O quarto estava envolto em um silêncio tenso, a porta fechada atrás de mim como um limite invisível entre o que havia lá fora e o que estava prestes a acontecer aqui dentro.Mallory se levantou da cama lentamente, os ombros rígidos, dando alguns passos hesitantes até ficar mais perto de mim. Seu olhar fixo buscava me decifrar, como se tentasse encontrar uma resposta que nem ela mesma sabia. Mas não era apenas surpresa o que refletia em seus olhos. Havia conflito. Uma mistura de medo e desejo, uma batalha silenciosa entre o que ela queria e o que achava certo. Ela tentava esconder isso atrás da fachada de indiferença, mas eu enxergava além. Sempre enxerguei.E eu?Eu não tinha nada a esconder.Minha respiração estava controlada, meu corpo relaxado, mas meu lobo rosnava de satisfação. Ele sabia que não havia mais barreiras entre nós. Nenhuma multidão para nos separar, nenhuma regra ridícula que me impedisse de tomá-la nos braços e fazê-la entender que esse tempo separados não mudou nada
KarevO ar noturno estava frio contra minha pele, mas não era o suficiente para aplacar a fúria que queimava dentro de mim. Saí da mansão dos Reynolds pisando firme, cada músculo do meu corpo tensionado pela frustração crescente. A conversa com Mallory ainda ecoava na minha mente, martelando cada parte do meu ser.Ela continuava me negando.Depois de tudo que aconteceu entre nós, depois de cada olhar, cada toque, cada vez que nossos corpos se buscavam como se fossem feitos para aquilo... ela ainda se recusava a aceitar.Eu sentia o laço. Meu lobo sentia. Estava ali, pulsando, chamando, vibrando no ar entre nós. E, mesmo assim, ela insistia em fingir que nada existia. Como se fosse possível ignorar algo que gritava tão alto.Eu sabia que os seis meses de afastamento não tinham apagado o que havia entre nós. Não tinham sido o suficiente para romper algo tão profundo. Mas, ao que parecia, para Mallory, eram o suficiente para continuar fugindo.E aquilo estava me matando.Minha mandíbula
MalloryO ar noturno estava denso, carregado de cheiros familiares misturados ao aroma úmido da floresta. As folhas farfalhavam suavemente, embaladas pela brisa fria que vinha do lago, mas nada disso me afetava. Nada disso importava.Porque, no instante em que aquele cheiro inconfundível me atingiu, meu coração parou.Karev.Meus pelos se arrepiaram enquanto minha loba se alertava imediatamente. A sensação quente e arrebatadora se espalhou por todo o meu corpo, me puxando para uma expectativa ansiosa que eu não compreendia. Meu instinto gritava que ele estava próximo, e por um segundo, meu peito se contraiu ao imaginar que o encontraria ali, como da última vez—na forma humana, forte e seguro, com aquele sorriso presunçoso que me desarmava.Mas não foi isso que vi.Saindo das sombras da floresta, ele surgiu.Não como homem.Mas como lobo.Meus olhos se arregalaram. Minha respiração travou.O lobo de Karev era grande. Gigantesco. Sua pelagem era uma mistura imponente de tons marrons e c
MalloryO peso daquela decisão esmagava meu peito como uma rocha impossível de mover.Minha loba choramingava, lutando contra o desespero crescente dentro de mim, mas minha mente girava, incapaz de encontrar uma saída. Eu sentia o calor de Karev ao meu lado, seu cheiro forte ainda impregnado na minha pele, na minha alma, mas nem mesmo isso conseguia me acalmar.Porque, não importava como eu olhasse para essa situação...Eu estava presa.Se eu seguisse meu coração e aceitasse Karev, estaria condenando Libby a um destino cruel, amarrando minha irmãzinha inocente a um acordo sujo e brutal. Mas se eu ficasse no torneio para protegê-la... eu perderia Karev, caso ele não ganhasse.E isso simplesmente me destruía.— Eu não posso! — A confissão explodiu dos meus lábios, e minha respiração ficou trêmula. — Eu não posso perder você, Karev. Eu não posso abrir mão de você agora!Meu corpo tremia, e minha loba uivava em frustração.— Mas eu também não posso condenar minha irmã!Minhas patas raspar
