Nunca imaginei que veria Murilo sem controle da forma que ele ficou, quando entrou no quarto que eu estava. O quarto se encheu de pessoas curiosas com o que estava acontecendo ali. Tentaram tirar ele de cima do Lucca, mas quanto mais tentavam mais ele batia. Eu gritava pedindo para ele parar, só que nem isso surgia efeito. Quando conseguiram tirar ele de cima de Lucca, o coitado já estava desacordado. Não digo coitado por estar com dó nem nada, mas por ele apanhar demais. Levantaram Murilo, e eu corri para o abraçar. Eu pedia em lágrimas para ele se acalmar.— Murilo, Por favor! Olha para mim! Murilo você está me deixando com medo. Nosso filho está inquieto. Por favor. — Eu o abracei forte.Ele me abraçou forte, como se quisesse fugir do abismo que o ódio o colocou. Eu me agarrei ainda mais nele, pois eu também estava precisando dele. Apesar de não gostar da forma que Murilo reagiu, ele apenas me defendeu, e isso significou muito para mim. Não conseguia acreditar que meu único amigo,
Estávamos quase pousando na nossa cidade, três dias após descobrir que minha sogra estava em coma. Meu irmão me ligou e me contou o que aconteceu com ela. Ele disse que tudo indica que foi o meu sogro que machucou ela, mas não há como confirmar, pelo menos até minha sogra acordar e nos dizer o que realmente aconteceu. Eu não contei para Aline essa parte, pois não queria ver ela mais nervosa do quer já estava. Eu sabia o tanto que aquela notícia mexeu com ela. Posso até parecer insensível, mas quem saiu ganhado com tudo isso fui eu. Minha mulher estava tão carente que me quis por perto o tempo todo. Quase não acreditei quando ela me pediu no hospital para deitar na cama com ela. Eu achei que ela estava querendo evitar que eu fosse atrás daquele babaca do seu amigo e acabasse com a vida dele. Eu até tentei dizer para ela não se obrigar a fazer algo que não queria. Então, para minha surpresa, ela disse que não me chamaria de novo. Como negar aquele pedido? Como eu podia deixar passar aq
Estava sentada na mesa, ao meu lado esquerdo estava Murilo e do outro Bernadete. Meus nervos estavam a flor da pele. Eu queria ter ido direito para o hospital para ver minha mãe, mas o Don me falou que meu pai estava lá com ela. Então ele achou melhor eu ir depois que mandasse seus homens o tirar do hospital. Eu concordei, pois com certeza não queria vê-lo. Eu sabia que mais cedo ou tarde iria acontecer nosso encontro, mas eu preferia que fosse bem mais para frente. Meu pai é a única pessoa que, se eu pudesse escolher, eu o excluiria da minha vida. Falta não faria, eu e meu filho estaremos bem melhor sem ele por perto.Antes de sentarmos na mesa, o pai de Murilo veio até mim e pediu desculpas por tudo que me aconteceu. Ele disse que se arrependia de ter forçando o casamento. Meu sogro falou que a única coisa boa que aconteceu com a união de Murilo comigo, era o bebê dentro em minha barriga. Ele também disse que conversou com meu pai e disse para ele manter distância de mim. Claro que
Parei o carro na frente do hospital, e na hora que saí, eu vi Aline sendo agarrada com força. Pela cara que ela fez eu vi que ela estava em pânico. Fechei a porta do carro com mais força do que eu pretendia. Ao chegar próximo da minha mulher, ainda deu para ouvir metade das asneiras que o seu genitor estava falando.— Bem que Rael falou, mas eu não conseguia acreditar. Foi só tu saíres debaixo do meu teto que virou uma putinha. De quem é esse bastado aí? — Ele teve coragem colocar as mãos na minha mulher e ainda chamar meu filho de bastado! Será que ele estava querendo morrer?— Se você tem amor a sua vida, eu aconselho que você tire essas mãos imundas da minha mulher. — Eu avisei, soltando fumaça pelo nariz.— Tu ainda tiveste a ousadia de trazer esse vagabunda até aqui. — Ele falou para ela sem nem virar o rosto.— Carlos, eu mandei você larga o braço da minha mulher! — Eu disse com o tom de voz mais alto. Aline ainda continuava da forma que estava quando ele agarrou seu braço. Meu
