Já havia se passado quase uma semana desde o meu encontro com a rainha. Eu ainda não tinha tido coragem de sair do apartamento. Ficava a maior parte do dia deitada, fingindo estar de repouso, quando na verdade era por estar completamente desanimada. Não era fácil processar tudo o que estava acontecendo. Parecia que minha vida estava perdendo o rumo sem que eu pudesse controlar nada. Depois do encontro com a rainha, tudo começou a parecer ainda mais complexo. Queria poder dizer que eu superaria tudo e que não ia me importar com o que fosse acontecer, mas a verdade era que tudo me preocupava, principalmente o bem estar do bebê. Ryan tentava manter contato comigo pelo telefone. Ele dizia que preferia não arriscar me expor vindo me encontrar. A princípio eu achei tudo um grande exagero, como se ele estivesse dando apenas uma desculpa. Entretanto, uma rápida pesquisa na internet sobre a família dele já era possível entender o quanto de atenção eles podiam chamar, por qualquer coisa. Ele di
O vestido tinha um ótimo caimento. Meu colo exposto no decote canoa e o evasê se estendia desde a cintura. Eu já podia ver as mudanças no meu corpo. Meus seios estavam um pouco maiores e, por vezes, doloridos. Também era possível ver uma leve protuberância no meu abdômen, que o vestido conseguia disfarçar. Mesmo assim eu me sentia bonita. Assim que eu havia colocado meus brincos, meu celular apitou com uma mensagem. Ryan havia chegado pontualmente às 19h. Quando eu mandei uma mensagem mais cedo agradecendo o presente, havia combinado os detalhes do encontro. Um encontro só pelo fato de que nos encontraríamos, certo? Mas o vestido era um presente dele, um lembrete constante de suas intenções. Eu tinha deixado de lado o pensamento de sua oferta de casamento até então. A ideia de me tornar parte da família real era, no mínimo, assustadora. De qualquer modo, precisaríamos conversar e, talvez, até conviver. Entretanto, frequentemente me parecia um bom plano fugir e desaparecer. Eu me despe
Muitos pensamentos e sentimentos estavam embaralhados na minha mente. Depois da intensa conversa com Ryan, minha mente não conseguia se acalmar. A claridade do amanhecer já entrava no meu quarto, e eu ainda não tinha conseguido dormir. Havia muitas ponderações a considerar, mas quanto mais eu pensava, mais encurralada eu me sentia. Decidi me trocar e fazer a única coisa que conseguiria me distrair naquele momento. Cozinhar sempre deixou minha mente clara e focada. O aroma dos ingredientes se misturando me dava uma sensação de controle em meio ao caos interno. O café da manhã seria um pouco mais exagerado do que o necessário.Comecei a fazer tudo o que via como possível enquanto abria os armários e a geladeira. Havia um bolo assando, pães na torradeira e panquecas e ovos mexidos prontos. Talvez eu devesse fazer uma calda de chocolate. Eu estava lavando algumas uvas e morangos quando ouvi a porta do quarto do Matteo se abrir, mas ele tinha ido direto para o banheiro. Eu estava terminand
Eu ainda não entendia como aquilo podia ter acontecido. Eu ainda estava envolvida em seus braços, mas agora Matteo dormia profundamente. A paixão e o desejo deram lugar apenas ao arrependimento e a culpa. Eu fui ingênua em esperar que tudo pudesse se resolver com a despreocupação de um passado nostálgico e novas promessas. Era muito prematuro falarmos de amor e de futuro quando eu não estava mais certa sobre meus sentimentos. Quando nos conhecemos, Matteo deixou claro que nunca iria criar raízes, mas eu o encontrei noivo há pouco tempo. Agora ele dizia que me amava e fazia promessas que eu queria e precisava ouvir. Eu queria muito acreditar, mas eu sentia profundamente que não devia. Desvencilhei-me cuidadosamente para não acordá-lo. Quando consegui sair da cama, fui direto para o banheiro. Via meu reflexo no espelho esperando não fazer parte dessa realidade. Eu estava deixando minha história ainda mais emaranhada em problemas. Eu estava arrumando a cozinha quando Matteo chegou, me ab
