O herdeiro que o príncipe rejeitou
O herdeiro que o príncipe rejeitou
Por: Elainne Silva
Prólogo.

Sinopse.

Para proteger a garota que amava, o príncipe a rejeitou e depois abandonou. Anos depois, ele descobrirá que tem um filho com seu amor do passado e fará de tudo para recuperar sua família.

Javier Vargas é o terceiro filho do rei de Solari. Aos trinta e quatro anos, o príncipe sabe que não pode simplesmente fazer o que quer, embora seu lado rebelde sempre o coloque em problemas.

Muito jovem, ele se envolveu com a garota proibida e que sabia que nunca poderia ser sua, afinal, ela era apenas a filha do secretário do seu pai. Uma simples plebeia que fez o seu corpo arder de paixão.

Ele se entregou ao desejo, mas uma ameaça o levou a rejeitá-la e abandoná-la da pior maneira possível para que pudesse a proteger.

A garota proibida foi embora e levou seu coração, mas anos depois retornará para colocar o seu mundo de cabeça para baixo e fazer dele pai, pois a paixão deixou um presente inesperado.

Jade amava Javier desde criança, mesmo sabendo que não deveria, afinal, ele era um príncipe e ela uma plebeia, apenas a filha do funcionário do rei. Todavia, a jovem se entregou para o príncipe quando teve a chance e chegou a acreditar que seria sua esposa algum dia.

Ele a fez acreditar no seu amor e depois partiu seu coração.

Depois de muitos anos, Jade reencontrará o homem que a abandonou e terá a missão de esconder que eles tiveram um filho. Ela fará de tudo para proteger seu menino e o seu coração do príncipe babaca.

Por sua vez, o príncipe irá até as últimas consequências para recuperar sua família.

****

Prólogo.

Javier narrando.

Em alguma fase da suas vidas, meus irmãos chegaram a se ressentirem do fato de sermos da realeza e desejaram ser outras pessoas.

Preciso ser claro e confessar que algo parecido não aconteceu comigo.

Porque eu desejaria ser outra pessoa?

O que sou além do terceiro filho do rei de Solari?

Se eu fosse um homem diferente do que sou, poderia ter algum ressentimento.

Se Rhuan é o filho mais velho, o príncipe herdeiro e futuro rei de Solari, Ignácio, o segundo filho, é aquele que tem a confiança do nosso pai. Ele é o seu braço direito.

Então temos eu: o filho caçula. Aquele que chegou de surpresa porque não estava exatamente nos planos.

Sim, o filho caçula, aquele que é apenas o príncipe de quem ninguém espera algo.

Aquele que o rei ama, mas deixou de lado sem colocar grandes responsabilidades sobre os ombros.

Se eu me importava com isso? Nunca.

Amava ser livre.

Amava não ser cobrado como os meus irmãos são cobrados.

Amava no passado.

Aos trinta e quatro anos, começo a ter ressentimentos.

Aos trinta e quatro anos, sinto que não tenho idade para ser aquele que todos passam a mão na cabeça.

Aos trinta e quatro anos, não quero ser aquele que sai nas páginas de gosto duvidoso de Solari apenas por ser bonito e por se deixar ser fotografado com as socialites mais lindas do reino, tudo porque elas só querem a chance de passarem uma noite nos braços de um príncipe e não se importam com o fato de que sempre deixo claro que não quero mais do que uma noite.

De repente, estou cansado de ser quem sou e quero muito mais da vida.

Mas o que eu poderia ser além disso?

Meus dois irmãos estão casados. Os meus dois irmãos estão felizes com suas esposas e suas filhas.

E apesar de não desejar nada que tenha relação com a criação de uma família e ser colocado em uma coleira como os meus irmãos foram, sinto que algo está faltando na minha vida.

O problema é que não sei onde procurar.

O problema é que não sei o que quero.

Não sei como não ser o Javier que não tem propósito além de ser bonito, além de ser amável e de fazer os outros sorrirem.

Eu estive apaixonado apenas uma vez. Mas o meu coração foi partido de tal forma que o amor não deve ser o que estou procurando.

Quero tudo, menos o amor.

O amor machuca quando se ama a pessoa errada.

Ela era a pessoa errada.

Ela está fora da minha vida há dezesseis anos e não faço ideia de por que estou pensando nela hoje.

Faz tanto tempo...

Não sei se está bem.

Não sei se casou ou se tem filhos.

Sei apenas que está viva. Pois se tivesse morrido eu teria ficado sabendo, mesmo sem perguntar.

A única mulher que fez o meu coração realmente disparar no peito me odeia e não a julgo por isso.

Eu dei motivos para ela me odiar.

Eu fui o homem que tirou a sua inocência e o sorriso do seu rosto.

E desde que destruí a vida de uma menina inocente, tornei da minha vida a missão de fazer outras pessoas sorrirem sendo o palhaço de todas elas.

Eu esbanjo felicidade, mas faz tempo que carrego um buraco no meu peito.

