✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩De volta à minha cela, experimentei o vazio e o silêncio outra vez. Adentrei ao banheiro e fechei a porta branca, iniciando o banho mais gelado da minha vida. Eu estava exausto.Me sentia morto.A água fria caindo sobre meus ombros enquanto eu encarava a poça líquida sob meus pés.O que eu estou me tornando está custando tão caro que... Já não consigo definir se haverá volta. Não sei se conseguirei alcançar o caminho de volta nessa estrada longa e perigosa. Eu não tenho salvação...Acabei o banho e me vesti com o uniforme laranja que disponibilizaram para mim, como troca de roupa. Era apenas tirar um laranja para vestir outro.Saindo do banheiro, avistei a caixa transparente com uma bandeja e uma marmita. Abri a pequena porta, puxando a bandeja. Também havia um copo com água lacrado, um garfo de plástico branco e um guardanapo. Eu sabia que aquelas pequenas regalias eram o luxo de uma prisão vigiada e comandada pelo FBI, mas aquela era a refeição mais simples
✩。•.─── ❁Chris❁ ───.•。✩Dormi por seis horas e acordei às duas da manhã. Tomei um banho, fiz a higiene normalmente e desci até a cozinha, carregando uma mochila pesada nas costas. Segurava as luvas na mão direita enquanto seguia pelo lance de escadas rumando ao andar de baixo.Café e carne eram a resposta.Refeição feita, me aproximei da janela para analisar as sombras da madrugada e, por um momento, me distraí imaginando o que Enzo poderia estar fazendo naquele momento longe de mim.Via a neblina como uma fumaça entre as árvores e plantas no jardim. Ansiava pelo reencontro com Enzo, sabendo que o coração que ele conquistou está esperando por ele até o dia de sua chegada.Cinco segundos de distração e voltei ao foco da missão.Subi novamente, indo ao quarto da senhorita Liza, e dei duas batidas na porta antes de girar a maçaneta.—Eu estou acordada, não se preocupe. —Reclamou, subindo o zíper do casaco moletom quando eu empurrei a porta. —Mas, eu preciso comer e ainda não são três hor
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Aquele maldito dia estava sendo um sofuco. Meus pensamentos estavam incinerando a minha cabeça.Eu estava prestes a explodir.—Parece calmo. Eu já teria surtado aqui dentro, rapaz.Taylor sempre passava por minha cela para conferir se eu não havia tentado contra minha própria vida dentro do banheiro. No entanto, eu tinha objetivos maiores do que partir para tão longe sem poder voltar, deixando Elizabeth sozinha no meio dessa desgraça para aonde eu a arrastei.—Taylor, preciso de mais cigarros. —Disse, entonando a ansiedade.—Não pode fumar o tempo todo aqui dentro. Eu não posso fazer isso por você assim. —Confessou, se afastando.Restava-me apenas dois cigarros dentro da carteira. Tirei a caixa de dentro do bolso laranja e o bati contra a palma da mão, tirando os cigarros. Inspirei profundamente e me motivei a continuar. Vamos lá, Wictor. Você ainda quer cantarolar uma música pra ela outra vez. Você quer vê-la feliz na praia de novo. Reage. Coloca a cabeça no
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Eu odiava o Chris e sua determinação. Eu odiava tudo naquela situação de merda, longe do Wictor.—Você precisa de um banho e de comida. Depois disso, senhorita Liza, me encontre no telhado. Terei que lhe dizer umas coisas. —Ele passou por mim, atravessando pelo vão da porta, e suviu pelas escadas sem falar com titia.Tia Claire olhou para mim, com reprovação.—Olha... Por favor, não briga comigo. Tá bom? —Ergui a palma das mãos como defesa, exibindo uma careta desesperadora. —Só estamos aguentando esse imbecil por causa do Wic. Ele confia totalmente nesse esquisito. —Joguei os cabelos para trás, encarando uma expressão insatisfeita no rosto de titia.—Ele é rude. É cruel. É frio. Não gosto dele, Liza. —Confessou, rumando em direção à cozinha.Eu a segui como uma sombra enquanto mexia nos tufos escuros para prendê-los com sacrifício.—Vou falar com ele, tia. Eu só... Quero comer alguma coisa quente e temperada. O tempo todo eu estava apreensiva.Com medo de que
