NARRADORA—O quê? Acha que não aceitarão como pagamento? —ela o olhou com olhos preocupados e até inocentes.Elliot observou nas profundezas de seus olhos.Ela parecia sincera, sem truques ou artimanhas.Estava cada vez mais convencido de que esta não era sua esposa original, e agora era mais do que evidente que essa mulher, idêntica a Rossella, não conhecia seu segredo.—Sim, acho que serve. —Ele estendeu o braço com certa hesitação, pensando que, no último momento, ela se arrependeria.Seu coração deu um salto quando ela colocou o colar mágico na palma de sua mão.—Bem, deixo sob sua proteção, então.—Não é um objeto importante para você? —perguntou ele, já guardando o item em seu corpo. Não pensava em entregá-lo novamente, na verdade, destruiria aquilo por completo.—Bem, nem tanto, acho que pertenceu à minha mãe, mas eu nem a conheci. No fim das contas, os vivos precisam encontrar uma maneira de continuar vivendo —disse Katherine, sem dar muita importância ao assunto.E muito meno
NARRADORAA Duquesa o observou de cima a baixo, detendo-se com firmeza em sua braguilha.Elliot a encarou com incredulidade antes de começar a rir às gargalhadas, chamando um pouco de atenção.Katherine sorriu de forma discreta.Nunca o tinha visto rir assim; ele parecia tão sexy, sem aquele ar rabugento e superior.Então o homem de gelo também tinha bom humor de vez em quando.Elliot tossiu um pouco, tentando controlar seu momento de fraqueza.Ela era tão espontânea, como um sopro de ar fresco em sua vida cheia de segredos e temores.Katherine, sem perceber, saía cada dia mais do papel de Rossella.A verdadeira Duquesa era uma mulher formal, cheia de complexos, rígida, e não como essa nova Duquesa, que o encantava com sua sensualidade e vivacidade.Elliot desejava dizer-lhe que estava louco para amá-la como nunca antes imaginou, mas a sombra do que tinha acontecido no dia anterior ainda o assombrava.E se perdesse o controle novamente com ela?E se a machucasse e fosse descoberto?Ab
NARRADORA—SENHOR!! —Wallace estava chocado, feliz e, ao mesmo tempo, preocupado porque não entendia completamente a situação.Menos ainda quando o Duque se colocou diante da Duquesa de maneira protetora, ocultando-a.—Por que... por que, se estava na cidade, não foi ao castelo? Mandei uma patrulha para procurá-lo por todo o Ducado, nos arredores de onde foi atacado. Um dos soldados sobreviveu e veio me avisar —começou a se explicar imediatamente.A atmosfera ao redor era fria e ameaçadora.Ele se sentia como um rato preso em uma armadilha.—Pensei que fosse um complô da Duquesa com o inimigo...!—CALE A BOCA E PARE DE SER TÃO CÍNICO! —Elliot não conseguiu evitar explodir de cólera.Confiou nesse homem, colocou seu patrimônio em suas mãos.Estava farto de ser sempre apunhalado pelas costas; era por isso que achava tão difícil confiar em alguém.—Eu não...—Sim, você sim! —deu um passo à frente, mal contendo os caninos que ameaçavam aparecer.—E vai me dizer absolutamente tudo, ou eu j
KATHERINE—Faz mais ou menos uma hora que o Duque te trouxe nos braços. Imagine o quanto fiquei surpresa, e também assustada, pensando que você pudesse estar ferida ou algo assim. O que aconteceu exatamente? —ela me perguntou com um rosto preocupado.—Espere, primeiro me diga sobre a menina. Ela está bem? Não aconteceu nada com ela enquanto eu estava fora? O mordomo...?—Não, não. Lavinia está bem. Agora está tendo aula com a professora de piano na biblioteca. Tem sido bem comportada, nem pergunta mais por aquela má preceptora —disse, e eu soltei um suspiro de alívio.Descobri-me e coloquei os pés descalços para fora da cama.Nana parecia ter tirado as roupas velhas que eu usava, porque agora estava de pijama.—Bom, por onde começar...? —suspirei e comecei a contar a pequena aventura que vivi com o Duque.—Hmm, o Duque é mesmo um osso duro de roer. Você quase conseguiu, mas ele te rejeitou no último momento. Parece que está começando a se inclinar para o seu lado, mas isso ainda não é
