KATHERINESaí com meu vestido simples e confortável para a longa viagem.Arrumei as luvas e a governanta me ajudou a subir na espaçosa carruagem, explicando algumas coisas.—Tenha uma boa viagem, Duquesa —disse ela ao final, e eu agradeci, deslizando para o lado no assento aveludado, deixando espaço para o Duque.Todo o interior era forrado com um damasco verde, com padrões prateados, elegante e luxuoso.Sob os assentos, havia compartimentos fechados.A governanta mencionou que ali estavam guardadas provisões para comer.O luxo era evidente, mas, claro, tratava-se do dono e senhor destas terras.Falando no Duque... esperei e esperei, e nada.Fecharam a porta da carruagem, senti o veículo estremecer quando o cocheiro assumiu sua posição e então o estalo do chicote soou, seguido pelo grito para impulsionar os cavalos.Inclinei-me sobre a janelinha e afastei a cortina. Então o vi.O Duque cavalgava sobre o mesmo majestoso cavalo branco da noite anterior, acompanhado por homens que pareci
KATHERINE— Só estou dando uma olhada nas instalações, posso fazer isso sozinha, pode se retirar — respondi com firmeza, embora por dentro meu coração estivesse disparado.— Insisto, não deveria...— Quem é você para dizer à Duquesa onde ela pode ou não estar dentro de suas próprias terras? — a voz autoritária do Duque fez meu peito aliviar em um suspiro.Eu já estava pronta para gritar a plenos pulmões.— Duque... Vossa Excelência, eu... eu só estava tentando ajudar... — o homem se virou, abaixando a cabeça e sua postura de intimidação.— Ninguém pediu sua ajuda, e eu não gostei nem um pouco da forma como falou com minha esposa. Sr. Philip, tire este homem das colheitas — ordenou implacável.Ele parecia irritado, sua aura ameaçadora fazia todos tremerem.— Sim, sim, senhor — o contador puxou um lenço, enxugando a testa.O trabalhador rural não disse nada. Ia saindo de cabeça baixa, mas eu o interrompi.— Espere! Antes de ir, mova essas pacas. Quero ver o que há atrás e embaixo delas
KATHERINE— Ai, pelo amor de Deus, me desculpe, me desculpe! — tirei o lenço do bolso interno do vestido e me levantei um pouco, inclinando-me para a frente, apoiando uma das mãos entre suas pernas abertas.Comecei a secar as manchas de vinho em sua camisa, deslizando o tecido pelos botões e descendo pelo abdômen.— Acho melhor você se trocar... maldit4 seja, como sou desastrada...— Está tudo bem, Rossella, não tem importância…— Não, não, me deixe ao menos limpar isso — continuei descendo, ansiosa.O vinho havia escorrido.Eu estava tão nervosa que só percebi meu erro quando minha mão tocou uma rigidez.Arregalei os olhos ao perceber que quase estava esfregando a ereção do Duque, que começava a se formar sob o tecido de sua calça.— Eu... — levantei o olhar.Estávamos tão próximos, praticamente eu sobre ele.Ele respirava forte e profundamente, como se estivesse me cheirando.Seus olhos, aqueles olhos tão selvagens e lindos, estavam cravados em mim, predadores.Engoli em seco, e min
KATHERINEAi, não, não, não… que susto!Eu tremia dos pés à cabeça, segurando a faca de pão como se fosse uma arma mortal, apontando-a à frente do meu corpo.Agucei os ouvidos, tentando me mover com o máximo de cuidado para não fazer barulho.Não havia mais passos audíveis, mas com os sons da luta do lado de fora e os gritos, era difícil discernir algo claramente.De repente, a maçaneta de uma das portas laterais começou a girar lentamente. Meu coração parecia querer saltar do peito, o medo me dominava, a mente paralisada pela indecisão.Era a porta que dava para a área da floresta, mais afastada, enquanto o confronto parecia se desenrolar no lado oposto da carruagem, na estrada.Levantei-me, inclinando o corpo, com a cabeça quase tocando o teto e o cabo da faca apertado com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos.Tremia completamente, meus olhos fixos na entrada, ponderando se a melhor escolha seria sair pela outra porta.Tantas decisões e tão pouco tempo. Em questão de s
KATHERINETentei me arrastar de volta para a segurança da floresta, num último suspiro desesperado.— Aaaah! — gritei quando a sola da bota dele pressionou com força minhas mãos amarradas, esmagando meus dedos ao ponto de quase fraturá-los.— Socorro! Elliot! Alguém... socorro!— Cala a boca, porra! Já me cansei de você!— Melhor acabar logo com ela! O chefe disse...— Cala a merda da boca! Não me diga o que fazer! Vem cá, fala de uma vez ou vai morrer, vadia!Ele me agarrou pelos pulsos atados como se eu fosse uma boneca de pano.Ofegava, lágrimas turvando minha visão.Tentei lutar, mas minha força era mínima. A lâmina fria de um punhal pressionou contra o meu pescoço.— Fala logo! Quem te contou sobre o roubo? Você trabalha para alguém? Tá tentando ferrar nossos negócios? Fala, desgraçada!— Vai pro inferno... filho da puta — sibilei, cuspindo no rosto dele.O sangue e a saliva mancharam sua expressão deformada pela raiva."Me perdoa, filha... me perdoa tanto," implorei em silêncio.
