Egil se irrita com o comando de Whaldar. Observa Cleoziou. Reconhece que é um sujeito forte. Se sente ameaçado por seus grandes músculos. Esse sentimento de medo desperta raiva e desejo de matá-lo. Se imagina golpeando-o com uma lança, e então, passa a sorrir. Enquanto fantasia, um corvo pousa no ombro de Whaldar. Segundos depois, este continua o comando em voz alta.
Tarellas encara o seu novo adversário, que lhe responde com um sorriso debochado, articulando os lábios sem sentido.
Cleoziou observa Humberct. Nunca havia visto uma pessoa tão alta. Poderia ser considerado um gigante para os demais. Seus cabelos eram loiros, longos, presos para trás, com tranças em algumas mechas. Sua barba também era grande, apesar do seu rosto ser jovem e atraente. O barbudo começa a temer por seu irmão.
Arthur reclama:
Arthur, pensativo, responde:
As crianças e o pai correm para a carroça. Os três inimigos reservados a Bryan também correm atrás. Observando o perigo, Cleoziou encara o gigante sorridente por um tempo, levanta o seu martelo de guerra, se prepara para a batalha, mas, dá as costas ao gigante loiro e corre veloz, com saltos curtos atrás dos outros três inimigos que correm na direção de seu irmão menor. Ao se aproximar, mira no homem do meio, que era o último entre eles, e então, salta muito alto, levantando seu martelo de guerra para cima, e, acerta uma estrondosa martelada no capacete do homem, que cai morto.
Os dois homens restantes observam a martelada pelas suas visões laterais. Pararam de correr, e se viram contra Cleoziou. Encararam surpresos seu inimigo. Começam a circulá-lo com seus olhos sérios, determinados, domando seus arrepios trêmulos perante ao perigoso semideus. Rapidamente, Humberct salta mais alto, caindo dez metros à frente de Cleuziou. E então, o questiona com uma risada:
O pai de Arthur e as crianças já alcançaram a carroça. Os dois inimigos que sobraram os avistam de longe, e correm em suas direção. O pai se agacha de costas para a lateral da carroça. Segura-a em um vão com as duas mãos, e usa toda a sua força para tentar desvirá-la, levantando apenas um lado, ao mesmo tempo que observa os dois invasores se aproximando. Com ajuda de Laron, Marlon e Bryan conseguem levantar uma de suas bordas, e vão a empurrando para o alto e para trás. Arthur e Renan aguardam os inimigos com seus machados.
Perto dali, Egil se aproxima de Tarellas, que o aguarda segurando o tronco da pequena árvore.
Egil se irrita, reagindo com uma careta séria e surpresa, abrindo a boca, forçando levemente os lábios, demonstrando ser uma resposta inesperada. Mas respira, e tenta mais uma vez:
Na batalha, uma menina
Que sem lutar, já me domina
E meu coração, tu arruina.
Tarellas cansa-se da faladeira e parte para cima de Egil. Usa o tronco como bastão, e desta vez, já acostumada com o peso da arma, consegue acertar o tempo da investida, forçando Egil a se defender atrás de seu escudo, que se rompe ao meio, acertando o seu braço. A dor foi enorme! Mas Egil não se deixa abater, e, aproveita a distância. Parte para cima da mulher a segurando-a com seus dois braços em um abraço de urso. Tenta pressionar seus pulmões fazendo desistir da luta. Mas, a mulher, calmamente, encara a face do inimigo de perto, e, dá uma risada sutil, desprezando a sua força. Sem entender, Egil olha para a mulher e recebe uma forte cabeçada. Por conta do impacto, solta a mulher. Coloca as suas duas mãos na face, sentindo a dor - fica zonzo. Tarellas aproveitou para socar o estômago do inimigo, que caiu de joelhos no chão com falta de ar. Se levanta rápido, mas surpreendido, recebe uma mordida no pescoço, rompendo uma veia, fazendo escoar grandes proporções de sangue.
