POV DARIUS.Minha consciência foi voltando gradualmente. Senti que estava deitado em cima de algo macio. Estranhei, pois a última coisa de que me lembro é que estava no cofre, e não havia nada macio naquele lugar. Passei a mão e notei que estava deitado em uma cama. Farejei e reconheci o local.Percebi, então, que havia um corpo sobre mim. Logo reconheci o cheiro maravilhoso de Alice. Abri os olhos rapidamente, olhei para baixo e a vi deitada sobre meu abdômen, nua e adormecida. Fiquei apreensivo com sua presença ali, na verdade, com a minha presença no quarto. Não era para eu estar nele. Eu deveria estar no cofre, trancado.— O que está acontecendo aqui? — perguntei-me mentalmente.— Também gostaria de saber. Por que estamos aqui com nossa companheira? — perguntou Baltazar. De repente, senti um cheiro e rosnei irritado. Era cheiro de sexo. Não acredito que ele escapou do cofre e veio transar com a minha companheira.— Necro, o que você fez? — perguntei mentalmente.— Por que esse esc
POV DARIUS.Coloquei Alice na cama e comecei a beijá-la quando começaram a bater na porta. Rosnei, irritado por ser interrompido em um momento íntimo com minha companheira. Alice pegou rapidamente o lençol e se enrolou.— Vá embora, ou irei arrancar sua cabeça! — gritei para quem estava do lado de fora. Ouvi quando a porta foi aberta.— Quero ver você tentar. — Falou a mãe de Alice. Me afastei de Alice, que rapidamente ajeitou o lençol no corpo para tampar sua nudez e se levantou e foi ao encontro de sua mãe. Rosnei, mais ainda por ela estar nesse estado exposta a olhares alheios. Me levantei também.— Mamãe, o que faz aqui? Era para a senhora estar no abrigo! — disse Alice e abraçou sua mãe. — Eu estava preocupada. E esconda essa coisa. Não vê que tem uma senhora aqui? Não quero ver você nu. — Disse Antônia me olhando com expressão de descontentamento.— Estou no meu quarto e, se não queria me ver nu, não deveria invadir meu quarto. — Falei irritado com a ousadia dessa velha.— Dari
POV DARIUS.Os últimos dias foram intensos. Coloquei meus pais e meus betas a par de tudo que estava acontecendo. Giovanni e Gabriel trouxeram o relatório sobre o encontro com Necro, e o que ouvi deles somente reforçou o que eu já suspeitava: aquele maldito é poderoso. Poderia ter matado ambos com facilidade, mas escolheu somente deixá-los inconscientes. Isso não foi um erro ou misericórdia. Foi um aviso de que ele era poderoso e poderia tê-lo matado, mas não quis. Enquanto caminhava em direção às masmorras, minha mente estava um turbilhão com os acontecimentos e com o ritual de invocação da deusa Lua, que aconteceria amanhã à noite. Baltazar aproveitou a oportunidade para se manifestar.— Você ainda não disse à Alice que a ama. — Sua voz reverberou dentro de mim, carregada de cobrança. Soltei um suspiro longo. Eu já esperava por isso.— Estou esperando o momento certo. — Respondi mentalmente.— Isso é uma desculpa. — Baltazar rosnou. — Você tem medo de admitir. Medo de se declarar e
POV ALICE.Se passaram alguns dias, e eu e Darius temos nos dado bem. Estamos nos conhecendo melhor. Darius se mostrou totalmente diferente daquele ser rabugento, rancoroso e mandão que conheci. Bem, ele ainda continua mandão.Hoje à noite faremos o tal ritual de invocação, e estou bastante nervosa. Será a primeira vez que conhecerei uma divindade… isso se ela resolver aparecer. Mas espero que apareça, pois precisamos de respostas, e somente essa deusa Lua poderá nos dar.— O que tanto está pensando, Alice? — perguntou minha mãe, enquanto caminhávamos de braços dados pelo jardim. Lulu andava logo à nossa frente, toda despreocupada.— Estou pensando na noite de hoje. Estou bastante ansiosa para o ritual — comentei.— Posso imaginar como deve estar se sentindo. Não é todo dia que se conhece uma deusa. Eu queria muito estar lá para presenciar isso, mas sei que não posso com fortes emoções e não quero atrapalhar — disse mamãe, enquanto nos sentávamos em um banco sob a sombra de uma árvore
