ELLIOTSaí para o exterior por uma porta de serviço, meus sentidos me guiando em direção ao bosque, alerta a qualquer espião que pudesse me seguir.Me adentrei, afastando as ervas altas. Logo cheguei ao ponto onde um homem já me aguardava desmontado do cavalo.— Vittorio, o que aconteceu? — fui direto ao ponto.— Vossa Senhoria, trago notícias do sul. Um dos nossos espiões chegou gravemente ferido à fronteira e entregou uma mensagem aos sentinelas. Eles cavalgaram a noite toda para nos informar que nossos homens foram descobertos.Fechei os olhos por um segundo. Maldição, era o que eu temia.— Parece que os encurralaram nas montanhas da fronteira. O Duque Thesio descobriu a escaramuça; eles estão em perigo — soltou tudo de uma vez.Me tensei, preocupado, meu cérebro trabalhando a mil, cheio de planos e cálculos.Eu precisava salvá-los, salvar Aldo, Tomas e meus homens.— Prepare os guerreiros de elite, rápido, Vittorio. Quero todos armados até os dentes...— Senhor, já está feito. Ele
NARRADORAHORAS ANTES, NAS TERRAS DO DUQUE THESIO…— Aldo, Gordon e eu vamos entrar para falar com o capataz. Vamos distraí-lo o máximo possível, essa é a sua chance, não a desperdice.Um dos homens enviados por Elliot murmurava ao lado do robusto trabalhador rural.Ao redor da fogueira, comiam pão fresco e tomavam uma xícara de chocolate fumegante.Sempre ofereciam o melhor para suborná-los e fazê-los trair o lado do Duque de Everhart.— Certo, Tomas e eu vamos carregar as caixas que deixamos separadas e levá-las ao local combinado. Não demorem, logo perceberão que sumimos — respondeu Aldo, mordendo o pão.Seus olhos astutos não paravam de escanear os outros trabalhadores ao redor, que também conversavam e comiam antes de continuar descarregando a mercadoria.Hoje era o dia. Haviam conseguido a oportunidade de entrar nas terras de Thesio, estavam no lado dele do rio.O objetivo era roubar as caixas ali, porque uma vez que atravessassem o rio, seriam rapidamente levadas para longe, e
NARRADORAÁlvaro correu pela floresta em zigue-zague, usando as árvores altas como obstáculos.Ele ouvia o som dos relinchos, das folhas sendo esmagadas sob o peso dos animais que o perseguiam como uma raposa fugindo pela vegetação.O rio não estava muito longe; talvez tivesse a chance de se lançar nas profundezas e nadar, apesar do perigo.Já podia senti-lo e quase enxergá-lo.O estalo no ar o fez se retesar.Ao sair para uma área mais aberta, os cavalos ganharam vantagem sobre as duas pernas de um elemental.— Aaaggrr! — rosnou quando algo se enredou em suas botas e o puxou brutalmente para trás.Seu corpo caiu para frente, chocando-se contra a terra e a grama.Tentou proteger o rosto dos impactos e da fricção do arraste.A força do cavalo o dominou por completo.Não importava o quanto lutasse ou se debatesse para se livrar do chicote que enlaçava suas botas; o cavaleiro o mantinha prisioneiro.— Prendam-no e, se resistir, deem a ele o que merece esse maldit0 traidor, mas o deixem c
NARRADORAAldo carregava Gordon como um saco de batatas em suas costas, enquanto Tomas levava a outra caixa.Agora, mais do que nunca, precisavam descobrir exatamente o que era essa feitiçaria perigosa.Correram sem parar, comunicando-se o tempo todo em suas mentes.Não importava o que acontecesse, seriam capturados se continuassem assim.— Me deixem para trás, porra, me deixem, vão embora vocês, senão também serão capturados! Avisem ao Ducado!— Cala a boca, maldição! — Tomas gritou para Gordon.Ele largou a caixa e a colocou na beira do rio.Essa área era muito profunda e as correntes poderosas poderiam arrastar a caixa e o ferido, mas eles não se atreviam a se lançar na água e nadar.— Sobe nela, rápido! Tente chegar ao outro lado e buscar ajuda, vai! — Aldo o tirou de suas costas. O homem mal conseguia se manter de pé, mas resistiu.— Não, não, vamos todos, espera!... — Gordon protestou ao perceber suas intenções.Aldo e Tomas não podiam perder mais tempo com explicações.— Nós co
