Os sinos pendurados na porta de vidro tilintaram, indicando que, apesar da placa de ‘fechado’, alguém entrava. Lucas empurrou a porta, olhou para dentro e viu o estabelecimento vazio, exceto por uma mesa, onde um adulto aguardava que três crianças começassem a comer seus sorvetes. O diretor sentiu um arrepio, mas, se aproximando confirmou que os trigêmeos ainda usavam máscaras no rosto. Então olhou para Anthony, que parecia indiferente.― Senhor Marwood, qual é o significado disso? Isso é equivalente a um sequestro. ― Anthony olhou diretamente para as crianças à sua frente. Sua voz era fria.― Newman, Newman... Você realmente se preocupa com essas crianças. Se eu não os conhecesse melhor, teria pensado que eles eram seus filhos. ― Lucas sorriu.― Na verdade, Marwood, como me dou bem com essas crianças, elas até preferem me chamar de papai. ― As crianças assentiram apressadamente.― Sim! A moça do andar de baixo também gosta muito do papai! ― ― E o papai também gosta da
Anne ficou tão assustada que seu cérebro zumbia. Anthony era imprevisível. Embora tivesse contato com ele, desde criança, ainda não conseguia entender o que ele pensava e como sua cabeça funcionava. Entretanto, a jovem ainda acreditava que o demônio não sabia que era o pai delas, caso contrário, ele não seria tão legal com ela. Mas, então, por que Anthony teria procurado as crianças? Anne não fazia ideia de que eram seus filhos quem procuravam Anthony. Afinal, como ela poderia imaginar que eles sabiam o número do celular do magnata? Porém, a jovem continuaria sem saber, pois os pequenos mantiveram segredo e era como se o fatídico telefonema nunca tivesse sido feito. ― Eu não te contei antes de resolver tudo porque tive medo de que você ficasse preocupada ― disse Lucas. ― Eu sei que você está fez isso para o meu bem. Quando você foi buscar as crianças, Anthony não te envergonhou, não é? ― ― Não. Ele aceitou a culpa, sem questionar. ― ― Isso é ótimo. ― Os dois conversaram s
Sarah suspirou.― Criança boba, as pessoas mudam. Eu acabei sem nada quando fui legal com as outras pessoas. Depois de pensar sobre isso, achei que era melhor ser egoísta. Pelo menos poderia me proteger. ― Anne pensou, por alguns segundos, antes de dizer:― É esse o caso? Sou sua filha e você pode me contar qualquer coisa. Não importa o que aconteça, estarei do seu lado. ― Sarah olhou para ela e disse:― Eu sei o que você quer saber. Se quando eu conheci Ron, ele e Julie não haviam se divorciado. Ron me disse que sua esposa era feroz e não sabia como ser gentil e, mais cedo ou mais tarde, ela se divorciaria dele. Para ser honesta, pensei em Nigel na época, o que me fez sentir desprezo por ele. ― ― Então por que você ficou com ele? ― Anne ficou intrigada. Sarah respondeu:― Porque aconteceu que Julie morreu e Ron era um homem rico, por que eu deveria desistir de uma oportunidade tão boa? ― ― A mãe de Anthony falou com você? ― perguntou Anne. ― Falou. Mas, eu disse a ela
Depois de recuperar o fôlego e tomar um copo de água, Sarah criou coragem e perguntou:― Você acha que Julie foi morta por Ron? ―Apesar de terem cogitado o assunto, mais cedo, tinham feito de forma leviana. Mas, agora, Sarah fazia a pergunta de forma séria, o que pegou Anne completamente desprevenida.― Por que você está perguntando isso tão sério? Você se lembrou de alguma coisa? ― Anne se deixou cair no sofá, ao lado da mãe, colocou uma mão na cabeça e começou a pensar nas consequências daquilo, afinal, se fosse realmente o caso, a pessoa que Anthony deveria odiar era Ron, e não ela e Sarah. Era possível? Se sim. Elas conseguiriam provas? ― Teve uma época em que Ron tinha pesadelos, dizendo que não era um assassino. Ele estava falando sobre Julie, certo? Não foi muito depois da morte dela ― disse Sarah. Anne não podia imaginar um assassinato acontecendo entre marido e mulher.― Talvez ele sentisse falta dela e se responsabilizasse? ― ― Deixe esse assunto comigo. Não im
