Prólogo parte 2

Prólogo parte 2.

Javier narrando.

Dia seguinte - rodoviária.

Mesmo de longe, a reconheço vindo em minha direção.

Linda.

Jade.

A garota que abandonei.

A mulher que reencontrei há alguns anos em outro lugar, fodi enquanto estava bêbado e deixei novamente na manhã seguinte porque era um covarde.

A mulher que sempre fez o meu corpo arder.

— Príncipe Javier Vargas, surpreso em me ver?

Ela não parece a mesma pessoa. Apenas a aparência física não mudou da época em que era quase adolescente e de cinco anos atrás, na última vez em que a vi.

O que está diferente, completamente diferente, é o seu olhar.

É frio.

Distante.

Cheio de desprezo por mim.

Não estou surpreso.

— Jade. O que faz em Solari?

— Não está feliz em me ver?

O que eu tenho que responder?

Ela é um fantasma na minha vida.

Deveria estar feliz?

— Responda a minha pergunta.

— Estou de volta a trabalho. Serei a nova professora de artes plásticas da universidade de Solari — diz.

É sério?

Como se estivesse acontecendo em câmera lenta, olho para o lado e vejo um menino de cabelos escuros. Ele não deve ter mais do que quatro anos de idade, mas algo no seu rosto chama a minha atenção.

São os seus olhos.

Os seus olhos lembram os olhos de alguém que conheço.

— Seu filho?

— Não interessa a você, interessa?

Como uma espécie de carma, tenho a garota por quem me apaixonei aos dezoito anos de idade.

Na minha frente, tenho a garota que foi o meu mundo e que acreditei que poderia ser minha para sempre.

Nós dois nos iludimos, mesmo quando sabíamos no fundo que seria impossível.

Eu era um príncipe e ela era filha de um empregado.

A filha do motorista do papai. Filha do seu secretário faz tudo.

Mesmo assim, tentamos.

E quando algo aconteceu e eu entendi como uma ameaça para ela, simplesmente a abandonei da pior maneira possível.

Fiz com que Jade me odiasse.

Ela foi embora. Foi estudar fora e morar com uma tia. Só voltei a vê-la novamente depois de muitos anos.

De maneira inesperada, a encontrei na cidade vizinha em um bar.

Eu estava com alguns amigos e havia bebido. Quando vi uma mulher muito parecida, uma versão mais velha da garota que eu havia amado, me aproximei e dei em cima dela.

Ela foi grosseira comigo no começo, mas no final da noite estava quicando no meu pau.

Nós transamos como loucos, e na manhã seguinte fui embora e deixei a mulher adormecida.

Ela estava deitada de costas e eu não tinha certeza se havia realmente dormido com o clone da Jade ou se havia imaginado o seu rosto enquanto transava com outra.

Ainda assim, fui embora sem olhar para trás.

E agora a sombra do meu passado está na minha frente e tem um filho.

Ela veio para ficar.

Jade veio para ocupar um cargo na universidade, e agora que sei dessa informação não tenho a menor dúvida de que aceitarei o desafio de me tornar o reitor da instituição.

Quanto à criança, vou descobrir o porquê da sensação de que seus olhos são familiares.

— Seja bem-vinda de volta a Solari, pequena Jade. — Jogo uma piscadinha e ela revira os olhos.

Se fosse a Jade adolescente, teria mostrado o dedo do meio para mim.

Quando passa por mim arrastando a mala de rodinhas com uma mão e segurando a mão pequena do garoto com a outra, a sigo sem tirar os olhos da sua bunda grande.

De repente, percebo que os meus desejos foram atendidos muito rapidamente.

Talvez eu tenha encontrado algo para ocupar a minha mente com o cargo na universidade.

Quanto a Jade, ela é a dor de cabeça que eu estava precisando ter.

Mal vejo a hora de fazer com que haja como antigamente.

Primeiro ela me xingava e depois me beijava.

Primeiro ela me odiava e depois sentava no meu pau, gritando que eu era o seu dono e que era minha garota.

Só minha.

Jade... você não deveria ter voltado!

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