KarevO tempo corria contra nós.As três horas que tínhamos para nos preparar pareciam voar enquanto eu e minha equipe nos embrenhávamos na floresta em busca da nossa bandeira azul. O território ao nosso redor era uma incógnita para mim, mas para Modrik era claro como a palma de sua mão. Ele era filho do Oeste.Isso me colocava em desvantagem.Mas eu não estava sozinho.Meus olhos percorreram os cinco lobos que estavam comigo. Jokey, Anton, Melby, Krist e Bram. Cada um deles trazia uma habilidade valiosa para o time. Eu podia sentir a tensão em seus corpos, a adrenalina pulsando no ar enquanto avançávamos em silêncio pela mata fechada.E então, encontramos.A bandeira azul estava presa entre as raízes grossas de uma árvore caída, protegida pela própria vegetação densa ao redor.Paramos diante dela, e eu tomei a dianteira.— Precisamos pensar rápido. Não conheço esse território como vocês, então quero ouvir suas opiniões. Como devemos agir?Krist foi o primeiro a falar.— Devemos forta
KarevA transformação veio como um instinto primitivo. Assim que minha pele queimou e meus ossos se remodelaram, senti meu lobo assumir o controle, e tudo ao meu redor ganhou uma nova clareza. O cheiro da terra úmida era mais forte, os sons das folhas farfalhando ao vento se destacavam, e o menor movimento na floresta fazia meus músculos se retesarem.Ao meu lado, Anton fez o mesmo.E foi só então que percebi.Ele era gigantesco.Quase do meu tamanho.Eu já sabia que Anton era um dos guerreiros mais respeitados da alcateia, mas agora, vendo-o em sua forma lupina, compreendi o motivo. Seu corpo maciço e a pelagem escura impunham respeito, e sua presença ao meu lado me dava uma sensação sólida de confiança.Nós não estávamos em desvantagem.Nós éramos a força.Nos posicionamos ao redor da bandeira azul, atentos a qualquer movimento entre as sombras. O silêncio da floresta era traiçoeiro, e cada segundo que passava aumentava minha atenção.E então, finalmente, o lobo apareceu.Seu pelo c
KarevO cheiro dele cortou o ar.Modrik.E ele não estava sozinho.Meus sentidos estavam em alerta máximo. O farfalhar das folhas ao redor não era o vento – era o som de patas se movendo, lobos se posicionando. Eles estavam tentando nos cercar.Minha mandíbula se contraiu.Krist surgiu entre as árvores, ofegante, sua forma lupina se misturando com a escuridão da floresta.— Três pela direita, dois pela esquerda. — Ele disse rapidamente. — Modrik está vindo direto.Claro que ele estava.Modrik nunca se escondia. Ele queria que eu o visse chegar.Olhei ao redor e, pela primeira vez, percebi como minha equipe estava diferente. Não éramos um grupo qualquer. Não éramos um time montado às pressas.Éramos uma matilha.— Fiquem firmes. — Minha voz soou em suas mentes. — Protejam as bandeiras a qualquer custo. Mesmo que eu caia, não deixem que ponham as patas no que é nosso.O rosnado coletivo foi a única resposta de que precisei.Então, Modrik emergiu da mata.Ele era grande, forte, e se movi
MalloryA dor veio como um raio.Atravessou meu ombro com tanta força que me arrancou do meu próprio corpo. Um grito escapou da minha garganta antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, e então, minhas pernas cederam.Caí de joelhos no meio da sala, minha respiração entrecortada, meu coração acelerado. Meu ombro ardia, queimava como se algo estivesse sendo arrancado de mim.— Lory! — Cameron gritou, correndo até mim.Minha mãe e minhas irmãs se juntaram ao redor, todas com expressões de puro pavor.— O que foi isso? O que está acontecendo? — Celine segurou meu rosto, os olhos brilhando de preocupação.Minha visão ficou turva.Minha loba uivava dentro de mim, se debatendo, enlouquecida.— É ele... — murmurei, sentindo minha garganta fechar. — Karev.Astoria se aproximou num instante, seus olhos arregalados.— O que tem ele?Engoli em seco, tentando respirar, tentando organizar os pensamentos.— Algo aconteceu. Ele... ele foi ferido. Isso não é do torneio! É algo...algo gra
