A consulta médica era a única coisa que eu tinha certeza que precisava fazer, apesar do turbilhão de dúvidas e emoções que me consumiam. Fui ao consultório com a esperança de encontrar Ryan, imaginando que ele também estaria ansioso para saber sobre o nosso bebê. Ele mesmo tinha agendado para que pudéssemos apressar e obter os resultados dos exames que demoravam tanto. No entanto, ao chegar no consultório, a ausência dele me deixou com uma sensação ruim.Sentei-me na sala de espera, sentindo-me mais sozinha do que nunca. Tentei imaginar que ele apenas estivesse atrasado e que fosse chegar a qualquer momento, mas a espera foi em vão. Ele havia dito que não poderíamos mais nos encontrar, mas não esperava que ele deixasse de se informar sobre o bebê. A cada minuto que passava, meu coração parecia ficar ainda mais pesado em meu peito. Então a recepcionista chamou o meu nome e eu a segui, tentando manter a compostura. Ele realmente não viria. O médico foi gentil e atencioso. Ele fez todas
Consegui pegar um voo no dia seguinte. Enquanto esperava pelo voo no aeroporto, a ansiedade crescia a cada minuto. Olhava ao redor, esperando vê-lo a qualquer momento. Confesso que, no fundo, esperava que o Ryan aparecesse para me impedir de partir, dizendo que tudo poderia dar certo e que eu não precisaria enfrentar as coisas sozinha. Não sei se isso me faria ficar. De qualquer modo, não aconteceu. Ele não apareceu. Voltar para a Itália acabou sendo mais doloroso do que eu imaginava que seria. Cada quilômetro percorrido parecia acertar meu coração como um golpe. Durante o voo, minhas emoções oscilavam entre raiva e tristeza. Também não conseguia parar de me sentir injustiçada. Mesmo assim, estava decidida. Precisava ser forte, não só por mim, mas principalmente pela criança que eu carregava.Senti um certo alívio ao desembarcar. Estava de volta ao meu território, um lugar que conhecia e onde podia encontrar algum consolo. Era como se eu tivesse voltado ao início da história, um bom j
Eu estava bastante animada com a minha consulta. Esperava sentada na recepção do consultório e sentia uma mistura de ansiedade e excitação, mal podendo esperar para descobrir mais sobre meu filho. Era a 22ª semana e o bebê não parava de se mexer, talvez com a mesma empolgação que a mãe. Ainda não acreditava que havia uma pessoa ali dentro, mas minha barriga estava muito mais nítida. Quando finalmente fui chamada, deitei na mesa de exame e observei a tela do ultrassom com expectativa. Dava para ver o pequeno corpinho sendo formado. E daquela vez, minha médica mostrava o espaço entre as perninhas me revelando que era uma menina. Meu coração se encheu de alegria. De repente, tudo parecia mais real. Ao terminar os exames, ela me passou mais algumas recomendações, mas tudo estava bem encaminhado.Enquanto voltava para casa, comecei a pensar nas mudanças que precisaria fazer no apartamento. Havia muita coisa que eu precisava comprar. A lista de tarefas parecia interminável, mas o peso das m
Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela do meu quarto. Não sei exatamente como eu consegui dormir esta noite, porque tudo se resumiu a uma mistura de emoções e sonhos confusos. A aparição de Ryan mexeu comigo de maneiras que eu não esperava. Durante o turno no restaurante, tentei manter a concentração nas tarefas, mas minha mente estava constantemente voltando para a nossa conversa. Eu não fui capaz de prever nada do que aconteceu depois que eu decidi partir. Não esperava que fosse acontecer algo depois do nosso desfecho. Apesar de Ryan ser um pensamento recorrente, eu tinha aceitado que a história já havia acabado. Era impossível afastar as palavras dele da minha cabeça, especialmente a declaração de que ele estava apaixonado por mim.Sentei-me na cama e acariciei minha barriga. Sussurrei para ela, dizendo que tudo ficaria bem, tentando convencer a mim mesma tanto quanto a ela. Tomei um banho demorado, tentando organizar meus pensamentos e me preparar para o que es
Minha surpresa ia além da aparição inesperada. Seus cabelos grisalhos estavam perfeitamente penteados para trás, revelando uma testa alta e imponente. Eu me lembrava dele como um homem menos polido, mais relaxado, mas o tempo parecia tê-lo refinado. Também vestia um terno impecavelmente ajustado que parecia muito caro. Ele poderia passar por um grande homem bem-sucedido, em contraste com sua personalidade real. Havia mais marcas do tempo em seu rosto desde que o vira pela última vez há cerca de três anos. Estava sempre ocupado demais para receber ou visitar a filha mais velha. E por mais que tentasse não me importar com isso, eu sempre acabava me sentindo como uma menininha que só precisava da atenção do pai. E isso fazia com que eu me odiasse, por querer a atenção e o amor de um homem que nitidamente não se importava tanto assim comigo. Eu ainda estava paralisada enquanto seus olhos varriam a entrada, avaliando tudo ao redor com um olhar de desprezo disfarçado de curiosidade.- Pai?
