A estrada parecia deserta, aparentemente já estava esquecida há algum tempo pela maioria das pessoas na Itália, e esse era um assunto sobre o qual ninguém falava nas vilas vizinhas. De acordo com breves comentários infundados de pessoas esporádicas, fazia muito tempo que ela havia chegado a esse estado. Naquela antiga rota, uma caminhonete conversível com dois passageiros a bordo seguia seu caminho por esse trecho de concreto.
—Sim, sim, mãe, estamos bem. —A garota parou para ouvir—. Sim, Velkan está dirigindo, já comemos e a viagem está indo bem. Só paramos para colocar gasolina, nada a relatar. Amo vocês, entrarei em contato depois. Tchau.
A ligação terminou, ela ajeitou uma mecha de cabelo liso atrás da orelha, enquanto um sorriso iluminava seu rosto e virou para olhar seu companheiro, que já estava sorrindo ao vê-la feliz. Ela corou ao perceber que Velkan a observava naquela ação tão cotidiana.—Você sabe —ela riu nervosamente—, minha mãe não consegue parar de ligar com frequência —sussurrou para o rapaz, que tentava se concentrar na direção.
—Mas é claro, Ileana. Minha cunhadinha se preocupa muito com você, e eu não a culpo —respondeu Velkan, sem desviar o olhar da estrada—. A propósito, amor, você poderia verificar o mapa?
—Claro —ela respondeu e, com muito cuidado, levantou e desdobrou o mapa para começar a examiná-lo com minúcia.
Os segundos passavam torturantes, e o olhar da garota não se desgrudava do mapa. Isso encheu Velkan de intriga. Por que ela estava hesitante? Será que algo estava errado? O silêncio estava se tornando tão incômodo que ele decidiu rompê-lo com sua própria voz.
—Acontece alguma coisa, Ileana? —O jovem franziu a testa e virou para olhá-la, tentando não perder a concentração na direção.
—Bem, o que acontece é que o mapa me marca um lugar com pouca vegetação, mas não se parece em nada com este lugar, na verdade, aqui parece algum tipo de... floresta? —Ileana virou para olhar ao redor e abaixou o vidro da caminhonete.
—Bem, as estradas mudam com o tempo, isso é normal. —Velkan deu de ombros.
—É que... na verdade, parece que estamos em outro lugar. Você deveria verificar você mesmo —disse Ileana, movendo o mapa com insistência.
—Pelo menos eu não vejo nenhum problema, mas se isso te deixa mais tranquila, farei isso —ele sorriu com um toque de pesar.
Velkan se moveu cuidadosamente para o acostamento ao lado de um monte de arbustos que se transformavam em árvores gigantescas e imponentes à distância. Ileana passou o mapa para ele, e o rapaz examinou exatamente onde eles supostamente estavam. Seus olhos saltavam de um lado para o outro, analisando a incongruência, e ele franziu a testa novamente. Ambos saíram do veículo e deram alguns passos para conversar melhor sobre o assunto da rota.
—Você está certa —ele murmurou, sem tirar os olhos do mapa—, mas talvez seja o que mencionei: alguns lugares mudam muito com o tempo e se tornam irreconhecíveis. Não há com o que se preocupar, estamos na rota certa. —Velkan olhava para todos os lados para confirmar seu ponto—. Aliás, podemos confirmar isso pela forma daquelas montanhas. Você vê? —Ele apontou com o dedo indicador.
—Ah, entendi —Ileana respirou aliviada—. Ainda assim, não sei por que tenho a sensação de que parece muito diferente. Como um lugar completamente diferente, mas bem... Deve ser coisa da minha cabeça —concluiu Ileana, com a confusão girando em sua mente.
—Bem, agora que estamos claros e confiantes na direção, continuemos nossa viagem! —sugeriu Velkan com entusiasmo.
O jovem deu alguns passos em direção à caminhonete, mas quando percebeu que Ileana não o acompanhava, ficou surpreso. Virou-se para olhá-la, e ela não havia se movido nem um centímetro. Ele rapidamente se aproximou para ver o que estava acontecendo, e o olhar da garota estava fixo em algum ponto da vegetação. Seus olhos brilhavam com entusiasmo, algo que Velkan conhecia muito bem.
