A noite passada com certeza foi a pior da minha vida, acordei diversas vezes à noite, em outros momentos eu sonhava, eu até podia sentir o que aquela estranha estava sentindo, a sensação quente, o suor gelado descendo pela linha da coluna.
Estou parecendo um zumbi, olhos baixos, ombros caídos, a sensação é de exaustão e sono, mas não posso dormir, porque eu posso sonhar novamente com aquelas cenas e meu estado só vai piorar.—Até o mês que vem, você vai trabalhar na campanha daquela empresa de cosméticos, certo? —O senhor Hilton me perguntou agora que estou na sala dele.—Se o senhor quiser, claro. —eu respondi.—Não quero, eu preciso de você lá, você é a mais criativa, sei que vai elevar ainda mais o nome da empresa. — ele disse e sorriu. —Andria, com o aumento de cargo, também vem o aumento de salário, esse mês já vem tudo certinho.O senhor Hilton tem vários defeitos, inclusive o de dormir com funcionárias, mas desonestidade não é um defeito dele.—Obrigada senhor, darei o meu melhor. —eu respondi.Passei a manhã inteira na sala de marketing com meus colegas debatendo sobre a melhor forma de divulgar uma empresa que é relativamente nova no mercado da beleza.—Podemos chamar uma atriz, as pessoas vão associar o rosto dela à marca. —Um dos rapazes, Andrew, que trabalha com isso deu a ideia.—Sim, mas uma atriz famosa pode custar caro e a empresa é nova, o orçamento é limitado. —Comentei.—E se for uma jovem atriz? Alguém que está começando agora? Seria bom para os dois lados. —ele rebateu.—Então, comecem a ir atrás de uma, amanhã me tragam uma lista de possíveis mulheres atrativas e não tão caras. —comentei brincando, o resto do pessoal sorriu e nós demos continuidade ao trabalho.Quando eu ia saindo, Andrew me chamou.—Vamos almoçar em um restaurante de comida asiática aqui perto, você vem?Comida asiática não é muito a minha praia, acho que só provei umas duas vezes na vida, acho que meu rosto denunciou meus pensamentos pois ele riu.—Mas lá também faz o que você pedir.Olhei no relógio e realmente já estava na minha hora de almoço, decidi aceitar.—Muito bem, vamos.A equipe estava animada, tagarelando vários nomes de mulheres que eles achavam potencialmente bonitas para esse trabalho.Eu não era muito enturmada com eles porque eu trabalhava com outro pessoal, Andrew diminuiu o ritmo para que eu ficasse junto de todos e puxou assunto.—Eles estavam ansiosos para trabalhar com você.Eu o encarei por alguns segundos e ele abriu um sorriso, covinhas bonitas se formaram e seus olhos pareciam brilhantes.—Por que? —questionei.—Hilton fala muito bem de você. —ele disse.Eu levantei a sobrancelha curiosa.—Hilton? e não Sr.?—Eu sou amigo dele, um amigo jovem. —ele brincou.Fomos conversando confortavelmente até o restaurante que fica do outro lado da rua, encontramos uma mesa grande e nós sentamos todos juntos.—Andria, você é casada?—Você tem filhos?Eles me bombardearam com uma enxurrada de perguntas.—Calma, gente, não sejam indiscretos. —Andrew respondeu.—Desculpe —Os três disseram juntos.—Não, está tudo bem, eu não sou casada e nem tenho filhos, terminei um noivado há um mês atrás, mais ou menos. —comentei.—Dificil de acreditar, você é tão bonita. —a única mulher da equipe, Nikki, me disse.Ela é uma dessas jovens mulheres que amam cultura nerd, usa bastante roupas temáticas de seus animes preferidos, cabelo longo e franjinha, ela é uma fofa.—Obrigada, você também é, Nikki.—sorri. —Mas é verdade, ele não acostumou com meu amor pelo trabalho. Ou achou alguém melhor.Comentei sorrindo e todo mundo gargalhou.—Vai ser um grande esforço, encontrar alguém melhor. Pelo menos, fisicamente falando. —Andrew comentou.O resto do pessoal se perdeu em uma conversa e eu passei um tempo encarando-o antes de agradecer.—Obrigada, mas sou uma pessoa comum de beleza comum.—Para ser incrivelmente atraente não precisa ser incrivelmente linda. —ele respondeu.