Eu não me lembro muito bem dos três últimos dias. Somente agora meu corpo começava a responder ao tratamento e apresentava uma melhora considerável. A febre já não era mais um problema, nem os delírios que me atormentavam como consequência. Minhas dores já estavam mais brandas e eu conseguia andar pelo quarto. Eu ainda precisaria enfrentar mais alguns dias de repouso até que meu problema realmente se resolvesse por completo. Eu não recordava o nome que o médico deu ao meu problema, mas era algum tipo de infecção que havia se espalhado pelos meus rins. Eu ainda estava na casa de Ryan. Como tudo acabou parecendo mais grave do que realmente era, eu aceitei ficar, mesmo demorando a admitir que isso me deixava reconfortada. Eu não conseguia imaginar o que teria acontecido se eu não tivesse aceitado seu convite anterior, sendo que o medo era mais pelo bebê do que por mim. Ele parecia sentir o mesmo, então não abriu mão de me deixar sozinha até que eu realmente estivesse melhor. Mesmo assi
Capítulo 28 - Preparações para o futuroAcordei com a luz suave do amanhecer entrando pelas frestas da cortina. A tranquilidade da manhã contrastava com os dias anteriores de preocupação e repouso forçado. De certo modo, sentia-me revigorada e finalmente pronta para encarar o mundo lá fora. O quarto e a casa já estavam se tornando partes da minha rotina diária. Estava ficando mais fácil aceitar que aquele seria meu lar por um tempo. Ryan passava a maior parte do dia trabalhando fora, ocupado com suas tarefas reais. Eu passava o tempo lendo e procurando novas notícias sobre nós, embora sempre ficasse entediada em algum momento. Então me aventurei a fazer algumas coisas na cozinha para me distrair. Quando ele estava em casa, tentava dividir um pouco do seu tempo para compartilharmos os andamentos de nossa história e os desafios como futuros pais. Naquela manhã, Ryan me encontrou no futuro quarto do bebê, onde eu revisava mentalmente os planos que tinha para o quarto. Estávamos prestes
Depois que o bebê pareceu não querer mais se manifestar, Ryan se levantou e começou a andar, olhando ao redor do quarto. Então ele deslizou a mão pela nuca, um gesto que eu estava começando a reconhecer como nervosismo.- Bianca, eu preciso te pedir um favor. - ele disse finalmente. - O que seria? - perguntei, curiosa. - Meus irmãos mais novos querem te conhecer melhor. Pensei em convidá-los para jantar aqui em casa hoje à noite. O que você acha?Tentei me lembrar dos irmãos aos quais ele se referia. Eu os havia conhecido no jantar em que Ryan me apresentou à família, mas o clima de tensão não permitiu que eu conversasse ou os conhecesse melhor. Na verdade, acho que estive tão nervosa aquela noite que não me lembrava nem de seus nomes. Mesmo assim era importante que eles me conhecessem de uma forma mais decente, e talvez isso ajudasse a fortalecer a nossa história. - Por mim, tudo bem. - concordei, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. Ryan sorriu, visivelmente a
Após uma noite inquieta, meu sono foi interrompido pelo som do meu celular vibrando na mesa de cabeceira. Alice tinha mandado uma mensagem cheia de empolgação."Bianca, já começou a planejar o casamento? Precisamos conversar sobre isso! Que tal sairmos hoje para ver uns vestidos?"Suspirei, tentando pensar em uma resposta que aplacasse sua animação sem revelar nossa verdadeira intenção. Desci as escadas e encontrei Ryan na sala para questioná-lo sobre como lidar com essa situação. Ele deixou escapar que seria bom ter ao menos sua irmã no casamento, o que me fez reconsiderar. Era nítido que ele não queria forçar a ideia, mas parecia querer ter a família nesse momento. Ryan não expressava completamente quais os dilemas que se passavam em sua mente sobre nós. No fim, parecia egoísmo não aceitar a oferta de Alice e pelo menos pensar em algum planejamento. A nossa história poderia parecer falsa se eu não demonstrasse algum interesse. E sem a Manon por perto, que assumiria esse papel em um
