NARRADORAAldo carregava Gordon como um saco de batatas em suas costas, enquanto Tomas levava a outra caixa.Agora, mais do que nunca, precisavam descobrir exatamente o que era essa feitiçaria perigosa.Correram sem parar, comunicando-se o tempo todo em suas mentes.Não importava o que acontecesse, seriam capturados se continuassem assim.— Me deixem para trás, porra, me deixem, vão embora vocês, senão também serão capturados! Avisem ao Ducado!— Cala a boca, maldição! — Tomas gritou para Gordon.Ele largou a caixa e a colocou na beira do rio.Essa área era muito profunda e as correntes poderosas poderiam arrastar a caixa e o ferido, mas eles não se atreviam a se lançar na água e nadar.— Sobe nela, rápido! Tente chegar ao outro lado e buscar ajuda, vai! — Aldo o tirou de suas costas. O homem mal conseguia se manter de pé, mas resistiu.— Não, não, vamos todos, espera!... — Gordon protestou ao perceber suas intenções.Aldo e Tomas não podiam perder mais tempo com explicações.— Nós co
NARRADORAEles estavam encurralados.Conseguiram se esgueirar para dentro da gruta, mas era apenas mais um buraco sem saída.“Aldo, ficar aqui é pior.”“Espera, sshhh, não faça muito barulho, vamos esperar, Tomas. Nos custou trabalho encontrar esse esconderijo; talvez para eles também.” Aldo disse ao amigo inquieto.“Mas os cães...”Ele mal tinha mencionado e os ouvidos aguçados dos lobos captaram os sons das garras raspando contra a rocha.“Fica quieto.” Aldo ordenou, aproximando-se da tênue luz que emanava da estreita entrada.Seus olhos de predador observavam atentamente o exterior, brilhando perigosamente.Os cães haviam farejado seu rastro; no entanto, a enorme rocha havia bloqueado o caminho.Eles não eram tão grandes e ágeis quanto aqueles lobos gigantescos.— Ggggrrr — o lobo de Aldo soltou um rosnado ameaçador.Tente passar por aqui e eu vou te destroçar.Por mais corajosos que fossem aqueles cães, logo interceptaram o rosnado da fera escondida nas profundezas e o instinto de
NARRADORA— Senhorita, você não deveria estar aqui, o que...?— Saia e me deixe sozinha com o prisioneiro — Alexia disse com prepotência.— Mas, o general...— Eu mandei você sair, estou dando uma ordem! É óbvio que você não conseguiu arrancar nada dele, vou tentar a minha sorte — ela o interrompeu, exasperada.Embora não estivesse muito convencido, o capataz obedeceu, atirando o atiçador de ferro nas brasas e lançando um olhar mortal para Álvaro.Ele abriu a cortina da tenda e saiu.Detestava receber ordens daquela mulherzinha, mas fazer o quê? Um cu e dois peitos puxam mais que uma carroça, e ela tinha o general Arthur na palma da mão.— Querida, que surpresa me visitar — Álvaro tentou dar um sorriso torto.— Deixe de idiotices, Álvaro, você está acabado. Não pense que Arthur é benevolente, mas se falar, ainda há uma chance. Me ajude e eu intercederei por você, junte-se ao nosso lado...— Então foi por esse babaca que você me deixou — ele riu com uma voz rouca.A ardência em sua gar
NARRADORAKatherine olhava preocupada para a paisagem que passava rapidamente pela janela.Não conseguiu dormir mais depois que Elliot partiu. Passou o tempo todo pensando no encontro que tiveram antes.O Duque a havia desmascarado por completo. Devia ter imaginado, pois se dependesse de atuar, morreria de fome.Era temperamental demais e se deixava levar pelas emoções.Sua maior vantagem foi que as pessoas realmente não prestavam muita atenção em Rossella, que sempre ficava reclusa no castelo, sem ser apresentada à alta sociedade pelo Duque.Ainda assim, Elliot a descobriu. No entanto, ele era tão estranho quanto ela.— Um lobisomem… — murmurou, levando a mão à boca, com a testa franzida.As evidências estavam ali: aqueles rosnados selvagens, a mudança que ela já havia visto muitas vezes em suas pupilas, as vagas lembranças de quando foi esfaqueada, que incluíam o sabor de seu poderoso sangue.Seria por isso que se curou tão rápido?Além disso, seu jeito bestial e sexy de fazer amor
