O ar parecia ter sido sugado da noite quando Don Vitale desceu do carro, caminhando em direção a Theo e Elena. Seus passos eram lentos e deliberados, como se quisesse prolongar o momento, saboreando o medo crescente nos olhos de sua presa. Elena sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O homem que estava diante dela, com um terno impecável e uma expressão fria, exalava uma autoridade sombria, algo que ia além do simples poder que tinha. Era como se ele estivesse jogando um jogo cujo desfecho já conhecia.Theo respirou fundo ao lado dela, seus punhos cerrados sobre o volante. Ele sabia que qualquer movimento imprudente poderia custar suas vidas. A tensão no ar era palpável, cada segundo esticando-se em uma eternidade.— Elena — Don Vitale falou, sua voz profunda e controlada, como se estivesse cumprimentando uma velha amiga. — Finalmente nos encontramos.Ela tentou manter a cabeça erguida, apesar do pavor que sentia ao vê-lo tão de perto. O pouco que ouvira sobre ele era aterrorizante
Mateo foi o primeiro a se mover. Ele guardou a arma e se aproximou do carro onde Theo e Elena ainda estavam escorados, Elena tentando absorver toda a confusão que sua vida pacata se transformou. Seu rosto estava marcado pelo cansaço e a tensão, mas ele tentou esconder a preocupação.As sirenes ficaram mais altas conforme se aproximavam, mas Elena não conseguia tirar os olhos da estrada onde Don Vitale desapareceu. As palavras dele ainda ecoavam na mente de Elena: "Você vai entender tudo." O que isso significava? E por que seu pai parecia estar no centro de tudo isso? Ela tentou reorganizar os pensamentos, mas parecia impossível diante do caos à sua volta.— Precisamos sair daqui — disse Mateo, a voz firme, mas baixa. — A polícia pode nos fazer perguntas que não queremos responder agora.Theo balançou a cabeça em concordância, mas era evidente que ele ainda estava absorvendo o que havia acontecido.— Certo — murmurou Theo. — Mas para onde vamos?Felipo, que até então havia permanecido
A pequena casa onde eles pararam era um refúgio temporário, mas Elena sentia que não importava onde estivessem, a sombra de Don Vitale os perseguiria. O peso das revelações sobre seu pai continuava a reverberar em sua mente, e a urgência de descobrir a verdade a deixava cada vez mais inquieta.Dentro da casa, Mateo e Felipo começaram a discutir estratégias, mas Elena mal conseguia prestar atenção. As paredes estreitas do lugar, combinadas com o silêncio, faziam com que ela se sentisse sufocada. Theo, percebendo o desconforto de Elena, se aproximou e sugeriu que ela desse uma volta do lado de fora para clarear a mente.Ela acenou com a cabeça, agradecida por um pouco de espaço para processar tudo. Caminhou para fora, a brisa noturna tocando seu rosto e seus pensamentos correndo soltos. As estrelas brilhavam no céu, um contraste gritante com o caos que sentia em seu interior. Ela parou a alguns metros da casa, tentando controlar a respiração e organizar as ideias. As perguntas rodopiava
A noite estava sufocante, tanto pelo calor quanto pela tensão que pairava no ar. Elena ainda sentia a presença esmagadora do homem à sua frente — seu pai. As palavras que ele acabara de proferir ecoavam em sua mente. "Você é a chave para destruir o império de Don Vitale." Mas o que isso significava, afinal? Como ela poderia ser tão crucial em uma guerra que mal entendia?Ela olhou para os três irmãos, tentando encontrar uma pista nas expressões deles. Mateo, sempre o mais cauteloso, mantinha o semblante sério, as mãos ainda firmes na arma. Felipo, já completamente impaciente e pragmático, claramente naquele momento estava em dúvida sobre o que fazer. Theo, no entanto, parecia ser o mais dividido entre os três irmãos. Elena notou como o olhar dele oscilava entre ela e o pai, como se estivesse pesando cada palavra, cada movimento.O pai de Elena deu mais um passo à frente, ainda com as mãos levantadas em um gesto de rendição, mas seu olhar estava fixo nela. Seus olhos, uma vez familiares
