AiyraPestanejo, o sono ainda me embalando em um bocejo. Ontem eu tive um trabalho difícil para dormir, a compreensão de que quase me rendi ao desejo por outro homem me fazendo girar na cama por um longo tempo. Talvez fosse o fato de que Kiler me lembre ao Ethan em alguns aspectos. Talvez seja só meu corpo querendo ter contato humano. Eu sempre fui uma mulher que atendi aos meus desejos e esse tempo de celibato, com toda certeza tem se mostrado um grande desafio.Não que Ethan esteja fazendo o mesmo...Levo a mão ao rosto, massageando as têmporas e controlando o meu ciúme. Há cerca de dois anos atrás eu comecei a seguir Ethan nas redes sociais com uma conta falsa e também leio toda e qualquer notícia relacionada a ele na mídia. É como um modo lento e dolorido de me torturar.Meu lado racional sabe que Ethan tem todo o direito de estar voltando a sair e ter relações com outras mulheres.Mas porra.... tinham que ser tantas?As notícias não param de anunciar um novo caso, uma nova foto
AiyraSentada em frente a mesa de Heiko eu tento manter a minha expressão neutra. Sinto o olhar de Kiler em mim em alguns momentos, mas evito o encarar ao máximo. Depois de Yana me envergonhar em níveis absurdos, Isobell levou as crianças para uma sala que ela diz ter sido preparada só para elas. Preocupada, eu ainda recusei, pois sei como Yana pode ser escorregadia quando quer, mas Isobell garantiu que alguém as olharia o tempo todo. Nós três agora esperamos ela voltar, os olhos verdes de Heiko acompanhando algo na tela do seu notebook. Seus cabelos brancos hoje estão presos no alto da cabeça, o terno largado sob a cadeira e a roupa social delineando bem os músculos dos braços. Heiko com toda certeza é um homem lindo, mas por algum motivo é o olhar de Kiler ao meu lado que me faz ficar inquieta. Por Deus... Yana o achou parecido com Ethan.... Seria por isso então que eu fico tão estranha ao lado dele?Eu nem sabia que Yana já tinha me visto encarando as fotos de Ethan. Pensei que
Ethan As luzes jogam diversos fleches em direções controversas, meus olhos entorpecidos demorando a segui-las, meu corpo dividido entre o prazer e uma indiferença resistente a tudo. Eu a tento fazer se dissipar a quase três anos. Eu posso me entupir com qualquer entorpecente que for, posso transar até meu corpo cair de exaustão, brigar até a raiva me dominar, mas nada faz esse desinteresse parar de me cobrir. É como se eu tivesse ido junto a ela. Retraio os pensamentos que sei que se seguiram e retiro a boca experiente da mulher ajoelhada entre as minhas pernas, do meu pau. — Desculpe querida, mas acho que preciso ir. — Digo, fechando o zíper da minha calça.A mulher com os cabelos loiros e encaracolados sorri, a única parte do rosto exposta. Quando um amigo me indicou esse clube eu hesitei. Transar com mulheres mascaradas não é bem um fetiche para mim, mas decidi experimentar. Tem pouco mais de um ano que comecei a frequentar. Hoje, no entanto, minha cabeça dispersa não me permit
AiyraEle está aqui.A respiração trava imediatamente em minha garganta e conto uma, duas, três vezes, antes de desviar o olhar e sorrir para o homem a minha frente. Enquanto o meu alvo balbucia com a voz enrolada sobre ter reservado um quarto, eu o puxo para um canto mais afastado, meu sorriso sedutor em nada denunciando as batidas inconstantes do meu coração. Era realmente ele. Lindo e parecendo triste.O rosto parecia mais magro, os cabelos mais curtos, mas os olhos... eram os mesmos. Ethan não fumava e eu conheço bem aquela expressão enevoada, pois já a vi muitas vezes no rosto de meu pai. Ele estava além de bêbado. Porra... e ainda assim a minha vontade era tirar aquele cigarro da sua boca e o beijar como se eu nunca tivesse partido.Desvio o olhar para a pista de dança e vejo que ele não está mais lá. Certo Aiyra... acorde! Passo as mãos no peitoral firme do homem a minha frente e o mesmo se aproxima, o rosto com traços angulosos e boca sensual perto demais para o meu gosto.