Dois dias se passaram até que Nigel levou Annie para ver uma nova moradia. Era realmente um apartamento com muita privacidade. A paisagem do jardim era ótima e ela não precisaria mais subir cinco lances de escada. Não era um prédio novo, tinha sido construído há mais de dez anos, mas estava bem conservado. No fim das contas, não era escandalosamente caro, mas também não era tão acessível e exigia um certo nível social dos compradores, para garantir a segurança e tranquilidade do local. Anne achou que era tudo muito agradável e que seria excelente morar em um lugar como aquele. No entanto, também não gostou. A jovem não aceitava o fato de conhecer Nigel por tão pouco tempo e o homem estar disposto a comprar algo daquele padrão elevado para ela. O design e as decorações internas eram ótimos e a grande área interna do apartamento fez o belo rosto de Anne enrugar ligeiramente.― Por que é tão grande? É muito grande. ― ― São apenas quatro quartos. ― ― ‘Apenas’ quatro quartos? ― A
Talvez Nigel tenha visto através dela, ou talvez também quisesse abraçar a filha que nunca havia abraçado antes. O homem era um pai carinhoso e abraçava a outra filha com muita frequência, por isso, sem pensar no assunto, gentilmente aninhou Anne em seus braços. A jovem corou e seu coração bateu um pouco mais rápido. O carinho de seu pai fez seus olhos lacrimejarem. Vendo aquela cena, protegido atrás de uma planta, na varanda de outro apartamento, Anthony se virou e saiu, com uma expressão fria. Depois de visitar o apartamento, Nigel levou Anne de volta para o outro prédio e se sentindo até mais leve, a jovem subiu as escadas, animada. Entretanto, passou direto por seu apartamento e foi direto para o sexto andar, mas, assim que terminou de subir, seu corpo congelou quando sentiu a familiar aura dominadora no ar. Anne parou, se virou e não viu nada. No entanto, o medo que vinha do coração ainda estava lá. Entretanto, quando chegou, não viu o carro agourento parado na frente do
Anthony se aproximou, com um sorriso perverso e ergueu o queixo de Anne, mais uma vez:― Eu posso decidir não contar se... ― Anne tinha esperança em seus olhos, mas não ousava esperar muito. ― ... você me der prazer e me satisfizer. ― Isso era o que Anthony queria em troca. O coração de Anne afundou. Ela sabia que não conseguiria nada dele, de graça. Mas, vendo a resistência nos olhos da jovem, e expressão de Anthony ficou fria e endurecida. O demônio avançou. Então, Anne não resistiu às mãos poderosas, cambaleou e se chocou contra a parede. Entretanto, quando se recuperou Anthony não estava em lugar nenhum. O demônio tinha partido e a jovem não o seguiu. Ela deveria ir atrás dele e ceder à chantagem? Ela não podia fazer aquilo, pois sabia que se tornaria um hábito. Além disso, parecia que Anthony respeitaria o acordo de não abusar mais dela, desde que a jovem não tomasse a iniciativa. Se cedesse, cavaria a própria sepultura. Enquanto um milhão de pensamentos ocupavam sua
Os faróis iluminavam apenas a parte inferior do corpo e a parte superior do corpo estava quase irreconhecível no escuro. Sem paciência, Ron esbravejou para o motorista:― O que você está esperando? Manda essa louca sair da frente! ― O motorista buzinou, mas a mulher não se mexeu. Ron estava irritado com a estupidez do motorista e, já fazia um tempo que pensava em demitir o homem. Então pensou que aquela poderia ser uma justificativa para demitir o homem por justa causa e se livrar de pagar os direitos trabalhistas, afinal, que tipo de incompetente parava o veículo, no meio da noite, sem se preocupar que podia ser uma tentativa de sequestro? Ron saiu do carro, fingindo estar mais bêbado do que realmente estava, se aproximou da mulher e gritou:― O que você está fazendo parada aí? Quer dinheiro? Acredite ou não, vou chamar a... ah! ― Antes que ele pudesse terminar de falar, Ron sentou no chão assustado quando viu o rosto da mulher. Percebendo que algo estava errado. o moto