A batida na porta era urgente. O susto com o som ecoando atrás de mim fez com que eu despertasse da angústia que eu estava sentindo. Eu me lembrava vagamente da ligação que o trouxe até aqui. Meus dedos simplesmente escolheram o seu contato. Ele havia murmurado algumas perguntas, mas eu apenas pedi que viesse. Abri a porta e fui recebida por seus olhos ansiosos, cheios de preocupação. Ele entrou sem hesitar e me envolveu em um abraço acolhedor, como se soubesse exatamente o quanto eu precisava daquele gesto.- Bianca, o que aconteceu? - sua voz suave e reconfortante contrastava com a tormenta dentro de mim.- Ryan, eu… As palavras saíram em um turbilhão, sem filtro, enquanto eu tentava relatar cada detalhe. Ele me conduzia ao sofá enquanto contava sobre a aparição do meu pai, sua tentativa descarada de manipulação, e a ameaça sutil, mas contundente, envolvendo Sophia. Minhas memórias do passado se misturaram aos acontecimentos recentes, e as emoções reprimidas por anos vieram à tona.
Quando abri os olhos novamente, a luz intensa do dia já preenchia o quarto. O braço de Ryan ainda estava debaixo da minha cabeça, e ele continuava ao meu lado, com os olhos fechados. Nós acabamos voltando a dormir depois de todo aquele momento constrangedor e reconfortante. Eu estava cada vez mais sensível a tudo o que vinha nos acontecendo conosco. Mas chorar tudo o que chorei fez meu coração ficar um pouco menos pesado, mesmo que eu soubesse que minha vida ainda estaria uma confusão. Ou talvez fosse apenas por saber que o Ryan ainda estava ao meu lado. Com cuidado, me levantei, tentando não acordá-lo. Sentia uma estranha mistura de alívio e nervosismo enquanto me dirigia para a cozinha. Eu não sabia o quanto esse momento poderia afetar a nossa convivência. Mas eu estaria mentindo se negasse que não apreciei o conforto de estar em seus braços novamente. E eu precisava me recriminar por isso. Usar esse recurso outra vez com certeza complicaria os sentimentos dele. Talvez até os meus
O tempo passou rápido demais enquanto eu me preparava para deixar a Itália. Os dias que antecederam minha mudança para Londres passaram em um borrão, repletos de trabalho, preparativos e despedidas. Manon esteve presente me ajudando a organizar tudo, mesmo que a nossa separação fosse um destino inevitável. Se seria ou não permanente, não era possível saber. Contudo, prometemos incessantemente que manteríamos contato, mas o vazio que ela deixaria era impossível de ignorar. Mesmo que eu tenha ficado algum tempo em Londres da última vez, desta vez era diferente. Cada dia que ficava mais perto da minha partida tornava nossa convivência mais melancólica. Apesar disso, eu não conseguia evitar de desabafar minhas preocupações. Ryan havia feito um grande esforço para me buscar, mas partiu, deixando-me confusa e insegura. E eu est