KATHERINE—Recolhi todas as ervas que estão descritas aqui, as triturei e as transformei em pó. Essa é a parte fácil; o difícil é encantá-lo. Isso só pode ser feito por uma bruxa, lendo este feitiço.—Nana, minha magia nunca funciona quando eu quero. Será que desta vez vai aparecer?Isso está me dando dores de cabeça, um plano cheio de falhas por todos os lados.—Se o Duque descobrir...—Sua mãe sempre dizia que a magia deve ser sentida com o coração. Quanto a isso, não posso te ajudar, pequena, você terá que encontrar seu próprio caminho —disse ela, levantando-se e segurando minhas mãos.—Decore tudo direitinho e guarde este livro com cuidado, ele agora pertence a você. E, Kath, o tempo está se esgotando —me alertou, saindo do quarto com passos suaves e fechando a porta.Mordo a unha enquanto mil indecisões passam pela minha mente.Estou brincando com fogo, mas não tenho outra escolha.Abro o maldito manual de feitiçaria e começo a estudar as palavras para adormecer o Duque.Depois i
ELLIOT—Piedade, por favor! Sr. Vittorio… é… é o Duque! POR FAVOR, PIEDADE, SUA SENHORIA! —um dos prisioneiros começou a gritar desesperado ao nos ver passar, através da pequena janelinha na porta maciça de aço.Ele desencadeou uma sinfonia de súplicas, e isso que aqui embaixo há, no máximo, uns dez prisioneiros esperando pela morte.—CALEM A BOCA DE UMA VEZ, MALDITOS CÃES, OU EU MESMO OS MATO HOJE! —rugiu Vittorio, furioso.Os murmúrios e soluços continuaram; eu apenas avancei até a porta no final do corredor.O som do chicote foi o que me recebeu quando Vittorio abriu a fechadura e empurrou a porta.Entrei; meus olhos se adaptaram rapidamente à escassa luz da fria sala, iluminada apenas por alguns candelabros presos às paredes.Em uma estrutura de madeira, em forma de "X", estava amarrado o homem que um dia foi minha maior confiança, com a cabeça caída, as roupas em frangalhos e as feridas ensanguentadas expostas.Eu nem precisei ver as costas; deviam estar em estado ainda pior.Lev
KATHERINETomei um banho quente e demorado depois de quase fritar meu cérebro decorando aquele feitiço estranho.Repetia as palavras uma e outra vez em minha mente.Pareciam estranhas, mas ao mesmo tempo despertavam algo profundo e vivo dentro do meu peito.Eu tinha medo, mas ao mesmo tempo, ansiava por isso.Quando saí do banheiro, fiquei surpresa ao encontrar duas criadas me esperando com uma troca de roupa.—O que estão fazendo aqui? —perguntei, fechando o robe rapidamente e caminhando apressada e discretamente até o meu toucador.—A Sra. Prescott nos enviou para assisti-la com tudo o que precisar, sua senhoria —ouvi a voz respeitosa de uma delas atrás de mim.Meus dedos foram até o pequeno puxador redondo de madeira da gaveta. Abri para verificar se ainda estava trancada.Comecei a suar frio só de pensar que alguém pudesse descobrir o livrinho que guardei ali por um instante.Eu precisava ser mais cuidadosa.—Não quero assistentes. Podem sair e nunca mais entrem no meu quarto sem
KATHERINEApertei a bolsinha em minha mão, sentindo um leve formigamento. Minha mente parecia mais clara; as palavras fluíam como um rio descontrolado.Fechei os olhos e me concentrei nelas.Na escuridão da minha mente, uma pequena faísca dourada surgiu, como lampejos brilhantes. Tentei controlá-los.Elas se moviam!Dançavam na minha consciência como crianças brincalhonas feitas de luz.Tive uma ideia louca: tentei mover essa magia primordial, guiando-a do meu pescoço até o coração e, dali, para as veias que corriam pelo meu braço direito até minha mão, onde apertava os pós.Eu estava conseguindo!O suor começou a escorrer pela minha testa, minha respiração ficou pesada; era mais difícil do que imaginei, mas continuei persistindo…“Zyrelin talyra anithor… Zyrelin talyra anithor…” Repetia as palavras do encantamento em minha mente repetidamente.Cerrei os dentes. Senti que minha visão já não era tão clara como no início. Uma tontura invadiu meus sentidos, minhas têmporas latejavam…Vam