—O que você viu, hein? —Ele ousou perguntar com muita curiosidade.
—Ileana não hesitou em quase sair correndo naquela direção em frente ao seu atônito namorado, que apenas a seguiu até onde ela havia ido com tanta euforia. Ele sorriu para si mesmo. A maneira como Ileana era, tão emotiva e cheia de vida, era uma das coisas que o deixava louco por ela.Graças à sua altura, Velkan chegou rapidamente ao lado de Ileana e finalmente pôde ver o que havia chamado a atenção da garota: uma acumulação de arbustos e flores silvestres formando uma figura perfeita.
—É um arco de flores, feito naturalmente. Velkan, você não fica cada vez mais surpreso com a natureza? —Ileana esboçou um largo sorriso, sem tirar os olhos do quadro que a havia encantado, enquanto tocava as pétalas suaves das flores violetas.
—Nada mal, para ser honesto. —Velkan rodeou a garota com o braço para senti-la mais de perto e por um instante pôde sentir a felicidade que enchia Ileana, o que o fez sorrir satisfeito.
—Precisamos de uma foto bem aqui, não acha apropriado? —ela perguntou, enquadrando com os dedos para medir um ângulo adequado antes da foto.
—Boa ideia, espere que eu vou buscar a câmera —disse Velkan, e Ileana assentiu com entusiasmo.
O jovem se dirigiu à caminhonete, pegou a câmera de uma das mochilas que estavam levando e voltou para o arco silvestre, onde Ileana já estava praticando algumas poses antes da foto que tirariam.
—Essa foto nós vamos mandar enquadrar, será muito especial —assegurou Ileana assim que Velkan ligou a câmera preta e se colocou ao lado dela.
—Claro que sim, amor. —Velkan levantou a câmera—. Agora, diga "whisky".
O flash iluminou seus rostos sorridentes e assim eles passaram a tirar pelo menos umas doze fotos, até que estavam exaustos e com as bochechas dormentes. De repente, outro gritinho de emoção saiu da garganta de Ileana. Parecia que as maravilhas continuavam a aparecer, mas dessa vez Velkan parecia um pouco indiferente.
—Ileana, logo estará quase anoitecendo, devemos nos abrigar o mais rápido possível, você sabe que as acomodações se enchem rapidamente. Você não vai gostar de dormir no chão, eu garanto.
—Eu sei, eu sei, meu amor —ela disse revirando os olhos—, mas são apenas três da tarde, além disso será apenas mais uma foto, vá lá, só olhe. —Ileana pegou o braço de Velkan e apontou para dentro da floresta, passando pelo arco silvestre— Você vê? É uma clareira muito bonita e talvez haja algo lindo lá para lembrar para sempre.
Velkan olhou com cuidado, parecia um lugar paradisíaco com aquele arco natural e a clareira que revelava uma flora espetacular cheia de árvores de todas as cores e tamanhos, algumas em pleno florescimento e outras mostrando seus frutos silvestres. Se ele pensasse bem, eles realmente fizeram essa viagem para perpetuar momentos especiais para ambos. Ileana amava a natureza, e aquele momento poderia não se repetir.
Também algo lhe dizia que talvez veriam alguma outra maravilha após aquela clareira, disso não havia dúvida. Não era tão tarde, eles poderiam se permitir explorar um pouco aquele lugar que parecia fora deste mundo, então ele tomou a decisão: eles estariam em uma expedição de uma hora no máximo, e se a sorte estivesse ao seu lado, talvez por volta das seis da tarde eles já estariam no conforto de um hotel, desfrutando da companhia um do outro e protegidos das inclemências da noite.
—Bem, amor... —ele enfatizou com voz firme— Prepare-se, porque exploraremos um pouco antes de irmos para a cidade próxima e será um belo momento para lembrar —ele afirmou com determinação.
—Obrigada, te amo —murmurou Ileana e piscou um olho para o namorado.
