Anthonella Fagundes — MaFê, eu já disse que não – digo pela sétima vez e ponho o misto quente à sua frente.— Tenho que “i” vai “se” um jogão.— Não vou te levar a São Januário e ponto final. Quando for um jogo mais tranquilo, eu até posso cogitar te levar.— Mas eu quero ver “Vaco” e “Famengo”. – Minha filha conseguia ser mais teimosa que um coice de mula, e isso me irritava às vezes.— Eu disse não, Maria Fernanda! Agora tome seu café para irmos para a escola.Ela começou a comer muito chateada. Eu sei que ela é apaixonada por futebol, mas toda vez que Vasco e Flamengo se encontram, é um confronto perigoso e não quero me expor a isso. MaFê mastigava olhando para mim de cara feia.— Cara feia pra mim é fome. – Ela deu de ombros e eu a encarei de maneira severa. MaFê se encolheu e se desculpou.Joy saiu do seu quarto e sentou ao meu lado. Não demorou muito para um cara aparecer e já ir se servindo como se estivesse em casa. Ergui uma sobrancelha para minha amiga, que fingiu não ver.
Estava resolvendo alguns assuntos quando recebi um telefonema de Joyce avisando que não poderia buscar MaFê, pois pediram para ela trocar o turno. Droga! Era ela quem ficaria com minha filha, já que Verinha levaria as filhas ao pediatra hoje. O que eu ia fazer?— O que aconteceu, Anthonella? – Berenice perguntou, percebendo minha expressão preocupada.— Estou com um problema para resolver. Não tenho com quem deixar a minha filha e logo hoje que meu dia está cheio.— Conversa com o senhor Lancaster, ele tem esse jeitão brusco, mas é um homem compreensivo.A sugestão de Berenice fez sentido. Ele poderia compreender a situação e talvez permitir que eu trouxesse MaFê para a empresa. Cheguei em sua sala e dei leves batidas, esperando sua permissão para entrar.— Entre, Anthonella – disse ele, olhando por cima dos óculos. Não sabia que ele usava óculos e, puta merda, ele estava muito sexy. "Controle-se, Anthonella, mantenha o foco."Respirei fundo antes de explicar a situação, tentando tran
Jhonathan havia ido almoçar com seus avós, e Berenice e eu ficamos arquivando alguns documentos. Minha pequena estava desenhando quando chamou minha atenção.— Mamãe, até o tio Jhonathan tem vovôs e eu não. – Minha filha perguntou de repente. Essa conversa é muito difícil de ter com uma criança.— Filha, lembra que a mamãe já te falou que cresceu em um lugar onde só haviam crianças?— Sim. Onde estavam as pessoas "gandes"?— Tinham pessoas que cuidavam de nós, mas não eram os nossos pais. Nós não tínhamos pai e mãe, só adultos que cuidavam de nós.— E onde foram parar os papais? Eles "sumilam" igual o meu papai?Respirei fundo algumas vezes e olhei para minha princesa curiosa e sorri.— Princesinha, a mamãe já te disse que vai explicar tudo para você quando chegar a hora.Peguei os tubinhos de M&Ms e coloquei na sua frente, e ela escolheu comer só as cores amarelas.— É difícil ser mãe, não é? Temos que lidar com todos os tipos de perguntas e desafios.— Nem me fale, Berenice, nem me
As coisas entre Jhonathan e eu estavam estranhas, pois ele estava muito presente em minha vida e muito ligado a Maria Fernanda, que adorava a presença dele. Estava no RH quando recebi uma mensagem de Jhonathan me chamando para ir à sua sala rapidamente. Chegando lá, ele me disse que eu deveria comprar duas passagens na primeira classe para Boston.— Passagens nominais? — perguntei, tentando disfarçar minha surpresa.— Sim, uma no meu nome e outra no seu. — Olhei para ele surpresa. — Temos uma reunião para participar e preciso que vá comigo.Meu coração acelerou. O que eu ia fazer com a MaFê? O senhor Diogo nunca me incluía nas viagens, pois sabia que eu tinha uma filha e que era mãe solo.— Como quiser, senhor.Saí da sua sala, voltei para meu posto e comprei as passagens. Alguém pigarreou, e ao levantar a cabeça, encontrei Camila me olhando.— Oi, queridinha! — disse ela em um tom mais falso que os seios da Paris Hilton.— A senhorita deseja alguma coisa? — Perguntei a ela, tentando
