Quarta-feira, 19 de setembro de 2018.
15h09 – Universidade de Baltimore,
Baltimore – EUA.
Os esquilos do campus são muito domésticos; chegam a ser abusados. Não importa o que você esteja comendo, eles sobem em você e tentam tirar a comida da sua mão. Nas quartas e sextas-feiras, eu tenho vinte e cinco minutos entre Literatura e Escrita de Ficção, e, nos últimos dias, eu vinha matando o tempo sentada aqui, na grama, à sombra, aos fundos do prédio da aula de Inglês.
Não há com quem se preocupar. Ninguém além dos esquilos. Confiro as mensagens de texto, ainda que o celular não tenha vibrado. Eu não conversei com Josh desde segunda feira e ele não fez nenhum esforço para falar comigo.
Eu o sinto em pé ao meu lado quando vejo que o esquilo leva um
Quarta-feira, 19 de setembro de 2018. 21h23 – Casa da Ashley - RemingtonBaltimore – EUA. Quando chego à festa na casa de Ashley, está claro que eu não conseguirei me safar se não beber muito. Entro na cozinha, e meus olhos se arregalam ao ver a quantidade de álcool espalhado ao redor. Shots de vodca, uma bebida vermelha que não tenho certeza do que é, muitas garrafas de cervejas nas bancadas e, drogas, muitas drogas. Uma gargalhada sobre a mesa chama minha atenção: Ashley e Lauren estão sentadas na minha frente, rindo alto de algo que foi dito. Sorrio bêbada, como se tivesse ouvido também.
Sábado, 16 de julho de 2018.16h45 – The Crown - RemingtonBaltimore, EUA.— E o Jake? — Ele te bate. Você não precisa daquele babaca! — grito. Vejo duas sacolas de plástico no canto. Vão servir. Olga tem poucas coisas que valem a pena empacotar. — Amélia! — Ela chuta o resto da mesa de centro enquanto vem rápido atrás de mim e agarra o meu braço. — Para! — Parar? Olga, a gente tem que ir. Você sabe que, se o Jake voltar e me encontrar aqui... — Ele vai te matar. — Ela me interrompe e passa os dedos pelos meus cabelos de novo. Os olhos dela se enchem de lágrimas, e ela funga de novo. — Ele vai te matar — repete. — Mas eu não po
Sábado, 16 de julho de 201816h59 – RemingtonBaltimore, EUA. A maçaneta da porta se mexe, e meu coração dispara. Ele voltou. Olga agarra a minha mão de um jeito doloroso. — Pro meu quarto. — Ela me arrasta pelo apartamento e perde o equilíbrio ao tropeçar nos pedaços de móveis quebrados e latas de cerveja. — Saia pela janela — Olga manda. A bílis sobe pela minha garganta, e começo a tremer. — Não. Não vou sem você. Deixar minha amiga aqui é como observar a areia caindo numa ampulheta sem poder fazer nada para parar o tempo. Algum dia, o Jake vai exagerar e não vai ser apenas uma mancha roxa ou um osso quebrado. Ele vai tirar a vida dela. O tempo com o Jak
Sábado, 16 de julho de 2018.17h05 – RemingtonBaltimore, EUA. — Porra, Amélia, estou fazendo isso porque eu te amo! Meu coração bate uma vez e paralisa enquanto o mundo se torna terrivelmente parado. Vejo sinceridade nos olhos dele e balanço a cabeça. — Como amiga — sussurro. — Você me ama como amiga, não é? — Nos encaramos, com o peito arfando rapidamente. — Fala, Thomy. Fala que você me ama como amiga. Ele fica em silêncio, e minha mente parece que está a ponto de se partir. — Fala! — Não quero lidar com isso. Não tenho tempo para isso. Passo por ele. — Vou lá buscar a Olga. — Foda-se tudo — ele sussurra e se dobra. O
Sábado, 16 de julho de 2018.17h07 – RemingtonBaltimore, EUA. — Thomas, me larga! — grito. Ele ignora.— Me solta, porra!— Não vou soltar até eu saber que você parou de pensar como uma idiota e fazer coisas estúpidas. Você podia morrer. O Jake anda falando no bar faz tempo que vai fazer picadinho de você se te encontrar de novo. Ele te culpa, porque a polícia foi no apartamento dele na semana depois de você ter visitado Olga. Mas ele esquece que tem inimigos em toda parte, e que você não tem nada a ver com isso.Ouço um estalo na cabeça, e meu corpo todo se encolhe. Falei com o Thomas todas as noites, e ele não me contou essa fofoca. Uma fofoca que teria me feito agir mais rápido. Se o Jake me culpa, tam
Esfrego a cabeça. — Eu quero estar com você. Aqui. Em casa. Em qualquer lugar. Eu não brinquei com você. Confia em mim, Amélia. Ela se afasta. Confiança deve ser a palavra mais horrível no vocabulário dela. Desesperado para acertar as coisas, eu solto: — Eu confiei em você. — Minha boca se fecha, e tudo dentro de mim endurece. As palavras têm um gosto amargo. — Te contei sobre... — Não consigo terminar, mas ela entende.Ela morde o lábio inferior.— O negócio da irmã gay é segredo?Faço que sim com a cabeça. Eu realmente não quero falar sobre isso. Rugas de preocupaçã
— Você se lembra do trabalho de contos do ano passado? — pergunto. Ele me lança um olhar vazio e coça a parte de trás da cabeça. — Você ficou chateado porque eu tinha que entregar durante as competições da primavera — lembro a ele. Ele faz um sinal com a cabeça e diz:— Sua professora de inglês não gostou?Minha boca fica seca, e eu engulo.— Não. Eu... hum... ela quer que eu participe do concurso literário.Isso chama a atenção dele.— Você está em um concurso literário?— Não, ainda não. Mas a professora Rose acredita que posso ganhar.Ele pisca, e o sorriso demora a aparecer, mas finalmente se forma.— Parabéns, Joshua. Já contou à sua mãe? Ela adora quando você se sai bem nas aulas.— N&atil
Era.Elaeraminha irmã gêmea. Minha irmã de três minutos e sete segundos mais nova, com os olhos azuis mais lindos que já existiu.Eu começo a rir.A julgar pela expressão pálida no rosto de Amy, ela não estava esperando por isso.Para ser honesto, nem eu estava. É engraçado da mesma forma que não é nada engraçado.É o tipo de risada que me faz pensar se eu finalmente enlouqueci.— Você me faz lembrar muito ela — sorrio, tossindo outra risada estranha.— Ela costumava me dizer o tempo todo que eu era tímido, e que eu era muito ingênuo, e que eu só via o mundo através de óculos cor-de-rosa. — Paro e respiro, olhando brevemente para a foto, para o sorriso de Meg antes de olhar para Amélia.— E talvez eu seja.Ou talvez ela fo