AiyraEthan retira o braço de cima de mim e eu tento não parecer tão decepcionada com isso. Ele se senta na cama, os olhos avermelhados descendo para minha perna firmemente enfaixada e eu sigo o seu olhar, percebendo que eu fui trocada e limpa.Por Deus... que tenha sido Isobell. Não há nada que Ethan já não tenha visto, mas há uma certa insegurança no fato de ele me ver no meu pior.— A bala se alojou em um músculo e o médico disse que levaria um bom tempo até que sua cicatrização se complete, então decidimos que você ficaria comigo, enquanto isso. — Ethan me diz, seu olhar se cravando no meu, esperando minha reação.— Vocês decidiram, então? — Pergunto, não conseguindo conter o sarcasmo.— Você estava apagada e assim ficará melhor para que as crianças não fiquem preocupadas. — Ele me responde, a voz tranquila.— Eles me viram assim? — Indago, imaginando o desespero delas.— Não. Ainda não, mas teremos que deixá-los vê-la logo. Yana já começou a ficar mais birrenta que o normal e Ben
AiyraTem algo de muito errado, em você ter que ser ajudada a tomar banho pelo seu ex-marido, com quem tem sonhos sujos todas as noites. Ethan me ajuda a tirar a camisola leve e fico só de calcinha na sua frente, minha pele se arrepiando e os bicos dos meus seios, se endurecendo só com a perspectiva de estar sob o seu olhar.Relaxa, corpo! Isso não é hora de ficar excitada.Ethan ignora o quanto pode os meus seios, quando desce a minha calcinha, mas vejo-o travar os dentes e engolir em seco quando se abaixa.Ele tem feito tanto isso perto de mim ultimamente, que acredito que terá problemas nos dentes em breve.No começo, eu achei que ele estivesse bravo comigo de alguma forma, mas depois eu percebi que não sou a única que está lutando contra um corpo cheio de tesão reprimido.Não vou mentir e dizer que não me envaideci um bocado com isso.Ter um homem como Ethan ficando sempre no limite perto de você é muito estimulante.Graças a Deus que não estamos dormindo no mesmo quarto, pois se
IsobellAlgo está errado.Saio do quarto em que tenho me escondido desde o maldito interrogatório. Se eu soubesse que Aiyra veria aquilo... eu não sei.A questão toda é essa, eu não teria como ser menos cruel ou pegar leve na forma como tratei aquele homem. Aquela era eu, pura e simplesmente. Saber o que ele faria a jovem no motel só me deu um combustível a mais. Eu posso ir direto para o inferno por isso, mas cada célula minha se entregou a necessidade que eu tinha de fazer o desgraçado sofrer.No geral eu não me importaria menos, mas ver o olhar enojado no rosto de Aiyra me doeu mais do que imaginei que doeria. Claro, depois ela tentou conversar, tirando daquele coração mole dela, uma explicação razoável para estar morando a quase quatro anos com uma sádica.Não importa as desculpas que ela arranje para isso, eu sei o que sou e isso me assusta como a própria morte.Desde então, eu tenho entrado de cabeça em qualquer missão que Heiko me passe, por mais horrível que pareça para mim
AiyraUm Ethan muito nervoso entra na cozinha onde eu preparo o café. Fico um pouco rígida, pensando que problemas, tem algum tesão em se pronunciarem pelas manhãs.— O que aconteceu? — Disparo, já me preparando.— Meus pais... porra! — Ethan me diz, a mão na testa.Puta merda... será que aconteceu algo a eles?— Eles estão bem? Ethan me olha, talvez só agora percebendo que eu desci da cama sozinha e sem ajuda. Empino o meu queixo de um jeito que ele conhece bem. Não vou ficar pedindo ajuda a cada vez que vou ao banheiro, quero um pouco da minha dignidade de volta e para já.— Eles estão bem, Dakota. Muito bem e na porta da frente. — Ele anuncia, deixando meu pequeno ato de rebeldia para depois.Pego as muletas, ainda detestando o objeto e me aproximo de Ethan, tentando não apoiar a perna ferida no chão.— Aqui? Assim do nada? — solto as perguntas.— Eles tentam falar comigo a mais de dois meses. Minha mãe deve ter cansado de esperar e veio ver por si mesma se não estou caído em alg
Isobell“Eu lutava para respirar e segurar a ânsia que ameaçava me subir pela garganta. Eu já estou a muitos anos nisso e ainda assim é sempre ruim. Fecho a porta do quarto as minhas costas, minha pele queimando em cada parte que fui tocada, como um lembrete do que eu permiti que me fizessem.Sorin será o último, depois dele terei minha passagem direta para uma missão a longo prazo na Itália e terei meses a frente quando eles perceberem que parti. Essa foi a última vez.Desço as escadas do nosso comando central e passo por alguns homens da antiga, que parecem tensos e isso me faz andar mais devagar, meus ouvidos atentos a qualquer informação que seja útil.— Ele está para chegar nessa semana, depois de mais de cinco anos. — Ouço um dos homens dizer, seu ombro encostado na parede, enquanto conversa com o homem.Finjo verificar algo em meu celular e paro um pouco.— Ninguém aqui, nunca viu o rosto dele. É estranho e ouvi boatos que ele é conhecido por ser um dos mais cruéis desde Novac.