Ela mastiga o pequeno pedaço de carne com um prazer intenso. O gosto de sangue em sua boca era delirante. Fica mais animada ao observar a quantidade de sangue saindo do pescoço de Egil. Mas, seu senso de responsabilidade a desperta. Entende que ele sofrerá uma morte iminente de hemorragia. Se sente vitoriosa. Agora, contrariando seus desejos, dá as costas para o inimigo e corre em alta velocidade utilizando largos saltos. Observa Cleuziou lutando de igual para igual contra Humberct. Os deixam de lado e continuam a correr, até pular com uma voadora nas costas de um dos dois inimigos que estavam lutando contra o pai do Arthur. O homem foi isolado contra a lateral da carroça, batendo a cabeça, caindo de quatro. Fecha os olhos com a dor. Quando abre, olha para cima, e vê a machadada de Arthur.
Todas as crianças ficam espantadas com a violência do amigo.
O outro homem foi derrotado pelo pai de Arthur. Assim, sentindo o perigo de derrota, Whaldar ordena que Igvar ajude Egil em sua tarefa. Igvar leva duas lanças e um escudo novo ao seu companheiro de batalha, que se esforçava para estancar o sangramento. Egil rasga a sua camisa e dá um nó em seu pescoço. Igvar o espera, e fala:
Egil sorri para o amigo. Vão na direção da carroça, passam por trás de Humberct, e este previamente ordena:
No caminho, observam que a carroça já estava em movimento, fazendo uma curva na estrada, sumindo de suas visões. O menino semideus estava partindo. E para complicar a situação, Allaidhus, Tarellas e o pai do Arthur estavam armados com espadas e escudos no meio do caminho, lutando contra os quatro homens encarregados de levar Allaidhus. Em instantes, mataram dois deles.
Temendo a reviravolta, Egil calcula as possibilidades. Observa a mulher de costas lutando. Quando ela acaba de matar o último dos quatro encarregados, Egil então joga sua lança com toda a sua força, atingindo o coração da semideusa por trás.
Allaidhus vê a cena com tremor no coração. Sua mente passa de vazio a negação. Tem dificuldade para aceitar o ferimento mortal em Tarellas. Ela estava bem, lutando vivamente! Agora, possuía uma lança cravada em suas costas, que logo começa a sangrar. Sua boca gesticula "não" sem voz. A mulher permanece de pé por alguns segundos, aliviando a tensão de seu companheiro. Mas logo fica tonta, quase caindo. Allaidhus corre em sua direção, e, a levanta em seus braços, antes que ela caísse de bruços. Ela agoniza com sangue na boca. Mesmo naquele estado deplorável, suja de sangue e suor, Allaidhus se sente apaixonado por ela. Segurou a sua amada que forçava a respiração. Ela treme. Tenta respirar. Dá o último suspiro vazio, e fecha os olhos, caindo a cabeça morta.
Enquanto a segura com força, ele chora fechando os olhos. Suas lágrimas escorriam ao chão. Sem ver o inimigo, ele recebe uma lança no ombro. Sente o barulho do impacto e o do corte. Mas, Allaidhus ignora a dor, e continua a abraçar a sua amada. O pai de Arthur se aproxima o protegendo com escudo, e fala:
Seu pai fica surpreso ao ver seu filho - deveria estar na carroça.
Allaidhus olha para frente, e vê Igvar e Egil correndo. Olha para um lado e vê um homem se aproximando de longe devagar. Olha para o outro lado, e vê outro homem na mesma distância.
Allaidhus deita a sua amada morta no chão com carinho, beija a sua boca, e fala triste:
Depois, arranca a lança de seu ombro, e com uma grande tristeza e mágoa, corre na direção de um dos inimigos da lateral. O mesmo atira uma flecha no peito do semideus, o perfurando. Mesmo sangrando com outro ferimento profundo, Allaidhus pula no pescoço do inimigo, o mordendo. Arranca um pedaço de sua carne, e se delicia enquanto também sente uma enorme dor e tristeza. O semideus logo deu uma segunda mordida enquanto o inimigo grita.
Arthur, seu pai e Marlon correm na direção da carroça, que já estava em movimento. Eles estavam mais rápidos que seus inimigos, que corriam lentamente. O distanciamento entre eles fez todos os inimigos pararem de correr, despertando uma pequena euforia nas crianças. A carroça já estava logo à frente, também em movimento, próxima de uma curva. Enquanto os garotos sorriam, uma flecha inesperadamente atinge a costela do pai de Arthur. Este, de pé, levanta a cabeça, caminha até uma árvore, apoia a mão nela, e olha para Arthur. Seu filho passa pela mesma situação de incredulidade que Allaidhus havia passado. Observa seu pai e fica sem reação. Não há palavras para descrever aquele momento. Há surpresa, espanto, incerteza, um lado esperançoso e confortável de ver o seu pai ainda de pé, um lado que teme a sua morte. Quando seu pai encosta suas costas na árvore e desliza sentando, seu filho corre em sua direção.
