KarevMeu corpo estava exausto. Cada músculo doía, os cortes pelo meu peito e braços latejavam, mas minha mente ainda pulsava com a adrenalina da noite.A garota ainda estava inconsciente em meus braços, seu corpo leve e frio contra o meu. O sangue seco em sua têmpora era um lembrete do que eu tive que enfrentar para tirá-la dali.— Ela precisa de ajuda. — Minha voz saiu firme, mas carregada de urgência.Jordan, que até então apenas me observava com atenção, ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.— Coloque-a no chão.Aquilo me pegou de surpresa.Olhei para ele, esperando alguma explicação, mas ele apenas manteve a expressão impassível, esperando que eu obedecesse.Meus dedos apertaram levemente o corpo frágil da garota antes que eu a colocasse com cuidado na relva úmida. Meu instinto ainda berrava para protegê-la, mas quando meus olhos encontraram os de Gabriel, que mantinha a postura rígida e a mandíbula travada, percebi que havia algo que eu não estava entendendo.Antes que eu p
MalloryO ar parecia rarefeito enquanto eu caminhava de um lado para o outro no meu quarto, minhas unhas cravando na palma da mão, tentando conter a agitação que tomava conta de mim. Meu peito subia e descia com rapidez, a ansiedade corroendo cada pedaço do meu ser.Karev enfrentou um Lycan.O sussurro da notícia ainda ecoava na minha mente, me fazendo sentir um frio na espinha toda vez que eu repetia aquelas palavras para mim mesma. Ele não apenas sobreviveu à primeira prova—ele enfrentou uma das criaturas mais poderosas da nossa espécie e venceu.Mas a que custo?Meu lobo estava inquieto, rosnando baixinho, exigindo que eu fizesse alguma coisa.Eu precisava vê-lo.Precisa saber se ele estava bem. Precisava vê-lo e senti-lo. Ter certeza que a prova não o tinha abalado.A porta do meu quarto se abriu de repente, e Cameron e Astoria entraram às pressas, os olhos carregados de urgência.— Eu preciso ir até ele. — soltei, antes mesmo que qualquer uma delas pudesse falar.Astoria fechou o
KarevO calor do sol da tarde castigava a clareira, mas o verdadeiro peso que eu sentia vinha da expectativa que pairava no ar. Todos sabíamos que a segunda prova estava prestes a começar, mas o que nos esperava era um mistério.Minhas costelas ainda doíam, os cortes da noite anterior latejavam como lembranças vivas da primeira prova. Mas eu não podia me dar ao luxo de demonstrar fraqueza agora.Ragnar e Jordan estavam parados diante de nós, seus olhares afiados como lâminas. Atrás deles, duas dezenas de lobos guerreiros da alcateia aguardavam em silêncio, formando uma fileira imponente. Eram os melhores entre os melhores, soldados treinados para a guerra.E, pelo que parecia, seriam parte da prova.Minha mente já trabalhava rápido, tentando decifrar o que viria a seguir.Jordan cruzou os braços e deu um passo à frente.— A primeira prova testou sua capacidade de sobreviver sob pressão. Agora, vamos testar algo ainda mais essencial.Ele fez uma pausa, nos avaliando com olhos calculist
KarevO tempo corria contra nós.As três horas que tínhamos para nos preparar pareciam voar enquanto eu e minha equipe nos embrenhávamos na floresta em busca da nossa bandeira azul. O território ao nosso redor era uma incógnita para mim, mas para Modrik era claro como a palma de sua mão. Ele era filho do Oeste.Isso me colocava em desvantagem.Mas eu não estava sozinho.Meus olhos percorreram os cinco lobos que estavam comigo. Jokey, Anton, Melby, Krist e Bram. Cada um deles trazia uma habilidade valiosa para o time. Eu podia sentir a tensão em seus corpos, a adrenalina pulsando no ar enquanto avançávamos em silêncio pela mata fechada.E então, encontramos.A bandeira azul estava presa entre as raízes grossas de uma árvore caída, protegida pela própria vegetação densa ao redor.Paramos diante dela, e eu tomei a dianteira.— Precisamos pensar rápido. Não conheço esse território como vocês, então quero ouvir suas opiniões. Como devemos agir?Krist foi o primeiro a falar.— Devemos forta