—Você é casado? —perguntei.—Não, divorciado há um ano.Balancei a cabeça em afirmação e me juntei a conversa dos demais.Em algum momento quando eu estava comendo, senti um formigamento nas costas, olhei ao redor e não encontrei nada demais, concluí que ainda era o efeito do dia anterior.Andrew se ofereceu para pagar a comida de todos, como um presente de boas vindas para mim. Comecei a reparar melhor em seus traços, ele é um homem bonito.Quando saímos da mesa para sair do local, eu virei as costas e foi então que eu entendi o motivo de ter sentido o formigamento um pouco antes.O homem do elevador estava ali, conversando com mais dois homens, uma mulher estava sentada ao seu lado e meu olhar também caiu sobre ela, usava um vestido justo, salto, sua mão estava solta no braço da cadeira, quase tocando o braço do homem.Franzi a testa estranhando meus pensamentos, eu já vi esse homem além do elevador, mas não consigo decidir de onde, me senti estranha ao ver uma mulher tão perto dele, mas imagino que seja sua esposa ou namorada, pela forma que ela sorri para ele.—Vamos? —Andrew tocou em meu ombro e me empurrou gentilmente para a frente.Antes de estar exatamente ao lado deles, o homem levou um copo de bebida a boca e foi então que ele fez contato visual comigo, antes do líquido tocar seus lábios, ele fez uma pausa de alguns segundos, enquanto me olhava.Os pelos do meu corpo se arrepiaram e eu tive que me forçar a desviar o olhar, eu tenho certeza que o conheço de algum lugar.Quando saí porta a fora, percebi que estava prendendo a respiração, minhas mãos estavam suadas e o formigamento nas costas havia voltado.—Você está bem? —Andrew perguntou.—Oh, sim. VamosVoltei para a empresa mais confusa do que ao chegar esta manhã, para me livrar desses pensamentos estranhos, Karine me atormentou a tarde inteira, eu até agradeço por isso, por desfocar minha mente daquele homem.Ao chegar em casa, a noite, eu demorei a ir direto ao quarto, jantei antes mesmo de tomar banho, apenas passei o tempo que podia na sala, preocupada com o que veria pela janela. Finalmente criei coragem de entrar no quarto e acendi apenas o abajur.A cortina da frente estava fechada, mas minha mente não decidiu se fica triste ou feliz por isso. Decido que tomar um banho é a cura para esse estresse. Nada de água quente, uma água fria é o suficiente para me manter sã e me dar uma noite de sono tranquila.Ao chegar no quarto, quase gritei quando olhei para a frente sem querer e lá estava ele, mas dessa vez estava sozinho. Usava uma calça moletom, estava em pé, exatamente de frente para mim, olhando para meu quarto.Me odeio por não fechar a cortina, me odeio por dar um passo a frente e tocar no meu vidro, enquanto aquele homem de olhos sombrios me encara como se eu fosse uma presa que ele odeia, mas que é obrigado a destroçar.—Quem é você? Por que você fica me olhando? —perguntei alto com a janela aberta.Ele vai até sua mesa e enche uma taça com o que eu imagino ser vinho, volta até o vidro e bebe um pouco, balança a taça e continua me encarando, sem sorriso, sem nenhuma expressão perceptível.—Você é um tarado? —perguntei novamente, mas ele continuou em silêncio.Minhas mãos agem sozinhas dessa vez, elas vão até onde a toalha está amarrada ao redor do meu corpo e fica ali, ameaçando derrubar o pano no chão, ele bebe do vinho outra vez, mas quando minha mão finalmente abre o tecido, para deixar cair, ele vira o rosto bruscamente para o lado e me dá as costas.Ele segue até a mesa e pega um telefone, atende e coloca a taça ali, minha dignidade foi salva por essa m*****a ligação, faço o que deveria fazer toda noite antes mesmo de tomar banho, fecho as cortinas e me jogo na cama ofegante.Acordei com a certeza de que começar a frequentar a academia do prédio seria uma boa solução, vou ficar cansada e depois de um dia inteiro de trabalho, vou chegar em casa e apenas dormir, sem