Marlon olha para os lados, mas não encontra nenhum arqueiro.
Arthur se aproxima, se agacha, fita os olhos e segura a mão de seu pai. Mas Kevin o olha com rispidez, gesticulando com a boca, falando praticamente sem som:
Ao ver o seu pai incapaz de falar, ofegante, mostrando total fraqueza e degradação, lágrimas começam a cair de seu filho. Sua boca passa a tremer. Logo as lágrimas viram um grande choro. Tenta falar com seus lábios trêmulos "tá bom, pai". O som sai com soluço. Seus olhos ficam vermelhos com tantas lágrimas. Se questiona se é possível salvá-lo.
No meio daquela cena dramática, Marlon se aproxima fitando Egil, Igvar e outros soltando, que de longe, se despiam de suas armaduras e roupas pesadas pelo corpo, jogando-as pelo chão.
Allaidhus já sensibilizado pela morte de sua amada, sente empatia com o sofrimento do garoto. Pensa sorrindo com lágrimas nos olhos, "Tarella, você iria gostar de ver isso". E então, correr até Marlon, e fala:
Marlon olha para Allaidhus perplexo e desconfiado.
Marlon lembra da antiga história do homem que possuía um Leão como animal de estimação. O humano e o animal eram amigos. Mas o homem viajou por uma semana, deixando o leão aos cuidados do vizinho. Para seu azar, tal vizinho morreu doente no dia seguinte, deixando o animal faminto por uma semana. Quando o dono voltou, foi devorado pelo animal. Assim, pensa, "Allaidhus é uma fera selvagem. Mas, preciso confiar no único destino possível!". Depois parte correndo para carroça.
Kevin fecha os olhos.
Arthur o abraça:
Allaidhus se aproxima do menino em lágrimas.
A tristeza e a pena dominam o semideus. Desce outra lágrima de seus olhos. Ele se aproxima mais de Arthur, e o puxa pelo braço.
O homem fera pega Arthur do chão em um pique, o levanta apoiando a barriga do garoto em seu ombro. Arthur começa a gritar:
Allaidhus fica parado e triste por um instante, mas volta a andar. Arthur que gritava, agora fala baixinho, em tom de choro, cheio de lágrimas nos olhos:
Suas lágrimas escorriam entre o seu rosto. Ele se limpava, mas ainda sentia o seu rosto molhado. Allaidhus passou a correr quando os inimigos voltaram a correr. De longe, apenas pelo cheiro, sem estar vendo o seu irmão, grita:
Seu irmão estava no comando dos cavalos, e, começa a forçá-los com as rédeas para que corressem mais rápido! Enquanto o semideus corria com Arthur em seu ombro, o garoto via em lágrimas seu pai ficando para trás. Sua visão era turva. E desta maneira, é a última vez que irá vê-lo na vida.
Deprimido, após limpar o rosto e os olhos, vê seu amigo Cleuziou de longe sendo levantado pelo pescoço, segurado pela grande mão do gigante loiro. Whaldar se aproxima do gigante, e o corvo de seu ombro pula para o ombro do loiro. Antes de ver o que iria acontecer, Allaidhus vira a curva, corre mais rápido, e joga Arthur na carroça, que cai de ombros. Depois, olha para baixo e vê Marlon correndo atrás da carroça. Também o ajuda a subir o suspendendo pela gola. Por fim, fala para eles enquanto corriam:
Egil, Igvar e mais três homens, agora, correm rapidamente atrás deles todos. Bryan chicoteou os cavalos para que corressem mais rápido. Arthur, deprimido, deitado no chão da carroça, com lágrimas nos olhos, fala quase sem vontade:
Arthur começa a chorar mais. Renan e Laron olham para Marlon sem saber o que fazer. Era triste ver o amigo daquele jeito. Marlon consolava Ailin, abraçando-a enquanto também chorava soluçando. Suas lágrimas escorriam pelo rosto, batiam nas costas de Marlon e caiam no chão da carroça. Arthur percebe que há algo entre eles. Lembra da ordem que Marlon deu para Ailin subir na carroça antes do ataque do casal espanto. Agora entende que visava protegê-la. Ele também a ajudou a subir na carroça com delicadeza. Ela também o observava algumas vezes ao longo do dia. Então, Arthur entendendo tudo, começa a rir e chorar. Ao se lembrar de seu pai, chorava. Ao olhar para sua irmã, sorria. E então, dá uma gargalhada rápida, seguida de choro.
