NARRADORACeline observava a batalha à distância.Seu papel era proteger as três Selenias de qualquer ataque surpresa.Mesmo sabendo que seu companheiro era incrivelmente poderoso e contava com todos aqueles soldados destemidos, não conseguia evitar a preocupação.—Mãe, não se sobrecarregue! —o grito de Valeria ecoou, tirando-a de sua vigília sobre o combate feroz abaixo de seus pés.—Vovó!—Continuem o encantamento! Eu aguento! Estamos no ponto crítico. Vamos, Valeria, lute pela sua filha, assuma o controle!Celine ouviu através do véu iridescente que cercava as Selenias a voz de Gabrielle, que as incentivava com força.Os cantos dos lábios da antiga Selenia estavam manchados de sangue, mas seus olhos vibravam de um azul intenso e brilhante.Ela havia recuperado sua visão, e as cicatrizes que marcavam seu rosto se curaram à medida que seu poder retornava.Valeria fechou os olhos e decidiu assumir o comando do feitiço.Sua mãe já estava esgotada pelo desgaste contínuo.Celine viu entã
ALDRICLevantei-me rapidamente, um pouco atordoado pelo impacto.Sobre a grama e a terra, manchadas de sangue, suor, morte e sombras escuras, permaneci em alerta, observando o que havia acontecido.Uma guerreira em uma armadura dourada, com imensas asas douradas de corvo nas costas e duas espadas cintilantes erguidas sobre a cabeça, bloqueava o ataque que se dirigia às minhas costas.Seus cabelos curtos dançavam de forma indomável, seus olhos fixos em seu alvo... em seu companheiro.Eu podia sentir as emoções intensas que atravessavam seu coração."Sigrid, vou te dar a chance que me pediu, mas se eu te vir em perigo, só uma vez...""Não vai acontecer, pai. Ele vai me reconhecer. Não interfira, por favor, confie em mim."Ela me assegurou, e tudo o que pude fazer foi depositar minha confiança nesse amor que eu sequer compreendia."Esse homem, que emanava pura maldade e ódio... como poderia ser o dono de tanta luz?"Rugi, avançando com fúria sobre o espectro mais próximo, liberando minha
NARRADORASigrid soube antes mesmo de que ele tocasse sua pele: era puro veneno.Ela ergueu a mão e centenas de corvos invadiram as trevas escuras, atravessando o vendaval, fundindo-se uns com os outros, endurecendo-se para formar um escudo gigante que protegia seu povo.No entanto, o escudo estava defeituoso: havia um enorme buraco, exatamente sobre ela.«Sigrid, o que você está tentando fazer?!» Aldric rugiu, tentando correr para socorrê-la, mas sua filha o bloqueou completamente com uma barreira.Valeria, à distância, observava em pânico como o poder das Selenias, que tanto se esforçaram para refinar e reunir, protegia o exército, mas não sua filha."Sigrid, não, filha, não, por favor," começou a chorar e a chamá-la através do vínculo, mas Sigrid não a ouvia, apenas olhava para o homem acima dela.—Eu sou sua e você é meu. Você não é Umbros, nem Gray, você é Silas. Apenas o meu Silas —seus lábios tremiam com as últimas palavras, ditas em sussurros, mas ela sabia que ele a ouvia.As
NARRADORAEles riam e choravam; pareciam dois loucos apaixonados que tinham sentido a falta um do outro por uma eternidade.—Eu... esta é minha forma original, eu sou... eu sou assim —Sigrid sussurrou contra seus lábios, com as bochechas coradas.Ela já não podia se esconder atrás do corpo de Electra; agora era ela por completo, em corpo e alma.—Eu sei... sonhei tantas vezes com você, e nem se compara. Nada faz justiça à sua beleza. Você é... simplesmente perfeita —o dedo de Silas contornou seu lábio inferior, tão cheio, engolindo o desejo que ressurgia em seu corpo.Seus olhos ávidos percorriam os traços delicados, a pele de porcelana, os olhos expressivos e luminosos.Suas mãos acariciavam as costas suaves, seguravam-na pela cintura estreita, puxando-a para seu corpo, sentindo suas curvas, desejando tocar sua pele sob a armadura.Ambos se fitavam, carregados de paixão, seus hálitos misturados.Sigrid estava um pouco envergonhada; Silas só pensava em beijá-la, em tomá-la para si e n