MalloryO som da porta se fechando atrás de dele ecoou como um trovão nos meus ouvidos.Meu corpo ficou rígido assim que percebi quem estava ali.Modrik.Ele se apoiava contra a porta com um sorriso preguiçoso nos lábios, como se estivéssemos prestes a ter uma conversa amigável. Mas eu conhecia aquele olhar.Ele me estudava como um predador observa sua presa antes do ataque.Minha loba se retesou dentro de mim.Me levantei da poltrona num movimento brusco, meus olhos fixos nele.— O que você quer? — Minha voz saiu firme, mas eu sentia meu coração martelando dentro do peito.Ele não respondeu de imediato. Apenas girou a chave na fechadura, trancando a porta atrás de si.O clique do metal me soou alto demais.Minha respiração se tornou mais pesada.— Faz tempo que queria essa conversa a sós com você, lobinha. — Modrik finalmente disse, sua voz calma demais, calculada demais.Minha mandíbula travou.Eu não era ingênua. Sabia reconhecer perigo quando o via.Modrik sempre foi ambicioso, se
MalloryO silêncio da sala era ensurdecedor.Meu corpo ainda tremia com a adrenalina que Modrik havia deixado para trás. Suas palavras ainda ecoavam na minha mente como uma maldição, corroendo minha paciência e me enchendo de raiva."Escolha errado… e mais pessoas que você ama podem se ferir."Meu peito subia e descia rápido demais, minha loba inquieta, querendo sangue, querendo lutar. Mas ao invés disso, eu estava ali, travada, sentindo o ódio corroer cada fibra do meu corpo.Foi quando a porta se abriu bruscamente.Gabriel entrou, sua expressão carregada. Seu olhar escaneou a sala e então se fixou em mim. "Os Alfas estão convocando todos para a clareira."Tentei me recompor, endireitando a postura e limpando qualquer vestígio de emoção do meu rosto. Mas quando Gabriel voltou a me encarar, seus olhos se estreitaram."Aconteceu alguma coisa?" Ele cruzou os braços. "Você está pálida.""Não é nada."respondi rápido demais.Ele ergueu uma sobrancelha."Tem certeza?""Sim." minha respost
MalloryO mundo ao meu redor parecia girar.Meu corpo tremia, minha respiração estava entrecortada, e cada batida do meu coração soava errada, fora de sintonia. Eu podia sentir… eu sabia.Karev estava se afastando de mim.O vínculo que nos unia, que nos tornava um só, estava se fragmentando. E eu não podia fazer nada."Escoltem Aslam, seu filho e Modrik aos aposentos e os tirem daqui." Ragnar ordenou, sua voz reverberando pela clareira, fria e afiada como uma lâmina.Os lobos se aproximaram imediatamente, cercando os três traidores.Mas Modrik hesitou.Ele olhou ao redor como um animal encurralado, seu peito subindo e descendo rápido demais, e então rugiu:"Eu moro aqui! Eu pertenço a essa alcateia! Para onde diabos quer que eu vá?!"Meu pai deu um passo à frente, seus olhos escuros carregados de desprezo."Isso não é mais problema meu."Modrik rosnou, seus olhos brilhando com fúria."Você não pode fazer isso!""A lealdade não foi feita para ser quebrada, garoto." Meu pai estreitou os
KarevA dor veio primeiro.Ela não era afiada ou momentânea. Era algo profundo, queimando meu ombro, irradiando por cada músculo, como se algo estivesse errado dentro de mim. Meu lobo estava inquieto, se remexendo na escuridão da minha mente, tentando entender o que aconteceu.O segundo sentido que despertou foi o tato.Os lençóis eram macios contra minha pele, mas meu corpo parecia rígido, exausto, como se tivesse sido arrastado para um inferno e voltado.E então, o cheiro.Mallory.Seu perfume estava por toda parte, impregnado no ar, em mim.Forçando meus olhos a se abrirem, pisquei contra a claridade fraca do quarto. Minha visão ainda estava embaçada, mas consegui ver a silhueta pequena e familiar ao meu lado.Mallory estava debruçada sobre a cama, sua cabeça apoiada em nossos dedos entrelaçados.A cena apertou meu peito.Ela parecia exausta, como se não tivesse dormido em dias.Levantei minha mão com esforço e apertei de leve seus dedos, mas isso foi o suficiente para me fazer per