Aos poucos foi relaxando a boca e ficando imóvel. Observava que o céu azul, agora estava possuído por nuvens.
Allaidhus se afasta da carroça correndo para o lado, entrando entre as árvores, sumindo de vista. Marlon observa Laron olhando os inimigos assustados. Arthur, deitado, estica o braço para cima, apontando para as nuvens tentando tocá-las. Ele estava tão chocado que queria se desligar da realidade. Marlon olha para as armas na carroça, para os inimigos, e para Bryan dirigindo. Coloca Ailin sentada no chão, e então, pergunta ao seu irmão:
Renan escuta a conversa de boca aberta, aflito. Marlon chama o amigo:
Este não o responde.
O silêncio pairou no grupo. Todos estavam atentos escutando o amigo. Seu irmão Laron terminou a fala:
Marlon continua:
Os dois irmãos se entreolharam pensando em como contar. Laron começa:
Marlon continua:
Enquanto falava, lá atrás, Allaidhus aparece correndo atrás dos inimigos. Joga a lança com força, atingindo um dos soldados. Depois, volta a correr em passos largos. Olha para os quatro homens de costas à sua frente, avalia, e, salta sobre Igvar, o mais veloz. Os dois começam a rolar no chão. Egil e os dois soldados continuam correndo atrás da carroça.
Renan o escuta com atenção plena. Gostaria de perguntar para a fada porque ela ainda está nas suas costas. Também gostaria de pedir seus conselhos. Enquanto pensa, Arthur levanta do chão e fala.
Arthur sobe ao lado de Bryan e pede o comando da carroça. Bryan desce, vê que cada um está equipado com uma arma. Sem opção, pega o arco de caça de Weller - a última arma que havia sobrado. Olha um dos soldados correndo mais próximo da carroça. Puxa uma flecha e mira com arco para ele. O sujeito para de correr se preparando para desviar. Bryan faz uma feição séria, mira cuidadosamente no peito do soldado, e, atira.
O tiro sai desengonçado para o lado, passando longe do soldado, que ri. Bryan olha para seus amigos e fala:
O soldado observa que agora era outra criança quem dirigia a carroça. Sorri com a oportunidade. Tira o seu arco das costas e mira em Arthur. Levanta o arco para o alvo, e, atira. Todas as crianças observam a flecha subir. Percebem que ela está seguindo e acompanhando a carroça lá do alto. Mas, parecia impossível atingi-los. A flecha começa a cair. Consegue uma velocidade muito rápida. Todos se perguntam se ela irá acertar a carroça. E vai caindo mais rápido, na direção de Arthur. O soldado sorri com sua pontaria, mas, o escudo de Marlon protege o amigo. A flecha bateu e encravou no escudo, fazendo um barulho na madeira.
Laron estica a mão para Bryan.
Laron passa a espada para o amigo e recebe o arco em troca. Ele mira no arqueiro que já havia voltado a correr - mesmo não estando tão perto. Puxa a corda com a flecha, cessa a sua respiração, e, atira! De boca aberta, Bryan fica surpreso com a boa mira do amigo. A flecha acerta o peito do soldado, que cai morto no chão. Laron dá um pequeno sorriso, e pega outra flecha. Todos ficam em silêncio, com ar de alegria. Renan pensa que a perseguição poderia acabar agora pela pessoa que ninguém esperava. Laron era o segundo mais novo dentro da carroça. Ele quase não fala. Assim, todos o julgavam como apenas um tímido de pouca confiança.
A aquela altura, o terceiro soldado já havia parado de correr, cansado. Apenas Egil seguia correndo - mesmo sendo o mais pesado. Laron mira a segunda flecha, puxa a corda, prende a respiração, e, atira.
