Não se passaram muitos dias e mesmo assim eles se arrastavam lentamente, e a sensação de inércia me desgastava mais a cada minuto. A gravidez avançava, e com ela se intensificaram todos os incômodos físicos e mentais. Meu corpo estava cansado, e meu coração, ansioso. Eu sabia que a espera fazia parte do processo, mas a incerteza quanto ao futuro me deixava à beira de um colapso. Quanto mais os dias avançavam, mais eu me questionava se tinha feito a escolha certa. A espera pelo nascimento da nossa filha também era uma preocupação constante. Imaginava se uma nova fuga seria possível, mas algo dentro de mim terminava descartando essa ideia. O que eu deveria fazer? Era como se, por mais que tentássemos planejar, o caos nos alcançasse de qualquer maneira.Ryan e eu conversávamos sobre o jantar com a família real e o nascimento de nossa filha. Ele tentava me preparar para o que estava por vir, mas parecia que, por mais que falássemos sobre nossas expectativas, algo sempre poderia sair do co
A chegada do meu pai ao banquete continuava a me corroer por dentro, e cada minuto naquele salão parecia uma eternidade. Eu não conseguia entender qual era o seu propósito ali, mas o simples fato de vê-lo alimentava a minha desconfiança. Senti meu coração apertar e minha respiração acelerar, como se todo o peso da situação estivesse, de repente, desabando sobre mim. Precisava de ar. De espaço. Algo que me ajudasse a colocar os pensamentos no lugar. Pedi licença à princesa e me dirigi da maneira mais discreta possível até o banheiro mais próximo, deixando o tumulto do salão para trás.Quando entrei no pequeno e requintado banheiro do palácio, fechei a porta de uma das cabines com cuidado e apoiei minhas costas na parede fria. Por um momento, o silênci
O silêncio após o meu pedido parecia esticar o tempo, como se o mundo tivesse parado de girar só para observar a nossa reação. Eu pude sentir o peso das palavras que acabara de pronunciar, o eco delas ressoando no ar entre mim e Ryan. Ele ficou parado, encarando-me como se eu tivesse acabado de propor algo impossível. E, de certa forma, eu era a responsável por fazê-lo parecer exatamente deste jeito. Aquele pedido era incompreensível. Recusei-me a casar com ele tantas vezes... e agora, de repente, eu havia dito aquilo sem nem mesmo entender o que estava me movendo. As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse reconsiderar. O alívio por ter tomado uma decisão concreta brigava com o terror de pensar nas consequências. Teria forças para lidar com tudo isso? Estava presa ao jogo que sempre quis evitar, e talvez essa fosse a minha única jogada dis
Desde que o jantar começou, eu me sentia como um objeto de exibição. Meu coração batia de forma irregular enquanto me forçava a manter a postura, ciente de que cada olhar estava voltado para mim. O ar estava carregado, o burburinho dos convidados pairava como um zumbido constante. O banquete estava em pleno andamento, mas eu não conseguia relaxar. Era difícil manter a coragem enquanto tudo parecia sair do meu controle. Ryan estava ao meu lado, e embora eu não quisesse admitir, sua presença me trazia um certo alívio, mas ele parecia distante. Eu sabia que ele sentia um peso diferente em cima de todas essas expectativas. A Rainha já estava à frente, majestosamente ereta em seu lugar de destaque, os olhos varrendo a multidão como se estivesse pronta para cada movimento calculado. Todos, além dela, pareciam tensos e na expectativa do que poderia acontecer naquele momento. Os irmãos de Ryan permaneciam cabisbaixos, aguardando o desenrolar dos acontecimentos. Até mesmo Alice perdia sua ene