Ryan colocou o pendrive na entrada designada e, com um movimento tenso, abriu a pasta que continha vários arquivos. Ao abrir o primeiro, surgiu uma imagem comigo e o Matteo abraçados, sorrindo em uma das aulas que estivemos juntos no curso de verão. Meu peito começou a pesar. As fotos que se seguiram só mostravam como nossa intimidade foi aumentando no decorrer daquela época. A maioria delas eram fotos que eu mesma já tive e não entendia muito bem o que a rainha queria mostrar com aquelas imagens. Eu tive um ex-namorado, e no que isso poderia interferir em tudo o que estava acontecendo? Eu não conseguia ver o rosto do Ryan. Ele estava sentado e eu de pé, atrás dele. Sua postura ainda permanecia imutável. Foto após foto as coisas não pareciam fazer algum sentido. - Essas fotos são de uns oito anos atrás. - disse eu, tentando manter a calma - De quando nos conhecemos e fizemos um curso juntos. - Bianca, só... só espera. - a voz do Ryan ficara mais grave. Ao passar por todas as imagen
O quarto de hotel era pequeno e simples. E, por mais aconchegante que ele pudesse parecer, eu ainda estava incomodada. As paredes pareciam fechar-se sobre mim, aumentando minha sensação de isolamento e desamparo. O silêncio parecia me sufocar enquanto eu me jogava na cama, tentando processar tudo o que tinha acontecido. As imagens do vídeo, a reação de Ryan, e a jogada da rainha. Eu não imaginava que as ameaças dela fossem chegar a esse ponto. Ela realmente parecia ser capaz de fazer qualquer coisa para manter tudo sob seu controle. Ingenuamente, acreditamos que nosso plano daria certo, mas ela certamente não poupou esforços para nos enganar e vencer.Tentei me distrair com o celular, mas as postagens apareciam involuntariamente. Já haviam páginas publicando suposições sobre mim e Ryan. Fontes anônimas e confiáveis alegavam que poderia haver uma gravidez à caminho. Outras confirmavam o planejamento de um casamento real secreto. Minha cabeça girava com as publicações das novas teorias.
A consulta médica era a única coisa que eu tinha certeza que precisava fazer, apesar do turbilhão de dúvidas e emoções que me consumiam. Fui ao consultório com a esperança de encontrar Ryan, imaginando que ele também estaria ansioso para saber sobre o nosso bebê. Ele mesmo tinha agendado para que pudéssemos apressar e obter os resultados dos exames que demoravam tanto. No entanto, ao chegar no consultório, a ausência dele me deixou com uma sensação ruim.Sentei-me na sala de espera, sentindo-me mais sozinha do que nunca. Tentei imaginar que ele apenas estivesse atrasado e que fosse chegar a qualquer momento, mas a espera foi em vão. Ele havia dito que não poderíamos mais nos encontrar, mas não esperava que ele deixasse de se informar sobre o bebê. A cada minuto que passava, meu coração parecia ficar ainda mais pesado em meu peito. Então a recepcionista chamou o meu nome e eu a segui, tentando manter a compostura. Ele realmente não viria. O médico foi gentil e atencioso. Ele fez todas
Consegui pegar um voo no dia seguinte. Enquanto esperava pelo voo no aeroporto, a ansiedade crescia a cada minuto. Olhava ao redor, esperando vê-lo a qualquer momento. Confesso que, no fundo, esperava que o Ryan aparecesse para me impedir de partir, dizendo que tudo poderia dar certo e que eu não precisaria enfrentar as coisas sozinha. Não sei se isso me faria ficar. De qualquer modo, não aconteceu. Ele não apareceu. Voltar para a Itália acabou sendo mais doloroso do que eu imaginava que seria. Cada quilômetro percorrido parecia acertar meu coração como um golpe. Durante o voo, minhas emoções oscilavam entre raiva e tristeza. Também não conseguia parar de me sentir injustiçada. Mesmo assim, estava decidida. Precisava ser forte, não só por mim, mas principalmente pela criança que eu carregava.Senti um certo alívio ao desembarcar. Estava de volta ao meu território, um lugar que conhecia e onde podia encontrar algum consolo. Era como se eu tivesse voltado ao início da história, um bom j