Egil pega o escudo das costas e se protege com facilidade, sem parar de correr! Laron tenta mais uma vez, mas Egil novamente se defende.
A carroça passa veloz por uma curta inclinação, e, todas as crianças são levementes jogadas para cima pelo balanço dela. Agora eles estavam em uma leve descida. Egil começa a correr com longos saltos, aproveitando a ladeira, ganhando espaço. Marlon olha para o horizonte, e vê a encosta. Arthur anuncia:
Renan coloca as duas mãos na testa, abre os dedos, levanta o próprio cabelo e o segura de nervoso entre os dedos:
Arthur pula do comando para as costas do cavalo, montando-o. Tapa parcialmente a visão do animal com as mãos, deixando-o apenas olhar o chão, e não o horizonte. Bryan o segue fazendo a mesma coisa no outro cavalo. Renan repete:
E então, pula da carroça, caindo no chão, se encolhe deitado, tapando a própria visão. Com medo, escuta os passos dos soldados passarem. Seus amigos ficam sem palavras. Arthur olha para trás, fixando o olhar em seu amigo. Passa um aperto no peito. Todos ficam sem entender.
Laron senta de costas próximo ao condutor da carroça. Se acomoda na madeira da carroça. Abaixa a cabeça desnorteado com o amigo. Se perde tentando encontrar os motivos. Passa não prestar atenção em nada, até que, arregala os olhos! Fica paralizado com a expressão de espanto. Marlon se surpreende, e, pergunta:
Enquanto se distraem, Egil correndo, chega ao lado da lateral da carroça. Ele empunha a sua lança com a mão esquerda, e, ainda está com o escudo na mão direita. Estranhamente, corre sem sequer olhar para as crianças. Assim, Marlon analisa seu movimento e percebe que os cavalos perderam a velocidade quando suas visões foram quase todas tampadas. Consegue enxergar o objetivo do inimigo, que é atingir os animais para que parassem de correr. E então, ele olha para o Arthur, para o seu irmão, pega a mão de Ailin, dá um beijo:
Depois, olha para Arthur e sorri tendo uma lágrima nos olhos. Assim, com impulso repentino, pula da carroça empunhando o seu machado para cima de Egil.
Egil se protege com escudo. O garoto se agarra com uma mão no escudo, e com a outra golpeia desajeitadamente o braço do inimigo. Egil grita de dor! Seu grito foi tão alto de ódio, que todos escutaram - até Whaldar que estava longe.
O menino se agarra agora com suas duas mãos no escudo. Egil o solta, deixando o menino cair. Ele chuta a cabeça do menino. Tira o machado de seu braço e volta a correr. Quando olha para frente, vê que a carroça está prestes a cair na encosta. Agora Marlon deitado de barriga para cima, finalmente consegue observar pela primeira vez os corvos no céu, formando centenas de sombras no chão. Vira a cabeça para a carroça e percebe todas as crianças aflitas, observando-o com atenção - até Arthur e Bryan meio virados de costas. E de repente, a carroça cai girando para fora da encosta, com centenas de corvos mergulhando em sua direção! Todos foram perdidos de vista. O grito das crianças ainda foi ouvido se afastando em eco, caindo no desfiladeiro.
Egil corre até o limite da encosta, e vê que a carroça caiu em um largo rio. A queda era bem alta, ao ponto de ser assustador apenas olhar para baixo! Talvez as crianças não tenham sobrevivido. Não era possível vê-las ou escutá-las.
O inimigo nervoso começa a caminhar na direção de Marlon. E então, a criança zonza ri debochadamente.
Mexer com o tio Egil,
o fará perder a mão!
Então Egil pega a sua faca, e enterra na palma da mão direita da criança. Esta grita alto! Olha para a sua mão doendo, saindo sangue. A dor era forte. Mas, em pouco tempo, o garoto parou de ligar para a dor, e voltou a rir encarando o inimigo.
garoto encrenca.
Eres debochado.
Só causa problema.
O tio Egil irá lhe ensinar,
que de um adulto não se deve rir.
Se continuar,
seu dente irá cair!
Chuta a cara da criança, que cai desmaiada de bruços.
Egil vira Marlon de barriga para cima. E fala:
E então, soca a barriga da criança, que acorda no susto, agonizando.