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Romano me olhou com aquela expressão de determinação. Eu me via através do brilho ambicioso de seus olhos, e só conseguia enxergar um adolescente acuado e nervoso.—É hora de lutar por você, rapaz. Estamos juntos até o fim e eu vou pra cima deles com tudo, Wictor. Tenha certeza disso. Nunca perdi uma causa e a sua não será a primeira. —Ele apertou minha mão e a subiu num simbolismo de vitória enquanto nos encarávamos. —Pra cima deles!Engoli.Suspirei.Minha boca estava seca, grudando a língua como se estivesse com cola.Mas que porra. Por que eu estava tão inseguro? O plano com o Chris havia dado certo, não? Ou ele fracassou pela primeira vez? Talvez eu não fosse tão bom quanto vovô ou papai. Eles sabiam como controlar as pessoas e fazer o mundo girar a seu favor. Como eu pude não ser bom nisso também?Deixamos a sala e caminhamos por um corredor vazio. Eu estava de cabeça baixa, com os cabelos loiros cobrindo parte da face. Romano andava ao meu lado, com a m
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩O vídeo encerrou e algumas pessoas ainda estavam limpando o canto dos olhos. Presumi que estivessem, já que ainda ouvia os suspiros atrás de mim.—Agora, eu gostaria de chamar uma testemunha, meretíssimo. —Disse Romano, olhando para o juíz. Com o consentimento deste, Romano olhou novamente para as portas de entrada e pronunciou o nome: —Por favor, gostaria de chamar a testemunha Elizabeth Konnor.Eu congelei.Ergui a cabeça e engrandeci os olhos, virando-me abruptamente para trás, e avistei Elizabeth se levantando das cadeiras no júri.O que ela tá fazendo aqui? Por que ela veio? Eu vou matar o Romano... Mas, que filho da puta! Por que Elizabeth não ficou com titia? Cadê o Chris, caralho??Elizabeth passou por mim, mas manteve a cabeça baixa. Seus cabelos longos e castanhos caindo como cascatas de ondas ao lado de seu rosto.E sentou-se de frente para todos nós.Romano ficou diante dela enquanto ela fazia o juramento de dizer apenas a verdade e blá blá blá.—S
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩O promotor encarou Elizabeth com determinação e estufou o peito, prosseguindo.—Você sempre estava com o seu irmão?—Não. —Respondeu abruptamente. —Como eu disse, papai sempre sumia com ele.—Isso é tudo, por enquanto, meritíssimo. —Disse o promotor, retornando ao seu lugar.Elizabeth pôde voltar e se sentar nas cadeiras para assistir ao julgamento. Romano olhou para mim, e manteve o tom de voz em um cochicho.—Wictor, você vai precisar falar. É bom que explique as coisas de acordo com a sua visão dos fatos. Você sabe o que dizer para não se complicar. A gente já falou sobre isso, lembra?Eu estava com tanto medo que sentia as algemas tremendo pelas mãos.—O réu gostaria de testemunhar? —Perguntou o juíz Pietro, mantendo um olhar claramente amedrontado.Será que a missão de Chris, para com ele, havia dado certo?Foram meus pensamentos enquanto me levantava indo em direção à cadeira onde Elizabeth havia se sentado. Passei os olhos pelo juíz, mantendo a postura
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Vincenzo Romano se levantou e eu também depois que o juíz ordenou para ouvir o resumo do que houve até aquele momento.—Todos estamos reunidos aqui para uma decisão importante. O destino de um cidadão, seja ele nato, ou não, está sendo decidido no dia de hoje. Quero que os membros deste júri se lembrem sobre o que é certo e o que é errado. Sabemos que quando cometemos erros graves, precisamos ser punidos e que não há nada que possa impedir uma pessoa de ser corrigida. Mas, também sabemos que, quando somos uma pessoa correta, basta apenas um dia ruim para estarmos no lugar do réu. Em outras palavras, o seu destino pode mudar de uma hora para outra. Então, analisem as provas que foram apresentadas nesse tribunal. Vejam e revejam com cautela absolutamente tudo o que foi apresentado aqui, antes de tomarem a decisão.Eu sentia o medo quebrando os meus ossos.Não, não era o medo. Eram minhas pernas tremendo disfarçadamente.—Agora, o júri seguirá para a sala de deli