Anne se virou para ver se tinha mais alguma coisa fora do lugar, mas não percebeu nada de errado, então foi para o quarto. Sentiu que algo não estava certo, mas não sabia dizer o quê. Ela poderia ter organizado as almofadas de um jeito diferente, sem perceber? Anne se sentiu estranha.A jovem saiu de casa e encontrou a chave reserva escondida sob a planta. Se Sarah conseguiu encontrar a chave reserva ali, tinha certeza de que outras pessoas também seriam capazes de encontrar. No entanto, Ron entraria na casa? Por que ele entraria? Sua hipótese realmente não fazia sentido, então a jovem parou de especular.Anne descansou por mais alguns dias até que se sentiu pronta para voltar para o Grupo Marwood, mesmo sabendo que teria de lidar com alguns inconvenientes pois, depois de tantos escândalos online, era praticamente uma celebridade.No entanto, seus colegas de trabalho, por algum motivo, fingiram que nada havia acontecido. Talvez, estivessem até mesmo condoídos pelo aborto. Xander, po
Quando o olhar afiado e aterrorizante de Anthony passou, Anne imediatamente manteve a cabeça baixa ao lado de Xander.― Senhor Marwood. ― Os dois cumprimentaramMas, Anthony respondeu com um aceno de cabeça, sem ao menos dirigir um olhar, e continuou andando em linha reta. Xander e Oliver o seguiram. No final do desfile estava Anne.A atitude de Anthony era como se nada tivesse acontecido, frio e indiferente.Entretanto, Anne ainda estava com a guarda alta, enquanto desejava ser capaz de se tornar invisível.Quase todos os acionistas estavam na sala de reuniões e a exceção era Tommy, mas não havia nada de estranho. Ele estava sempre ausente.Anne se sentou atrás de Xander, abriu o laptop em seu colo e, assim que a reunião começou, se manteve ocupada digitando as atas.Quando chegou a vez de Xander apresentar, foi Anne quem projetou os dados na tela.Sempre que falavam sobre as falhas nos dados numéricos do Departamento de Finanças, o rosto de Damian se contorcia, como se se sentisse cu
Percebendo que Anne ainda não tinha se recuperado do choque, Xander a cutucou.― Senhorita Vallois? ―Anne pareceu voltar do mundo dos pensamentos e, com um movimento rápido, fechou o laptop, se levantou e seguiu Xander até a porta da sala de reunião. Seu olhar estava, no entanto, fixado em Ron.― Diretor, voltarei ao escritório mais tarde. ― Anne ficou parada na porta e não prosseguiu.Xander não disse nada, mas até a ajudou a trazer seu laptop de volta.Anne voltou para a sala de reunião e fechou a porta. Então, caminhou até Ron e interrogou:― O que você quis com isso? Por que você favoreceu minha mãe? O que você esperava? Você disse que queria compensar. Se você realmente queria, por que não pede a seu filho para me deixar ir? ―Ela estava respirando pesadamente e seu peito estava bombeando para cima e para baixo. A jovem não conseguia se acalmar.Por outro lado, também em choque, Ron riu de uma maneira diabólica.― Conhecer sua mãe e você foi o maior infortúnio da minha v
― Você ia esconder isso de mim até quando? Vou contar tudo para Anthony, agora mesmo. Não vou esperar nem mais um segundo! ― Anne estava indignada com a mãe.― Não! Ainda não recebi o dinheiro! ―― Dinheiro, dinheiro, dinheiro, você só se preocupa com o dinheiro? ― A jovem respondeu, furiosa. ― Aproveitar esta oportunidade para se livrar da família Marwood, não é melhor? Mãe, eu não quero ter nenhum relacionamento físico com Anthony! Dê a ele a gravação. No melhor cenário ele vai nos agradecer, entretanto, mesmo que ele não nos agradeça, não teremos mais que viver sob sua ameaça! ―― Não é só pelo dinheiro... Essa família amaldiçoada nos fez sofrer demais. É por isso que eu queria que fosse a minha vez de fazê-los de otários ― disse Sarah.Anne percebeu que a mãe não a ouvia, ou fingia não ouvir, e estendeu a mão para pegar o telefone. Mas, com um movimento rápido, Sarah escapou de seu alcance e correu ao redor do sofá, relutante em entregar o aparelho para a filha. Ao mesmo temp