POV ALICE.Baltazar disparou pela floresta, e eu me segurei firme. O vento chicoteava meu rosto e a paisagem passava em borrões ao redor. Meu coração batia acelerado, e uma mistura de medo e adrenalina tomou conta de mim. O ritual nos esperava e, de alguma forma, eu sabia que tudo mudaria depois dessa noite.O vento cortava meu rosto como pequenas agulhas geladas enquanto Baltazar avançava pela floresta com velocidade impressionante. Cada movimento de seus músculos poderosos era um lembrete da força incontrolável que ele possuía. Eu me segurava firme, os dedos entrelaçados na pelagem espessa e macia, sentindo o calor de seu corpo forte sob mim. Meu coração batia rápido, pulsando com a emoção e a adrenalina que percorriam minhas veias.A floresta ao nosso redor era escuridão e sombras fantasmagóricas, iluminadas somente pela luz prateada da lua. As árvores pareciam sussurrar segredos antigos, seus galhos curvando-se como se tentassem nos tocar. O cheiro de terra úmida misturava-se ao p
POV ALICE.O ar no interior do templo vibrava com uma energia antiga e indomável, carregado de um peso que parecia atravessar o tempo. As chamas das velas tremulavam, projetando sombras dançantes nas paredes cobertas de inscrições em um idioma esquecido. Meus sentidos estavam aguçados ao extremo, cada batida do meu coração ecoava como o tambor.Darius permaneceu ao meu lado, sua presença era minha âncora em meio ao desconhecido. O calor de sua pele contrastava com o frio cortante do ambiente, um lembrete de que eu não estava sozinha. Lulu, com seu olhar enigmático e cintilante, caminhava em círculos ao redor do altar, sua cauda oscilando no ar com a precisão de um ponteiro marcando o tempo. Algo estava prestes a acontecer. Eu podia sentir.Uma luz prateada começou a emanar do centro do altar, expandindo-se lentamente, envolvendo as oferendas dispostas sobre a pedra negra. O sangue de Darius e o meu haviam sido absorvidos pelo símbolo entalhado na superfície fria, e agora ele brilhava
POV DARIUS.Baltazar estava adorando carregar Alice em suas costas. Apesar do medo, ela parecia estar gostando da experiência. Quando chegamos ao templo, pude sentir uma energia poderosa naquele lugar esquecido e abandonado. Eugênia fez um bom trabalho ao apagar tudo sobre esse local.Mesmo tomado pela natureza e pelo tempo, o poder da deusa ainda impregnava cada pedra, cada sombra. Esse lugar era nossa herança. Assim que tudo estivesse resolvido em relação à maldição, mandaria reconstruí-lo. Minha alcateia e o reino precisavam conhecer essa parte da história apagada por Eugênia.No interior do templo, a energia era ainda mais intensa. Senti Alice hesitar, seu corpo tremia levemente. Quando realizamos o ritual e a deusa Lua surgiu, fomos invadidos por uma força sufocante. Mas, apesar da pressão avassaladora, eu estava esperançoso. A deusa nos ouviu e veio até nós. Agora finalmente saberíamos como acabar com a maldição. No entanto, nada poderia me preparar para a revelação que seguiu.
POV DARIUS.Alice piscou algumas vezes, ainda assimilando tudo que havia sido revelado. Seu olhar alternava entre mim e a deusa Lua, e eu podia sentir a confusão em seu coração.— Então, Necro continua com Darius… Mas como um ser? O que mudou? — perguntou ela, a voz carregada de hesitação. A deusa nos olhou com paciência, como se esperasse essa pergunta. E responder:— O que mudou, minha filha, é que antes Necro era um ser descontrolado e não reconhecido que vivia dentro de Darius e tomava o controle, deixando Darius adormecido. Necro era movido pela raiva, ódio, treva e maldade. Ele era uma punição, um ser aprisionado em Darius pela maldição. Agora, ele foi liberto e reconhecido. Necro é uma extensão de Darius, assim como Baltazar. Não há mais uma força tentando dominá-lo, não há mais o risco de perder o controle. Necro agora faz parte de Darius, mas sob sua vontade, não contra ela. Você, Alice, acalmou Necro e o libertou da maldição e da treva que o dominava. Agora, ele está tranqui