Giulia RicciardiEnquanto vestia minha roupa, senti o olhar de Lorenzo sobre mim. Me virei e o encontrei sentado na cama, me observando com um sorriso satisfeito. Ele já estava vestido, pronto para sair rumo à casa da mãe, mas parecia não ter pressa em ir. — O que foi? — perguntei, um sorriso tímido escapando dos meus lábios. — Parece até um sonho ter você aqui… e tudo o que aconteceu entre nós hoje. Meu coração deu um salto. Um sorriso se abriu no meu rosto. — Realmente, foi tudo incrível… — murmurei, ainda revivendo cada toque, cada suspiro compartilhado. Lorenzo se levantou e caminhou até mim enquanto eu ajeitava minha blusa. Ele segurou meu rosto entre as mãos, o olhar intenso, carregado de algo que me fazia perder o fôlego. Depositou um beijo suave na minha testa antes de tomar meus lábios com os seus, em um beijo lento, cheio de promessas silenciosas. Quando nos afastamos, ele manteve o olhar preso ao meu. — O que vai dizer ao seu pai? Ele já deve estar sabendo que você su
Lorenzo Salvatore A rua estava silenciosa, envolta pelo breu da noite. O único som era o farfalhar das folhas ao vento e o latido distante de um cão. Estacionei a moto na calçada e olhei ao redor, certificando-me de que não havia ninguém me seguindo. A tensão ainda corria em minhas veias, mas estar ali, na casa da minha mãe, me trazia um breve respiro de alívio.Bati na porta duas vezes. Em poucos segundos, Anna abriu. Seu rosto estava pálido, os olhos levemente inchados, e o tom choroso na voz me fez sentir um aperto no peito.— Onde você estava? — Ela me encarou com um misto de alívio e raiva. — Seu patrão esteve aqui.Meu estômago se revirou.— Domenico? — perguntei, sentindo meu corpo enrijecer.— Não. O herdeiro. Marco.Soltei um suspiro pesado, aliviado, mas ainda alerta.— Ele contou o que aconteceu — ela continuou, cruzando os braços. — Disse que a irmã dele havia sumido. Você estava com ela, não estava?Respirei fundo, tentando conter o cansaço que me consumia. Passei por An
Giulia Ricciardi O calor suave do sol tocava meu rosto quando comecei a despertar. Pisquei algumas vezes, meus olhos se ajustando à luz do dia que entrava pela janela. Respirei fundo e me sentei na cama, sentindo o peso das lembranças da noite anterior desabar sobre mim.As palavras do meu pai ainda ecoavam na minha mente como um veneno lento, corroendo cada pedaço de mim. Ele não falava como meu pai, mas como Domenico Ricciardi, o chefe frio e implacável.Meu pai nunca foi um homem de grandes demonstrações de carinho, mas sempre soube, à sua maneira, mostrar que se importava comigo e com meus irmãos. Porém, agora tudo parecia diferente. Ele estava distante, cruel, cego por algo que eu não conseguia entender. Era como se estivesse perdendo o homem que um dia conheci — e isso doía mais do que qualquer palavra dita na noite anterior.Levantei-me da cama, determinada a não deixar essa sombra tomar conta de mim. Fui até o banheiro, deixando a água fria escorrer pelo meu corpo, tentando l
Lorenzo Salvatore A cada soco no saco de pancadas, sentia a dor nas mãos aumentar. Meus punhos estavam vermelhos, mas eu não parava. Era como se cada golpe pudesse arrancar de mim a confusão e a raiva que me consumiam desde a noite passada. Dez minutos, talvez mais, socando sem parar. O suor escorria pelo meu rosto, misturando-se ao turbilhão de pensamentos. Filho de Leonardo Cavalcante. Essas palavras ecoavam na minha cabeça como uma sentença. A revelação de minha mãe parecia uma piada de mau gosto, uma reviravolta absurda demais para ser verdade. Mas ela me deu o contato do homem que contou isso a ela, e eu precisava de respostas. Assim que acordei, liguei para ele e marcamos um encontro para aquela noite, em um lugar afastado, longe de olhares curiosos. Ansiedade. Inquietação. A necessidade desesperada de entender a verdade. Quem era Leonardo Cavalcante? Como eu podia ser seu herdeiro legítimo? O que isso significava para mim? Outro soco, mais forte dessa vez. — Lorenzo? — Um