NARRADORATomas começou a latir em sua mente; Aldo não pôde contradizê-lo.Eles haviam sido descobertos.“Prepare-se para sair atrás de mim e lutar. Não podemos deixar que nos prendam aqui ou estaremos acabados.”Ele indicou, começando a engatinhar em direção à saída. Suspeitava das intenções de seus perseguidores.— Tragam a lenha, depressa, despejem o líquido acelerador! — o homem já saboreava sua vitória.À luz do dia e com a ajuda dos cães e das pegadas, descobriram que atrás daquela barreira natural havia uma entrada estreita.Só temiam que houvesse outra saída, mas ninguém se arriscaria a verificar; a melhor opção era atear fogo e ver se as ratazanas saíam.— Empilhem bem — os homens se moviam carregando os feixes de capim seco e galhos da floresta.O ajudante avançou montado em seu cavalo, todo heroico, tocha em mão e o fogo rugindo em seu coração.Se conseguisse erradicar os sobrenaturais, poderia até pedir a recompensa oferecida pelo palácio.O Regente o promoveria; talvez lh
NARRADORASua perna se quebrou de uma vez, os ossos estilhaçando, quando um tronco poderoso bloqueou seu caminho.Apareceu do nada, brandido pelas mãos rudes de um homem escondido atrás de uma árvore.Nicolais caiu ruidosamente, rolando pelo chão, e logo se virou para enfrentá-los.— Por favor! — soluçou, se arrastando pela terra úmida, a dor vibrando em cada palavra. — Não direi nada, me deixem ir! Tenho família, tenho filhos e esposa!Viu surgir em sua visão os dois homens nus.Eles o estavam esperando; nunca teve uma chance real de escapar.— Sinto muito, mas eu também tenho família — Aldo respondeu antes de se lançar sobre o soldado e rasgar-lhe a garganta com suas unhas afiadas.Seu grito de morte se perdeu na imensidão da floresta.— Aldo, Elliot está vindo — Tomas avisou, virando-se para esperar o moreno que avançava rapidamente pelos arbustos da floresta densa.— Vocês estão bem? — Elliot suspirou de alívio ao encontrá-los a salvo.Ele olhou por apenas um segundo para o corpo
KATHERINE— … Ela é inocente! Você tem que acreditar em mim, preciso ver o Duque, eu imploro! A carruagem ducal! Eminência, por favor, me escute!!!— Pare, mulher louca! Não ouse se aproximar de Sua Senhoria!A algazarra chegou até meus ouvidos: os choros e gritos inflamados de uma mulher.Abri a porta e me inclinei para fora.A vi a alguns metros de mim, uma jovem sendo reprimida por dois guardas, amarrada contra o chão empoeirado.— Parem! — gritei para eles, segurando meu vestido e descendo os degraus quase de um salto.Avancei furiosa. Não importavam as circunstâncias; não deveriam tratar uma mulher daquela maneira.— Sua Senhoria, ela é filha do mordomo traidor! — disse um dos guardas que tentava contê-la.— Meu pai é inocente, excelência, eu imploro! Apenas alguns minutos do seu tempo podem salvar um homem inocente! — ela lutava, se libertando das mãos dos guardas.De joelhos, agarrou-se às barras do meu vestido. Partia meu coração ver o desespero em seus olhos.— Só o Duque pod
NARRADORA— Francis! — a governanta exclamou, interrompendo a conversa com o jardineiro.O jovem desmontou de um salto, com o rosto transtornado e os cabelos desarrumados pelo vento.— Vem comigo — disse ele, quase em um sussurro, enquanto o puxava pelo braço e o arrastava para dentro do castelo.Uma vez em seu quarto no primeiro andar, fechou a porta com força e passou o ferrolho.— Fale, Francis. O que aconteceu?Seu filho começou a andar em círculos, passando a mão repetidamente pelos cabelos, o nervosismo evidente.— O Duque sabe que estão roubando nas fronteiras do sul. Descobriu o desvio de mercadorias e... e... acho que também sabe sobre as pragas. Não sei quão detalhada é a informação, mas ele descobriu alguma coisa.— Como ele descobriu? Seja mais específico! — ela exigiu, segurando-o pelos ombros para interromper sua marcha frenética.— Não sei direito, porra! — Francis afastou as mãos dela com um tapa. — Tudo aconteceu tão rápido.— Fale baixo! — ela o repreendeu, aproximan