KarevO ar ao nosso redor parecia eletrificado, carregado de tensão e ameaça. Modrik e Jackson estavam à nossa frente, seus corpos rígidos, suas presenças nada amigáveis. O olhar de ambos deslizava entre mim e Mallory, cheios de suspeita e algo mais sombrio.Eles não estavam ali para jogar conversa fora.Meu lobo já sabia disso.Jackson deu um passo à frente, seu sorriso torto e irritante se formando nos lábios.— Engraçado… — Sua voz era arrastada, fingindo diversão, mas havia algo ácido ali. — Pensei que a nossa querida anfitriã tinha deixado bem claro que não veria nenhum candidato até o fim do torneio.Seus olhos se voltaram para Mallory, avaliando-a com um brilho cínico.— Mas parece que alguns têm privilégios, não é?Minha mandíbula se contraiu.Jackson cruzou os braços, inclinando a cabeça de lado.— O que me faz pensar... Será que os outros competidores também vão ter direito a esse passeio noturno?Um rosnado rasgou do fundo do meu peito, tão forte e selvagem que o eco se esp
MalloryEu queria falar.Queria explicar tudo ali mesmo, no meio da floresta, antes que meu pai e Ragnar ficassem ainda mais irritados. Mas assim que tentei abrir a boca, Jordan me lançou um olhar cortante, sua postura de Alfa irradiando uma ordem silenciosa.— Não aqui. — Sua voz veio baixa e firme. — Vamos para casa.Minhas orelhas baixaram.Ragnar manteve-se em silêncio, mas seu olhar severo indicava que ele também queria explicações.Então, sem mais nenhuma palavra, nos viramos e seguimos de volta para casa.***Assim que cruzamos os limites da propriedade, meu pai acelerou os passos e rosnou, sua presença dominando o ambiente. Eu conhecia aquele som.Ele estava furioso.— Explique.Minha respiração ficou presa na garganta.Ainda estávamos todos em nossa forma lupina. Meu pai mantinha a postura rígida, os olhos fixos em mim, exigindo uma resposta. Ragnar estava ao lado dele, seu lobo imponente observando a cena com um olhar calculista.Engoli em seco e dei um passo à frente.— Eu.
MalloryO peso da conversa caía sobre mim como uma tempestade prestes a desabar. Meu corpo ainda tremia, tomado por um misto de raiva e medo. Eu sentia minha loba inquieto sob minha pele, querendo reagir, querendo lutar contra a pressão esmagadora da situação.Mas lutar contra aqueles lobos era inútil.O silêncio na sala era opressor. Eu podia ouvir o ritmo constante da minha respiração, entrecortado pelo som da madeira estalando na lareira.Meu pai estava parado diante de mim, os braços cruzados, seu olhar severo deixando claro que não aceitava desculpas. Ragnar permanecia ao seu lado, sua postura imponente e o olhar calculista, analisando cada mínimo detalhe da conversa. Gabriel, por outro lado, mantinha-se mais afastado, mas ainda assim atento, pronto para intervir caso fosse necessário.E eu?Eu sentia como se estivesse presa no meio de uma arena, prestes a ser julgada.— Você poderia ter me dito antes, Mallory. — Meu pai quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas carregada de frustra
KarevA madrugada era fria e silenciosa quando cheguei ao centro da clareira. A luz pálida da lua filtrava-se entre as copas das árvores, lançando sombras distorcidas no chão irregular. O chamado veio pouco tempo depois que deixei o alojamento, e agora, junto aos outros competidores, eu estava prestes a descobrir o motivo de tanta urgência.Meus sentidos estavam aguçados. A tensão no ar era vibrante.Meu lobo, sempre inquieto, se retesou assim que meus olhos pousaram em Jackson e Modrik. Eles estavam do outro lado da clareira, conversando em tons baixos, os sorrisos presunçosos nunca deixando seus rostos.Meu instinto gritou para atacá-los.A lembrança do que aconteceu na floresta ainda estava viva em minha mente. Eles não tinham apenas me provocado naquela noite. Tinham desrespeitado Mallory. Tiveram a audácia de falar dela como se fosse uma posse, algo a ser tomado.Meus punhos se fecharam, a raiva crescendo em meu peito.Mas não.Não aqui.Não agora.Respirei fundo e forcei meus mú