O fim de semana na casa de praia tinha deixado marcas profundas em Elisa. Não apenas na pele bronzeada pelo sol, mas no coração aquecido por promessas, toques e olhares que diziam mais do que qualquer discurso bem ensaiado. O retorno para a cidade, agora, parecia o começo de um novo capítulo — real, palpável, cheio de possibilidades.Rafael dirigia com uma mão no volante e a outra segurando a dela. Pareciam dois adolescentes apaixonados, trocando risadas bobas e músicas escolhidas a dedo. Leo dormia no banco de trás, cansado da farra na areia e do sorvete de chocolate que havia deixado marcas no cantinho da boca.— Vamos direto pro apartamento? — Rafael perguntou, lançando um olhar de canto.— Na verdade… — Elisa pigarreou, sem saber exatamente como dizer. — Acho que você podia ir pra casa... e levar as suas coisas pra minha.Ele quase freou o carro de tão surpreso, fazendo Elisa soltar uma risada alta.— Você tá me pedindo em casamento, é isso?— Tô pedindo pra você dividir o aluguel
O primeiro café da manhã da nova rotina em família começou… caótico.Elisa acordou com o cheiro de algo queimando. Saltou da cama num pulo, o coração acelerado, e correu até a cozinha. Encontrou Rafael de avental, segurando uma frigideira com um ovo absolutamente carbonizado e Leo sentado à mesa, rindo enquanto empurrava um pedaço de pão com geleia no nariz.— Bom dia, amor da minha vida! — Rafael anunciou, fingindo orgulho. — Preparei o café com amor. Ovos à la desastre e torradas do apocalipse.— Céus, você tá tentando nos matar? — Elisa riu, segurando o riso e o susto ao mesmo tempo. — Isso é um ovo ou uma pedra?— Preferia omelete, né? Tudo bem, tô aprendendo. A parte boa é que ninguém morreu. Ainda.Leo gargalhava. Elisa não resistiu e começou a rir também, indo até ele para limpar o rosto do menino.— Meu Deus, Leo, você tá parecendo um personagem de desenho animado. Que meleca é essa?— Geleia mágica! Se a gente passar no nariz, ganha superpoderes!Rafael piscou.— Tipo paciênc
Sexta-feira à noite chegou mais rápido do que Elisa esperava. Ela passou o dia ansiosa, experimentando e trocando de roupa ao menos cinco vezes. Acabou escolhendo um vestido vinho, justo na medida, com decote discreto e saia fluida. Um salto médio completava o visual elegante e confortável. O cabelo solto, com leves ondas, e a maquiagem suave destacavam seus olhos.Rafael saiu do banheiro ajustando a camisa branca de linho e calça jeans escura, um perfume amadeirado discreto envolvendo-o.— Uau — ele disse ao vê-la. — Você tá absolutamente linda.Ela sorriu, tímida.— E você... parece saído de um catálogo de moda casual sofisticada.— Isso foi um elogio?— Foi — ela respondeu, pegando a bolsa.Leo ficou com a avó naquela noite. Eles precisavam desse momento a dois.**O reencontro da turma do ensino médio foi em um restaurante aconchegante, com decoração retrô, paredes com fotos antigas e luzes baixas. Havia risadas, abraços nostálgicos e aquele típico barulho de copos brindando e his
A brisa salgada acariciava os cabelos de Elisa enquanto ela caminhava descalça pela areia fina. O vestido vinho balançava suavemente com o vento, revelando as pernas bronzeadas sob a luz prateada da lua. Rafael segurava seus sapatos numa mão e a outra entrelaçada à dela, como se nunca mais quisesse soltá-la.Estavam sozinhos naquela faixa da praia, afastados da movimentação do restaurante e dos carros. O som das ondas era o único testemunho do reencontro dos dois corações.— Lembra da primeira vez que viemos à praia? — Rafael perguntou, com um sorriso nostálgico.— Claro. Você esqueceu o protetor solar e ficou parecendo um camarão por três dias.Eles riram juntos, o riso vindo fácil, como nos velhos tempos.— Você me passou babosa. E depois me xingou porque eu disse que ardia — ele completou, entre risos.— Você mereceu. Ficou todo corado e orgulhoso, dizendo que era o "bronze da masculinidade".— E você zombou de mim a semana inteira.— Zombo até hoje, na verdade — ela disse, sorrind