Eu já estava acordada muito antes do meu celular tocar com o despertador. Aproveitei o tempo para fazer uma meditação rápida, me alongar para aliviar a tensão nos músculos, e preparar um café da manhã saudável. Me sentia mais disposta e centrada depois de uma noite agitada de pensamentos. Já haviam se passado dois dias e Matteo ainda não tinha voltado para casa. Demorei um pouco, mas aceitei que isso não era um problema meu. Mesmo assim, a ausência de Matteo deixava um incômodo. Eu me perguntava se ele estava bem, se voltaria e, principalmente, se conseguiríamos resolver nossas diferenças. A culpa de tê-lo afastado se misturava com a raiva por ele não ter tentado mais. Mesmo que a princípio eu estivesse me sentindo culpada por rejeitá-lo de certo modo, ele foi quem havia decidido ir embora em vez de conversar e decidir as coisas de uma maneira mais sensata. Ou de pelo menos escutar e entender o meu lado. Ryan ficou responsável por acertar os detalhes com meu novo médico. Provavelmente
- Bom dia senhora, aqui é paramédico Taylor. Você conhece Matteo Rossi? - disse uma voz grave do outro lado da linha - Ele sofreu um acidente, mas está estável. Estamos levando-o para o Hospital St Thomas.Olhei para o relógio, que marcava pouco mais de três horas da manhã. Eu acordei com muita dificuldade quando ouvi o toque do celular. Mas um choque percorreu meu corpo e me despertou completamente ao entender o que aquele homem me informava ao telefone. Tentei trocar de roupa o mais rápido possível e torcer para que houvesse táxis disponíveis naquele horário. Deixei o ressentimento de lado. Tudo o que eu desejava era que ele realmente estivesse bem. Que tipo de loucura andava fazendo só para ficar longe de mim e aparecer de volta nessas circunstâncias? Cheguei ao hospital e corri para a recepção, pedindo informações sobre Matteo. O resgate já o tinha deixado ali e ele já estava sendo atendido pelos médicos de plantão na emergência. Meu coração batia rápido, e a preocupação crescia a
Já haviam alguns minutos que eu estava parada na frente da janela do quarto, observando a cidade abaixo. As luzes começavam a se acender, uma a uma, à medida que a noite caía, enfatizando a minha melancolia. Senti um nó na garganta ao pensar em tudo o que havia acontecido. Eu me arrisquei um pouco indo direto ao apartamento do Matteo buscar minhas coisas. Era melhor fazer isso enquanto eu tinha certeza de que não o encontraria em casa. Não ia querer ouvir qualquer tentativa de desculpas dessa vez. Talvez eu fizesse uma loucura se o reencontrasse. Depois pedi ao taxista que me levasse a um hotel o mais longe possível daquele lugar.Meu celular vibrava constantemente em cima da mesa. Imaginava exatamente o que poderia ser e, por isso, eu tinha evitado conferi-las até agora. Havia algumas ligações perdidas do Matteo e várias mensagens pedindo desculpas, ou dizendo que se explicaria, ou pedindo para que eu retornasse a ligação, ou - a melhor de todas - voltasse ao hospital pois a Amanda já
Ryan agendou uma visita ao registro civil local para darmos início ao nosso processo. Por mais que fôssemos tentar ser discretos, algumas legalidades não iam nos permitir permanecer no anonimato. O fato de estar na realeza não o isentava das burocracias e ainda exigia o cumprimento de protocolos específicos. O primeiro passo necessário era que nós notificássemos o casamento. Essa notificação ficaria disponível para visualização pública. Isso permitiria que qualquer pessoa que tenha objeções legais ao casamento possa apresentá-las ao registrar um aviso formal. Seria questão de tempo até que a notícia viesse à tona e meu anonimato finalmente tivesse fim. Eu tentava imaginar várias formas de me preparar, mas não fazia ideia da magnitude e relevância que poderia realmente tomar. Aceitar a proposta precisaria levar em consideração muito mais coisas que eu imaginara inicialmente. Casar com um príncipe parecia uma história um conto de fadas, mas as implicações só me causavam ansiedade e preo