A noite era dos apaixonados, principalmente aquelas onde a lua está cheia no céu. A caminhada pelo labirinto foi, a princípio, silenciosa, Brista sentia as bochechas coradas e o coração acelerado, enquanto Jonathan, por sua vez, estava longe de estar calmo, por mais que seu olhar e postura não demonstrassem seu nervosismo. Diferente de Marcel e Lucian, com quem tinha mais proximidade, ele não tinha tanta experiência com mulheres e, muito menos, com amor. Suas palmas suavam e isso o envergonha, afinal, apertava os dedos de Brista com tamanha força que, certamente, ela sentia a umidade de sua pele. Caminharam lado a lado silenciosamente, vez ou outra esbarrando no ombro um do outro, olhando-se e sorrindo. Ao contrário do amor comumente visto na corte, que nasce e entra em combustão como a palha banhada em álcool, o amor entre Brista e Jonathan nasceu e cresceu lentamente, como uma orquídea, e agora, depois de tanto tempo escondido em seus corações, ele começava a desabrochar, lindo, d
— Eu… — Seus lábios tocaram delicadamente a testa dela. — Príncipe de Kent… — Então ele beijou a bochecha direita. — Estou… — beijou a bochecha esquerda. — Perdidamente… — beijou-lhe demoradamente o queixo… — Apaixonado… — Beijou-lhe a ponta do nariz. — Por você, Brista Capman… Então, selando os lábios dela com um beijo, tudo o que estava escondido no coração de ambos fluiu para fora, como toques de amor que diziam exatamente o que as palavras não podiam expressar. Brista alcançou os cabelos dele com as mãos, puxou delicadamente os fios e o pressionou a si, abrindo os lábios e recebendo com alegria a língua quente de Jonathan, entregando-se completamente aquele beijo que abala suas estruturas da melhor forma que poderia imaginar. Seus corpos se pressionaram um no outro e o calor de ambos se misturou, não havia um centímetro sequer de distância entre os dois e, para eles, aquilo ainda não era o suficiente. Nenhuma proximidade seria o suficiente, era como se precisassem se fundir, un
O sol brilhava forte e intenso, mas aquilo era bom para as damas, que se reuniam em diversas mesas espalhadas pelos imensos jardins do palácio para, cada uma com seu seleto grupo, dividir um momento de chá ao ar livre. Já fazia cerca de dois dias desde que Brista havia se encontrado com Jonathan e aquele ainda era o assunto mais cotado entre as damas, apesar do falatório agora ter sido substituído por expectativa, afinal, todos esperavam um anúncio o mais breve possível. No entanto, estranhamente, o príncipe parecia mais ausente do que normalmente estaria, os cavaleiros já não o viam mais nos salões dos homens e as damas já não o encontravam mais em seus breves passeios a cavalo, até os criados tinham dificuldade de vê-lo.No lado leste dos jardins, em uma área reservada aos nobres, Charlotte, Brista, Maya e Chelsea desfrutavam da companhia uma das outras enquanto aproveitavam o sol e o chá. Sorrisos estavam em seus lábios e a conversa fluía bem e sem desconforto, afinal, diferente
— Chega! — Charlotte interviu, passando na frente da irmã, inflando o peito como um pavão belo e corajoso protegendo seu território. Nunca foi favorável a embates, odiava brigar, principalmente com outras mulheres, ela mesma havia experimentado a crueldade extrema do mundo feito pelos homens e para eles e não gostava de tornar as coisas ainda mais difíceis para outras mulheres, entrando numa competição desmedida. Mas Aggie já havia ido longe demais. — Princesa, peço que se comporte, ou terei que pedir que a retirem daqui — falou a Duquesa, seu tom refletia a qualidade de seu título, aquele era seu reino e, mesmo que Aggie fosse princesa em algum lugar, ali aquele título não valia muita coisa. — Nunca mais ouse insultar minha irmã novamente, deveria saber que damas não devem dirigir umas às outras com palavras tão… Mas antes que ela continuasse a falar, a ruiva ergueu a destra, acertando-lhe um tapa em seu rosto delicado, chocando a todos os presentes. A essa altura, a gritaria já