Lorenzo Salvatore Caminhei de um lado para o outro, meus passos ecoando na praça silenciosa enquanto esfregava o rosto, tentando processar tudo que Henrique havia acabado de revelar. Minha mente girava em um turbilhão de dúvidas e possibilidades, o peso das palavras dele esmagando qualquer pensamento lógico. — Lorenzo, eu sei que é muita informação de uma vez... — Henrique falou, quebrando o silêncio pesado. — Mas você precisa pensar no que está em jogo. É o seu direito. É o seu lugar. Parei abruptamente, respirando fundo, tentando organizar minhas ideias. O ar frio da noite enchia meus pulmões, mas não trazia alívio. Eu só conseguia pensar em Giulia. Se eu fosse realmente o herdeiro dos Cavalcante, isso me daria o poder que precisava. Domenico jamais recusaria uma aliança assim. Ele permitiria nosso amor. Ela seria minha, sem mais esconderijos ou perseguições. Mas como eu tiraria Vittorio do poder? Como provaria que sou mesmo filho de Leonardo? — Como faremos isso? — perg
Giulia Ricciardi Uma semana havia se passado desde a última vez que vi Lorenzo. O vazio da sua ausência era quase palpável, uma sensação constante de expectativa e incerteza que me acompanhava o tempo todo. Conseguimos nos falar apenas uma vez, através de uma mensagem que ele enviou pelo número da irmã. "Está tudo bem. Estou resolvendo algumas coisas para facilitar nosso caminho", ele escreveu. Curto, direto, sem detalhes. Mas o suficiente para acender uma faísca de esperança no meu peito. Eu torcia em silêncio para que ele conseguisse o que quer que estivesse planejando. Nesses últimos dias, meu pai parecia mais calmo. Sua vigilância sobre mim havia diminuído, e ele sequer mencionou minha frequência no curso, mesmo depois de tê-lo proibido anteriormente. Era um alívio temporário, mas ainda assim, um alívio. O que me deixava realmente desconfortável era a presença constante de Vittorio na nossa casa. Ele estava sempre por perto, como uma sombra, e cada encontro com ele fazia meu e
Lorenzo Salvatore. O interfone tocou, interrompendo meus pensamentos. Levantei-me da mesa e fui até ele, apertando o botão. — Alô? — Sou eu, Giulia! — reconheci a voz dela imediatamente, mas algo em seu tom estava diferente, tenso. Destravei a porta de entrada sem hesitar e esperei ansioso. Em poucos minutos, uma batida apressada soou na porta do meu apartamento. Assim que abri, Giulia praticamente caiu em meus braços, me envolvendo em um abraço apertado. Senti seu corpo tremer, e em poucos segundos percebi que estava chorando. Suas lágrimas molharam minha camisa enquanto ela escondia o rosto em meu peito. — Ei... O que aconteceu, princesa? — perguntei preocupado, segurando-a pelos ombros para olhá-la nos olhos. Giulia ergueu o rosto, os olhos marejados e a respiração descompassada. — Marco sofreu um acidente... — Sua voz quebrou no final da frase. As palavras dela me atingiram como um soco no estômago. Marco, o irmão dela, sempre tão cuidadoso e estrategista. Era difícil acr
Giulia Ricciardi Enquanto Lorenzo tentava rastrear provas contra Celeste, eu caminhava de um lado para o outro pelo apartamento, tomada por uma ansiedade crescente. Meu coração batia descompassado, minha mente girava em torno de todas as possibilidades terríveis que podiam estar acontecendo naquele momento. Eu estava cansada desse jogo sujo, cansada de ver meu pai ser enganado por pessoas em quem confiava cegamente. Minha família estava correndo perigo. Marco, meu irmão, estava em um hospital, lutando pela vida, tudo porque provavelmente havia descoberto algo que não deveria. Algo grande o bastante para Vittorio querer calá-lo. Tinha certeza de que ele deve ter confiado em Celeste, contado o que sabia... e ela, como a cobra traiçoeira que era, deve ter corrido para avisar Vittorio, selando o destino de Marco. Eu só queria que esse pesadelo acabasse. Queria minha família a salvo, livre das garras de Vittorio e sua manipulação. Queria que meu pai finalmente enxergasse a verdade, ace