As palavras de Marta chegaram aos ouvidos de Charlotte como facas afiadas, fazendo-a perder o ar e deixando suas mãos trêmulas. A ruiva encolheu as pernas assustada, naquele momento tudo em que ela conseguia pensar era em todos os bebês que seu ventre já havia expulsado, em todos os filhos não nascidos que um dia estiveram dentro dela, mas que não ficaram tempo o suficiente para vir a este mundo com vida.Lucian sentiu a tensão dela no segundo em que Marta proferiu as palavras que ele tanto desejava ouvir, mas que jamais imaginou ser possível. Mesmo que esta fosse uma notícia que o deixasse imensamente feliz, não comemorou, não naquele momento. Seus braços envolveram Charlotte e seus lábios tocaram o topo da cabeça dela num beijo singelo e suave.— Continue, por favor — pediu à Marta acariciando delicadamente o rosto de Charlotte. — Não posso ter certeza sobre datas, mas estimo, pelo que senti quando a apalpei, pelo menos três meses de gravidez, Duque — continuou a mulher, pensando u
— Filho… Sabe que a hora está chegando — ela disse, com voz rouca, já havia chorado por horas a fio naquele dia. — Não irei mais intervir em suas escolhas, escolha aquela que acredita que será uma boa rainha e que o apoiará nos momentos de turbulências, se prepare, meu querido. Então, a mulher o envolveu num abraço gentil, compartilhando com ele a dor que os alcançava lentamente, decidindo que não se oporia as escolhas de seu filho, não mais, afinal, o sofrimento da perda já seria suficientemente duro, ele não precisava que ela tornasse aquele momento mais difícil.Dois longos dias se passam, Charlotte não saiu de seu quarto a princípio, ficou em sua cama descansando o máximo que pode e habituando-se a sua nova realidade e suas novas preocupações, o medo e as lembranças do passado a consumiam, mas Lucian esteve com ela durante quase todo o tempo. Quando ele precisava se ausentar, Brista, Maya e Chelsea alegram a Duquesa com suas conversas tranquilas que lhe arrancavam risadas.Dois d
Quando as portas do escritório do príncipe se abriram, Aggie viu diante de si um homem belo, mas de feições cansadas e abatidas. Jonathan estava, de fato, exausto, a piora de seu pai o deixou completamente abatido e sem forças para continuar aquele jogo que já havia se estendido demais. Agora finalmente, com a benção de sua mãe, ele poderia dar um fim àquele noivado que nunca aconteceu e, definitivamente, nunca aconteceria. — Chamou-me, alteza? — perguntou a princesa, reverenciando-o e o encarando com seus grandes olhos entristecidos. De fato, estava tentando demonstrar mais tristeza para tentar, como último esforço, alcançar o coração do príncipe, mas Jonathan sequer a enxergava, seus olhos estavam fixos nos papéis sobre a sua mesa e um longo suspiro escapou de seus lábios. — Um navio a levará de volta para seu país dentro de uma semana, princesa. Sinto muito que tenha de partir tão cedo, mas está claro para nós dois que isso não vai funcionar como planejado por minha mãe — falou
O dia se passou com tranquilidade para alguns e preocupação para outros. Enquanto Charlotte continuava em seu quarto, agora já um tanto mais habituada a sua atual situação, Brista seguia pelos corredores com um pequeno envelope em mãos. Alguns minutos atrás, Chelsea havia batido em sua porta ofegante e agitada, afirmando que havia recebido notícias urgentes e que Brista precisava escutá-la. E claro que a Capman parou tudo o que estava fazendo para ouvir sua pequena irmã, já que esta tinha os ouvidos mais afiados daquele castelo. “ — Bem, o que me disseram, irmã, é que o príncipe tem andado muito abatido, por isso não está presente nos eventos da temporada — começou a garota, se sentando e sussurrando como quem conta um grande segredo. — Sequer tem caçado ou visitado a ala dos cavalheiros! A loira uniu as sobrancelhas, suspirando levemente e mordendo o lábio inferior, havia notado a ausência de Jonathan, mas com tudo o que estava acontecendo, sequer conseguiu pensar nisso nos último
