Depois de recuperar o fôlego e tomar um copo de água, Sarah criou coragem e perguntou:― Você acha que Julie foi morta por Ron? ―Apesar de terem cogitado o assunto, mais cedo, tinham feito de forma leviana. Mas, agora, Sarah fazia a pergunta de forma séria, o que pegou Anne completamente desprevenida.― Por que você está perguntando isso tão sério? Você se lembrou de alguma coisa? ― Anne se deixou cair no sofá, ao lado da mãe, colocou uma mão na cabeça e começou a pensar nas consequências daquilo, afinal, se fosse realmente o caso, a pessoa que Anthony deveria odiar era Ron, e não ela e Sarah. Era possível? Se sim. Elas conseguiriam provas? ― Teve uma época em que Ron tinha pesadelos, dizendo que não era um assassino. Ele estava falando sobre Julie, certo? Não foi muito depois da morte dela ― disse Sarah. Anne não podia imaginar um assassinato acontecendo entre marido e mulher.― Talvez ele sentisse falta dela e se responsabilizasse? ― ― Deixe esse assunto comigo. Não im
Dois dias se passaram até que Nigel levou Annie para ver uma nova moradia. Era realmente um apartamento com muita privacidade. A paisagem do jardim era ótima e ela não precisaria mais subir cinco lances de escada. Não era um prédio novo, tinha sido construído há mais de dez anos, mas estava bem conservado. No fim das contas, não era escandalosamente caro, mas também não era tão acessível e exigia um certo nível social dos compradores, para garantir a segurança e tranquilidade do local. Anne achou que era tudo muito agradável e que seria excelente morar em um lugar como aquele. No entanto, também não gostou. A jovem não aceitava o fato de conhecer Nigel por tão pouco tempo e o homem estar disposto a comprar algo daquele padrão elevado para ela. O design e as decorações internas eram ótimos e a grande área interna do apartamento fez o belo rosto de Anne enrugar ligeiramente.― Por que é tão grande? É muito grande. ― ― São apenas quatro quartos. ― ― ‘Apenas’ quatro quartos? ― A
Talvez Nigel tenha visto através dela, ou talvez também quisesse abraçar a filha que nunca havia abraçado antes. O homem era um pai carinhoso e abraçava a outra filha com muita frequência, por isso, sem pensar no assunto, gentilmente aninhou Anne em seus braços. A jovem corou e seu coração bateu um pouco mais rápido. O carinho de seu pai fez seus olhos lacrimejarem. Vendo aquela cena, protegido atrás de uma planta, na varanda de outro apartamento, Anthony se virou e saiu, com uma expressão fria. Depois de visitar o apartamento, Nigel levou Anne de volta para o outro prédio e se sentindo até mais leve, a jovem subiu as escadas, animada. Entretanto, passou direto por seu apartamento e foi direto para o sexto andar, mas, assim que terminou de subir, seu corpo congelou quando sentiu a familiar aura dominadora no ar. Anne parou, se virou e não viu nada. No entanto, o medo que vinha do coração ainda estava lá. Entretanto, quando chegou, não viu o carro agourento parado na frente do
Anthony se aproximou, com um sorriso perverso e ergueu o queixo de Anne, mais uma vez:― Eu posso decidir não contar se... ― Anne tinha esperança em seus olhos, mas não ousava esperar muito. ― ... você me der prazer e me satisfizer. ― Isso era o que Anthony queria em troca. O coração de Anne afundou. Ela sabia que não conseguiria nada dele, de graça. Mas, vendo a resistência nos olhos da jovem, e expressão de Anthony ficou fria e endurecida. O demônio avançou. Então, Anne não resistiu às mãos poderosas, cambaleou e se chocou contra a parede. Entretanto, quando se recuperou Anthony não estava em lugar nenhum. O demônio tinha partido e a jovem não o seguiu. Ela deveria ir atrás dele e ceder à chantagem? Ela não podia fazer aquilo, pois sabia que se tornaria um hábito. Além disso, parecia que Anthony respeitaria o acordo de não abusar mais dela, desde que a jovem não tomasse a iniciativa. Se cedesse, cavaria a própria sepultura. Enquanto um milhão de pensamentos ocupavam sua
