VALERIANo sei o que aconteceu de repente, mas em meio às minhas lágrimas, comecei a me sentir muito confusa.Algo denso parecia penetrar meu nariz, minha cabeça começou a doer, e uma tontura tomou conta de mim.Levantei-me, limpando as lágrimas e olhando ao redor.Não via nada além de uma neblina branca e espessa que escondia até mesmo o brilho da lua.O que eu fazia aqui?Minha mente estava confusa, mas me preparei ao ver uma mulher sair da neblina.— Sophia — disse em alerta. Ela era minha melhor amiga, mas me traiu com o Alfa Dorian. Eu os vi juntos, sim... mas quando? — Veio celebrar sua vitória? Rir de ter me enganado enquanto dormia com Dorian?— Não, na verdade, vim devolver esta coisa deformada que saiu do seu ventre — respondeu, e só então percebi o pequeno volume em suas mãos. As mantas brancas estavam encharcadas de sangue.Meu coração acelerou em pânico. Não queria que ela abrisse aquilo. Eu pressentia que não desejava ver o que estava ali ou não suportaria.— Pegue. Esta
VALERIAMal tive tempo de jogar o corpo semimorto de Sophia para o lado quando um inimigo formidável se lançou sobre mim.Não me lembrava de Dorian ser tão forte... Não parecia assim... acho.A dor aguda em minha cabeça aumentava, mas não havia tempo para dúvidas.Era óbvio que ele vinha para tirar minha vida.Soltei um silvo de dor quando garras se cravaram em meu ombro, segurando-me com força para me controlar.Olhei diretamente para os olhos vermelhos e cheios de ódio de uma enorme fera.Algo dentro de mim gritava, tentando emergir da confusão em minha mente.Mas não ouvi nada, pois sua outra garra já vinha em direção à minha cabeça.Minhas asas duras se abriram de repente, e o ferrão na ponta se cravou na palma de sua mão, atravessando-a de lado a lado.Ele recuou surpreso, mas não sem antes tentar agarrar uma de minhas asas.Recolhi o ferrão imediatamente e também recuei um passo.Eu silvava, ele rugia.Rodávamos um ao redor do outro no penhasco, medindo forças, até que seus olho
VALERIAEra outro enorme lycan marrom, Quinn, que estava coberto de sangue por vários ferimentos e começou a lutar com Aldric, enfrentando-o junto com a forma de vampira de Celine.Eu sabia que eles estavam me defendendo, desafiando tudo por minha causa.Eu apreciava sua lealdade, mas essa não era a maneira como queria que as coisas terminassem.Tudo isso era resultado dos meus medos e indecisões.Os rugidos e o cheiro de sangue espesso inundavam a floresta.Comecei a absorver toda a névoa carregada de energia sombria ao meu redor.Minhas asas batiam com força, criando correntes de ar que dissipavam os enganos e ilusões.Meus pés se elevaram alguns centímetros do chão, e a luz da lua começou a iluminar as trevas.No entanto, havia energia sombria demais, e eu ainda era uma novata no controle do meu poder.Abri os olhos quando algo voou em minha direção e caiu com um baque surdo aos meus pés."Quinn!" gritei, exausta e à beira do desmaio.Sentia que a energia sombria iria explodir em m
ALDRICAntes de ir embora por completo, olhei novamente para a borda do abismo.O sangue dela e o meu manchavam a terra, e agora, com o feitiço quebrado, eu podia sentir seu cheiro com clareza.Eu a havia atacado com a intenção de matá-la.Somente Quinn e Celine a defenderam de mim.Eles sabiam, eles também mentiram para mim. Pelo menos conseguiram se infiltrar onde quer que a tenham levado.Espero que a protejam e ganhem algum tempo.Isso não poderia ter sido obra apenas daquele filho da put4 do Rei Vampiro.Como ele sabia que estaríamos aqui?Tudo parecia muito planejado, até mesmo me afastaram com um relato falso sobre uma vampira para me predispor contra ela.— Sua Alteza, o que aconteceu? Ouvimos os sons da luta, mas não tivemos coragem de nos aproximar do nevoeiro. Está ferido? Aqui, tome um casaco!— Reúna todos os membros da sua matilha, exceto os filhotes. AGORA! — rugi para o Alfa que me esperava com alguns guerreiros ao pé da montanha.Eu estava vendo tudo em vermelho de ta
