Zacharias continuou me encarando em silêncio, como se assim quisesse me causar medo ao dizer uma frase de tanto suspense. Por isso, eu o encarei de volta e cruzei os braços.
— Não tenho segredos, anjo — afirmei.
— Eu sei sobre o seu problema com o álcool — ele disse.
Soltei uma risada sarcástica, na tentativa de disfarçar meu nervosismo, e apoiei uma das mãos na parede para observá-lo. Zacharias continuava sério. Ele apertava os olhos para mim, como se eu fosse uma criatura estranha, da qual ele nunca tinha ouvido falar.
— Eu não tenho problema nenhum — eu disse.
— Certo. Então, comprar um cantil p
Henry apertou minha mão, e foi como se uma toalhinha de água quente tivesse sido colocada sobre esse turbilhão de pensamentos preocupantes na minha cabeça.— Estou uma pilha — falei, ciente de que meu rosto inteiro ficara tenso. Eu me lembrei de como costumava engolir os problemas quando estava perto deles de vez em quando, anos atrás, e me perguntei se esse não seria o melhor a se fazer agora. Eu não queria que Caroline e eu fôssemos um fardo para eles, especialmente se iam defender o seu anjo.— Eu sei que está. — Ele beijou minha testa e me abraçou. — Mas está tudo bem. Temos proteção contra anjos e vamos armados para essa conversa. O que acha?Henry esperou pela minha resposta, olhando nos meus
CarolineQuando Balthazar ergueu sua mão na direção de minha irmã, as pernas de Julie falharam e seu corpo foi de encontro ao chão. Reagi instintivamente, aproximei-me dela e segurei sua cabeça para impedir que colidisse com o piso e se machucasse. Ajoelhei-me ao seu lado, verificando sua pulsação, que estava normal. Henry se abaixou também para ver como ela estava. Chris parou de frente para Balthazar, protegendo-nos com seu corpo.— Vocês deviam ter deixado a sua fera em casa — Balthazar disse, apontando para minha irmã.— Ela está bem? — Chris perguntou, olhando-nos por cima do ombro e ficando tenso, numa posição defensiva.— Sim, tudo bem — respondi.<
Julie— Então você vai ser uma Ali Larter no filme Premonição? — questionei ao terminarem de contar o que tinha acontecido no Terraço depois que o maldito anjo me desmaiou.Caroline suspirou pesadamente e se jogou deitada em uma das camas do quarto.— É, parece que sim — respondeu.— E ele não disse o que exatamente é ser uma vidente?— Não... — Henry disse. — Talvez ele queira nos deixar no escuro de propósito.— E agora? O que a gente faz? — Caroline perguntou. Eu me assustei ao perceber que todos olharam para mim com expectativa ante essa pergunta.
CarolineFazia três dias que Zach e eu treinávamos os meus poderes, enquanto Julie, Henry e Chris procuravam alguma maneira de entrar em contato com Luke e trazê-lo para o mundo sobrenatural. Passamos a treinar até eu dominar cada poder de Zacharias e conseguir usá-lo contra ele mesmo. Eu estava fazendo progresso, como durante o jantar da noite anterior. Zach tentara ir embora voando, como sempre fazia para evitar as nossas perguntas, mas eu estava tão curiosa sobre os meus poderes que consegui impedi-lo de ir (ainda que involuntariamente) ao desejar que ele ficasse.Naquele dia de treinamento, Chris, Henry e Julie estavam nos observando praticar. Comecei a sentir os poderes do anjo tomando conta do meu corpo. Porém, não tive tempo suficiente e fui lançada contra a cabeceira da cama. Com a dor nas minhas costas, como se me
Julie— Zacharias! ZACHARIAS! — berrei, abraçando os ombros de Caroline, sem saber o que fazer para ajudá-la. Seu rosto ficava roxo, as veias de seu pescoço inchavam tenebrosamente. O anjo não apareceu.A porta foi escancarada com tanta força que bateu na parede. Chris averiguou a cena e pegou Caroline em seus braços para deitá-la na cama imediatamente.— Chame o seu anjo! — mandei aos gritos, tão furiosa e impaciente que o sangue subiu à cabeça e o mundo ao meu redor começou a girar.— Zach! — o loiro gritou para cima. Peguei meu celular para pedir uma ambulância, supondo que aquela galinha voadora não apareceria. Mas, no instante seguinte ao chamado de Chris, Z
Eu estava com meu celular no ouvido, esperando Henry atender. Já era noite e ele não havia dado notícias suas, o que, dado o caso de vampiro em que fora trabalhar, era preocupante. Caroline ficou extremamente exausta após a conversa com Luke e estava dormindo há horas. Ela sempre teve o sono leve, mas desta vez, Chris estava assistindo televisão num volume absurdo e abrindo garrafas de cerveja em sua cama, e ela nem tinha me mexido.A chamada caiu na caixa postal mais uma vez e eu bufei, atraindo a atenção do loiro.— Nada? — ele perguntou e sacudi a cabeça. — Merda… — sussurrou, a voz mais grave de preocupação.— Eu vou até lá — avisei, indo tirar a chave do Jeep da mesa de cab
Foi a voz de Chris, após um tenso momento de silêncio, que me trouxe à realidade do que acontecia e me tirou de um profundo abismo de pensamentos negativos. — Quer nos contar alguma coisa, Henry? — o Heisenberg mais velho perguntou, obrigando seu irmão a se virar e se deparar conosco. Seus olhos estavam pretos como os de um demônio, as orbes, as íris antes verdes, e até a crueldade que costumava morar nessas criaturas. Havia um homem sentado numa cadeira, meio inconsciente. No momento em que entramos, pudemos ver a fumaça preta de um demônio sendo exorcizada para fora dele e atravessando o chão em direção ao Inferno. Para completar a desgraça da cena, havia uma mulher ao lado de Henry. Ela era tão baixa que não chegava aos nossos ombros, mas a julgar pelos seus olhos iguais aos de Henry, ela era uma ameaça maior que todos nós juntos. É claro que ela tin
— Talvez a gente devesse conversar mais tarde, quando a poeira abaixar — Henry sugeriu e eu respondi imediatamente, quase o interrompendo:— Não. Vamos conversar agora mesmo. — Apontei para o armário e os potes de vidro, olhando para Henry. — Esse sangue é dela?— Sim...— Então me dê uma boa razão para não jogar essa merda toda no chão e exorcizar um demônio que sabe onde minha irmã dorme.— Eu preciso do sangue, você não entende...— Precisa? — repeti. — Como um viciado? O que acontece se você não beber?— Perco meu