ter tempo de olhar a janela alheia. Mas não é tão fácil assim, antes mesmo de ir trabalhar eu já estou toda quebrada, acho que peguei pesado demais. Por coincidência, Andrew estava chegando no mesmo momento e entramos no elevador juntos. —Bom dia—Bom dia, Andria. Animada para mais um dia? —ele brincou. —Eu estava, mas acabei tendo a péssima ideia de fazer exercício antes de vir, estou toda moída. —Ah, isso faz bem para a saúde, você se acostuma. —ele comentou enquanto subimos de andar. Dei uma rápida espiada em Andrew, braços definidos, mas suas roupas não são muito justas, ele parece mesmo alguém que cuida da aparência. Antes que eu pudesse pisar o pé para fora do elevador, meu telefone toca, pelo visor vejo que é minha mãe. —Mãe, bom dia. —Bom dia, se não ligo para você, você simplesme
O dia estava nublado e cinzento, acordei com uma dor de cabeça pequena, ainda no começo, mas que já me deixava muito desconfortável, peguei um remédio na mesinha de cabaceira e bebi um pouco de água para ajudar a descer. Meus olhos teimaram em ficar fechados, está muito frio, mas não consigo sair para trabalhar sem tomar um banho. Por isso, me arrastei até o banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto na água fria e tomei um banho para despertar. Acabei esquecendo completamente do motivo de minha cortina estar fechada e as abri, para deixar o pouco de luz que tinha entrar. Dei de cara com o quarto do apartamento da frente, mas não foi isso que me chamou atenção. Parado, de frente para a minha janela, estava ele, o homem que me olha de forma intensa, prestes a me devorar até o último pedaço. Estava vestido com uma calça social, sem blusa ainda, tinha uma xícara de café ou chá na mão, estava com o antebraço encostado no vidro e a cabeça apoiada nele. Quando eu ia fechar a cortina, e
Felizmente o final de semana chegou e eu posso aproveitar para espairecer a minha mente, cada vez que eu penso sobre aquele homem do trabalho e meu vizinho de janela, alguma coisa não bate, alguma coisa está errada. O senhor Hilton me pediu que adiantasse o contrato com a O.J Eng. ele disse que o CEO e dono da empresa solicitou que o prazo fosse adiantado, eu aceitei, já que até recebi uma parte do pagamento. Apesar de ser sábado, tirei o dia inteiro para fazer compras, limpar o apartamento e de vez em quando, dar uma espiada na janela do meu vizinho, mas a cortina está fechada. Logo após o almoço, Andrew me ligou, eu fiquei surpresa com isso, pois não acho que nossa relação esteja nesse patamar.—Andria —Oi, Andrew. Ultimamente ele fez diversas brincadeiras sobre como nossos nomes se parecem, vez ou outra fazendo alguma insinuação amorosa, eu não ligo de brincar, mas esse tipo de coisa não me deixa confortável. Entrei no quarto para pegar meu cartão, o entregador de pizza dever
O.J Estou obcecado por Andria Alencar, uma brasileira que trabalha alguns andares abaixo e coincidentemente vive em um apartamento de frente para o meu, eu não vivo lá, é um apartamento de refúgio, onde eu vou para beber e foder em paz, sem contaminar a minha casa.Mas, com ela tudo é diferente, Andria me pegou transando com uma mulher e ao contrário do que eu imaginei, ela não fugiu, eu não fechei a cortina e ela assistiu tudo. Não foi assim que eu imaginei a minha vida aos trinta e oito anos, viúvo, podre de rico, vivendo a vida como um solitário de merda. A falta da minha falecida esposa acabou comigo nos primeiros anos, mas depois eu acostumei a viver com sensação de vazio. O que me incomoda tanto na vizinha é que eu esqueço de tudo quando estou perto dela, é uma sensação que eu nunca senti, nem no meu casamento, eu simplesmente a vejo e meu sangue parece ferver nas veias, ela tem um cheiro afrodisíaco que me deixa duro e imaginando todo tipo de perversão. —Senhor, a reunião c