Renan chega mais perto, e observa seu amigo apanhar. A fada sai de suas costas, voa até a sua face, olha para Renan e fala:
Era tarde demais. Renan mastigou o fruto. Logo depois, fala:
A fada fica sem entender. Não esperava aquelas palavras. Sem delongas, Renan correu na sua frente, chegando perto do Egil, e diz:
Egil se surpreende com a voz da criança. Se levanta e se vira para Renan. Vai se aproximando. Encara o menino olho-a-olho. E para sua surpresa, a criança desmaia.
Observando as duas crianças no chão desmaiadas, escuta barulho de cavalo correndo. Whaldar se aproximava junto de Igvar. Egil e Whaldar se encaravam:
O ódio esquentou entre eles. Whaldar desce do cavalo. Egil caminha em sua direção. Whaldar repousa a sua mão na sua espada embainhada na cintura. Se entre olham com raiva. A tensão é enorme! Cada um está prestes a iniciar o primeiro movimento. E então, Humberct chega caindo do alto no chão com seu grande salto. Faz o barulho de impacto, depois pergunta:
Egil tem a raiva estampada em sua mandíbula. Sua cara fica toda vermelha de ódio. Continua a olhar nos olhos de Whaldar com toda a sua fúria. Segura com firmeza a sua lança. Surgem as palavras em sua mente "é agora!". Escuta os passos de Humberct se aproximando. Levanta a sua lança. Whaldar desembainha a sua espada. Mas, Egil engole o seu orgulho, e dá as costas para os dois, caminhando na direção do rio que carrega a carroça e as crianças.
Enquanto isso, Humberct e Whaldar observam Egil se afastar, seguindo a encosta, que desce acompanhando o rio. E este é tão longo, que seguindo com suas visões, o rio se perde na bela floresta de fundo. O grande rio atravessa um mar de árvores.
O sol estava se pondo, e o ar começa a ventar frio. Humberct estava aproveitando aquele momento com alegria e paz. Adorava estar vivo, perto da natureza. E então conversa com o comandante:
Os dois ficaram observando por um tempo, até aparecer o outro soldado que parou de correr por cansaço. Então Humberct pergunta a ele:
Humberct sorriu feliz.
Whaldar olha para o soldado e fala:
O soldado correu, voltando na direção do caminho do Bosque. Whaldar se vira para Humberct:
Todos foram embora, menos Whaldar que estava pensativo. Finalmente ele sobe no cavalo, mas um corvo volta e pousa em seu ombro.
Fazem 6 horas que Wilhelm cava com o galho na terra. Ele parou apenas algumas vezes para trocar a forma de pegar no galho, pois sentia dor em seu pulso. Sua dedicação e foco eram sustentados pelo medo. Era uma criança sozinha em um buraco totalmente escuro no meio da mata. Inconscientemente, prendia sua respiração - uma atitude instintiva para não chamar atenção. O medo estava presente nos seus pulmões e nas suas mãos. Cada movimento era ligeiramente discreto.Um raio clareou rapidamente o céu, fazendo-o suspirar. Fez-se um silêncio, seguido de um estrondoso trovão! Começava a chover. Wilhelm respirou fundo. Estava exausto! A criança baixou a cabeça, sentindo tontura. Parou para sentar. No descanso, logo apreciou o cheiro da terra molhada. Gostava desse cheiro. Sempre lhe remetia às brincad
Ainda era escuro, prestes ao amanhecer, quando o irmão mais velho saiu de casa com Renan em seu ombro. Sua irmã balança a cabeça fazendo uma careta de reprovação, como reação por não ser ouvida. Quando eles se afastam, ela corre atrás, os alcançando. Caminharam lado a lado por cerca de dez minutos, passando pelas ruas íngremes, até finalmente chegar em uma enorme casa curiosa. Suas paredes eram de pedras. Mas não pedras de formato uniformes como das outras casas. Variam entre cores de creme claro, quase branco, a tons avermelhados. Suas formas e tamanhos também variam. Umas quase poligonais - triangulares, quadrangulares, etc. Já outras, totalmente disformes. Contudo, impressionantemente, todas encaixando umas nas outras, parecendo um quebra-cabeça de pedras