Velkan não pôde resistir ao gesto e pegou o queixo de Ileana, deu um beijo doce e breve em seus lábios finos e pegou as mochilas, não sem antes trancar bem a caminhonete. A ideia era conhecer um pouco sem se aprofundar muito – já que poderia ser propriedade privada – e sair dali o mais rápido possível.
Ileana pegou sua mochila, a colocou nas costas, ajeitou o cabelo e atravessou o arco silvestre, seguida por Velkan. Uma sensação mágica e indescritível enchia o entorno. Ela sentia aquilo como entrar nas entranhas da Mãe Terra; ele, por sua vez, sentiu apenas um arrepio percorrer sua espinha. Imediatamente eles tiraram algumas fotos aproveitando os tênues raios de sol que se infiltravam entre os galhos em sua direção.
—Essa sim, ficou perfeita —disse uma entusiasmada Ileana.
—Agora vou tirar mais uma com aquela árvore ao fundo. —Velkan apontou para a árvore central, onde a luz solar estava mais resplandecente.
—Aqui? —Ileana perguntou e começou a posar com as mãos na cintura.
Aquela blusa azul-celeste destacava sua tez clara, e aquelas calças escuras de algodão realçavam perfeitamente sua figura. Seu cabelo curto enquadrava seu rosto bonito, e os raios de luz apenas realçavam o quão radiante ela estava naquele dia. E mesmo que ele e ela estivessem vestindo roupas da mesma cor, sem dúvida, para Velkan, vê-la na natureza era um verdadeiro espetáculo, e por mais que ele tentasse, ele se sentia emocionalmente oposto à sua namorada.
—Perfeita, você parece um anjo —ele sorriu, vendo-a através da lente da câmera.
—Mas que coisa dizer, verdade! —Ileana riu baixinho e levou as mãos às bochechas para esconder seu rubor evidente.
—Estou apenas dizendo a verdade, princesa —Velkan continuou com seus elogios.
Velkan tirou mais algumas fotos, mas algo o fez parar e olhar ao redor. A luminosidade diminuíra de maneira muito rápida, tanto que alertou o rapaz. Parecia que as árvores haviam crescido ali mesmo e estavam bloqueando ainda mais os raios de sol. Ele abaixou a câmera para observar o ambiente ao redor, e Ileana também olhava para os lados.
—Mas o que está acontecendo? Pode ter nublado, talvez —disse Ileana, perplexa.
—Que estranho —murmurou Velkan, e quando virou o olhar na direção de Ileana, seu coração disparou, e ele conteve um grito de susto ao ver o que estava logo atrás dela—. Droga... —ele conseguiu dizer e seu rosto se transformou em algo que só poderia ser descrito como medo.
—O que está acontecendo? —Ileana foi até onde Velkan estava.
—Não se mova... —ele sussurrou, dando-lhe um sinal com a mão para que parasse.
—Velkan... você está me assustando —disse Ileana em um fio de voz, que não pôde controlar ao sentir que algo estava atrás dela.
Ileana entrou em desespero, e o rosto pálido de Velkan não estava ajudando em nada; ela podia sentir o medo do rapaz. Ele se abaixou para pegar algo do chão, talvez uma pedra, e a ansiedade de Ileana aumentou quando sentiu uma respiração forte atrás de sua nuca, indicando a presença de algo talvez muito perigoso. E antes que pudesse se mover, só ouviu o grito de seu namorado:
—Corra, Ileana!
Ela obedeceu e começou a se dirigir rapidamente para a saída, mas Velkan havia seguido em direção oposta. Ela não sabia o que fazer ao perceber que o arco pelo qual haviam entrado não estava mais lá; isso a deixou muito mais desesperada. Ao mesmo tempo, ouviu um rosnado, um grito de dor de seu namorado e um impacto.
Ileana gritou e parou para olhar para onde Velkan estava. Quando se virou, ele estava caído no chão ferido e gemendo de dor. Imediatamente, ela correu até onde ele estava, e quando levantou os olhos para longe, sentiu um horror indescritível ao ver aquilo que os havia atacado e observado por sei lá quanto tempo se afastando. Era um monstro aterrorizante! E o pior da situação era que agora eles não sabiam onde estavam... Estavam perdidos.