Meu atual cliente e chefe. O homem na minha janela e o estranho do elevador são a mesma pessoa e ainda por cima é o dono da empresa que atualmente estou prestando meus serviços. Ele continua com aquela aura de intocável e misterioso, sempre contido, voz grossa e rouca, ele tem a mania de entrar no elevador comigo e cheirar perto do meu pescoço, é uma atitude suja e muito suspeita que me deixa quente e suando frio. O senhor O.J é implacável em suas decisões, ele nunca volta atrás naquilo que decide. Eu já apresentei duas propostas e ele não gostou de nenhuma. —Se o senhor me disser exatamente aquilo que gostaria, facilitaria muito o processo. —eu disse no meio de uma reunião. —Mas então você não seria necessária. —ele rebateu. Eu tive que respirar fundo, eu simplesmente o odeio quando estamos na empresa, diferente de quando estamos em casa que ele me faz gozar somente ao me observar. —Ok, pensarei em outra proposta e amanhã eu apresento. —respondi. Ele apenas acenou e deu contin
Antes de ir trabalhar na manhã seguinte eu precisei de um ritual de muita coragem, passei quase meia hora no espelho dizendo a mim mesma que eles são duas pessoas diferentes, um é meu chefe e o outro é o homem que me fez usar um vibrador e gozar para ele na noite passada. Aqueles olhos sombrios e aquele sorriso sacana que ele me deu assim que eu caí na cama depois de ter dado a ele um show completo, vai ficar na minha cabeça por muito tempo. Ele deixou cair a toalha e eu pude ver o tamanho dele, pela primeira vez ele também me mostrou algo, nosso jogo subiu a um patamar diferente hoje, está tudo muito intenso, minha sanidade está indo junto com a água do banheiro quando eu me lavo, pelo ralo. Eu sempre fecho a cortina depois do que fazemos, mas na noite passada eu deixei aberta, então dormimos de frente um pro outro, de forma que ele me viu também esta manhã. Acabei descobrindo que este apartamento não é a residência principal dele, mas não fui perguntar os motivos, não é da minha
Meu chefe e voyeur está parado na minha porta, sua roupa social caindo perfeitamente em seu corpo forte, o senhor O.J está me encarando de uma forma pervertida e obsessiva que me deixa de pernas bambas. —Senhor O.J... —eu falei surpresa. —Então.... você sempre recebe colegas de trabalho a essa hora? —ele tornou a perguntar. —Não, eu... eu achei que fosse outra pessoa. —respondi baixo. Abri um pouco mais a porta e o convidei para entrar, o senhor O.J ficou parado me olhando enquanto eu fechava a porta.—Achou que fosse quem? —ele questionou. —Bom, é que você se apresentou na portaria como um colega de trabalho e eu achei que talvez poderia ser alguém da minha empresa, o senhor não é meu colega de trabalho. —respondi. Fui colocada na parede quando ele segurou em minha cintura, o toque de suas mãos em minha pele quase me fez gemer baixo, ou talvez eu tenha feito só um pouquinho. —E o que eu sou, então? —ele perguntou com o rosto muito próximo ao meu. —O senhor é...—Tsc tsc tsc,
Eu não sei como vou olhar para o senhor O.J hoje, quando acordei ele já não estava mais lá, embora eu saiba o real motivo dele ter ido embora cedo. Não estamos em um romance, não somos amigos e nem planejamos um futuro juntos. —Andria, você já conseguiu entregar a proposta ao chefe? Fui questionada logo quando cheguei esta manhã, eu ainda não havia avisado aos meus colegas que entreguei todo o roteiro da publicidade da empresa. —Oh, sim. Eu entreguei, finalmente ele gostou de alguma coisa. —comentei. —Perfeito, então a partir desta semana vamos começar a planejar isso. —ele respondeu. Embora minha cabeça não esteja preparada para isso, eu gostaria de vê-lo novamente, eu me lembro perfeitamente de cada movimento que ele fez na minha cama, cada palavra sussurrada em meu ouvido e demais ações. A hora não passou, foi a coisa mais horrível desse dia, na minha cabeça já estávamos na hora do jantar e no relógio ainda marcava onze e vinte da manhã. Eu tive um tempo livre depois que fiz