé insiste em doer e fisgar. Me despeço do senhor Osvald com um forte abraço explicando que estou me mudando de última hora, enquanto espero o táxi chegar com Katy converso com o porteiro. Osvald é um homem de meia idade por quem tenho muita consideração por ter vivido longos anos nesse prédio e apartamento. Ele sempre me tratou com carinho se preocupando comigo por morar sozinha. Como sempre Katy demora mais do que o previsto, assim que ela chega, coloco minhas malas no porta-malas do táxi com a ajuda do motorista. Ao entrar no carro tento puxar assunto, mas ela nem mesmo olha para mim e continua emburrada olhando para a janela de braços cruzados, suspiro e faço a mesma coisa olhando o lado de fora. Estou com saudades de mamãe e papai, mas confesso que é estranho voltar a morar na casa deles, porém é necessário
— Eu não sei o que fazer. — Coloco as mãos nos olhos abaixando a cabeça tentando conter as lágrimas. — Pense, minha querida. Eu sei que você vai escolher a melhor opção — papai diz se levantando e vindo em minha direção, ele me abraça e afaga meus cabelos. — Ela é teimosa! Eu já disse que a melhor opção é falar com Airon, apesar de não gostar muito dele estou triste que você tenha deixado o coitado em Las Vegas sem nenhuma explicação. — Você não se explicou? — mamãe pergunta surpresa. — Eu não estava preparada para contar tudo e as coisas aconteceram rápido demais. — Me encolho. — Megan você é muito impulsiva — mamãe me repreende. — Ei, ela não precisa ficar com esse homem estranho, ela já tem a nós, uma família unida e que a ama — papai diz enciumado. — Isso é porque você está com ciúmes de saber que nossa menina está crescendo — mamãe o provoca. — Juro que vou acabar com esse riquinho quando encontrá-lo, ainda m
Olho aquela mensagem sem acreditar no que estou vendo. Logo em seguida recebo a mensagem de Katy com o endereço. Por essa eu realmente não esperava, mas ela subiu alguns pontinhos no meu conceito. O lugar fica no extremo oposto do apartamento de Katy, mas não me importo preciso encontrar Megan rápido para termos uma séria e longa conversa. Meu coração se acelera e um estranho nervosismo se instala em meu corpo enquanto dirijo para casa dos pais de Katy. Paro em frente à casa e fico observando o local, um bairro simples, aconchegante e calmo. Saio do carro e percebo que as horas voaram enquanto a procurava, talvez seja melhor voltar amanhã, não sei qual será a reação dos pais de Katy. Paro em frente a porta pensativo e por fim acabo tocando a campainha. Não escuto vozes e isso me preocupa, ainda há algumas luzes acesas, mas não sei se estão acordados. Observo a campainha receoso se devo ou não a tocar mais uma vez, quando