Quando abriu os olhos, a escuridão reinava, sentiu como se tivesse acordado de um longo sonho que mais parecia morte. Sua cabeça girava, não sabia quem era ou como tinha chegado ali. Depois de algum tempo de silêncio, ouviu passos, murmúrios e barulhos. Ficou alerta quando alguém mexeu naquele lugar sombrio. Seus olhos verdes avistaram duas figuras humanas olhando fixamente para ela e também uma luz quase ofuscante de uma vela. Imediatamente se assustou. "Quem são eles? O que querem? Por que estão aqui?" Foram muitas perguntas de uma só vez, até que sentiu o toque de algo em sua pele. Ainda não conseguia distinguir claramente com sua visão o que estava acontecendo, mas as vozes soavam em um idioma desconhecido para ela. A voz suave transmitia paz, mas a voz mais rouca a fez estremecer em um arrepio. Ela tinha dificuldade em se mover, como se seu corpo não estivesse funcionando direito, e apenas a ideia a enchia de uma sensação incômoda que ela mal conseguia suportar. De repente, sen
O olhar fixo do rapaz de cabelos escuros havia petrificado Antonella, mas a tempo Ileana, a namorada dele, acordou para examiná-lo com preocupação, de maneira quase automática. De repente, seu olhar se fixou nela; a garota parecia sonolenta, mas o desespero era mais forte e, com seu último fôlego, a ruiva se lançou em direção à viajante. Tentou mordê-la desesperadamente, mas depois disso só restou a escuridão, pois seus olhos se turvaram. Já haviam se passado algumas horas. O amanhecer estava próximo e Antonella podia sentir como aquele sopro de vida havia retornado a seu corpo. Teria realmente consumido sangue? Não tinha ideia, já que havia perdido a consciência por um longo período de tempo após a tentativa de obter seu combustível para sobreviver. Ela pensava que havia falhado, mas tudo indicava o contrário. "Claro que bebi sangue, tive que... Se não o fizesse, tudo estaria perdido", ponderou a jovem ruiva. Deu um tapa mental em si mesma, recusando-se a ficar parada buscando pr
"Sou um vampiro, não posso acreditar." Durante o restante da madrugada, depois de dar uma rápida olhada na intimidade de seu diário, tudo começou a fazer sentido. Antonella não aguentava mais, parou para analisar a situação, parada diante dos jovens que haviam salvado sua vida, e se perguntou com pesar: Como ela poderia olhar nos olhos daqueles que deveriam ser suas presas imediatas? Bem, o ragazzo merecia um pouco que ela tirasse a vida dele, mas isso ainda estava em dúvida. É claro que ela não leu tudo, era impossível naquele momento, já que o documento era muito extenso para ser lido de uma vez. Ela tinha avançado apenas um pouco além da metade e pulado algumas páginas para se inteirar do inevitável. Agora ela sabia as razões por trás de quase tudo, pelo menos compreendia seu ódio pela raça humana. Ela ainda não queria chegar às últimas páginas, não agora que tinha tão pouco tempo para ler com devoção; pelo menos era assim que ela via, e ainda tinha que explorar aquele outro liv
Aquele desconforto continuava causando estragos no estômago, no peito e na mente de Ileana. Mil pensamentos negativos se amontoavam e não a deixavam respirar direito. Ela nem conseguiu tomar um gole a mais da sua infusão de camomila. Apenas colocou a velha xícara na beira da janela, onde a cortina a cobria, e cruzou os braços, observando com um certo desespero cada movimento de Velkan e Antonella. Ela estava muito perto dele, e Ileana poderia até jurar que, se antes Velkan estava desconfortável, com o passar dos segundos, essa sensação havia suavizado um pouco nele; ela não tinha certeza absoluta, mas podia ver uma expressão relaxada e até um leve sorriso por parte dele que estava realmente testando a paciência dela. Ileana não conseguiu suportar mais aquela cena. Ela deu alguns passos na direção da enfermeira e do paciente e se agachou para que Velkan a visse nos olhos, mas não foi o que aconteceu. Ele estava como... hipnotizado? Olhando para Antonella, enquanto ela tirava a improvi