Maya empurra o homem para o lado levemente enquanto passa por ele, entrelaçando seu braço ao da amiga e assumindo instantaneamente uma postura apressada e nervosa, puxando Brista, que não se nega a ir com a amiga, então as duas sobem os lances de escadas apressadas. — O que foi isso? — perguntou a morena olhando para Brista com preocupação. — Aquele homem parecia muito estranho…Enquanto Maya falava, Brista continuava em silêncio, estava levemente ofegante e ainda nervosa enquanto subia as escadas, olhando vez ou outra por sobre o ombro para garantir que não estavam sendo seguidas. Sequer sabia para onde Maya a estava arrastando, só caminhava com pressa ao lado dela sem tirar os olhos das escadas. — Isso foi assustador… — sussurrou nervosa, a presença daquele homem e a forma como ele a olhava lhe trouxe péssimas lembranças, lembranças do ano anterior que ela preferia esquecer. — Não se preocupe, ele é só um homem inconveniente — afirmou Maya, quando as duas finalmente pararam no co
“Sequer terá a oportunidade de viver o luto…”, esse pensamento lhe veio à mente fazendo seu coração se apertar e uma vontade de vê-lo a inundou de forma quase esmagadora, mas não podia simplesmente invadir os aposentos dele, precisava esperar, sabia que Jonathan a procuraria quando desejasse estar com ela.Balançou a cabeça lentamente e seguiu para as escadas, subindo e entrando no andar onde os quartos para a realeza ficavam. Ao chegar à porta de sua irmã sequer precisou bater, no momento em que ela ergueu a mão delicada, a porta se abriu e ela encontrou Marta sorrindo. Atrás da senhora de feições gentis, estava Charlotte de pé e com um vestido delicado de cor esverdeada. Não usava corpete, o que deixava suas curvas mais naturais e menos apertadas e marcadas. — Acordou mais cedo que eu! — falou a loira, fazendo a ruiva se virar para ela e caminhar em sua direção. Charlotte tomou a irmã nos braços e a abraçou carinhosamente, tinha um enorme sorriso nos lábios. — Eu preciso sair des
— Por que quer saber sobre ele? — perguntou Thommas olhando para Marcel com certa desconfiança. O homem ao seu lado parecia uma fera contida, ombros largos tensos, olhos levemente injetados de raiva e maxilar cerrado. Marcel costumava ser um homem contido e raramente perdia o controle, mas, naquele momento, Thommas ficou um pouco assustado com a postura do amigo e não queria ser, de jeito nenhum, alvo daquela raiva que parecia estar prestes a explodir. — Pela descrição que me deu, o nome dele é Hector, sei que ele é irmão mais velho da dama Helaina, uma jovem que vive na Europa há alguns anos e está aqui para a temporada — soltou a língua antes que Marcel a soltasse com os punhos. — Ele não mora com ela, vive num vilarejo distante daqui, mas veio como acompanhante da irmã e acredito que na esperança de encontrar uma esposa, mas não tem um histórico bom o suficiente para atrair nenhuma moça. — O que quer dizer com histórico? — perguntou Marcel, finalmente encarando o amigo, ajeitan
O passeio da manhã deu ares mais saudáveis a Charlotte e, no fim da tarde, pouco antes do jantar, Brista e Maya estavam sentadas ao lado dela na cama conversando enquanto bebiam um chá de ervas preparado por Marta. — Aquele homem é desprezível — a voz de Maya encheu o quarto logo após a morena tomar um bom gole de chá. — A forma como ele olhou para você nas escadas foi… Ah, nem consigo descrever. — Devia ter me avisado, irmã, eu pediria para um guarda nos acompanhar — Charlotte falou preocupada bebendo um gole de sua xícara. Brista havia contado sobre o acontecimento nos jardins e, agora mais calma, percebera como foi algo mais sério do que pensou no momento. Um homem desconhecido não deveria se aproximar assim de moças de respeito, não deveria tocá-las sem permissão, não sem uma intenção oculta e, certamente, muito ruim. — Eu perguntei a algumas moças e o que ouvi dele não foi nada bom — Maya continuou, seus sentidos em alerta. — A maioria disse que ele é um homem sem nenhum resp