Finjo que não sinto e que não vejo, mas ele existe.

Eu fiquei bem durante muitos anos, mas agora que os meus irmãos começaram a construir suas vidas e me vejo sendo sufocado por tanto amor acompanhado de perto, não estou mais me sentindo bem.

Talvez eu só precise procurar aquela garota e ver com os meus próprios olhos que ela está bem.

Ver com os meus próprios olhos que conseguiu sobreviver, apesar de mim.

— O que aconteceu? Você está estranho. — Ouço o meu pai.

Nós dois estamos sozinhos na mesa do café da manhã, porque logo hoje nenhum dos meus irmãos pôde deixar a cama da esposa para vir tomar café com o nosso pai.

É uma tradição que continuamos seguindo, mesmo depois que eles se casaram.

— Está tudo bem, papai.

— Eu te conheço, filho. Fale comigo.

Meu pai se preocupa comigo, por isso que não consigo ter qualquer ressentimento dele. Sei que me ama tanto quanto ama os meus irmãos. O problema sou eu.

Sempre foi.

— Estou me sentindo vazio — confesso.

— Talvez você só precise de um propósito.

— Um propósito?

— Você deve se apaixonar.

— Pai, sei que em algum momento terei que encontrar uma boa mulher para construir uma família ao meu lado, mas nem sempre a felicidade de uma pessoa dependerá de um relacionamento.

Sendo filho do rei, sei que não posso simplesmente não me casar, mesmo que papai não me pressione como pressionou meus irmãos.

Ainda não.

— Eu sei disso, e já estava chegando na segunda parte — diz. — Para preencher o vazio, talvez você deva encontrar algo que goste de fazer e se dedicar a isso. Se envolva mais nos assuntos do reino. Tente encontrar uma ocupação para preencher o seu tempo e deixar sua mente tão cheia que não pensará em besteiras.

— Está sugerindo que eu trabalhe?

— Se for o trabalho que preencherá o vazio…

— Eu não tinha pensado em algo assim, mas talvez o senhor esteja certo. Preciso ocupar a minha mente. O senhor tem alguma sugestão?

— Estamos falando de uma ocupação, nada impede que encontre um emprego comum, apesar do seu título. Eu estava pensando e…

— É claro que estava.

Às vezes acredito que papai está dentro das nossas mentes.

Antes mesmo que seus filhos exponham um problema ou uma situação, ele tem a solução, porque antes estava observando.

— Você é formado em ciências políticas e em administração.

— Eu sou.

Embora os meus diplomas nunca tenham sido nada além de meros enfeites.

— O reitor da universidade de Solari está prestes se a aposentar. Esse será o último mês dele à frente da instituição.

Papai sabe tanto porque ele mesmo levou o homem até a cadeira de reitor.

A universidade é custeada pelo reino e seus alunos ingressam através de provas de conhecimento e uma série de outros requisitos, pois nossas vagas são dedicadas aos menos favorecidos de Solari.

— O que o fato de o reitor estar se aposentando tem a ver comigo papai?

— Você poderia assumir a vaga dele. Seria uma grande responsabilidade, mas talvez seja disso que esteja precisando, Javier.

— Eu não sei, papai.

Mas a verdade é que não é uma ideia tão ruim.

Talvez com tanta responsabilidade e trabalho eu possa me ocupar o suficiente para não encher a minha cabeça de questionamentos.

Talvez eu consiga encontrar o meu propósito e não me sentir um inútil.

— Reflita sobre o assunto e depois dê a resposta para mim. Você ainda tem algumas semanas para decidir.

— Tudo bem.

Não sei se tenho muito no que pensar, mas mesmo assim terei esse tempo e vou usá-lo.

— Por falar no assunto, preciso que você faça um favor para mim.

— Claro.

Tenho medo de saber do que se trata.

Papai não é de pedi favores nem mesmo para os próprios filhos.

Sempre tem alguém para fazer tudo por ele antes que peça.

Deve ser algo especial.

— Nicolas não está em Solari essa semana.

O nome do seu secretário, motorista, fiel escudeiro e amigo íntimo faz o meu coração disparar no peito.

— Eu sei. Ele finalmente está tirando alguns dias de férias do senhor — brinco, mas o rei não sorri.

— Uma das filhas do Nicolas está vindo para Solari e ficará hospedada no palácio por uns dias. Preciso que você vá buscá-la na rodoviária.

De repente, fico sem fôlego.

Não pode ser.

— Filha?

— Só não me pergunte qual o nome dela, porque sabe perfeitamente que Nicolas tem mais de uma filha. Pelas minhas contas, são quatro meninas. Não sei como conseguiu criar todas elas sozinho depois que a esposa faleceu.

Eu tenho quatro chances.

Não será ela.

Jade não voltaria para Solari. Não depois de tudo.

Mas, e se…

Pare com isso, porra!

— A tal filha vem fazer o que em Solari?

— Não faça perguntas agora. Só esteja amanhã na rodoviária às dez da manhã.

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