A brisa salgada acariciava os cabelos de Elisa enquanto ela caminhava descalça pela areia fina. O vestido vinho balançava suavemente com o vento, revelando as pernas bronzeadas sob a luz prateada da lua. Rafael segurava seus sapatos numa mão e a outra entrelaçada à dela, como se nunca mais quisesse soltá-la.Estavam sozinhos naquela faixa da praia, afastados da movimentação do restaurante e dos carros. O som das ondas era o único testemunho do reencontro dos dois corações.— Lembra da primeira vez que viemos à praia? — Rafael perguntou, com um sorriso nostálgico.— Claro. Você esqueceu o protetor solar e ficou parecendo um camarão por três dias.Eles riram juntos, o riso vindo fácil, como nos velhos tempos.— Você me passou babosa. E depois me xingou porque eu disse que ardia — ele completou, entre risos.— Você mereceu. Ficou todo corado e orgulhoso, dizendo que era o "bronze da masculinidade".— E você zombou de mim a semana inteira.— Zombo até hoje, na verdade — ela disse, sorrind
Na manhã seguinte, o sol entrou sem cerimônia pela janela do quarto de Elisa. Ela se espreguiçou lentamente, o corpo ainda sentindo o conforto da noite anterior. Rafael dormia ao lado, com uma expressão de paz tão rara que ela teve vontade de fotografá-lo.Mas o relógio não perdoava: era hora de começar a loucura dos preparativos. Levantou devagar, para não acordá-lo, e foi direto para a cozinha.Dona Sônia já estava de avental, preparando o café da manhã. Leo, empoleirado na cadeira, pintava um desenho de “papai, mamãe e eu”, com rabiscos coloridos e um sorriso no rosto.— Olha, mamãe! A gente tá num castelo! — Leo exclamou, mostrando o desenho.— Que lindo, meu amor! — ela respondeu, com o coração derretido.Rafael apareceu logo depois, com o cabelo bagunçado e um ar sonolento.— Bom dia — disse, rouco, beijando o topo da cabeça de Elisa.— Dormiu bem? — ela perguntou, entregando-lhe uma xícara de café.— Com você do meu lado? Melhor impossível.Dona Sônia sorriu por trás da caneca,
Elisa não esperava que a ideia de um casamento simples se tornasse um turbilhão em apenas dois dias. O grupo da família no WhatsApp, que antes servia para memes e mensagens de “bom dia com flor”, agora estava repleto de sugestões, pedidos e perguntas como: “E o menu, vai ter arroz à grega ou farofa de banana?”— Meu Deus, parece que estou organizando a coroação da rainha — murmurou, largando o celular sobre a cama.Rafael entrou no quarto, usando apenas uma bermuda e uma camiseta branca, o cabelo ainda úmido do banho e um sorriso maroto nos lábios.— Se precisar, posso fugir contigo agora mesmo. Casamos em segredo numa praia deserta, só nós três e uma rede de descanso.— Você não vai escapar, senhor Rafael. Depois de me deixar no passado, agora vai me ver casar em grande estilo — disse ela, entre risos, apontando o dedo para ele.— Justo. Totalmente justo. Aliás, comprei as alianças hoje.— O quê? Sem me consultar?— Sim. Mas quando você ver… vai entender. — Ele piscou e sumiu pelo co
O céu tingido de laranja anunciava o fim de mais um dia quando Elisa, de pés descalços e vestido leve, caminhou pela areia da praia em frente à casa. O vento suave bagunçava seus cabelos enquanto o mar sussurrava segredos antigos. Era a véspera de seu casamento, e apesar da serenidade do momento, seu coração pulsava como um tambor apressado.— Fugindo da noiva? — Rafael perguntou, se aproximando com duas taças de vinho tinto nas mãos.Ela sorriu, aceitando a taça.— Tentando respirar. Amanhã… tudo muda.— Já mudou, Elisa. Desde o dia em que você me deixou entrar de novo na sua vida.Ela olhou para ele, aquele homem alto, de ombros largos, com a barba por fazer e os olhos castanhos que, mesmo depois de tantas decepções, ainda sabiam amá-la como ninguém.— Você tem noção de como me quebrou? — ela perguntou, com a voz embargada. — E de como está me juntando aos poucos?— Tenho. E por isso, cada dia que acordo ao seu lado é um pedido de perdão disfarçado de carinho.Eles se sentaram na ar
