Na noite anterior, a quilômetros de distância, sob o céu escuro, coberto de belas estrelas, Wilhelm escuta um uivar ecoando na floresta. Seus nervos se travam. O medo contrai o seu corpo, tornando a sua pele numa espécie de sensor sensível, conseguindo sentir a mínima brisa da noite com extrema precisão. Ele não sabe o que fazer. Resolve escalar as pedras próximas da cachoeira. No alto, deita no chão encolhido. Fica até a madrugada de olhos fechados, mas acordado, apenas desejando não ser visto, nem cheirado.
Na manhã seguinte, Wilhelm acorda com o corpo duro e dolorido. Percebe o malefício que é dormir em cima de pedras. Desce-as ainda com medo. Atento, observa o ambiente em sua volta - muitas árvores, a queda d'água com seu barulho contínuo, e o riacho alimentado pela
Ao pôr do sol, Wilhelm corre veloz por uma estrada coberta de folhas secas - que são levantadas pelo rastro do vento de seu corpo veloz. O caminho é cercado por um corredor de árvores. A fada voa acima de seu ombro, o acompanhando.Lá - a fada aponta para um conjunto de casas de pedra branca no alto de uma pequena colina. - Pare!O menino faz uma parada brusca, levantando poeira. Franze os olhos para observar.Que casas estranhas! São bonitas, mas estranhas - afirma o garoto.Agora é hora de irmos devagar. Não podemos chegar tão rápido. Ir&aa
Mais uma vez, Wilhelm acorda pela manhã atrás da estátua. Ele verifica pela fenda se há alguém por perto. Depois, se levanta, e vai na direção de seu novo emprego. Passa a maior parte do dia trabalhando. Ordenha leite de vacas gordas, brancas com manchas, ou escuras. Enche garrafas de leite. Alimenta galinhas com grãos de ração dura. Mais uma vez, recebe três coxas de frango e um copo de leite no almoço. Mas hoje, ele guardou as três coxas, bebendo apenas um pequeno copo de leite.Depois do almoço, entregou garrafas de leite a todos os clientes. Na volta, parou no caminho, e deu uma coxa de frango para a senhora que pedia esmolas.Olá! Por quê estás no chão, e não trabalhan
Com um saco de pano preto cobrindo a sua cabeça, o garoto via apenas a escuridão. Sua respiração tornava o ar mais quente e abafado. Sentia a necessidade de coçar o nariz. Mas, suas mãos estavam amarradas para trás das costas. Nervoso, ele recolhe o polegar ao centro da palma da mão, reduzindo a largura do punho. Faz força para escapar da firme corda áspera. Se concentra na tarefa. Subitamente, o som do trinco metálico é produzido, seguido de um bater de porta, que ecoa em todo o ambiente. Sons de passos se aproximam. O garoto paralisa junto ao repentino silêncio.Dedos gelados tocam o pescoço de sua nuca. Em surpresa, o saco de sua cabeça é arrancado. A luz incomoda os olhos de Wilhelm - foram muitas horas vendo a escuridão. Quando ele se acostuma com a claridade, percebe que está e
No dia seguinte, Lean abre a porta do porão. Com medo, sem entrar, grita do lado de fora tão baixo, que parece apenas uma fala contínua:Meninoo, suuuba!Renan estava deitado de barriga para cima sob o chão de pedra sujo. De olhos fechados, escuta o chamado. Sobe as escadas do porão que circulava a parede, e se depara com a nova menina. Dessa vez, o seu cabelo estava cortado até o ombro, e usava roupas brancas.O que houve?Hewllar cortou meu cabelo - responde afastada, sem olhar para o menino. Era uma madrugada fria e escura. A lua, escondida entre o mar de nuvens cinzas, aparecia em uma fresta no céu. Faltavam cerca de uma hora para o sol nascer. O mago de tûnica branca subia a ladeira carregando em seu ombro um longo tapete enrolado. Atrás, Taru carregava outro tapete, com dificuldades.Humberct e Hewllar os esperavam na porta de casa.Prenda o Rufos - diz o irmão.A menina veste a corrente no cachorro, e o puxa até uma árvore, onde o prende com cadeado. Os convidados se aproximam da porta, trocam olhares e sorrisos entusiasmados.Então ficaram amigos? - Pergunta o gigante.12- O Ritual
Arthur, Laron, Bryan e Ailin cavalgam cansados dentro de uma floresta densa. Os irmãos estão em um cavalo, e os dois amigos estão no outro.Arthur, eu não aguento mais! Quero parar. Preciso comer.Ailin, eles estão próximos.E daí? Se fugirmos, morreremos de fome! Estamos perdidos! Não posso continuar!Estou morto de sede - afirma Laron. - Não sei se aguento mais.Humanos - exclama Bryan!
Arthur e seus amigos, montados em seus cavalos, cavalgam sob uma grande ponte vermelha que leva à entrada de uma gigante cidade fundada sobre um largo morro de pedras. A cidade é protegida por muros brancos colossais, que quase tocam o céu. Todos observam impressionados o alto portão da cidade, mais alto do que 5 homens. Após cruzarem o portão, no caminho, sobem uma larga ladeira de chão de pedras retangulares e cinzentas. Em volta da ladeira havia casas com paredes de pedra, também retangulares, mas suas cores variam em diferentes tonalidades de branco e cinza. Suas paredes são geminadas, grudadas umas nas outras. A visão era harmoniosa nas cores. No chão, predomina o cinza, com toques verdes de uma vegetação rasteira que brotava pelas cavidades das pedras. Nas paredes, uma variação entre cinza claro, escuro e branco, com muros contínuos, parecendo um castelo - mas eram casas. O céu
Com o corpo debruçado em uma árvore e o braço tapando a própria visão, Arthur começa a contar em voz alta - “1, 2, 3, 4…” Ele falava cada número com firmeza, quase gritando. Ao mesmo tempo, o menino sentia o cheiro peculiar de natureza naquela árvore.A alguns metros dali, todas as crianças de sua vila corriam juntas na mesma direção, fugindo de Arthur. Carregavam alegria e inquietação pela brincadeira. Entreolharam-se ao correr, dividindo a simpatia da animação. Wilhelm era um dos meninos mais novos do grupo, tinha apenas 10 anos. Seu cabelo era castanho claro. Por ser o mais novo e mais lerdo, no início da brincadeira, ele sempre tinha a mesma visão das costas das outras crianças correndo em um campo cercado de árvores paralelas, formando um corredo