Na noite anterior, a quilômetros de distância, sob o céu escuro, coberto de belas estrelas, Wilhelm escuta um uivar ecoando na floresta. Seus nervos se travam. O medo contrai o seu corpo, tornando a sua pele numa espécie de sensor sensível, conseguindo sentir a mínima brisa da noite com extrema precisão. Ele não sabe o que fazer. Resolve escalar as pedras próximas da cachoeira. No alto, deita no chão encolhido. Fica até a madrugada de olhos fechados, mas acordado, apenas desejando não ser visto, nem cheirado.Na manhã seguinte, Wilhelm acorda com o corpo duro e dolorido. Percebe o malefício que é dormir em cima de pedras. Desce-as ainda com medo. Atento, observa o ambiente em sua volta - muitas árvores, a queda d'água com seu barulho contínuo, e o riacho alimentado pela
Ao pôr do sol, Wilhelm corre veloz por uma estrada coberta de folhas secas - que são levantadas pelo rastro do vento de seu corpo veloz. O caminho é cercado por um corredor de árvores. A fada voa acima de seu ombro, o acompanhando.Lá - a fada aponta para um conjunto de casas de pedra branca no alto de uma pequena colina. - Pare!O menino faz uma parada brusca, levantando poeira. Franze os olhos para observar.Que casas estranhas! São bonitas, mas estranhas - afirma o garoto.Agora é hora de irmos devagar. Não podemos chegar tão rápido. Ir&aa
Mais uma vez, Wilhelm acorda pela manhã atrás da estátua. Ele verifica pela fenda se há alguém por perto. Depois, se levanta, e vai na direção de seu novo emprego. Passa a maior parte do dia trabalhando. Ordenha leite de vacas gordas, brancas com manchas, ou escuras. Enche garrafas de leite. Alimenta galinhas com grãos de ração dura. Mais uma vez, recebe três coxas de frango e um copo de leite no almoço. Mas hoje, ele guardou as três coxas, bebendo apenas um pequeno copo de leite.Depois do almoço, entregou garrafas de leite a todos os clientes. Na volta, parou no caminho, e deu uma coxa de frango para a senhora que pedia esmolas.Olá! Por quê estás no chão, e não trabalhan
Com um saco de pano preto cobrindo a sua cabeça, o garoto via apenas a escuridão. Sua respiração tornava o ar mais quente e abafado. Sentia a necessidade de coçar o nariz. Mas, suas mãos estavam amarradas para trás das costas. Nervoso, ele recolhe o polegar ao centro da palma da mão, reduzindo a largura do punho. Faz força para escapar da firme corda áspera. Se concentra na tarefa. Subitamente, o som do trinco metálico é produzido, seguido de um bater de porta, que ecoa em todo o ambiente. Sons de passos se aproximam. O garoto paralisa junto ao repentino silêncio.Dedos gelados tocam o pescoço de sua nuca. Em surpresa, o saco de sua cabeça é arrancado. A luz incomoda os olhos de Wilhelm - foram muitas horas vendo a escuridão. Quando ele se acostuma com a claridade, percebe que está e
No dia seguinte, Lean abre a porta do porão. Com medo, sem entrar, grita do lado de fora tão baixo, que parece apenas uma fala contínua:Meninoo, suuuba!Renan estava deitado de barriga para cima sob o chão de pedra sujo. De olhos fechados, escuta o chamado. Sobe as escadas do porão que circulava a parede, e se depara com a nova menina. Dessa vez, o seu cabelo estava cortado até o ombro, e usava roupas brancas.O que houve?Hewllar cortou meu cabelo - responde afastada, sem olhar para o menino. Era uma madrugada fria e escura. A lua, escondida entre o mar de nuvens cinzas, aparecia em uma fresta no céu. Faltavam cerca de uma hora para o sol nascer. O mago de tûnica branca subia a ladeira carregando em seu ombro um longo tapete enrolado. Atrás, Taru carregava outro tapete, com dificuldades.Humberct e Hewllar os esperavam na porta de casa.Prenda o Rufos - diz o irmão.A menina veste a corrente no cachorro, e o puxa até uma árvore, onde o prende com cadeado. Os convidados se aproximam da porta, trocam olhares e sorrisos entusiasmados.Então ficaram amigos? - Pergunta o gigante.12- O Ritual