O som suave de um violão embalava o ambiente enquanto Elisa caminhava lentamente pela areia, cada passo ecoando na alma de Rafael. Ele nunca a viu tão linda. O vestido, leve como a brisa do mar, dançava ao redor de suas pernas bronzeadas. Os cabelos soltos reluziam com a luz do sol e seus olhos, marejados, estavam cravados nos dele.Leo, posicionado ao lado do altar, observava os pais com um sorriso sapeca. Ele sabia que aquele dia era especial. Tinha praticado com a tia Clara durante a semana inteira a fala que deveria dizer após o beijo. “Agora vocês são felizes para sempre!” — era o que ele ensaiava. Mal podia esperar pelo momento.Rafael estendeu a mão assim que Elisa chegou mais perto. Ela a segurou com firmeza, como quem segura o destino nas mãos.O celebrante sorriu com emoção, olhando o casal à frente.— Estamos aqui hoje para celebrar um amor que, mesmo ferido, soube florescer outra vez. Um amor que se perdeu, se reencontrou e decidiu recomeçar.Os olhos de Elisa se encheram
O sol nasceu tímido, derramando raios dourados sobre o quarto com vista para o mar. A brisa matinal balançava levemente as cortinas brancas, que dançavam como véus ao redor da varanda. Dentro do quarto, o som mais doce era o da respiração compassada de Rafael e Elisa, entrelaçados sob o lençol de linho.Elisa foi a primeira a abrir os olhos. Ainda meio sonolenta, levou alguns segundos para perceber onde estava. Mas bastou sentir o braço firme de Rafael sobre sua cintura e o leve roçar da barba em seu pescoço para lembrar: ela estava casada. De novo. Com ele.Ela sorriu sozinha, virando-se devagar. Rafael ainda dormia, com os cabelos levemente bagunçados e a boca entreaberta. Parecia um menino perdido no tempo. Era difícil acreditar que aquele homem, que já tinha partido seu coração em pedaços, agora dormia ao seu lado com tanto amor impresso no rosto.— Você tá me encarando, ou tá planejando fugir de novo? — ele murmurou, ainda de olhos fechados.— Nenhuma das opções. Tava só pensando
Era o fim da tarde quando voltaram da praia. Os cabelos de Elisa estavam cheios de areia, o vestido leve grudava no corpo por causa da água salgada, e Rafael carregava Leo no colo, que dormia profundamente após tanta brincadeira. O cenário era tão cotidiano quanto mágico.Na varanda da casa de praia, Clara os aguardava com um sorriso indecifrável e uma taça de vinho na mão.— Estavam lindos! Pareciam até parte de um comercial de margarina — disse, provocando.— Só se a margarina tiver sabor de areia e suor — rebateu Elisa, soltando uma risada enquanto tentava ajeitar o vestido.Rafael colocou Leo no sofá de rede, cobriu-o com cuidado e se juntou às duas na mesa da varanda.— Tá com essa cara porque quer contar alguma bomba, Clara. Fala logo.Clara girou o vinho na taça como se estivesse saboreando o momento.— Talvez uma bomba... talvez um presente. Depende do ponto de vista.— Desembucha! — Elisa insistiu.Clara colocou um envelope sobre a mesa.— Lembram da antiga chefe da Elisa? A
Os dias seguintes foram uma mistura de euforia e saudade. Elisa começava a encaixotar os livros, organizar papéis, e fazer listas intermináveis de tudo o que precisavam levar. A casa de praia se transformara num quartel de mudanças — caixas por todos os lados, Leo correndo entre elas com um capacete de brinquedo, fingindo ser um operário.— Mamãe, essa caixa vai no foguete? — ele perguntou, apontando para a que continha os sapatos de salto de Elisa.— Vai sim, meu amor — ela respondeu, rindo. — Mas só se o foguete for rosa e cheio de glitter!Rafael aparecia com fita adesiva na testa, marcadores coloridos nos bolsos e um olhar confuso.— Amor, você etiquetou essa caixa como "urgente-dramática-com-salto". Isso é algum código secreto?— Claro. Quer dizer que são meus sapatos preferidos e que você não pode esquecer dela nem se o caminhão de mudança pegar fogo — disse, se aproximando e selando seus lábios nos dele com um beijo rápido.Apesar da leveza, o clima tinha um peso sutil. Elisa p