Na manhã seguinte, o sol entrou sem cerimônia pela janela do quarto de Elisa. Ela se espreguiçou lentamente, o corpo ainda sentindo o conforto da noite anterior. Rafael dormia ao lado, com uma expressão de paz tão rara que ela teve vontade de fotografá-lo.Mas o relógio não perdoava: era hora de começar a loucura dos preparativos. Levantou devagar, para não acordá-lo, e foi direto para a cozinha.Dona Sônia já estava de avental, preparando o café da manhã. Leo, empoleirado na cadeira, pintava um desenho de “papai, mamãe e eu”, com rabiscos coloridos e um sorriso no rosto.— Olha, mamãe! A gente tá num castelo! — Leo exclamou, mostrando o desenho.— Que lindo, meu amor! — ela respondeu, com o coração derretido.Rafael apareceu logo depois, com o cabelo bagunçado e um ar sonolento.— Bom dia — disse, rouco, beijando o topo da cabeça de Elisa.— Dormiu bem? — ela perguntou, entregando-lhe uma xícara de café.— Com você do meu lado? Melhor impossível.Dona Sônia sorriu por trás da caneca,
Elisa não esperava que a ideia de um casamento simples se tornasse um turbilhão em apenas dois dias. O grupo da família no WhatsApp, que antes servia para memes e mensagens de “bom dia com flor”, agora estava repleto de sugestões, pedidos e perguntas como: “E o menu, vai ter arroz à grega ou farofa de banana?”— Meu Deus, parece que estou organizando a coroação da rainha — murmurou, largando o celular sobre a cama.Rafael entrou no quarto, usando apenas uma bermuda e uma camiseta branca, o cabelo ainda úmido do banho e um sorriso maroto nos lábios.— Se precisar, posso fugir contigo agora mesmo. Casamos em segredo numa praia deserta, só nós três e uma rede de descanso.— Você não vai escapar, senhor Rafael. Depois de me deixar no passado, agora vai me ver casar em grande estilo — disse ela, entre risos, apontando o dedo para ele.— Justo. Totalmente justo. Aliás, comprei as alianças hoje.— O quê? Sem me consultar?— Sim. Mas quando você ver… vai entender. — Ele piscou e sumiu pelo co
O céu tingido de laranja anunciava o fim de mais um dia quando Elisa, de pés descalços e vestido leve, caminhou pela areia da praia em frente à casa. O vento suave bagunçava seus cabelos enquanto o mar sussurrava segredos antigos. Era a véspera de seu casamento, e apesar da serenidade do momento, seu coração pulsava como um tambor apressado.— Fugindo da noiva? — Rafael perguntou, se aproximando com duas taças de vinho tinto nas mãos.Ela sorriu, aceitando a taça.— Tentando respirar. Amanhã… tudo muda.— Já mudou, Elisa. Desde o dia em que você me deixou entrar de novo na sua vida.Ela olhou para ele, aquele homem alto, de ombros largos, com a barba por fazer e os olhos castanhos que, mesmo depois de tantas decepções, ainda sabiam amá-la como ninguém.— Você tem noção de como me quebrou? — ela perguntou, com a voz embargada. — E de como está me juntando aos poucos?— Tenho. E por isso, cada dia que acordo ao seu lado é um pedido de perdão disfarçado de carinho.Eles se sentaram na ar
O som suave de um violão embalava o ambiente enquanto Elisa caminhava lentamente pela areia, cada passo ecoando na alma de Rafael. Ele nunca a viu tão linda. O vestido, leve como a brisa do mar, dançava ao redor de suas pernas bronzeadas. Os cabelos soltos reluziam com a luz do sol e seus olhos, marejados, estavam cravados nos dele.Leo, posicionado ao lado do altar, observava os pais com um sorriso sapeca. Ele sabia que aquele dia era especial. Tinha praticado com a tia Clara durante a semana inteira a fala que deveria dizer após o beijo. “Agora vocês são felizes para sempre!” — era o que ele ensaiava. Mal podia esperar pelo momento.Rafael estendeu a mão assim que Elisa chegou mais perto. Ela a segurou com firmeza, como quem segura o destino nas mãos.O celebrante sorriu com emoção, olhando o casal à frente.— Estamos aqui hoje para celebrar um amor que, mesmo ferido, soube florescer outra vez. Um amor que se perdeu, se reencontrou e decidiu recomeçar.Os olhos de Elisa se encheram