Os faróis iluminavam apenas a parte inferior do corpo e a parte superior do corpo estava quase irreconhecível no escuro. Sem paciência, Ron esbravejou para o motorista:― O que você está esperando? Manda essa louca sair da frente! ― O motorista buzinou, mas a mulher não se mexeu. Ron estava irritado com a estupidez do motorista e, já fazia um tempo que pensava em demitir o homem. Então pensou que aquela poderia ser uma justificativa para demitir o homem por justa causa e se livrar de pagar os direitos trabalhistas, afinal, que tipo de incompetente parava o veículo, no meio da noite, sem se preocupar que podia ser uma tentativa de sequestro? Ron saiu do carro, fingindo estar mais bêbado do que realmente estava, se aproximou da mulher e gritou:― O que você está fazendo parada aí? Quer dinheiro? Acredite ou não, vou chamar a... ah! ― Antes que ele pudesse terminar de falar, Ron sentou no chão assustado quando viu o rosto da mulher. Percebendo que algo estava errado. o moto
― Não, não! Meu pai empurrou você! Não teve nada a ver comigo! ― ― Por que ele me empurraria? Você está mentindo? ― ― Não! Foi ele quem empurrou você! Eu queria me casar com Sarah e fui perguntar para ele o que achava do meu divórcio. Não esperava que você estivesse no último andar do hospital. Você estava usando algumas palavras muito desagradáveis, e papai te empurrou... ― Então o que você estava fazendo? Você me empurrou também? ― ― Não, não... eu... eu poderia ter impedido, mas não consegui... não pensei a tempo... não me culpe. Nada teria acontecido se tivéssemos um divórcio limpo. Não sobrou nada... me desculpe, Julie, eu tenho me afundado na culpa por tantos anos, eu sinto muito... Por que não te ajudei? Sinto muito... ― Ron disse e se engasgou com a culpa.Sarah desligou a gravação, olhou para Ron, cujo rosto estava pálido, e perguntou:― E agora? Você consegue se lembrar? ―Ron ergueu seus olhos aterrorizados, mas enfurecidos.― Aquela mulher era você! ―― Quem m
A primeira pessoa que cruzou a mente de Ron, quando pensava quem poderia ter as cópias da gravação de sua confissão, foi Anne. Afinal, quem seria mais próxima de Sarah do que sua própria filha? Enquanto isso, Anne recebia um telefonema de Sarah, sugerindo que saíssem juntas para comer.― Você conseguiu novas pistas? ― Acomodada na mesa de um restaurante, Anne olhou para a pessoa que sorria de orelha a orelha, à sua frente e não pôde deixar de perguntar.Mas, Sarah balançou a cabeça e respondeu:― Não. Infelizmente, não há nada para descobrir. ―Anne se sentiu desapontada. Ser detestada por Anthony era tão ruim quanto ser alvo de um demônio.Sarah sabia o que Anne estava pensando, mas preferiu não refletir sobre isso, afinal, a participação acionária no Grupo Marwood era mais atraente. Entretanto, o áudio existia e, uma hora ou outra, a mulher sabia que teria de informar sua filha. Entretanto, o momento, definitivamente, não era aquele.― Mas, não se preocupe, vou continuar inve
Anne se virou para ver se tinha mais alguma coisa fora do lugar, mas não percebeu nada de errado, então foi para o quarto. Sentiu que algo não estava certo, mas não sabia dizer o quê. Ela poderia ter organizado as almofadas de um jeito diferente, sem perceber? Anne se sentiu estranha.A jovem saiu de casa e encontrou a chave reserva escondida sob a planta. Se Sarah conseguiu encontrar a chave reserva ali, tinha certeza de que outras pessoas também seriam capazes de encontrar. No entanto, Ron entraria na casa? Por que ele entraria? Sua hipótese realmente não fazia sentido, então a jovem parou de especular.Anne descansou por mais alguns dias até que se sentiu pronta para voltar para o Grupo Marwood, mesmo sabendo que teria de lidar com alguns inconvenientes pois, depois de tantos escândalos online, era praticamente uma celebridade.No entanto, seus colegas de trabalho, por algum motivo, fingiram que nada havia acontecido. Talvez, estivessem até mesmo condoídos pelo aborto. Xander, po