NARRADORAAldric sabia muito bem que, apesar de sua força, não era páreo para matar esse homem que até as Selenias temiam, mas também não abaixaria a cabeça diante de ninguém.—Me dê a minha mulher e você pode ficar com o seu reino estúpido. Não me interessam as terras podres dos seres sobrenaturais.Sigrid quase pensou que teria um ataque cardíaco.Ela havia se esquecido do quão direto Silas podia ser.—SUA MULHER?! Isso ainda temos que ver! Você nem sequer pediu a mão dela e tem a ousadia de agarrá-la na minha frente! —as garras de Aldric brilharam ao se projetarem para fora, afiadas.A pelagem escura do lycan começava a surgir novamente em seu corpo humano, coberto apenas por farrapos.—Vamos nos acalmar, por favor, papai… —Sigrid interveio, segurando com força o peito de Aldric.Ela parecia uma pequena boneca diante da estatura monstruosa de seu pai e seus músculos imensos.Esse impasse não estava levando a lugar algum, ninguém queria ceder.Por sua vez, Quinn correu para garantir
NARRADORAEmbora soubesse que aquela era a mãe de sua companheira e que não tinha culpa de suas desgraças, todo o seu corpo se rebelava em oferecer qualquer tipo de cortesia a outra Selenia que não fosse sua Sigrid.Um rosnado baixo retumbou atrás de Valeria.Aldric se segurava como nunca.Como aquele bastardo ousava desprezar Valeria, a mulher que trouxe sua filha ao mundo?Sigrid também o observava, tensa.Ela, mais do que ninguém, compreendia os sentimentos de Silas, mas isso não significava que gostasse da forma como ele tratava sua mãe.—Silas…—Não importa, cachorrinha, ele só precisa de tempo. Eu entendo muito bem seus temores…Valeria não se ofendeu nem um pouco.Estava prestes a retirar a mão, que havia ficado estendida no ar por tempo demais, quando de repente ela foi tomada por outra, maior e fria.—Obrigado por tê-la trazido ao mundo —respondeu Silas, devolvendo o cumprimento de forma hesitante.—Eu sou a única abençoada por isso —sorriu Valeria, olhando com carinho para s
NARRADORAValeria olhava um pouco nervosa para os lados daquele corredor.Ela confiava em sua filha, no entanto, a energia negativa naquela névoa que agora os cercava fazia os pelos de qualquer um se arrepiarem.Aldric apertou sua mão, sentindo sua inquietação, e acelerou o passo.O fim daquele túnel parecia estar próximo.Valeria imaginou que talvez sairiam no local onde haviam lutado, diante das portas das Selenias.Porém, tudo aquilo estava em ruínas e, depois da explosão que destruiu completamente o selo, não deveria ter restado nada... certo?Ouviu o suspiro de assombro de Sigrid à sua frente.A claridade iluminou seus olhos e seus longos cílios piscaram, sem acreditar no que estavam vendo.Eles haviam saído em uma planície.Estavam agora no topo de uma colina coberta por um pasto verde suave, flores silvestres balançando ao vento.Onde era esse lugar e, mais importante... quem eram todas aquelas pessoas armadas que os aguardavam?Aldric se enrijeceu. No final das contas, era uma
NARRADORANa linha de frente do exército, um homem com um elmo adornado por plumas negras observava o intercâmbio com olhos azuis intensos.Sua audição desenvolvida captava perfeitamente toda a conversa que os elementais não podiam ouvir àquela distância.O cavalo inquieto sob suas pernas relinchava e corcoveava um pouco, mas não mais inquieto que seu próprio coração, que batia descontrolado.Uma oportunidade. Esse era o milagre pelo qual ele havia rezado aos céus.O homem a cavalo, o Duque de Everhart, guardava um grande segredo.Os seres elementais acreditavam ter bloqueado todos os sobrenaturais do lado de fora daquela névoa escura, e não sabiam o quão enganados estavam.Alguns haviam ficado presos durante o selamento de Umbros, forçados a se esconder na sociedade elemental.Passaram de mestres a marginalizados e perseguidos, vivendo com medo constante de serem descobertos.Um sorriso de alívio surgiu nos lábios de Elliot Everhart.Sua mulher carregava dois filhotes em seu ventre,