O riso sinistro de Don Vitale ecoava na escuridão, reverberando pelas paredes da casa onde Elena e os irmãos se abrigavam. Seu coração batia descontroladamente no peito. Como ele havia os encontrado, tão rápido? Eles tinham sido tão cuidadosos… ou pelo menos pensavam que tinham sido.— Temos que sair daqui! — Mateo gritou, já movendo-se rapidamente em direção à porta da frente, onde ele e Felipo ficaram de guarda.Theo, sempre atento, agarrou o braço de Elena.— Fique comigo, não saia do meu lado, entendeu? — disse ele, a voz baixa, mas cheia de urgência.Elena mal conseguia processar o que estava acontecendo. Apenas alguns minutos antes, estava confrontando seu pai e tentando entender seu papel em tudo aquilo, e agora Don Vitale estava à espreita, esperando para capturá-la. Ela assentiu para Theo, tentando controlar a respiração, enquanto ele a guiava rapidamente para uma saída pelos fundos da casa.— Isso é um jogo para você, Vitale? — Mateo gritou, sua voz carregada de raiva, enquan
A noite estava gelada, e o silêncio opressor da floresta fazia o som dos passos de Don Vitale e seus homens parecer ainda mais alto. Elena sentiu o frio se espalhar por seu corpo, não apenas pela temperatura, mas pela sensação crescente de que estavam sem saída. Don Vitale os tinha encurralado, e agora parecia que todas as tentativas de fuga foram em vão.Mateo, Felipo e Theo formaram uma linha à frente de Elena, prontos para protegê-la a qualquer custo. Suas respirações eram pesadas, e suas mãos estavam firmemente segurando as armas. O pai de Elena se posicionou ao lado dos três irmãos, determinado a corrigir os erros do passado e proteger sua filha.Don Vitale se aproximou lentamente, seus olhos sombrios fixos em Elena, com um sorriso satisfeito nos lábios.— Vocês correram bem — ele disse, sua voz ecoando pela clareira como o de um predador que saboreava o momento antes do ataque. — Mas todo jogo tem um fim.Elena sabia que não havia nada de casual nas palavras de Vitale. Ele estav
A mulher parada na clareira irradiava um ar de poder e mistério. Com os cabelos claros caindo em ondas controladas e um olhar penetrante como o mar, ela parecia ser uma força da natureza. A arma que segurava não era apenas uma ferramenta, mas uma extensão de sua própria presença dominante. Don Vitale a observava com uma mistura de raiva e surpresa, claramente desconcertado por sua chegada inesperada.— Quem é você? — Vitale exigiu, sua voz carregada de tensão. — E o que está fazendo aqui?A mulher não se apressou em responder. Ela simplesmente deu um passo à frente, seus olhos nunca se afastando de Elena. A expressão de Elena era um misto de curiosidade e confusão. Quem era aquela pessoa e por que ela parecia estar tão interessada nela?— Meu nome é Isabella — a mulher disse finalmente, sua voz ressoando com uma autoridade calma. — E estou aqui para resolver algumas questões pendentes.A resposta não ofereceu muita clareza, mas pelo menos agora Elena sabia o nome dela. Isabella. Mas
A jornada até o refúgio de Isabella foi marcada pelo silêncio tenso. O grupo se moveu através da floresta, tentando se manter discreto e evitar qualquer patrulha de Don Vitale ou seus homens. Elena sentia o peso das últimas horas se acumulando em seus ombros, suas perguntas sem resposta girando em sua mente. A presença de Isabella havia oferecido um alívio temporário, mas também trouxe uma enxurrada de novas perguntas.Finalmente, após uma caminhada que parecia interminável, chegaram a uma cabana isolada no meio da floresta. Era uma construção simples, mas parecia sólida e segura. Isabella fez um gesto para que entrassem, e o grupo se acomodou na pequena sala, que estava razoavelmente bem equipada com o essencial. Havia uma mesa de madeira, algumas cadeiras e uma lareira que parecia estar funcionando.Mateo, Felipo e Theo começaram a ajudar a preparar a área, enquanto o pai de Elena procurava por algo para preparar um pouco de comida e água. Isabella se aproximou de Elena, seu olhar a