Tudo esteve tranquilo durante cerca de um ano na vida da menina do sono profundo. O episódio de longas noites não se repetia há algum tempo. As noites estavam sendo aparentemente mais tranquilas. Mas algo era de se notar. A mudança constante de comportamento da menina de cabeços encaracolados tornou-se um fato. Ela a cada dia que passava estava mais retraída e introvertida. Preferia o interior de sua casa ao calor do sol do mundo exterior.
— Querida, você já comeu alguma coisa hoje?
— Oi mãe. Não estou com fome. Obrigada.
— Mas você precisa se alimentar meu bem.
— Não quero! Eu já disse pra não me incomodar! Prefiro ficar quieta no meu qua
Capítulo 13O rio corre vermelhoO céu cai em sua cabeçaOutra morte à frenteA queda do oesteEu te darei o meu ódio ao invés deBanho de sangue e alémO rio corre vermelhoBem vindo ao fimBloodbath está em toda parteNo reino do terrorO ódio da terra(Soulfly)Capítulo 14 Sentada em uma mesa estava sozinha, porém à sua volta haviam pessoas que ela nunca tinha visto. O ambiente era hospitalar. O chão encerado, as paredes brancas, as janelas estavam fechadas e em locais altos. Reparou que
Remanso, Bahia, 1974. Envolta em cobertas, despertava em sua cama. Espreguiçava-se esticando os músculos ainda deitada. Tinha preguiça de se levantar. Rolou para um lado, minutos depois para o outro. Não conseguia mais alcançar o sono. Quando abriu seus olhos Rita estava em seu quarto. Vestida com uma camisola rosa claro de um tecido que imitava a textura de seda. A cor azulada, trazida pela luz refletida da cortina de tal tonalidade, trazia um sentimento de calmaria ao ambiente. Colocou seus chinelos, arrastou seus pés ao banheiro e foi fazer sua higiene matutina.Fez um rabo de cavalo em seus e amarrou os cabelos com um elástico preto. Saiu para o café da manhã. Sabia que ainda era cedo. Não fazia tanto calor e os pássaros cantavam lá fora, como costumeiramente nesse horário. Não demorou muito est
O POLICIAL — Atenção viaturas do 9° BPM, temos informações de uma tentativa de assalto a um supermercado na Rua Antônio Perrota, em Rocha Miranda, na altura da Estrada do Barro Vermelho. Repetindo, temos informações de uma tentativa de assalto na Rua Antônio Perrota, em Rocha Miranda, na altura da Estrada do Barro Vermelho. Descrição de dois homens em um carro de cor preta, de placa BKX1877, está em fuga em direção a Coelho Neto, provavelmente estão se dirigindo a favela da Cafua. Precisamos de uma viatura no local para interrogar e ter informações sobre o caso. O policial estava cansado, dobrava seu turno devido à falta de homens nas ruas naquele
Há dias caminhava, vagando por onde sua vontade o levara, sempre em busca de alguma resposta do que teria acontecido com o mundo que conhecia. Sabia a cada passo que não se encontrava totalmente sozinho. As sombras e seus olhos sempre o espreitavam, estavam quase por toda parte, mas não o enfrentavam diretamente. Não sabia se tinham medo ou se simplesmente preferiam observa-lo, planejando algum tipo de estratégia para ataca-lo, ou se tinham receio de aproximar-se dele. As únicas criaturas que o enfrentaram diretamente foram o grande lince e a mão que o tocara, até aquele momento. Tinha fome e sede. Entrava em qualquer lugar que ainda parecesse decente e que possivelmente possuísse algum tipo de alimento. Pouco encontrou. A águ
Seguiam juntos dessa vez. Concordaram em ir atrás de outras pessoas, já que ambos haviam se encontrado de alguma forma naquele lugar inóspito, pensavam que poderiam ter a possibilidade de achar mais alguém além deles. Iriam em busca dos pais do menino branco, decidiram isso primeiramente, pois o garoto mais novo mostrava-se assustado e não lembrava-se sequer de seu nome. Percorreram por todo o bairro conhecido por Pedro, uma missão simples já que não era tão grande. Havia nascido ali e tinha conhecimento de todas as ruas e becos. Contudo, de nada adiantava, tudo estava diferente e vazio de vida. Os muros estavam caídos, as calçadas rachadas, as placas e toldos das lojas totalmente enferrujadas. Ficava difícil por muitas vezes se localizar, mesmo tendo conhecimento prévio do lugar. Era como se um novo bairro tivesse se reerguido, porém com aspectos desoladores.
A chuva havia parado. A água estava baixando e a cor azul estava desaparecendo. Rapidamente escorreu para os velhos bueiros e desapareciam como se não existissem mais. — Os ratos haviam morrido por causa dessa água? Assim como todos os outros animais? — Isso fazia todo o sentido, mas não tinham como ter certeza. Esperaram por mais algum tempo pra certificarem-se de que tudo estava seguro para que a jornada continuasse. — Precisamos partir. Quero encontrar seus pais e saber de onde você veio e o que aconteceu com você até chegar aqui onde estamos. Pelo jeito sofreu muitas coisas sozinho garoto e estar aqui comigo deve ser um grande alivio, mas precisamos ir atrás de respostas. Sem isso continuaremos perdidos e vagando sem rumo. &mda
Suas duas meninas eram incríveis. Lindas e maravilhosamente amáveis. Lívia tinha cinco anos, era inteligente e tinha os olhos escuros como a mãe. Possuía uma força em seus braços que não era comum em uma menina de cinco anos. Subia nos brinquedos do parquinho, se pendurava, ficava de ponta cabeça, era uma aventureira nata. Sérgio sabia que ela seria uma atleta no futuro. Era ágil e aprendia tudo de forma muito rápida. Seus olhos negros tinham uma velocidade muito boa para identificar as coisas que ocorriam ao seu redor, tinha sempre uma grande percepção das coisas que ocorriam no ambiente. Assim tão nova, já era uma criança incrível de uma presença muito grande, possuindo o instinto de imposição e presença, ainda mais quando o assunto era defender sua irmã Meliss
Estava ao lado da cama. O quarto estava escuro, mas era possível ver, parcialmente azulado, todo o seu interior pela pouca luz que entrava na janela. Via o beliche de madeira envernizado coberto de edredons. Percebeu que fazia frio. Na parte de cima do beliche a cor azul com aviões desenhados e na de baixo a cor rosa com arco-íris. As duas camas não estavam arrumadas. Duas pessoas dormiam ali, um menino na parte de cima e uma menina na parte inferior da cama. Olhou em volta, as paredes ainda estavam no tijolo aparente. Não possuíam reboco, nem pintura sobre o alaranjado barro dos blocos queimados, trazendo um ar de pobreza ao lugar. Sob seus pés estava o piso recém-colocado. Era de cor preta e branca, fazendo um desenho como de um tabuleiro de xadrez. Reparou a falta de rejunte em suas divisões. O finco entre as cerâmicas guardava poeira e areia. &