KarevA transformação veio como um instinto primitivo. Assim que minha pele queimou e meus ossos se remodelaram, senti meu lobo assumir o controle, e tudo ao meu redor ganhou uma nova clareza. O cheiro da terra úmida era mais forte, os sons das folhas farfalhando ao vento se destacavam, e o menor movimento na floresta fazia meus músculos se retesarem.Ao meu lado, Anton fez o mesmo.E foi só então que percebi.Ele era gigantesco.Quase do meu tamanho.Eu já sabia que Anton era um dos guerreiros mais respeitados da alcateia, mas agora, vendo-o em sua forma lupina, compreendi o motivo. Seu corpo maciço e a pelagem escura impunham respeito, e sua presença ao meu lado me dava uma sensação sólida de confiança.Nós não estávamos em desvantagem.Nós éramos a força.Nos posicionamos ao redor da bandeira azul, atentos a qualquer movimento entre as sombras. O silêncio da floresta era traiçoeiro, e cada segundo que passava aumentava minha atenção.E então, finalmente, o lobo apareceu.Seu pelo c
KarevO cheiro dele cortou o ar.Modrik.E ele não estava sozinho.Meus sentidos estavam em alerta máximo. O farfalhar das folhas ao redor não era o vento – era o som de patas se movendo, lobos se posicionando. Eles estavam tentando nos cercar.Minha mandíbula se contraiu.Krist surgiu entre as árvores, ofegante, sua forma lupina se misturando com a escuridão da floresta.— Três pela direita, dois pela esquerda. — Ele disse rapidamente. — Modrik está vindo direto.Claro que ele estava.Modrik nunca se escondia. Ele queria que eu o visse chegar.Olhei ao redor e, pela primeira vez, percebi como minha equipe estava diferente. Não éramos um grupo qualquer. Não éramos um time montado às pressas.Éramos uma matilha.— Fiquem firmes. — Minha voz soou em suas mentes. — Protejam as bandeiras a qualquer custo. Mesmo que eu caia, não deixem que ponham as patas no que é nosso.O rosnado coletivo foi a única resposta de que precisei.Então, Modrik emergiu da mata.Ele era grande, forte, e se movi
MalloryA dor veio como um raio.Atravessou meu ombro com tanta força que me arrancou do meu próprio corpo. Um grito escapou da minha garganta antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, e então, minhas pernas cederam.Caí de joelhos no meio da sala, minha respiração entrecortada, meu coração acelerado. Meu ombro ardia, queimava como se algo estivesse sendo arrancado de mim.— Lory! — Cameron gritou, correndo até mim.Minha mãe e minhas irmãs se juntaram ao redor, todas com expressões de puro pavor.— O que foi isso? O que está acontecendo? — Celine segurou meu rosto, os olhos brilhando de preocupação.Minha visão ficou turva.Minha loba uivava dentro de mim, se debatendo, enlouquecida.— É ele... — murmurei, sentindo minha garganta fechar. — Karev.Astoria se aproximou num instante, seus olhos arregalados.— O que tem ele?Engoli em seco, tentando respirar, tentando organizar os pensamentos.— Algo aconteceu. Ele... ele foi ferido. Isso não é do torneio! É algo...algo gra
MalloryO som da porta se fechando atrás de dele ecoou como um trovão nos meus ouvidos.Meu corpo ficou rígido assim que percebi quem estava ali.Modrik.Ele se apoiava contra a porta com um sorriso preguiçoso nos lábios, como se estivéssemos prestes a ter uma conversa amigável. Mas eu conhecia aquele olhar.Ele me estudava como um predador observa sua presa antes do ataque.Minha loba se retesou dentro de mim.Me levantei da poltrona num movimento brusco, meus olhos fixos nele.— O que você quer? — Minha voz saiu firme, mas eu sentia meu coração martelando dentro do peito.Ele não respondeu de imediato. Apenas girou a chave na fechadura, trancando a porta atrás de si.O clique do metal me soou alto demais.Minha respiração se tornou mais pesada.— Faz tempo que queria essa conversa a sós com você, lobinha. — Modrik finalmente disse, sua voz calma demais, calculada demais.Minha mandíbula travou.Eu não era ingênua. Sabia reconhecer perigo quando o via.Modrik sempre foi ambicioso, se