AiyraEu devia desviar o olhar. Cada pensamento lógico meu aconselha a desviar o olhar, fechar a porta, mas o calor que parece se espalhar por cada parte pulsante minha, me diz o contrário.Ethan está deitado na cama, seu torso tonificado a mostra e só um fino lençol cobrindo os quadris, seu rosto embalado em um sono profundo. Ele voltou de uma viagem ao sul do país e para nãos nos deixar sozinhos por muito tempo, voltou na primeira oportunidade que teve.Isso lhe custou quase dois dias de sono ruim e preocupação. Não importava o quanto eu fizesse ligações por vídeo ou que eu assegurasse que estava tudo bem, Ethan ainda ficava tenso, como se um mal estivesse só à espreita, esperando nossa distração.Essa pequena viagem de Ethan me mostrou duas coisas: que as crianças estão muito mais apegadas ao pai do que considerei e que eu me habituei demais com sua presença sempre constante, seus olhos as vezes temerosos, como se sentissem que eu posso desaparecer a qualquer momento. E há moment
AiyraA médica a minha frente sorri, enquanto uma assistente leva Yana e Ben para uma outra sala, uma que eles definiram como “sala de jogos”.Ben me dá uma última olhada, antes de seguir a irmã super animada com a ideia de conhecer algo assim.Foi um pouco mais custoso do que achei que seria, deixar Merlim em casa. Ele não gostou, as crianças não gostaram e eu não gostei, mas entrar em um consultório psicológico renomado com um cão de quase sessenta quilos e parecendo ameaçador me pareceu uma péssima ideia.Suspirando, eu desvio minha atenção para a doutora chamada Jessica. Ela tem um rosto com traços fortes, o único ponto suave em seu rosto sendo os olhos, de um castanho gentil, sempre que nos miram.— Foi muito útil vocês terem trago alguns dos registros de Benjamim do outro médico e após alguns exames iniciais eu posso dar um parecer médico, lembrando que ainda vão restar mais acompanhamentos e exames para podermos começar a pensar na melhor forma de agir. — A médica declara, a ca
AiyraCom a folha em minhas mãos, meu sorriso se amplia. Não é a letra mais perfeita do mundo, mas se tornou uma de minhas preferidas. Os diversos garranchos e rabiscos aqui e ali, são a prova de que nos custou muito empenho para tornar nossa confusão de ideias em algo decente e harmônico.Yana e Ben se mostraram muito mais criativos do que achei possível e Ethan auxiliou a organizar os atritos quando a euforia tomava conta. Levou mais de uma semana e tivemos que ir nos organizando em partes, mas posso ter a certeza de que foi divertido para todos.Eu só os acompanhava, guiando-os quando preciso e tentando não chorar a cada verso. Com o violão bem preso em meus braços eu senti como a antiga paixão pela música vinha à tona, deixando a insegurança para trás.Não importa o que eu tenha feito antes, ou o quanto eu tenha me afastado do que amo, pois no centro desse recanto seguro do meu coração eu sempre vou ter a certeza que nasci para fazer isso e dor alguma me vai tirar essa parte de