ALDRIC— Sua Alteza, essa mulher negocia com o Reino Sombrio! Olhe para o meu irmão, ele nem sequer se lembra de nós! Está completamente manipulado, acredita de verdade que é neto dela e faz tudo o que ela manda! — a mulher caiu de joelhos aos meus pés, chorando.— Ela me chantageia com a vida do meu irmão e dos meus pais, que estão presos naquela cabana, assim como tentou chantagear Valeria. Olhe o que ela carrega no pescoço!E se jogou para arrancar o relicário do pescoço da mulher, em meio a seus gritos e resistência, que cessaram assim que me aproximei.— Ative isso. Só para mim — disse, pegando o colar que a jovem me entregou e agarrando o cabelo da regente com força. — Tente um truque sequer, e vai durar ainda menos do que imagina.Ela pronunciou palavras trêmulas, ativando aquela magia maldita, que revelou a verdade em uma memória.Caminhei em direção àquela criatura estranha, algo que eu nunca havia visto antes.Não era vampira, nem bruxa, tampouco um espectro ou algo que eu c
VALERIALevantei-me rapidamente, pressionando-me contra o encosto intrincado de aço esculpido com rosas e folhas negras que imitavam um jardim.Minhas pernas estavam encolhidas, protegendo meu peito, enquanto o tilintar da corrente grossa ecoava no quarto, acompanhando os passos do homem que se aproximava da beira da imensa cama.Olhei para ele com um misto de temor e desconfiança à medida que sua aparência se tornava mais clara: cabelos negros como ébano, olhos vermelhos como sangue fresco e um sorriso cínico nos lábios finos.— O que você quer de mim? — consegui perguntar, engolindo em seco e tentando esconder o tremor nas mãos e na voz.Ele sentou-se tranquilamente ao meu lado, afastando a longa jaqueta preta com bordados dourados.— Acho que você sabe muito bem o que quero de você. É incrível que tenha conseguido se esconder por todos esses anos, — disse, me observando com curiosidade. De repente, sua mão segurou meu queixo, e por mais que eu quisesse escapar do aperto firme, não
VALERIAPensei na possibilidade de que ele tirasse essa pesada corrente do meu tornozelo, parecia estar encantada e era o que drenava toda a minha energia.Não tive sorte, ele não me libertou, mas nossos passos nos levaram até as portas duplas de vidro que davam para uma pequena sacada.Meus olhos, espantados, observaram a noite.Parecia estar no alto, em um castelo antigo, sobre uma montanha cercada de neve e um lago congelado.À distância, as muralhas escuras se erguiam em meio a um ambiente frio, envolto por uma névoa densa e sombria que cobria o céu.— Já que está admirando a vista, por que não dá uma olhada nos nossos convidados na praça? — ele sussurrou ao meu ouvido, segurando minha cabeça enquanto meu cabelo negro ondulava com o forte vento das alturas, assim como o fino camisão que não me protegia do frio intenso.— Não... não... — balbuciei, ao olhar para baixo e ver, muito distante, uma ampla praça de pedra cercada pelas muralhas.Lá estava Celine, amordaçada e com os braço
VALERIA— Quem… quem é você? – Levantei-me imediatamente, um pouco cambaleante.A verdade é que não tinha medo dessa pequena idosa, que mal chegava à altura do meu peito, mas de onde ela surgiu tão de repente?— Venha, venha, não se assuste, você sabe que eu não vou machucá-la. Deite-se na cama, o chão está muito frio, você pode pegar um resfriado – disse ela, empurrando-me gentilmente para a enorme cama, abrindo o edredom para mim e depois me cobrindo delicadamente.Eu me sentia como uma criança pequena novamente e, enquanto observava suas costas, vi quando ela foi até a lareira para colocar mais lenha, aquecendo o quarto gelado.Algo nela, em sua aura, me fazia ter vontade de chorar. Lembrei-me das palavras que li no último altar.Será ela quem me chamava de pequeno corvo?— Sou eu mesma – respondeu, virando-se finalmente e sorrindo. Ela voltou para a cama, subiu e sentou-se ao meu lado.— Você é minha ama? Por que sabe meu nome e me chama de princesa? Por que me chama de pequeno co