Aiyra— Você poderia ter sido mais sutil, Dakota! — Kiler esbraveja para mim, enquanto segura o corpo inerte do meu pai.Sinto meu lábio inferior começar a tremer, a tensão do dia cavando um buraco fundo no meu autocontrole.Logo após meu pai me reconhecer, sua tez ficou tão pálida que eu deveria ter desconfiado, mas eu simplesmente fiquei o encarando e quando menos percebi seu corpo foi amolecendo, as emoções cobrando um pouco mais dele.— Ele está bem? — Pergunto, minha voz chorosa.— Ele só desmaiou, pode ficar tranquila. — Kiler me responde.Vejo meu pai se mexer brevemente, as pálpebras se remexendo e logo depois os olhos se abrindo, primeiro ele olha para Kiler, a mão tremente na testa e depois seus olhos azuis vão se arregalando e se desviando para mim novamente.— É realmente você. — Meu pai se ergue, as pernas tremendo muito.— Sim. — Sussurro, minha voz nada mais do que um soprar em meio ao choro.Meu pai levanta as mãos e em três passos muito rápidos e decididos ele se apro
AiyraOs meus passos ao lado de Kiler são apressados. O contato de Heiko dentro da organização de Farrey nos conseguiu a chance de estar em um evento semestral deles e é uma oportunidade única de os observar de perto, ver realmente quem é a nata do estado que o cerca como um maldito escudo.A peruca muito bem presa pinica em meu coro cabeludo. O vestido justo e na cor dourada se adere bem as minhas curvas, o comprimento longo para esconder minha tatuagem. Pego meu celular, verificando meu reflexo pela segunda vez, os cabelos ondulados e com mechas claras se aderem bem ao meu rosto, a máscara escura e com pequenos brilhos se destacando me dá um aspecto misterioso e sexy. Meus olhos agora escuros por conta da lente, me causam uma certa estranheza, como se eu não me reconhecesse. — Acha que Farrey realmente não vai me reconhecer? — Indago a Kiler.Ele olha para mim, o belo rosto escondido em uma máscara dourada, os cabelos escuros jogados para traz com gel e um smoking preto cobrindo be
AiyraCom um boné escuro bem posto na cabeça, as lentes de contato e uma jaqueta grossa eu saio de casa com as crianças. Depois de quase dois meses só dentro de casa, eu tive que ceder um dia da semana para sair com ambos. No meu ombro esquerdo, eu levo uma bolsa grande e pesada com tudo que eles possam precisar. — Seus olhos tão estranhos mamãe. — Yana me diz, quase tropeçando pela segunda vez ao ficar me encarando e esquecendo de andar com as pernas curtinhas.— A mamãe só quis mudar um pouco. — Eu desconverso, me arrependendo de não ter posto os óculos escuros.Ficaria bizarro também... talvez alguém até achasse que estou levando as crianças a força.... considerando a minha sorte esses dias.Nós descemos pelo elevador e observo como os olhos de Ben se atentam a tudo em volta. Yana um pouco mais dispersa tenta caminhar sem tropeçar. Sorrindo eu acaricio os cabelos escuros de ambos. — O vovô Josh... — Yana tenta falar o nome do avô, a língua travando um pouco — Ele vai ta lá mesmo?
Aiyra— Sua ideia? — Questiono, sem entender.Live solta o ar com força, seus olhos parecendo ainda mais cansados. — Ele estava bebendo o tempo inteiro, usando umas paradas perigosas. Eu sei reconhecer quando uma pessoa está a um passo de se perder de vez. Eu mesma tive os meus dias assim. — Ela passa a mão na nuca, fechando os olhos — Da última vez que estive com ele eu o aconselhei a se agarrar a algo, a qualquer coisa. O que eu vi no olhar dele depois disso me arrepiou até os ossos. Eu também quero a cabeça de Farrey, mas sei o quão idiota seria ir atrás disso. — Mas o Ethan também sabe disso, droga! — Vocifero, a preocupação me fazendo elevar a voz.— Ele sabe Dakota.... — Live me encara — Ethan sabe, mas não se importa.Agora entendo a ida idiota de Ethan aquele evento... eu não posso permitir que ele se destrua assim. Merda, o que eu faço?Olho para Live, sabendo que Ethan não foi o único afetado pelo drama da minha vida.— E você Live, como está? — Eu... eu estou bem. — Ela