O vestido de Charlotte sacudia à medida que Lucian a levava nos braços em direção a seus aposentos. A briga, a fofoca, qualquer confusão ficaria para depois diante da imagem do Duque desesperado com sua amada nos braços, caminhando o mais rápido que podia com ela, tentando ao máximo não agitá-la demais. Seus olhos escuros estavam preocupados e a quem diga estarem até úmidos, por mais que seu rosto permanecesse impassível, agora ele tinha uma única missão, deixar sua amada em segurança e descobrir o que estava acontecendo com ela. Atrás dele toda a família Capman seguia, Brista e Chelsea tentavam acompanhar os passos afoitos do Duque enquanto Marcel, que havia acabado de encontrá-los no corredor, corria ao lado do cunhado, afastando as pessoas que caminhavam pelos corredores alheias a situação. Maya também seguia com eles, mas não estava ao lado da família, ficou um pouco mais ao fundo, esperando o médico, que alguns guardas foram buscar. Não demorou mais que alguns minutos para o
— Com licença — pediu Matta, levando as mãos ao corset de Charlotte, puxando-o com pouca força e, com a ajuda de Brista, o removendo. — Preciso fazer alguns exames, está bem?— Exames? — a ruiva perguntou ficando um pouco agitada, seus olhos se fixando em Brista com preocupação. — Não se preocupe, irmã, você passou mal nos jardins e, como soube de outras moças que o médico do palácio não parece dar um bom atendimento as mulheres, encontramos uma pessoa que possa atendê-la bem, pode ficar tranquila — Brista falava devagar, com gentileza, acariciando a mão de Charlotte. — Não se preocupe, Charlotte, estamos aqui com você — Maya se achegou um pouco mais perto, falando docemente, deixando a ruiva um pouco mais à vontade. Nunca gostou de ser tocada por estranhos e claro que os toques de Marta lhe causaram desconforto, mas os dedos dela eram ágeis, apalpando seu ventre, seus seios, fazendo mais perguntas do que Charlotte conseguia responder com clareza e, por fim, entregando a ela um peq
As palavras de Marta chegaram aos ouvidos de Charlotte como facas afiadas, fazendo-a perder o ar e deixando suas mãos trêmulas. A ruiva encolheu as pernas assustada, naquele momento tudo em que ela conseguia pensar era em todos os bebês que seu ventre já havia expulsado, em todos os filhos não nascidos que um dia estiveram dentro dela, mas que não ficaram tempo o suficiente para vir a este mundo com vida.Lucian sentiu a tensão dela no segundo em que Marta proferiu as palavras que ele tanto desejava ouvir, mas que jamais imaginou ser possível. Mesmo que esta fosse uma notícia que o deixasse imensamente feliz, não comemorou, não naquele momento. Seus braços envolveram Charlotte e seus lábios tocaram o topo da cabeça dela num beijo singelo e suave.— Continue, por favor — pediu à Marta acariciando delicadamente o rosto de Charlotte. — Não posso ter certeza sobre datas, mas estimo, pelo que senti quando a apalpei, pelo menos três meses de gravidez, Duque — continuou a mulher, pensando u
— Filho… Sabe que a hora está chegando — ela disse, com voz rouca, já havia chorado por horas a fio naquele dia. — Não irei mais intervir em suas escolhas, escolha aquela que acredita que será uma boa rainha e que o apoiará nos momentos de turbulências, se prepare, meu querido. Então, a mulher o envolveu num abraço gentil, compartilhando com ele a dor que os alcançava lentamente, decidindo que não se oporia as escolhas de seu filho, não mais, afinal, o sofrimento da perda já seria suficientemente duro, ele não precisava que ela tornasse aquele momento mais difícil.Dois longos dias se passam, Charlotte não saiu de seu quarto a princípio, ficou em sua cama descansando o máximo que pode e habituando-se a sua nova realidade e suas novas preocupações, o medo e as lembranças do passado a consumiam, mas Lucian esteve com ela durante quase todo o tempo. Quando ele precisava se ausentar, Brista, Maya e Chelsea alegram a Duquesa com suas conversas tranquilas que lhe arrancavam risadas.Dois d