ELLIOT— ROSELLA! —rugiu com mais urgência, uma premonição sinistra invadindo meus sentidos.Corri em direção ao lugar onde sentia seu cheiro e então... aquele aroma de ferro, intenso e sufocante.Antes de chegar, vi ela sair da sombra das árvores, sua pele pálida, os lábios trêmulos, os cabelos todos bagunçados.Baixei os olhos, chocado.Suas mãos... suas mãos estavam apertadas no cabo de uma arma que estava cravada em seu peito.— NÃOOOO! —rugiu enquanto corria até ela.Ela tentava dar passos na minha direção, cambaleando, tropeçou e caiu para frente.A agarrei no ar, entre meus braços; a temperatura fria de sua pele apertava ainda mais meus temores.A levantei imediatamente, temendo tocar seu peito, sentindo que sua vida escapava a cada respiração.Me sentei no chão, perto do precipício, de costas para a floresta.— Não, não, Rossella, você não pode fazer isso comigo, não pode! Maldição! —meus dedos foram até aquela maldita arma.Quando isso aconteceu? Como pude me descuidar tanto?
ELLIOTSeus lábios avermelhados pararam de me sugar.Observei, suspirando aliviado, enquanto o cor voltava ao seu rosto. Levantei meu pulso e lambi o ferimento com restos da saliva dela.Meu coração, finalmente voltando ao lugar, e aquela entidade dentro de mim, mais calma agora que Rossella vivia.Por que ela é tão importante para ele, se antes eu sabia que ele a odiava?Parte do meu desprezo visceral por ela vinha dos próprios sentimentos crus dele.Agora que o perigo urgente havia passado, examinei cuidadosamente o meu entorno.Eu havia me posicionado de costas para a floresta e de frente para o penhasco, tentando bloquear a visão de qualquer espião.Sempre estive alerta para algum ataque furtivo, mas parecia que não havia mais ninguém por perto.No entanto, antes de me levantar para decidir como sair dessa situação complicada, com as ameaças ainda pairando, o som estrondoso de galope descontrolado e rodas, de algo sendo arrastado, alcançou meus sentidos.Meu próprio cavalo, deixad
KATHERINE— Shhh —eleva o dedo aos lábios, indicando que eu me cale.Imediatamente fico em silêncio.O Duque fecha a porta e se aproxima, sua testa franzida enquanto olha na direção do meu peito.Vejo-o sentar na beirada da cama. Tantas memórias confusas, tantas perguntas que quero fazer.Ele se inclina na minha direção, e eu me estremeço com a proximidade.Sua voz grave e baixa alcança meu ouvido.— Não me chame pelo título aqui. Ninguém pode saber nossa identidade. Somos apenas um casal que foi atacado por bandidos na estrada —sussurra, e eu engulo em seco, assentindo.Ele se afasta um pouco, seus olhos azuis perigosamente próximos.Fico nervosa, não só pela proximidade, mas porque talvez eu tenha feito algo estranho para me curar.Será que o Duque percebeu minha magia?Não pode ser, senão ele já teria me amarrado em uma árvore e me queimado como uma tocha.— Eu… obrigada por me salvar, Du… digo, E… Elliot —saboreio seu nome, que soa estranho nos meus lábios, mas ao mesmo tempo, inc