Eu não paralisei por medo, estava mais para uma crise de pânico. Fazia quase dois anos que eu não o via. Meu pai se tornou uma espécie de carrasco para mim. Não me doía lembrar dos murros ou tapas que eu levava dele, agressão física era o de menos. O que me doía era o seu olhar de ódio, olhar de quem queria a morte da pessoa a sua frente. Então quando ouvi sua voz de novo, eu paralisei, pois, não queria presenciar aquele olhar de novo. Me agarrei a camisa de Murilo quando ele se colocou a minha frente. Estava totalmente em pânico, a ponto de quase não entender o que me pai falava. Murilo pediu para minha amiga me levar para dentro, eu ainda tentei o convencer a entrar comigo, mas ele falou para ir com Berne, e garantiu que em questão de segundos ele estaria e ficaria ao meu lado de novo.Eu ainda não estava disposta a dar uma nova chance a Murilo, porém, eu sabia que ele daria a vida para manter nosso filho em segurança e é por causa disso que eu resolvi voltar para essa cidade e vira
Fiquei muito preocupado no momento de fúria da minha mulher, pois não era fácil vê-la daquela forma. Ela estava expressando todos os sentimentos guardados. Aline gritava e chorava enquanto batia em seu irmão. Rael tentava se defender a todo custo dos tapas, vindos dela. Mas no momento que Aline soltou suas últimas palavras, Rael parou sem movimentos. os tapas de Aline cessaram.Nos olhos de Rael davam para ver uma dor imensa. Percebi que minha mulher conseguiu atingir o alvo com suas palavras; duras palavras. Mas a cada palavra dita era cheia de dor. Ver minha ternura daquela forma doía em mim também. Ela tinha acabado de perder sua mãe em tão pouco tempo, e ainda foi incriminada por seu irmão. Sei que Rael falou tudo aquilo no momento do seu desespero, afinal, ela também era sua mãe.Aline falou ao seu irmão que ela nunca imaginaria que um dia odiaria tanto uma pessoa igual ela estava odiando Rael naquele momento. Ela desabafou que o odiava por não ter cuidado e não ter protegido ela
Em mim se formou um vazio. Eu jamais imaginaria que um dia minha mãe partiria tão cedo, ela era muito nova e tinha a vida toda pela frente. Porque o destino às vezes tem que ser cruel a tal ponto? Antes do meu casamento com Murilo, eu e minha mãe éramos muito próximas. Ela me falou que quando eu casasse com ele, minha vida seria diferente. Pena ela estar errada a respeito disso! Após o fatídico dia em que ele fugiu com a outra, eu e minha mãe fomos obrigadas a nos separar. Meu pai dizia para ela que eu não merecia ter ninguém ao meu lado. Ela ainda tentou argumentar e no outro dia ela apareceu com a mão enfaixada. Eu perguntei o que tinha acontecido e ela disse que fechou a porta do quarto na mão, mas eu tinha certeza que foi ele. Como eu fui inocente, eu jurava que minha mãe acordaria e que viveríamos juntas. Ela acordou sim, mas foi para me alertar para fugir. Porque ela não fugiu antes de tudo acontecer? Antes do coma. Meu coração estava vazio. Eu queria poder sentir algo. Queria
Aline falou que me amava. Por um instante eu achei que era apenas imaginação minha, pois eu quis tanto ouvi-la dizer que me amava, então me cabeça começou a criar o cenário todo, mas não. Ela realmente disse que me amava. Falou baixo, quase como se não fosse para eu ouvir. Mas o que ela jamais saberá é que eu a ouvi dizer. E isso me encheu de alegria. Mesmo eu sabendo que ela não estava no seu estado normal naquela hora. Para não a deixar sem graça eu respondi como se não tivesse ouvindo ela falar. Aline ainda estava muito balançada com tudo que aconteceu, fazia apenas poucas horas que sua mãe tinha partido. Ela queria curar a dor que estava em seu peito. E apenas os nossos beijos não foram suficientes. Ela queria mais. E eu queria dar mais a ela. Porem com que cara eu iria olhar para ela depois que tudo acontecesse e o arrependimento bater logo depois. O X da questão não era o que eu queria naquele momento. Mas sim o que aconteceria depois, quando ela me culpasse por me aproveitar do