Ileana não poderia se sentir mais arrependida pelo conflito interno que havia acabado de causar. Antonella estava com uma queimadura bastante dolorosa por ter se intrometido na cura que a ruiva estava fazendo em seu namorado.— Desculpe por ter interferido, sou desajeitada. Eu não deveria...— Não se preocupe, você só queria ajudar — disse Antonella com um sorriso que a acalmou um pouco imediatamente.Mas Ileana sabia que era mais do que querer ajudar, que agiu por essa emoção que atravessou como uma faca afiada em seu estômago quando se sentiu inútil, e mais ainda quando viu Antonella tão próxima de Velkan, não conseguiu controlar o impulso de querer intervir, e isso era o que a fazia sentir culpa.— É que... eu deveria ter prestado atenção e deixado minha xícara longe para evitar que caísse em você — lamentou-se a jovem, abaixando o olhar.— Já... já passou, foi um acidente — Antonella se aproximou para acariciar os cabelos curtos e lisos de Ileana —. Olhe, já apliquei uma solução d
Com apenas aquela sinistra presença, Antonella havia perdido todo interesse em seu momento de leitura e reflexão sobre sua vida. O som do rosnado quase lhe provocou uma dor de cabeça, mas ela não daria o gosto de baixar os olhos para que ele se sentisse superior. Ela deixou seu diário sobre uma superfície empoeirada de madeira, que costumava ser uma mesa talvez, e começou a percorrer onde os destroços permitiam, sem tirar os olhos daquele que a espreitava do lado de fora. Era evidente que a magia que ela mesma havia deixado há cem anos ainda a protegia dentro daquela casa. Bem, ela havia pensado bem e se precavido contra um possível despertar como o que acabara de acontecer com esses viajantes. E, é claro, ela reconheceu aquela criatura. Não era nada menos que um de seus antigos inimigos. Aqueles que conspiraram com outros para se livrar dela tempos atrás. Por que ele ainda estava ali? Ele estava a vigiando? Ou será que ele também havia despertado com algum tipo de feitiço semelhan
O casal de viajantes havia terminado suas refeições da manhã, ou melhor, Velkan havia terminado ambos os cafés da manhã, já que aparentemente Ileana havia perdido o apetite e seu estômago estava fraco.Lá fora, nuvens cinzentas começaram a cobrir delicadamente o manto celeste, um vento suave, mas gelado soprava, e nem mesmo o som dos pássaros podia ser ouvido ao redor.—E... você está cheio? —perguntou Ileana, com o cotovelo apoiado na mesa e a mão segurando o queixo, surpresa com o quanto seu namorado havia comido.—Você se divertiu muito me vendo comer? —Velkan sorriu divertido—. Porque parece que você nunca me viu comer antes —sussurrou, como se não quisesse ser ouvido por mais ninguém.—Mas é claro que sim, tenho viajado contigo há dois anos, é só que te vi comer com certa ansiedade, além disso, você nunca comeu quase duas porções seguidas —Ileana sorriu.—E você nunca deixou comida no prato —Velkan sorriu, colocou a mão na bochecha da garota e acariciou suavemente com o polegar, e
Ileana não conseguia articular uma palavra após o que havia acontecido com seu namorado há um momento. Seu coração quase parou de medo quando as pupilas de Velkan se dilataram e se moveram rapidamente em direção ao interior da casa, enquanto suas unhas arranharam a madeira da moldura da janela pela qual estavam observando o exterior da casa. Num piscar de olhos e diante das perguntas de Ileana, Velkan começou a caminhar naquela direção, sem dizer nada, e subiu as escadas; ela não pôde fazer nada além de se preparar para segui-lo, enquanto seu coração disparava. "Mas o que está acontecendo? Definitivamente, Velkan está me deixando muito preocupada," pensou alertada. "Parece que ele está em outro mundo, não sei explicar... é como se ele não se importasse com uma única palavra que eu digo. Como se nem me considerasse; como se eu não existisse para ele." Após alguns segundos, ela teve que parar por um momento, pois um peso em sua cabeça a impediu de avançar. Ela levou as mãos às têmpora