Mais uma vez a presença do meu pai conseguiu me trazer uma mistura de raiva e ansiedade. Sua pose era de alguém que tinha algo na manga, prestes a ser mostrado. Seus olhos estavam cravados em mim, mas eu não consegui sustentá-los por muito tempo. Ryan me ajudou a levantar e manteve o braço ao meu redor como uma forma de mostrar que me manteria segura. Não sabia se suportaria o que ele estava prestes a dizer em suas ameaças veladas.- Precisamos conversar, Bianca. - ele disse, a voz baixa e séria. Respirei fundo, sentindo Ryan se aproximar um pouco mais, como um escudo. Era claro que ele não me deixaria a sós com ele, mesmo que eu não cogitasse considerar essa possibilidade. - O que quer que você tenha para dizer, pode dizer na frente de Ryan. - respondi, mantendo minha voz firme, embora por dentro meu estômago estivesse se contorcendo.Meu pai soltou um riso seco, sem humor.- Sei que essa farsa é conveniente para você, querida, mas não precisamos disso a essa altura. Eu ia respond
Depois de tudo que aconteceu, e após o fatídico jantar que mudou o curso de nossas vidas, Ryan e eu finalmente conversamos sobre o futuro. Havia tantas incertezas no ar, tantos pormenores por resolver. Eu não conseguia me acostumar à ideia de que, em questão de dias, seria oficialmente a esposa de Ryan. Foram muitas idas e vindas e por mais que eu tentasse manter distância de tudo isso, não seria mais possível tirá-lo da minha vida. - Como vamos fazer isso? - perguntei, minha voz soava quase trêmula.Ryan olhou para mim, seus olhos mais sérios do que de costume.- Pensei muito sobre isso, Bianca. - ele parecia escolher as palavras com cuidado, como se não quisesse me pressionar a aceitar a ideia - Ainda podemos seguir o plano original. - De mantermos as aparências? - foram dias discutindo o nosso futuro. Uma lembrança que parecia muito mais distante do que realmente era. - Ou de morarmos juntos?- Os dois. Principalmente quando minha mãe descobrir. - mencionar isso o deixou visivelm
Tudo ainda parecia um sonho estranho, e eu não conseguia acreditar no passo que havíamos dado. Agora, eu era oficialmente esposa de Ryan. Eu me sentia como se estivesse cruzando uma ponte, mas, ao mesmo tempo, temia a fragilidade dela. Por mais que quiséssemos evitar problemas, o casamento não era o fim. Na verdade, era o início de uma luta ainda maior. Ainda assim, havia uma segurança reconfortante em ter aceitado esse passo complicado.Não tínhamos tempo a perder e precisávamos dar vários passos para conseguir vencer as batalhas da rainha. O primeiro seria convencer uma das únicas pessoas que poderiam influenciá-la e amenizar o impacto da nossa decisão. Uma pessoa próxima o suficiente para entender o Ryan, mesmo que ainda não tivesse se envolvido nessa confusão. Ele parecia acreditar que seu irmão mais velho poderia considerar um futuro em que nos desse um pouco de esperança. Eu não poderia saber o que ele faria, mas esperava que o futuro herdeiro tivesse o discernimento de enxergar
Agora finalmente iríamos para casa. No carro, o silêncio era espesso, denso. Mesmo que não fosse incômodo, ainda assim me deixava inquieta. Não havia mais nada a ser feito e agora éramos oficialmente marido e mulher. Mesmo que essa condição não mudasse nada entre nós. Eu não conseguia parar de pensar em que eu ficaria todo o tempo ao lado dele depois de tudo o que aconteceu, sem distrações, sem desculpas. Apenas nós dois. Haveria muitos momentos a sós. Talvez fosse isso que pesava no ar. Ao menos era isso que pesava meus pensamentos.Ele tinha mencionado que não me deixaria sozinha, mas não havia dito com exatidão quais seriam os próximos passos. E então, a questão da casa. Ele pediu que a decisão fosse minha. Eu teria que escolher entre ficar na casa onde eu já estava ou na dele. Mas, estranhamente, eu não sabia o que seria melhor. Dividir um teto com Ryan era uma perspectiva que me as