NARRADORAEles estavam encurralados.Conseguiram se esgueirar para dentro da gruta, mas era apenas mais um buraco sem saída.“Aldo, ficar aqui é pior.”“Espera, sshhh, não faça muito barulho, vamos esperar, Tomas. Nos custou trabalho encontrar esse esconderijo; talvez para eles também.” Aldo disse ao amigo inquieto.“Mas os cães...”Ele mal tinha mencionado e os ouvidos aguçados dos lobos captaram os sons das garras raspando contra a rocha.“Fica quieto.” Aldo ordenou, aproximando-se da tênue luz que emanava da estreita entrada.Seus olhos de predador observavam atentamente o exterior, brilhando perigosamente.Os cães haviam farejado seu rastro; no entanto, a enorme rocha havia bloqueado o caminho.Eles não eram tão grandes e ágeis quanto aqueles lobos gigantescos.— Ggggrrr — o lobo de Aldo soltou um rosnado ameaçador.Tente passar por aqui e eu vou te destroçar.Por mais corajosos que fossem aqueles cães, logo interceptaram o rosnado da fera escondida nas profundezas e o instinto de
NARRADORA— Senhorita, você não deveria estar aqui, o que...?— Saia e me deixe sozinha com o prisioneiro — Alexia disse com prepotência.— Mas, o general...— Eu mandei você sair, estou dando uma ordem! É óbvio que você não conseguiu arrancar nada dele, vou tentar a minha sorte — ela o interrompeu, exasperada.Embora não estivesse muito convencido, o capataz obedeceu, atirando o atiçador de ferro nas brasas e lançando um olhar mortal para Álvaro.Ele abriu a cortina da tenda e saiu.Detestava receber ordens daquela mulherzinha, mas fazer o quê? Um cu e dois peitos puxam mais que uma carroça, e ela tinha o general Arthur na palma da mão.— Querida, que surpresa me visitar — Álvaro tentou dar um sorriso torto.— Deixe de idiotices, Álvaro, você está acabado. Não pense que Arthur é benevolente, mas se falar, ainda há uma chance. Me ajude e eu intercederei por você, junte-se ao nosso lado...— Então foi por esse babaca que você me deixou — ele riu com uma voz rouca.A ardência em sua gar
NARRADORAKatherine olhava preocupada para a paisagem que passava rapidamente pela janela.Não conseguiu dormir mais depois que Elliot partiu. Passou o tempo todo pensando no encontro que tiveram antes.O Duque a havia desmascarado por completo. Devia ter imaginado, pois se dependesse de atuar, morreria de fome.Era temperamental demais e se deixava levar pelas emoções.Sua maior vantagem foi que as pessoas realmente não prestavam muita atenção em Rossella, que sempre ficava reclusa no castelo, sem ser apresentada à alta sociedade pelo Duque.Ainda assim, Elliot a descobriu. No entanto, ele era tão estranho quanto ela.— Um lobisomem… — murmurou, levando a mão à boca, com a testa franzida.As evidências estavam ali: aqueles rosnados selvagens, a mudança que ela já havia visto muitas vezes em suas pupilas, as vagas lembranças de quando foi esfaqueada, que incluíam o sabor de seu poderoso sangue.Seria por isso que se curou tão rápido?Além disso, seu jeito bestial e sexy de fazer amor
NARRADORATomas começou a latir em sua mente; Aldo não pôde contradizê-lo.Eles haviam sido descobertos.“Prepare-se para sair atrás de mim e lutar. Não podemos deixar que nos prendam aqui ou estaremos acabados.”Ele indicou, começando a engatinhar em direção à saída. Suspeitava das intenções de seus perseguidores.— Tragam a lenha, depressa, despejem o líquido acelerador! — o homem já saboreava sua vitória.À luz do dia e com a ajuda dos cães e das pegadas, descobriram que atrás daquela barreira natural havia uma entrada estreita.Só temiam que houvesse outra saída, mas ninguém se arriscaria a verificar; a melhor opção era atear fogo e ver se as ratazanas saíam.— Empilhem bem — os homens se moviam carregando os feixes de capim seco e galhos da floresta.O ajudante avançou montado em seu cavalo, todo heroico, tocha em mão e o fogo rugindo em seu coração.Se conseguisse erradicar os sobrenaturais, poderia até pedir a recompensa oferecida pelo palácio.O Regente o promoveria; talvez lh