Já se passavam das três da manhã quando terminei de limpar a casa. Eu só queria limpar a cozinha, mas aí fui limpando… limpando, e quando vi, tinha limpado a casa toda. Me joguei no sofá cansada e ainda estava sem sono, então preparei um chá de camomila e entrei nas minhas redes sociais. Assim que fiquei online, Breno me convidou para sair mais uma vez e eu neguei, dizendo que não tinha interesse em sair com um cara agora.“Quer dizer que não vai me dar uma chance mesmo?” – Ele perguntou pela quinta vez.“Como eu disse, no momento estou focada em outras coisas, como ser uma boa mãe para a minha filha.”“Eu te entendo e te respeito, mas saiba que eu não vou desistir de te convidar, afinal: água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” – Olhei para as mensagens algumas vezes e respondi com um ok.Em seguida, um número me enviou uma mensagem e, pela forma que falou, percebi logo de quem se tratava.“Oi, senhorita Fagundes! Acordada uma hora dessas?” – É bem estranho receber uma mensa
— Desculpe, senhora, não tive a intenção – disse, me desculpando com a mulher, e quando olhei para ela, parecia que eu a conhecia.— Não precisa se desculpar, minha querida, nós nos conhecemos de algum lugar?— Creio que não. Aqui está sua bolsa.Entreguei a bolsa à mulher, e quando nossas mãos se tocaram, senti algo estranho. Nos últimos meses, minha vida tem estado meio estranha. Desculpei-me mais uma vez e estava prestes a começar a caminhar quando ela me chamou.— Sua testa está vincada. Está com algum problema?Expliquei a ela que estava com dificuldades para encontrar roupas para minha viagem a Boston.— Venha, minha querida, eu vou te ajudar. A propósito, me chamo Maristela.— Muito prazer, eu sou Anthonella. Obrigada pela ajuda.— Não precisa agradecer, minha querida. Minha filha odeia sair comigo para as compras. Vou te levar a umas lojinhas boas e em conta, mas elas não estão dentro do shopping.Saímos do shopping, e ela me levou a algumas lojinhas ao redor e me ajudou a esc
Jhonathan Lancaster Quando meu pai me ligou avisando da reunião na nossa matriz em Boston, pedi Anthonella para me acompanhar, a princípio vi a preocupação em seus olhos e me lembrei de Maria Fernanda, será que ela iria conseguir resolver essa questão? Por que estão preocupado com isso se não é da minha conta? O que posso fazer se essa garotinha conquistou até os meus avós. Quando ela me avisou que havia resolvido a questão fiquei mais aliviado até porque tinha o maluco do ex marido que dizia ser o pai da filha dela, mas Anthonella garantiu que não era. O telefone tocou e era Berenice me avisando que Camila estava na recepção. O que ela quer agora? — Oi, lindo! Como você está? – Ela perguntou naturalmente. — Estou ótimo e cheio de trabalho, o que quer de mim? — Amor, minha mãe vai vir para o Brasil ficar um pouco comigo, vim aqui para te convidar para jantar conosco. Você vai aceitar, não vai? Olhei para ela por alguns instantes, o que se passa na cabeça dela? Eu já disse que n
No dia seguinte, acordei cedo e me preparei para a viagem a Nova York. Estava ansioso para ver minha família. Embora as reuniões de negócios fossem importantes, nada se comparava ao conforto de estar com quem amamos. Antes de sair, passei pela cozinha onde Anthonella estava tomando café. — Bom dia, Anthonella. Está tudo bem por aqui? — Bom dia, Jhonathan. Tudo ótimo, obrigada. – Ela respondeu com um sorriso. — Ótimo. Vou para Nova York visitar minha família. — Pode deixar. Aproveite sua visita! – Ela disse, acenando enquanto eu saía pela porta. A viagem de carro foi tranquila e, depois de algumas horas, cheguei à casa dos meus pais. Assim que abri a porta, minha mãe correu para me abraçar. — Jhonathan, meu filho! Que saudade! – Ela disse, apertando-me forte. — Eu também senti falta de você, mãe. – Respondi, retribuindo o abraço. Meu pai apareceu logo atrás, com um sorriso caloroso. — Bem-vindo de volta, filho. – Disse ele, estendendo a mão para um aperto firme. — Obrigado,