Anne ficou em silêncio, apenas desviando o olhar de Bianca e focando em Anthony. A postura da pianista indicava que ela queria confusão, entretanto, a expressão no rosto de Anthony, mesmo diante da mulher com quem era sempre carinhoso e atencioso permaneceu fria, afinal, a possibilidade de saber mais sobre o assassinato de sua mãe era mais importante do que qualquer outra coisa.― Eu tenho algo para fazer agora. Conversaremos mais tarde ― Anthony entrou direto no elevador e nem olhou para Bianca.Anne decidiu que o melhor a se fazer era entrar no elevador e ignorar a pianista. Mas, assim que a pianista percebeu que seria ignorada, se virou para tentar puxar o braço de sua rival que, esperando o movimento, apenas esquivou, deixando que a porta do elevador fechasse na cara de Bianca.Perplexa, sem querer acreditar no que acabara de acontecer, a pianista ficou encarando a porta fechada. Em seu peito, raiva e pânico disputavam para decidir quem roubaria a sanidade da mulher. ‘O que acab
Sarah tinha as mãos e pernas amarradas e estava sentada em uma cadeira. Era uma casa vazia e havia uma janela para ventilação. O céu lá fora estava tão claro que era ofuscante. O chão estava coberto de plástico como se alguém estivesse pronto para machucá-la e quisesse ter certeza de que não deixaria manchas no chão.A mulher terminava de entender sua situação precária quando Ron entrou, parecendo hostil. Então, Sarah apertou os olhos e questionou, com a voz mais agressiva que encontrou:― Você me sequestrou? ―Ron segurava o telefone de Sarah na mão:― Além deste aparelho, onde mais você escondeu a gravação? Você guardou na casa de Anne? ―― Não! ―― Eu confiei em você e lhe dei as ações, mas as gravações ainda estão por aí! Mesmo assim, vou te dar uma chance de se arrepender e voltar atrás, considerando que já fomos marido e mulher! ― Ron a advertiu.Sarah olhou para ele, com uma expressão estranha:― Como você sabe que a gravação está no meu telefone? ―― Eu instalei uma es
O carro acelerou e, uma vez estabilizado, Anne conseguiu se ajeitar, em sua poltrona, arrumando os cabelos atrás da orelha e encarando a paisagem, de maneira frenética. Estranheza e tensão preenchiam a atmosfera dentro do pequeno e confinado espaço do carro.Depois de alguns minutos, Anne sorrateiramente deu uma olhada para o lado. Mas, o olhar de Anthony estava fixo fora da janela, como se ele fosse indiferente a sua falta de jeito. Entretanto, ela podia sentir a tensão ao redor dele e até mesmo a sede de sangue.O homem tinha acabado de descobrir que sua mãe fora assassinada por seu avô. Ela deveria simpatizar com Anthony? Ela achava que deveria simpatizar consigo mesma. Queria falar alguma coisa, mas não sabia o que dizer, afinal, uma vez que a verdade fosse descoberta, Anthony não teria mais motivos para querer torturá-la e ela poderia alcançar a verdadeira liberdade, não poderia?Ron ficou parado na porta e observou enquanto Anne caminhava sozinha em sua direção. Ela carregava
Ron percebia, enquanto suor brotava em sua testa que, não apenas Anne não tinha ido sozinha, como tinha contado para a pessoa a quem mais temia, seu filho, Anthony Marwood.― A gravação está no... telefone de Anne ― Sarah disse, com culpa.Ron não ficou surpreso, ele tinha intuído aquilo. Entretanto, Anne não podia acreditar no que ouvia:― Quando? Quando você fez isso? ―― Naquele dia em que almoçamos juntas, aproveitei quando você foi ao banheiro ― disse Sarah.Anne pegou seu telefone, abriu a galeria e viu que havia um arquivo de voz salvo ali. Se não fosse por Sarah avisar, ela demoraria séculos para notar a gravação. Com um movimento de braço, Ron tentou pegar o aparelho, mas foi contido pelos guarda-costas de Anthony.― Não dê ouvidos a essa mentirosa. É tudo falso! ― Ron suplicou desesperadamente.― Falso ou verdadeiro, quem decide isso sou eu. ― O tom de Anthony era frio e sua voz era tão intimidadora que, ao invés de estarem em uma casa, parecia que todos se apertavam e